informações sobre ações culturais de base comunitária, cultura periférica, contracultura, educação pública, educação popular, comunicação alternativa, teologia da libertação, memória histórica e economia solidária, assim como noticias e estudos referentes a análise de politica e gestão cultural, conjuntura, indústria cultural, direitos humanos, ecologia integral e etc., visando ao aumento de atividades que produzam geração de riqueza simbólica, afetiva e material = felicidade"
Nos artigos publicados pelo blog da cultura neste ano de 2025 sobre os festejos juninos em Aracaju, em Sergipe e em Pernambuco, da autoria de Emanuel Rocha, Silvio Santos e José Teles sobressai o aspecto da desfiguração que os festejos juninos no nordeste vem sofrendo em matéria de identidade cultural e criação ou fortalecimento de vínculos comunitários, dando lugar a exploração comercial pura e simplesmente, todavia, seja na forma mais autêntica ou mais tradicional, seja no formato comercial, os festejos são fontes de geração de riqueza econômica... A matéria abaixo da jornal Correio Brasiliense traz uma pequena, mas importante reportagem nessa perspectiva.
Foto: Pixabay/Reprodução
Mas não ficamos por aqui, dado o caráter formativo e propositivo do blog da cultura, solicitamos atenção além da leitura dos artigos referentes ao ciclo junino publicados neste ano, também ao dos anos anteriores, bem como as iniciativas realizadas com a participação do blog da Cultura, com a chancela da OSC Ação Cultural, como a Caravana Cultural Luiz Gonzaga Vai a Escola que já inspirou uma segunda iniciativa, sendo esta de cunho mais pedagógico e realizada pela segunda vez em uma escola pública, no caso de 2025 na Escola Estadual Neyde Mesquita, localizada no municipio de São Cristóvão. Assim como uma espécie de Fórum Virtual do Forró realizado no ano da pandemia e com discussões bastante pertinentes e ainda atuais..
Estudo do Instituto Locomotiva mostra que quatro em cada dez brasileiros pretendem gastar mais de R$ 200 durante as festas
4 em cada 10 brasileiros pretendem gastar mais de R$ 200 nas festas juninas
Pesquisa do Instituto Locomotiva e QuestionPro mostra ainda que 81% dos entrevistados pretendem participar de alguma atividade relacionada à festa de São João
Por Caetano Yamamoto* — A temporada de festas juninas é um período de movimentação da economia, com a compra de comidas e bebidas, roupas, adereços e ingressos para festas. É o que mostra a pesquisa do Instituto Locomotiva e QuestionPro: 41% dos brasileiros que vão a festas de São João pretendem gastar mais de R$ 200. Outros 52% pretendem gastar até R$ 200 e 7% dizem que não devem gastar nada.
O São João aquece “o comércio local e a valorização da cultura regional, especialmente nas regiões Norte e Nordeste”, explica Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
Destaque da pesquisa fica com a região Nordeste, onde 46% pretendem gastar mais de R$ 200, liderando os gastos no país, seguido pela região Sudeste, com 41% de pretendentes, e pelo Centro-Oeste, com 37%. Empatadas em quarto lugar estão Sul e Norte, ambos com 36%.
O levantamento ainda mostra que 81% dos brasileiros pretendem participar de alguma atividade relacionada à festa de São João, destes, 51% vão a festas gratuitas de rua, 41% querem comemorar na casa de amigos ou familiares e 37% vão celebrar nas igrejas e quermesse. Aqueles que vão em festas juninas pagas também somam 37% — 21% em clubes e centros culturais e 16% em escolas.
Já nas festas gratuitas, quem lidera em participação é a região Norte, com 57% de pretensão de participar nas festas de rua. Nas casas de amigos quem lidera é o Sudeste, com 45% de intenção. Empatados, Centro-Oeste e Sudeste ficam em primeiro lugar no Brasil quando as festas são em igrejas e quermesses, com 46% cada.
A semana que ora se encerra, fica marcada na conjuntura imediata pela entrevista de Lula no programa Mano a Mano, via spotify, e pela derrubada dos vetos do presidente pelo congresso...
A entrevista em tela está gerando muitos recortes em várias plataformas e pode gerar também uma boa discussão em pequenos grupos de forma presencial, nesse caso com recortes de maior tamanho, considerando a extensão da entrevista e a variedade de temas...
Mano Brown foi duro e sincero sem perder de vista o que Lula construiu de positivo e o que busca realizar nesse sentido, sob o ponto de vista de quem está embaixo, dos lascados, dos fudidos. Lula também respondeu com assertividade, como de costume.
Formação politica e formação cultural pra já, junto e misturado.. Como faz Mano Brown, como artista e como comunicador, como fazemos por aqui no blog da cultura e fora...
Sem isso, o Brasil não conseguirá dar o salto civilizatório necessário, porque infelizmente tem muita gente, além de muitas instituições e organizações que jogam duro para o Brasil estagnar e até retroceder.. .
A maior parte dos parlamentares estão nesse grupo. Daí, tanto nas redes digitais como nos encontros em pequenos grupos sugeridos acima, a necessidade de fazer o debate com conteúdo da entrevista citada, além de vídeos, textos e memes didáticos tratando dessa questão dos vetos e da sua derrubado pelo congresso.
O porquê dos vetos? Qual a implicação da derrubada na vida cotidiana da maioria? Quem votou pela derrubada? Quem votou a favor? E ainda entre outras questões necessárias, a isenção do imposto de renda para quem recebe até R$5.000,00, assim como a cobrança de impostos para quem não paga...
Se isso não for feito, corremos o risco de ver a pauta da eleição 2026 ser tomada pelo pânico moral, como nas eleições passados, tipo "mamadeira de piroca", "kit gay", "fechamento de igrejas por parte do governo do PT", "corrupção onde não tem" ou protestos de mestres useiros e vezeiros da corrupção contra escândalos artificias ou super dimensionado de petistas e etc...
E o resultado disso? Mesmo com reeleição de Lula para um quarto mandato um congresso igual ou pior..
Zezito de Oliveira - editor do blog da cultura
🔥Lula antecipa cenário de 2026 para Mano Brown e diz usar a verdade como arma contra extremistas!🔥
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E para pensar o que não foi e o que não está sendo feito, ou que foi feito de maneira equivocado por Lula e pela maioria do PT, um texto do sociólogo e educador popular Rudá Ricci
Sociedade Atrofiada
POR Rudá Ricci
Chico de Oliveira, num texto intitulado “O Avesso do Avesso” afirmou que se FHC retirou a musculatura do Estado brasileiro, Lula atrofiou a musculatura da sociedade civil.
Para não escandalizar, penso em refletir sobre esta provocação retirando os personagens da frase. Neste caso, a questão se tornaria mais ampla: o final do século 20 teria debelado a potência e confiança social no Estado brasileiro e o atual século teria desmontado a energia moral que se acreditou que se firmava no Brasil desde os anos 1980. Não é pouco.
O Estado foi criado como garantidor da estabilidade social cujo objetivo era sustentar que as expectativas individuais (e coletivas) fossem passíveis de serem realizadas. Se no século 19 surgiu a ideia de proteção social via intervenção estatal – vindo do improvável projeto de Bismark -, no século 20 se projetou, via socialdemocracia, a lógica da promoção social via amplas políticas de Estado. De proteção à promoção social, ficava a noção que não basta os cidadãos sobreviverem, mas teriam direito a uma vida melhor, a se superarem.
Uma ideia que se aproximava do que Lev Vygotsky sugeria sobre a inteligência humana: não teria limites, dependendo dos estímulos corretos que o indivíduo recebesse.
Neste sentido, a política fiscal teria necessariamente que ser mais afrouxada e a inflação seria um fenômeno razoável a ser controlado com parcimônia. Nada da histeria atual que parece mais preocupada com ganhos financeiros que efetivamente evitar a penalização dos mais pobres. Mesmo porque, os mais pobres continuam vivendo aos trancos e barrancos com austeridade fiscal ou não.
A década de 1990 foi implacável com o conceito de promoção social. Do ataque ao mundo soviético, os ultraliberais, reunidos em castelos europeus desde 1944, passaram a mirar seus mísseis contra a socialdemocracia.
E obtiveram sucesso. Lembro que na última década do século 20 se firmou no Brasil a ideia de que o desemprego era culpa do desempregado. A ele caberia estudar e se qualificar para garantir sua empregabilidade.
As empresas nunca errariam, segundo esta cantilena, ao contrário da sociedade brasileira, deformada, indolente, errada desde o berço.
Algumas teses defendidas neste período chegaram às raias do delírio, como o modelo de “empresas espaguetes” vociferado por Tom Peters em seu ambicioso livro “Tempos Loucos exigem Organizações Malucas”. Em síntese, as novas tecnologias aumentavam o ritmo da inovação e criação de novos produtos, acelerando o ciclo de cada mercadoria e transformando a fábrica num espaço de chapeleiros malucos. Em tal velocidade (um produto novo, por segmento produtivo, a cada três meses), as burocracias estatais fatalmente fracassariam, deixadas no fim da fila da corrida desembestada em curso.
Logo vieram sugestões de adaptação do Estado que mais tarde se revelaram um retumbante erro, caso do modelito neoliberal do Consenso de Washington. Do Reino Unido veio a Nova Gestão Pública que aqui na terra de Chalaça ganhou o pomposo nome de “Estado Gerencial”. Um Estado facilitador para o fluxo de capitais globalizados, sem cercas ou normatizações. O “mercado” ganhou estatuto de ator político e demiurgo do futuro do país. Não deu certo, mas a crença ganhou corações e algumas mentes.
Debelada a musculatura do Estado brasileiro – e instalado o ódio gerencial ao modelo varguista -, as duas primeiras décadas do século 21 presenciaram a quebra da força política da sociedade civil. Como tudo no Brasil é precoce – afinal, trata-se do país do futuro -, a sociedade civil que emergiu no processo de redemocratização teve fôlego para chegar à virada do século, claudicando a cada década seguinte.
Da afirmação da sociedade civil como elemento central da gestão estatal – via orçamento participativo e conselhos de gestão pública -, vimos sua fragmentação em iniciativas pessoais empreendedoras até chegar nas orações em público pedindo a descida do Espírito Santo para colocar um carro ou uma casa nas suas vidas. De alguma maneira, o pobre empreendedor percebia que sem ajuda divina, seu esforço pessoal não chegaria muito longe. Daí que o binômio esforço pessoal/ajuda divina ganhou ares de discurso de campanha eleitoral. Nada de Estado.
Esgarçada e cercada por todos os lados por aplicativos, promessas de prosperidade, dízimos e ataque a tudo o que é coletivo e que não grita pelo Espírito Santo, a sociedade brasileira perdeu musculatura e até mesmo sua feição. Sem isso, até as expressões culturais se transformaram em entretenimento efêmero.
A fragmentação e o misticismo cobram consequências importantes à nação. Uma delas é a “carnavalização da política”: como no carnaval, todos sugerem a transgressão, mas nunca rompendo com a ordem já estabelecida. Uma mesmice que atinge todas agremiações e ideologias políticas. Outra consequência é a fragilidade da sociedade civil nacional, agora postada como uma presa fácil a ser capturada pelos “tigrinhos”, “influencers” e discursos de revolta alheia.
Com Estado sem legitimidade e sociedade atrofiada, o que nos restaria? O discurso diário repisado pela Globonews que o mercado sempre está correto, mas as demandas populares continuam atrapalhando sua genialidade, assim como um Estado predador, desqualificado e insustentável. Porque o discurso ultraliberal não se contenta em errar e desgraçar a vida de todos: é ganancioso a ponto de não se realizar com a caixa de Château Pétrus acompanhado por bacias de caviar Almas. É preciso sempre mais, como se o tal “mercado” tivesse baixa autoestima.
É provável que este ciclo de atrofiamento se extingue em algum momento, dado que o sofrimento e as tentativas fracassadas de sucesso individual imediato levam ao esgotamento.
Porém, até lá, a musculatura atrofiada emitirá espasmos, mas terá pouca energia para enfrentar a gritaria gananciosa que espalha uma energia avassaladora pelas 268 milhões de linhas de telefonia móvel registradas na Anatel.
Chico de Oliveira anteviu o buraco sem fundo em que nos metíamos. Mas, por algum motivo, não quisemos ouvi-lo.
O QUE FOI FEITO DEVERA / O QUE FOI FEITO DE VERA ► Invento + | Zélia Duncan e Jaques Morelenbaum #4
O cerco silencioso: anatomia da guerra política no Brasil atual
O cerco contra o governo e as instituições democráticas no Brasil se intensifica em 2025
Francisco, obrigado por reavivar uma fé cristã centrada na prática amorosa. "Não existe um Deus católico, mas um Deus", você disse. Universal, da justiça, da misericórdia, do perdão e da paz: o Deus do Amor!
Grato por deixar o trono e os aposentos palacianos do Vaticano, para promover uma "igreja em saída" para o mundo.
Gracias por combater, com coragem, os desvios e o "Alzheimer espiritual" da Cúria romana, tão ofensivos aos ensinamentos de Jesus.
Gratidão por ser "o mais franciscano dos jesuítas", e testemunhar Jesus com seus hábitos simples e sua prioridade aos pobres e sofredores.
Obrigado por sua constante pregação por uma sociedade igualitária, por nações sem guerras de dominação, por um tempo de delicadeza.
Por um mundo "com pontes e sem muros", sem qualquer tipo de discriminação: "quem sou eu para julgar?".
Louvo sua "Economia de Francisco e Clara", distributiva, solidária, sem a acumulação da riqueza nas mãos de uns poucos, do lucro e da ganância que matam: Fratelli Tutti!
Agradeço seu empenho pelo cuidado com a Casa Comum - nosso planetinha tão maltratado. Laudato Sì!
Francesco, Franciscus, xará Chico, vou seguir a orientação do nosso Cristo Ressuscitado e "não procurar entre os mortos aquele que vive" (Lucas, 25:5).
Você insistia: "apesar das sombras e da dor, não estacionemos na tristeza e no desânimo!". Sigamos!
Mais que a lápide com a inscrição "Franciscus", suas palavras e gestos é que ficarão para sempre dentro de nós, de milhões.
Prédica e prática de quem, junto com João XXIII, foi o mais humano papa que tivemos.
Permanece sua fé nas pessoas, na vida, no que virá. No "poverello" Francesco, o sol de Assis. Em Jesus Cristo, Deus conosco, alfa e ômega.
Fé - nossa também - no grande encontro das amadas e amados que partiram, agora com sua (e)terna e jubilosa companhia. Fé expressa no seu largo sorriso e na alegria de viver, que você nos deixou como sacramentos!
Papa Francisco, hermano, você não quer adeus. Ao contrário, despojado e inigualável pastor, continua nos conduzindo a Deus.
Sopra-nos, sopra-nos com seu sopro de graça, acolhida e ternura!
Edvaldo Santana ainda é um músico desconhecido em nossa região , mas em seu país natal, o Brasil, é uma lenda viva da música brasileira. Há mais de 50 anos, o músico e cantor paulistano tem se apresentado, ele combina de forma única elementos estilísticos como samba e baião com reggae, blues e jazz.
Ele é, segundo a crítica local, um "verdadeiro mestre" da música popular brasileira. Edvaldo Santana vem à Alemanha na quinta-feira, 10 de julho, para uma apresentação única no Fischhalle Harburg em Hamburgo. A segunda terra dos Beatles !
Integram a banda os músicos João Vedana (guitarra) e Mariano Gonzalez (percussão). Nessa turnê Edvaldo lança seu décimo album, Menino do Bongô e seu primeiro livro de memórias, "Sou da quebrada mas eu sou das antigas São Miguel de Ururaí. Está prometida uma experiência musical única!
Ao ar livre se o tempo estiver bom. Taxa de entrada 22 €
Edvaldo Santana é um dos fundadores de um dos movimentos culturais mais ricos já criados em São Paulo – o Movimento Popular de Arte (MPA)
“Nas décadas de 70 e 80, a cada final de semana São Miguel era tomado por poetas, artistas plásticos, animadores e produtores culturais, que se reuniam para apresentar suas criações. Eram promovidos shows, peças teatrais, saraus de poesia, exposições de arte... Os artistas vanguardistas ora estavam na Benedito Calixto, em Pinheiros, ora na praça Padre Aleixo Monteiro Mafra, no bairro da Zona Leste”, afirma Tião Soares, coordenador de cultura da Fundação Tide Setubal.
Após quase 50 anos, o MPA continua sendo uma referência permanente para pesquisadores de diversas linguagens e instituições.
História – O MPA surgiu no final dos anos 70, em São Miguel Paulista, a partir da pesquisa de Antonio Arantes e Tadeu Giglio, antropólogos da Unicamp, para a revitalização de sítios históricos de bairros da cidade de São Paulo. A partir daí, surgiu da necessidade de se abrir espaços para abrigar a produção artística local e ter um centro aglutinador e irradiador da cultura produzida na região, fomentando-a por meio dos veículos de comunicação de massa.
Entre os projetos desenvolvidos pelo MPA destacam-se: 1ª Mostra de Arte na Capela Histórica, Praça Popular de Arte, Passeata Poética, Projeto Outras Caras, Casa do MPA, Caderno de Poesia, 1º Encontro de Movimentos Culturais da Cidade, que resultou na implantação de dois centros culturais; atividades na Praça do Forró, MPA Circo – Picadeiro Cultural e a gravação de um disco coletivo.
Edvaldo Santana e banda no Jô Soares Onze e Meia do SBT
Edvaldo Santana & Banda: Programa Ensaio da TV Cultura ano de 2007
O problema maior de ser jovem há mais tempo, não é só a limitação física, mas o anacronismo da alma. A memória do que se viveu de bom no passado vai se impondo como um padrão. Uma espécie de controle de qualidade. É aí que as novidades parecem estranhas. Por exemplo: quem se criou comendo cuscuz de milho ralado, ainda que continue gostando da iguaria, não se satisfaz plenamente quando a guloseima é feita com essas farofas sem gosto vendidas em supermercados, onde o sabor do cereal não passa nem perto.
Já que estamos falando em milho, lembro que estamos no mês de São João. Aí é que a danada da memória resolve me torturar. Para um nordestino, não pode haver nada melhor que tempo de São João. Natal, Ano Novo, Carnaval, são festas muito boas, mas as juninas são como diz aquele famoso jogador do Flamengo: ôto patamá. Se esse nordestino é da Capela então, aí nem se fala.
O São Pedro da Capela, já foi reconhecido pela ONU, FIFA, OTAN e até pelo Vaticano, como o Melhor do Mundo. Aliás, dizem lá na Rainha dos Tabuleiros, que o astronauta russo, Yuri Gagarin, o primeiro homem a conquistar o espaço, enquanto orbitava o nosso planeta declarou através do rádio, três frases sobre o que via lá do alto que ficaram para a história:
- Vejo a terra. Ela é azul. Também vejo o Mastro de São Pedro da Capela.
Sou do tempo que a festa era rica em manifestações culturais. Trago na memória a banda de Pife de Vadi de Juza à frente de um grupo de homens e mulheres bebendo e cantando alegremente desde a Sarandaia, ao cortejo da Baiana, até a busca ao Mastro. No ano passado, depois de um longo tempo sem ir à festa da Capela, vi como aquele São Pedro da minha memória estava diferente. A grande novidade “cultural” é o surgimento de uma tal Rua do Fluxo onde, paradoxalmente, nada flui a não ser os altos decibéis dos paredões e seus sons incompreensíveis.
Não pretendo voltar lá esse ano. Não que não me anime a dançar um forrozinho com a patroa. Até comprei uma camisa xadrez e um roló para o xote e o xaxado. Mas confesso que quando vejo as atrações, não fico atraído. O baião cedeu lugar para um tal de piseiro e eu que já rebolei tanto pra sobreviver já não tenho mais molejo para esses novos ritmos.
Na semana passada arrisquei ir num forró no interior. Ali vou achar um forró de verdade, pensei eu. Quando lá cheguei pensei que tinha errado o lugar do forrobodó e entrado numa festa gótica. De camisa xadrez e bota de vaqueiro, só tinha eu. As mulheres, de todas as idades, vestiam o mesmo manequim. Blusas e saias pretas, curtíssimas, bem ajustadas ao corpo e todas maquiadas em tons retintos. No palco uma banda de funk, dava a letra – ininteligível – para a massa rebolar até o chão. Cheguei a pensar que tinha morrido e estava cumprindo meu itinerário para chegar ao céu, passando primeiro pelo purgatório. Ou seria o inferno?
Ainda não fui no Arraiá do Povo, mas já me disseram que se eu quiser ver um show lá, tenho que chegar por volta das 5h da tarde, depois disso já vou encontrar o lugar fechado. Também, pelo que disseram, meu dinheiro não dá. Uma latinha de cerveja por 10 reais e um espetinho de gato por 25,não é pro meu bico. Só vai me sobrar, talvez, spray de pimenta nos óio. Aliás, soube que o governador deu uma entrevista explicando o fato de a PM ter atirado spray de pimenta na massa que assistia ao show. Segundo ele, a briosa jogou o spray no chão, mas o vento, esse traquino, tratou de espalhar o gás de pimenta na cara do povo.
Lembrei de um fato acontecido na Capela quando eu era adolescente. Bado de Zé Vaqueiro matou Vadinho de Agenor com um tiro no peito. Quando foi preso e perguntado pelo delegado sobre o ocorrido, Bado disse:
- Doutor, eu atirei na camisa dele, não tenho culpa se ele estava dentro.
Também no facebook do autor em 17 de junho de 2025.
Silvio Santos - Sergipano criado na Lagoa do Meio, Capela, Silvio Alves Santos é jornalista, graduado em Comunicação Social, pós-graduado em Ciência Política.
A tradição do São João fora de lugar.
José Teles
Escrevo com a TV ligada, num canal de notícias. Tenho visto vários comerciais de cidades onde acontecem grandes festas juninas. "Tradição" é palavra usada em todos. As imagens mostram manifestações da cultura popular, trios de sanfona, triângulo e zabumba. Matuto e matutas de camisa e vestido quadriculados, degustando comida típica. A música de fundo é forró de verdade.
No entanto, pelo tempo que sertanejos, bandas de intérpretes de fuleiragem, e axezeiros são as principais atrações do São João dessas cidades, eles já se tornaram tradição, portanto, deveriam figurar nos tais comerciais.
(*) jornalista, escritor, pesquisador de música popular - telestoques.com
Leia também aqui no blog e assista no link abaixo, as lives realizadas na pandemia no canal da Ação Cultural no youtube com grandes estudiosos e artistas da cultura do ciclo junino.
São João, tradição e inovação. Como enfrentar o capital
predatório na cultura? & Quando
Aracaju acendia fogueiras no coração:
Memórias de um São João que aquecia a alma e unia comunidades
Esse artigo começa a ser escrito pelo final, mesmo que a ideia central já esteja na cabeça e nas práticas de muitos educadores, embora nos últimos anos dividindo tempo e recursos com a pedagogia das avaliações externas. Embora, diga-se de passagem, nunca foi fácil trabalhar nas escolas da educação básica com a pedagogia de projetos.
Quem adiantou a escrita desse artigo, "pelo final", foi a entrevista e reportagem abaixo:
"Meu sonho é desligar este app”, diz criador do Todas por Uma
Aplicativo já ajudou mais de 13.000 mulheres e está presente em 30 países; tecnologia foi criada a partir de uma dor pessoal ...
Na verdade o artigo completo não será escrito agora por questões de tempo, mas o final que trago agora com exemplos, representa a tônica do que é recorrentemente publicado na linha do verso de um poema do poeta tropicalista Torquato Neto e musicada por Sérgio Britto da banda Titãs. "Só quero saber o que pode dar certo."
Segundo a IA generativa do google: "A pedagogia de projetos é uma metodologia de ensino que coloca o aluno como protagonista do seu aprendizado, através da realização de projetos que despertam seu interesse e conexão com a realidade. O professor atua como mediador, orientando a pesquisa e a busca por conhecimento. Essa abordagem visa a integração de diferentes áreas do conhecimento e a aplicação prática do que é aprendido, promovendo uma aprendizagem mais significativa e contextualizada."
Em termos de fundamentação trago aqui um texto do Frei Betto, já publicado no blog há alguns anos, e alguns links com entrevistas dos educadores e pesquisadores especializados no tema, Rudá Ricci, Daniel Cara, José Pacheco, algumas das principais fontes teóricas que utilizo.
A escola dos sonhos de Frei Betto e dos meus também. Aqui
E trago abaixo, um trecho de reforço ao propósito do que defendo , retirado de trecho do discurso do Presidente Lula no momento de agradecimento pelo recebimento do titulo doutor honoris concedido pela Universidade Paris 8.
"E também nós estamos investindo muito na escola de tempo integral. Não existe outra saída pra gente cuidar das nossas crianças, e o currículo escolar também vai ter que mudar.
Vocês que são os professores, nos ajudem. Ou seja, no século XXI, com a diversidade dos problemas que a humanidade tem, com as coisas novas que aconteceram na nossa vida, nós precisamos aumentar o currículo escolar, para que as crianças possam levar para casa um aprendizado e ensinar o pai e a mãe que não tiveram oportunidade.
Como é que a gente cuida da questão climática para as crianças não aprenderem [apenas} na universidade? O que é o cuidado com a floresta? O que é o cuidado com o lixo seletivo? O que é o cuidado com os oceanos? Como é que a gente limpa a casa para combater, sabe, os mosquitos que no Brasil tem muitos? Ou seja, se a gente não ensinar nas crianças, aonde que eles vão aprender?
É por isso que eu acho que o currículo escolar tem que sair daquela mesmice de tanto século e colocar coisas novas, além de colocar cultura, além de colocar esporte, além de colocar arte, ou seja, a gente também colocar mais ensinamento sobre a vida real das pessoas para que as pessoas aprendam a tomar conta do seu próprio meio ambiente.
E isso é uma coisa que nós temos um compromisso muito sério."
A pesquisa acima traz exemplo de uma pesquisa acadêmica realizada na educação infantil, mas cuja metodologia e resultados podem ser extrapolados para o ensino fundamental e médio, sem desconsiderar as especificidades próprias de cada ciclo.
Zezito de Oliveira - Educador, agente cultural e escritor...
Desvalorização endêmica da educação básica: avanço do neoliberalismo sustenta fenômeno
Depreciação das instituições públicas de ensino desencadeiam outros fenômenos aparentemente desconectados, como a substituição de professores(as) pela tecnologia, uso crescente de plataformas digitais em detrimento dos livros e o avanço da privatização da rede básica.
Foi boa, a quarta e última sessão do Cineclube Realidade proposta para a 14ª Mostra Difusão Cinema e Direitos Humanos que aconteceu nesse dezesseis de maio chuvoso e um pouco frio para padrões nordestinos, a exceção de umas poucas cidades no interior de clima frio mais constante.
O grupo formado por cerca de vinte alunos de diversos turmas da Escola Estadual Neyde Mesquita, manhã e tarde, se mantiveram atentos e interessados, salvo a dispersão de um ou outro, o que não prejudicou a apreensão do conteúdo do filme e a apreciação da forma como este foi transmitido em termos estéticos ou de linguagem filmica.
Os filmes escolhidos retratam duas realidades de violência capacitista (1) e de racismo, o que infelizmente está bastante presente no cotidiano de nossos adolescentes, tanto na escola, como fora dela.
Os filmes exibidos, “Sobre amizade e bicicletas” e “Sem Asas”, passaram por uma análise prévia de sinopse e do trailer , junto com os outros dez filmes selecionados pela curadoria nacional da 14ª mostra difusão cinema e direitos humanos, e os dois citados, escolhidos no âmbito da escola pela coordenadora pedagógica no turno da manhã, Marta Goes, em comum acordo com o professor Zezito de Oliveira, também professor na escola, além de curador (2) e produtor do Cine Realidade, uma iniciativa independente do coletivo Ação Cultural.
O que salta aos olhos, os dois filmes conseguem abordar temáticas fortes de violência com uma linguagem sensível que deixa a quem assiste, duplamente impactado pelo tema em si e pela maneira imaginativa e poética como as questões são apresentadas.
Decerto , não traria o mesmo impacto de surpresa e de satisfação, se o filme “Sem Asas”, por exemplo, com sua abordagem diferenciada do racismo e da violência policial, fizesse da maneira como os programas de televisão, em especial os sensacionalistas, e mesmo muitos documentários “mais do mesmo” com estética de programa de reportagem.
Por exemplo: No filme “Sem Asas” o policial que faz a abordagem do menino negro por meio de uma arma apontada e de perguntas provocativas, não aparece na tela, e depois que atira, o elemento surpresa, com o impacto do som alto e estouro da bolsa contendo a farinha de trigo que escorre pelo corpo do menino Zu, a mesma comprada por ele no mercadinho do bairro a pedido da mãe, o que levou a reação de um dos alunos que assistia, por sinal da mesma idade e cor do personagem.
-Pôxa! O que foi isso, eles atiraram no moleque?
Outra solução interessante foram as asas que aparecem visualmente como extensão dos braços do menino Zu, nos dois dois momentos em que ele mostra que entendeu as palavras do pai e da mãe sobre o poder do estudo e da auto aceitação para quem é negro e periférico.
E o pai de Zu? Quando sai de casa abordado por policiais depois do retorno do menino para casa, quando recebe os primeiros cuidados da mãe. O filme termina, mas a pergunta fica no ar, porque só aparece esta cena sem continuidade. Uns dois alunos no corredor da escola me perguntaram. E aí, será que ele foi preso? Houve até o que me perguntou, será que o pai de Zu foi morto pela policia? Dei uma resposta rápida em função do tempo, mas vou retomar a conversa com os dois alunos sobre a cena e o que ele quer nos comunicar, isso no retorno das aulas, pós recesso de meio de ano.
Já o filme “Sobre Amizades e Bicicletas”, tem uma abordagem também com surpresas interessantes, a primeira pela aproximação de duas crianças com problemas de deficiência física, o menino com os pés um pouco retorcidos para dentro e a menina com baixa visão. A coragem dela com a vontade de aprender bicicleta com ele na garupa, e com o uso de tornozeleiras e cotoveleiras bem acolchoadas para se proteger após a primeira queda, enquanto aprende.
Outra surpresa da menina Cecilia é a participação em uma corrida de bicicletas, o que finaliza o filme, sem uma conclusão final, mas com a promessa que ele fez ao coleguinha que poderia vencer porque conhece um atalho, a corrida é livre não determina um caminho único, apenas ponto de partida e de chegada.. Precisa dizer com quem fica a preferência do público? Ainda mais porque a menina intrépida não deixa de levar seu coleguinha na garupa, o qual gostaria de poder andar de bicicleta sozinho, mas já que não pode e encontrou Cecilia... Aqui também um menino e uma menino que juntos, ganharam asas....
(1) Você já ouviu falar sobre o termo “capacitismo”? Ele não é muito conhecido, mas possui uma grande importância. Para entendê-lo, é simples, vamos fazer uma analogia com outros tipos de preconceitos: assim como o machismo se refere ao preconceito contra a mulher, e o racismo àquele que envolve a raça, o capacitismo significa a discriminação de pessoas com deficiência.
“Essa palavra vem da ideia de enxergar o outro como incapaz, a partir de uma dedução de quais são as capacidades de uma pessoa que tem deficiência” – explica Giovana Santos, Analista de Geração de Renda do PAF – Plano De Ação Familiar.
Textos selecionados de alunos que participaram da sessão. Seleção realizada pela agente jovem cultura viva, Iasmin Santos Feitosa, sob a supervisão de Zezito de Oliveira.
•Isis Gabrielly [8° A, 13 anos]
“Em um lugar onde não há atividades culturais, a violência vai reinar”. Achei a frase bastante interessante, por isso quis destacar.
Clip Cineclube Realidade
Crianças, adolescentes e telas – programa criado para falar e tirar dúvidas sobre a relação entre as telas, os adolescentes e crianças.
Crianças, Adolescentes e Telas – Guia sobre usos de dispositivos digitais
Filme Amizade e Bicicletas – O filme fala sobre uma amizade de uma garota e um garoto, ambos deficientes, que juntos, conseguiram participar do campeonato de bicicletas que era um sonho de ambos.
Na minha opinião, o filme se resume na seguinte frase: “A amizade faz a força”.
•Kethyllin [8° A]
“2° filme – Sem Asas / Tema: Racismo”
O filme fala sobre um menino negro que foi comprar farinha pra mãe, e no caminho ele entra na casa de uma mulher pra pegar uma pipa, mas os policiais abordam o menino e acham que a farinha era droga. Então, o policial atira no menino, mas por sorte pega de raspão. Enquanto a mãe está limpando o menino, os policiais também abordam o pai do menino.
Quando o menino está no quarto pensando no que aconteceu, ele ganha asas. Esse filme mostra realidades que acontecem toda hora, em qualquer lugar, e essa realidade é bem pior do que a que mostra no filme. Isso é racismo, e racismo é crime.
•Maria Aliny [8° A, 12 anos]
“Em um lugar onde não há atividade, a violência vai reinar”.
O filme fala sobre o bullying, é sobre uma amizade entre um garoto e uma garota que tem deficiência, e podem provar que mesmo com sua deficiência, eles conseguem ser como as outras pessoas e serem felizes.
Isso prova que nem sempre a gente deve ligar para os comentários dos outros, e sim para a nossa própria opinião.
•Nicole [8° B, 14 anos]
“Tema: Direitos Humanos”
Guia que ajuda crianças e adolescentes, garantindo segurança das crianças e adolescentes das telas de aparelho, sempre sendo atualizado para as pessoas, ensinando como combater o bullying.
Sobre Amizades e Bicicletas – O filme retrata a história de um garoto com deficiência, tendo um grande sonho de poder participar de uma corrida de bicicleta. Thiago no jardim triste pelas vozes dos amigos o maltratando de forma verbal, mas ele conhece uma garota chamada Cecília, que o mostrou que nada é impossível, que iria ajuda-lo contra o bullying. Ambos viram bons amigos, mas em um determinado momento se separaram por conta das zoações e zombaria das demais crianças. Ambos têm uma briga, mas voltam a ser amigos. Decididos a participarem da corrida, juntos contra muitas pessoas, mesmo que não ganhassem, mas estariam felizes juntos.
•Daniel Yan [8° C, 13 anos]
“Filme: Sobre Amizade e Bicicleta”
É um mini filme sobre dois personagens, Thiago e Cecília, eles têm deficiência, mas mesmo com esse problema eles conseguem superar, e participam de uma corrida de bicicleta. Eles sofreram bullying, mas seguiram em frente.
•Nayr Victoria
“Esse filme conta a história de duas crianças que sofrem por suas condições físicas, e que sofrem também com diversos julgamentos que as crianças de sua rua fazem. Mas quando se juntam, fazem aquilo que não era possível por conta de suas condições.
As fotos e o suporte técnico da exibição foi realizado pelo agente jovem cultura viva Raoni Smith.
Nossos agradecimentos a equipe diretiva da Escola Estadual Neyde Mesquita e aos alunos monitores da mesma que deram total apoio ao evento, assim como os demais que atenderam ao convite para participar da sessão.
Também nossos agradecimentos ao Ministério da Cultura, ao Ministério da Cidadania e dos Direitos Humanos e a Universidade Federal Fluminense pela iniciativa e qualidade da seleção dos filmes e pela metodologia da 14ª Mostra Difusão, assim como pela atenção e disponibilidade como foram tratados os responsáveis pela exibição nas escolas e comunidades , em outros lugares a mostra segue até 22 de junho. A destacar a disponibilidade para ouvir e acatar sugestões que melhoraram sobremaneira o acesso aos filmes para um maior número de pessoas.
Sobre o acesso a mais pessoas aos filmes selecionados e mesmo para quem asssistiu, aguardamos com grande expectativa a inauguração do serviço de disponibilização de filmes brasileiros de forma gratuita ao público por meio do streaming do ministério da cultura, conforme matéria veiculada no inicio deste ano através de diversos meios de informação.
"O Ministério da Cultura (MinC) lançará uma plataforma de streaming pública e gratuita chamada Tela Brasil, com o objetivo de ampliar o acesso à produção audiovisual nacional. A plataforma, desenvolvida pela Secretaria do Audiovisual, terá um catálogo exclusivo de produções brasileiras, incluindo curtas, médias e longas-metragens. O lançamento está previsto para o segundo semestre de 2025.
A plataforma também visa atender a Lei Federal 13.006/2024, que prevê a exibição de filmes nacionais como componente curricular complementar nas escolas. Além disso, a Tela Brasil buscará disponibilizar conteúdo para espaços de difusão não comerciais, como cineclubes, pontos de leitura e bibliotecas públicas. "
STREAMING
Ministério da Cultura investe R$ 3,8 milhões em licenciamento de obras audiovisuais para plataforma pública de streaming
O objetivo é compor o catálogo da nova Plataforma Pública de Acesso e Difusão de Conteúdos Audiovisuais Brasileiros Sob Demanda, uma iniciativa pioneira que promete democratizar o acesso às produções nacionais