Eliseu Wisniewski
A presença de um novo perfil de clero brasileiro revela uma tendência clericalista visível a olho nu que ganha seu lugar cada vez mais comum e, por conseguinte, mais legítimo nas mídias católicas e nas comunidades eclesiais. Não deixa de ser desconcertante o perfil predominante dos ministros ordenados, em especial do presbítero, nas últimas décadas, em perspectiva oposta a uma Igreja sinodal. Grande parte dos denominados "padres novos" normalmente: tomam distância do Vaticano II e do magistério do Papa Francisco; gostam de se autodenominar "sacerdotes" e de exercer seu ministério em torno ao culto e à administração dos sacramentos; devotam especial esmero ao uso de paramentos e outros utensílios da liturgia pré-conciliar; dizem-se zelosos da doutrina e defensores da tradição; vestem-se com trajes clericais, demarcando o espaço "sagrado" em relação ao dito ambiente "mundano"; não hesitam em demonstrar sua superioridade e sua distância em relação aos leigos e leigas (estes considerados de segunda categoria); são pouco sensíveis às questões sociais, preferindo o centro às periferias; estão atrelados a uma Igreja autorreferencial e pouco missionária; fazem pontes com ideologias conservadoras...
Nenhum comentário:
Postar um comentário