Sensível, potente e necessário. Assim podemos definir as sessões do filme "Mborayhu Ñemoheñoi: A Luta das Mulheres Avá Guarani", realizadas no final de tarde dos dias 03 e 04 de maio, no Centro Cultural do SINTESE – Professor José dos Santos, em Aracaju. O público foi formado, somando os dois dias, por cerca de vinte e cinco professoras e dois professores aposentados do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica do Estado de Sergipe.
O filme Mborayhu Ñemoheñoi: A Luta das Mulheres Avá Guarani dirigido por Carol Mira, trata da retomada de território ancestral no oeste do Paraná, Paulina Martines e as mulheres Avá Guarani lutam para defender seu território e garantir seus direitos. Unidas por uma determinação inabalável, elas semeiam o amor com o propósito de reflorestar não apenas a terra, mas também mentes e corações.
A atividade, promovida pelo Cineclube Realidade, proporcionou momentos de reflexão profunda sobre resistência, ancestralidade e luta coletiva. O documentário revela a força das mulheres Avá Guarani na defesa dos seus territórios, da cultura e da vida, reafirmando que viver com dignidade é, sim, um direito humano inegociável.
E não faltou participação! Ao final das exibições, as perguntas lançadas abriram espaço para falas emocionantes do público presente. No dia 03, a pergunta “O que podemos aprender com as mulheres indígenas?” trouxe respostas que refletem o impacto do filme:
— “A luta pela sobrevivência.”
— “A resistência e a perseverança que elas têm para lutarem por suas terras invadidas.”
— “Suas bênçãos com o uso constante do fumo, o plantio na terra e a fumaça do cachimbo, que serve de conexão com os ancestrais.”
— “Elas entenderam que precisavam se unir para fortalecer as tradições, transmitir os conhecimentos da mãe-terra e, mesmo com tantas dificuldades, seguem buscando seus direitos sem abandonar suas raízes.”
No dia 04, a roda de conversa ficou ainda mais intensa. A provocação foi direta: “O que sentiram com relação ao filme? O que ele passou para vocês?”. As respostas vieram carregadas de sentimento e consciência:
— “Senti as dificuldades que essas mulheres enfrentam. Só quem vive na zona rural entende. Elas se uniram, fizeram uma petição, buscaram soluções. E aquele momento em que elas plantam, pedindo aos ancestrais por bons alimentos, foi emocionante.” — Elsa.
— “Lutam pela sobrevivência, mas a tristeza no rosto delas é algo muito marcante.” — Neide.
— “Os homens só existem porque elas existiram. Além de lutarem pela terra, enfrentam também o machismo.” — Raimundo.
— “É um sofrimento enorme. Eles são os verdadeiros donos desta terra e continuam sendo marginalizados. E pior, a sociedade insiste em apagar esse sofrimento. A luta delas é contínua, coletiva e profundamente conectada à preservação da natureza.” — Maria José.
As sessões contaram com a mediação de Zezito de Oliveira, também professor da rede pública estadual, curador e produtor do Cine Realidade, e de Iasmin Santos Feitosa, Agente Cultural e responsável pela produção deste relatório e pelas fotos.
Com a temática “Viver com dignidade é direito humano”, a Mostra reforça a importância deste evento como um espaço de diálogo e reflexão sobre questões fundamentais que afetam nossa sociedade. Viver com dignidade pressupõe um conjunto de fatores que passam pelo direito à moradia, educação, saúde, cultura e lazer.
A 14º Mostra Difusão Cinema e Direitos Humanos é realizada pelos Ministérios da Cultura (MinC) e dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). No Estado de Sergipe, conta com 11 pontos de exibição credenciados, incluindo o Cineclube Realidade, como parte dos 320 credenciados em todo o Brasil. A iniciativa teve inicio em 15 de maio e se encerra em 22 de junho.
Que fique registrado: cada sessão é um grito de resistência, uma semente plantada na luta por um mundo mais justo, onde a dignidade não seja privilégio, mas direito garantido.
O mapa de exibição em todo o país. aqui
Edição - Zezito de Oliveira
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