segunda-feira, 16 de junho de 2025

Cineclube Realidade encerra as sessões propostas para a 14ª mostra difusão cinema e direitos humanos com alunos da Escola Neyde Mesquita em São Cristóvão (SE)

Foi boa,  a quarta e  última sessão do Cineclube Realidade proposta  para a 14ª Mostra Difusão Cinema e Direitos Humanos que aconteceu nesse dezesseis de maio  chuvoso e um pouco frio para  padrões nordestinos, a exceção de umas poucas cidades no interior de clima frio mais constante.  

O grupo formado por cerca de vinte alunos de diversos turmas da Escola Estadual Neyde Mesquita, manhã e tarde,  se mantiveram atentos e interessados, salvo a dispersão de um ou outro, o que não prejudicou  a apreensão do conteúdo do filme e a apreciação da forma como este foi transmitido em termos  estéticos ou de linguagem filmica. 

Os filmes escolhidos retratam duas realidades de violência capacitista (1) e de racismo, o que infelizmente está bastante presente no cotidiano de nossos adolescentes, tanto na escola, como fora dela.  

Os filmes exibidos,   “Sobre amizade e bicicletas” e “Sem Asas”,  passaram por uma  análise prévia de sinopse e do trailer , junto com os outros dez filmes selecionados pela curadoria nacional da 14ª mostra difusão cinema e direitos humanos,  e os dois citados, escolhidos  no âmbito da escola pela coordenadora pedagógica no turno da manhã, Marta Goes,  em comum acordo com o professor Zezito de Oliveira, também professor na escola, além de curador (2) e produtor do Cine Realidade, uma iniciativa independente do coletivo Ação Cultural.

O que salta aos olhos, os dois filmes conseguem abordar temáticas fortes de violência com uma linguagem  sensível que deixa a quem assiste,  duplamente impactado pelo tema  em si e pela maneira imaginativa e poética como as questões são apresentadas. 

Decerto , não traria o mesmo impacto de surpresa e de satisfação, se o filme “Sem Asas”, por exemplo,   com sua abordagem diferenciada do racismo e da violência policial, fizesse da  maneira como os programas de televisão, em especial os sensacionalistas, e mesmo muitos documentários “mais do mesmo” com  estética de programa de reportagem. 

Por exemplo: No filme “Sem Asas” o  policial  que faz a abordagem do menino negro por meio de uma arma apontada e de perguntas provocativas,    não aparece  na tela, e depois que atira, o elemento surpresa, com  o impacto do som  alto e  estouro da bolsa  contendo a farinha de trigo que escorre pelo corpo do  menino  Zu, a mesma comprada por ele no mercadinho do bairro a pedido da mãe, o que levou  a  reação de um dos alunos que assistia, por sinal da mesma idade e cor do personagem.

-Pôxa! O que foi isso, eles atiraram no moleque? 

Outra  solução interessante foram as asas que aparecem visualmente como extensão dos braços do menino Zu, nos dois dois  momentos em que ele mostra que entendeu as palavras do pai e da mãe sobre o poder do estudo e da auto aceitação para quem é negro e periférico.

E o pai de Zu? Quando sai de casa abordado por policiais depois do retorno do menino para  casa, quando recebe os primeiros cuidados da mãe. O filme termina, mas a pergunta fica no ar, porque só aparece esta cena sem continuidade. Uns dois alunos no corredor da escola me perguntaram.   E aí, será que ele foi preso?  Houve até o que me perguntou, será que o pai de Zu foi morto pela policia? Dei uma resposta rápida em função do tempo, mas vou retomar a conversa com os dois alunos sobre a cena e o que ele quer nos comunicar, isso no retorno das aulas, pós recesso de meio de ano.

Já o filme “Sobre Amizades e Bicicletas”,  tem uma abordagem também com surpresas interessantes, a primeira pela aproximação de duas crianças com problemas de deficiência física, o menino com os pés um pouco retorcidos para dentro e a menina com baixa visão. A coragem dela com a vontade de aprender bicicleta com ele na garupa,  e com o  uso de tornozeleiras e cotoveleiras bem acolchoadas para se proteger após a primeira queda, enquanto aprende. 

Outra surpresa da menina Cecilia é a participação em uma corrida de bicicletas, o que finaliza o filme, sem uma conclusão final, mas com a promessa que ele fez ao coleguinha que poderia vencer porque conhece um atalho, a corrida é livre não determina um caminho único, apenas ponto de partida e de chegada.. Precisa dizer com quem fica a preferência do público?  Ainda mais porque a menina intrépida não deixa de levar seu coleguinha na garupa, o qual gostaria de poder andar de bicicleta sozinho, mas já que não pode e encontrou Cecilia... Aqui também um menino e uma menino que juntos, ganharam asas....

(1)  Você já ouviu falar sobre o termo “capacitismo”? Ele não é muito conhecido, mas possui uma grande importância. Para entendê-lo, é simples, vamos fazer uma analogia com outros tipos de preconceitos: assim como o machismo se refere ao preconceito contra a mulher, e o racismo àquele que envolve a raça, o capacitismo significa a discriminação de pessoas com deficiência. 

“Essa palavra vem da ideia de enxergar o outro como incapaz, a partir de uma dedução de quais são as capacidades de uma pessoa que tem deficiência” – explica Giovana Santos, Analista de Geração de Renda do PAF – Plano De Ação Familiar.

Mais informações AQUI

(2)  Curador em artes e cultura:
Curador de exposições:
É o responsável pela concepção, organização e supervisão de exposições, incluindo a seleção das obras, a montagem e a elaboração do catálogo. 
Curador de museus ou galerias:
Responsável pela manutenção e organização de coleções, incluindo a supervisão de exposições. 
Mais informações AQUI

Zezito de Oliveira


Textos selecionados de alunos que participaram da sessão. Seleção realizada pela agente jovem cultura viva, Iasmin Santos Feitosa,  sob a supervisão de Zezito de Oliveira. 

Isis Gabrielly [8° A, 13 anos]

“Em um lugar onde não há atividades culturais, a violência vai reinar”. Achei a frase bastante interessante, por isso quis destacar.



Crianças, adolescentes e telas – programa criado para falar e tirar dúvidas sobre a relação entre as telas, os adolescentes e crianças.

Crianças, Adolescentes e Telas – Guia sobre usos de dispositivos digitais

Filme Amizade e Bicicletas – O filme fala sobre uma amizade de uma garota e um garoto, ambos deficientes, que juntos, conseguiram participar do campeonato de bicicletas que era um sonho de ambos.

Na minha opinião, o filme se resume na seguinte frase: A amizade faz a força”.

Kethyllin [8° A]

“2° filme – Sem Asas / Tema: Racismo”

O filme fala sobre um menino negro que foi comprar farinha pra mãe, e no caminho ele entra na casa de uma mulher pra pegar uma pipa, mas os policiais abordam o menino e acham que a farinha era droga. Então, o policial atira no menino, mas por sorte pega de raspão. Enquanto a mãe está limpando o menino, os policiais também abordam o pai do menino.

Quando o menino está no quarto pensando no que aconteceu, ele ganha asas. Esse filme mostra realidades que acontecem toda hora, em qualquer lugar, e essa realidade é bem pior do que a que mostra no filme. Isso é racismo, e racismo é crime.

Maria Aliny [8° A, 12 anos]

“Em um lugar onde não há atividade, a violência vai reinar”.

O filme fala sobre o bullying, é sobre uma amizade entre um garoto e uma garota que tem deficiência, e podem provar que mesmo com sua deficiência, eles conseguem ser como as outras pessoas e serem felizes.

Isso prova que nem sempre a gente deve ligar para os comentários dos outros, e sim para a nossa própria opinião.

Nicole [8° B, 14 anos]

“Tema: Direitos Humanos”

Guia que ajuda crianças e adolescentes, garantindo segurança das crianças e adolescentes das telas de aparelho, sempre sendo atualizado para as pessoas, ensinando como combater o bullying.

Sobre Amizades e Bicicletas – O filme retrata a história de um garoto com deficiência, tendo um grande sonho de poder participar de uma corrida de bicicleta. Thiago no jardim triste pelas vozes dos amigos o maltratando de forma verbal, mas ele conhece uma garota chamada Cecília, que o mostrou que nada é impossível, que iria ajuda-lo contra o  bullying. Ambos viram bons amigos, mas em um determinado momento se separaram por conta das zoações e zombaria das demais crianças. Ambos têm uma briga, mas voltam a ser amigos. Decididos a participarem da corrida, juntos contra muitas pessoas, mesmo que não ganhassem, mas estariam felizes juntos.

Daniel Yan [8° C, 13 anos]

“Filme: Sobre Amizade e Bicicleta”

É um mini filme sobre dois personagens, Thiago e Cecília, eles têm deficiência, mas mesmo com esse problema eles conseguem superar, e participam de uma corrida de bicicleta. Eles sofreram bullying, mas seguiram em frente.

Nayr Victoria

“Esse filme conta a história de duas crianças que sofrem por suas condições físicas, e que sofrem também com diversos julgamentos que as crianças de sua rua fazem. Mas quando se juntam, fazem aquilo que não era possível por conta de suas condições.

As fotos e o suporte técnico da exibição foi realizado pelo agente jovem cultura viva Raoni Smith.

Nossos agradecimentos a equipe diretiva da Escola Estadual Neyde Mesquita e aos alunos monitores da mesma  que deram total apoio ao evento, assim como os demais que atenderam ao convite para participar da sessão.

Também nossos agradecimentos ao Ministério da Cultura, ao Ministério da Cidadania e dos Direitos Humanos e a Universidade Federal Fluminense pela iniciativa e qualidade da seleção dos filmes e pela metodologia da 14ª Mostra Difusão, assim como pela atenção e disponibilidade como foram tratados  os responsáveis pela exibição nas escolas e comunidades , em outros lugares a mostra segue até 22 de junho. A destacar a disponibilidade para ouvir e acatar sugestões que melhoraram sobremaneira o acesso aos  filmes para um maior número de pessoas.

Sobre o acesso a mais pessoas aos filmes selecionados e mesmo para quem asssistiu, aguardamos com grande expectativa a inauguração do serviço de disponibilização de filmes brasileiros de forma gratuita ao público por meio do streaming do ministério da cultura, conforme matéria veiculada no inicio deste ano através de  diversos meios  de informação.

"O Ministério da Cultura (MinC) lançará uma plataforma de streaming pública e gratuita chamada Tela Brasil, com o objetivo de ampliar o acesso à produção audiovisual nacional. A plataforma, desenvolvida pela Secretaria do Audiovisual, terá um catálogo exclusivo de produções brasileiras, incluindo curtas, médias e longas-metragens. O lançamento está previsto para o segundo semestre de 2025. 

A plataforma também visa atender a Lei Federal 13.006/2024, que prevê a exibição de filmes nacionais como componente curricular complementar nas escolas. Além disso, a Tela Brasil buscará disponibilizar conteúdo para espaços de difusão não comerciais, como cineclubes, pontos de leitura e bibliotecas públicas. "

STREAMING

Ministério da Cultura investe R$ 3,8 milhões em licenciamento de obras audiovisuais para plataforma pública de streaming

O objetivo é compor o catálogo da nova Plataforma Pública de Acesso e Difusão de Conteúdos Audiovisuais Brasileiros Sob Demanda, uma iniciativa pioneira que promete democratizar o acesso às produções nacionais
 

sexta-feira, 13 de junho de 2025




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