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quinta-feira, 6 de março de 2025

E o Lula? E o PT? (análise histórica) Governo Lula não conversa com a 'dona Maria' que o elegeu, diz sociólogo Rudá Ricci. (análise de conjuntura). E 2026?


Lincoln Secco

Professor livre docente da Universidade de São Paulo. Formou-se nas escolas públicas Santos Dumont e Nossa Senhora da Penha e realizou toda a sua formação acadêmica na USP, onde ingressou em 1987 como aluno e em 2003 como docente. É bacharel e licenciado em História e mestre e doutor em História Econômica.


O sociólogo e cientista político Rudá Ricci deixou o PT na década de 1990, quando, segundo ele, o partido começou a se aproximar do "centrão" e a priorizar os interesses do mercado financeiro. Em 2014, ele publicou o livro "Lulismo: Da era dos movimentos sociais à ascensão da nova classe média brasileira", no qual analisa as mudanças na sigla… 

Laila Nery. Do UOL, em São Paulo

06/03/2025 05h30… - Veja mais Aqui 

PT e campo lulista discutem candidatos da sociedade civil para disputa Senado contra bolsonaristas

Já tem muita gente preocupada com 2026 e é preciso ficar de olho no Senado, que terá renovação de 54 das 81 cadeiras. O bolsonarismo tem base forte na Casa e, se fizerem maioria, poderão votar o impeachment de um ministro do STF, por exemplo. O PT e partidos de esquerda têm pensado no lançamento de candidaturas alternativas, da sociedade civil, como Raí, Drauzio Varella e Felipe Neto. Montar chapas de fora da política tradicional pode movimentar muito a política em 2026. As próximas eleições serão, talvez, um grito do nacionalismo à esquerda.


45 anos do PT: uma análise cronológica | RUDÁ ANALISA #04





domingo, 18 de fevereiro de 2024

Aracaju está entre ‘a vez mulheres’ e o perigo da falsa quebra de paradigma. Por Narcizo Machado

 

Ao longo dos seus 169 anos, que se completarão no próximo dia 17 de março, Aracaju nunca foi administrada por uma mulher. Até agora, não disse nenhuma novidade. Mas há uma, e a novidade do momento é a sanha dos homens que não possuem chances de vencer, adotando a tática de colocar mulheres como pré-candidatas para chegar ao poder.

Não preciso alertar, as mulheres sabem que se não fossem as pesquisas apontando uma líder e outras muito bem posicionadas, os partidos não estariam abrindo espaço para essa possível quebra de paradigma.

O jogo é bruto. As que efetivamente são empoderadas estão corretíssimas em aproveitar o momento, é uma oportunidade histórica, mas não concordo com o clima de ‘é agora ou nunca’. Em 1996, Maria do Carmo quase chega ao segundo turno. Em 2004, Susana Azevedo cumpriu tarefa importante na oposição. Nas eleições de 2016 e 2020, Eliane Aquino e Katarina Feitoza tiveram preponderante participação nas vitórias de Edvaldo Nogueira. Além de outras personagens como Vera Lúcia no PSTU. A força da mulher cresceu na política, apesar da ainda diminuta representação nos espaços de poder. E vai crescer ainda mais.

Chegou a vez de uma mulher ser a gestora? Acredito que nunca esteve tão próximo. Mas volto a crítica de semanas atrás. E Aracaju? Independente do gênero, é preciso olhar para a discussão que efetivamente importa. Onde a cidade fica nesse debate? Qual a discussão principal que afetará a sua vida, meu caro leitor e minha cara leitora?

Só o fato de ter uma mulher no comando nos garante que teremos um desenvolvimento melhor do que o visto nos últimos anos? Todos os problemas que a cidade enfrenta serão resolvidos num passe de mágica com o toque feminino?

Nas peças de marketing, talvez sim, mas a depender da mulher eleita, por trás dela pode ter um modelo de gestão não apropriado para nosso crescimento e, mais ainda, um grupo de homens que comandam tudo com forte poder econômico.

Seria uma espécie de falsa quebra de paradigma. Elege-se uma mulher, mas ela não governa efetivamente.

O debate precisa ser muito mais sobre a cidade. Modelo de gestão, participação popular, humanização do atendimento público, sistema de transporte e mobilidade, urbanização democrática, menos leniência com a especulação imobiliária, o destravamento do Plano Diretor, que é fato vergonhoso. Enfim, muitas são as pauta a serem enfrentadas.

Quem vai dar o pontapé nessa ação de debates? Estou falando em debate verdadeiro, não em eventos para cadastro de pessoas e construção de lista de contatos e coleta de sugestão. Quem tiver a iniciativa marcará ponto com os eleitores mais conscientes.

O texto acima é a parte introdutória da coluna "Domingueira" do jornalista e radialista Narcizo Machado.

Está sendo trazido para este blog com a tag "análise de conjuntura" porque o autor dá conta de apresentar o perigo que o editor deste blog, e ás vezes redator, percebe com0 o mais provável resultado das eleições de 2024, e isso infelizmente independe da escolha de quaisquer um dos nomes que estão bem colocados nas pesquisas

O perigo são as decisões dos destinos de nossa cidade prosseguir com um padrão conceitual baseado nas premissas de um desenvolvimento - concentrador, excludente e predatório - o que caracteriza a realidade da maioria das cidades brasileiros, em maior ou em menor grau.

Como aqui tratamos de cultura em primeiro lugar, e mesmo com noticias relacionadas a análise de conjuntura, sempre trazemos canções, filmes, poesias e imagens relacionadas ao tema, a primeira canção, Bete Balanço, merece atenção especial da parte das candidatas bem posicionada nas pesquisas e principalmente as mulheres eleitoras e também dos homens eleitores e/ou candidatos.

"O teu futuro é duvidoso, eu vejo grana, (e como....) e dor."

A continuidade da coluna  domingueira apresenta mais detalhes sobre a derrama de dinheiro que confirma o futuro "duvidoso" ou "liquido e certo"  de nossa cidade, se as urnas confirmarem o quadro atual das pesquisas, incluindo vereadores..

https://fanf1.com.br/2024/02/18/aracaju-esta-entre-a-vez-mulheres-e-o-perigo-da-falsa-quebra-de-paradigma/

Descrição da foto

 Montagem de Aracaju.  2020.  Autor Heitor Carvalho Jorge

Fonte Wikipédia

Arquivo:Ponte tobias barreto2.jpg

Arquivo:Farol de Sergipe.jpg

Arquivo:Parque Teófilo Dantas.jpg

Arquivo:Arcos da Orla - Aracaju - Sergipe - panorama (2).jpg

Arquivo:Palmeiras Imperiais da Praça Fausto Cardoso (2).jpg

Arquivo:Curva da Avenida Beira Mar Aracaju.jpg

Arquivo:Skyline de Aracaju com o Rio Sergipe.jpg

Aracaju nos seus 150 anos e a cultura que fica

Zezito de Oliveira
Em todos os anos, durante o mês de março, é elaborada uma vasta programação para comemorar o aniversário da cidade. No ano de 2005, quando foram comemorados os 150 anos, publicamos no jornal Cinform o presente artigo.

Para resumir o motivo pelo qual o texto está sendo reeditado na íntegra, aqui no Overmundo, podemos lembrar da frase de uma composição do Legião Urbana: “Mudaram as estações e nada (ou quase nada) mudou” na área da ação cultural transformadora e inclusiva.

O que nos deixa perplexos é o fato de que a cidade, sendo governada desde o ano 2000 por uma aliança de partidos de esquerda, ainda não atendeu aos anseios de quem tanto esperou e espera do grupo.

Afinal, a expectativa era de que o segmento artístico/cultural fosse considerado prioridade no governo da mudança. Mas o que se percebe é que na área da cultura quase tudo está por fazer.

Esperamos que nos próximos aniversários, possamos registrar o melhor e mais duradouro presente, que são as políticas públicas de cultura à altura da importância que a área requer no atual momento histórico nacional mundial.

Enquanto isso não acontece, continuaremos como propõe o ditado popular jogando “água mole em pedra dura, que tanto bate até que fura.”

Esperamos que muito mais gente se some, para que nos transformemos em uma forte correnteza que provoque uma real mudança de atitude, muito além da retórica, por parte dos nossos companheiros e camaradas.

Leia mais: 




Samba do Arnesto - Viver Aracaju (Ao vivo Especial Dia Nacional do Samba)



Aracaju - Fi Barreto





















domingo, 17 de setembro de 2023

A necessária revolução cultural para enfrentar o neoliberalismo e o neofascismo. Por Margareth Menezes, Jamil Chade, Célio Turino e Juca Ferreira.

 https://www.youtube.com/watch?v=38HQnbB8UXA

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, recebeu jornalistas da mídia alternativa para uma entrevista coletiva, sobre a supervisão do setor cultural e da democracia no país, com a participação de Regina Zappa da TV 247.




https://www.youtube.com/watch?v=MIVA_q7q5IE&t=82s

Ao se fazer mudanças na LAB de cima para baixo se inverte o sentido de  uma lei  que foi construída de baixo para cima, mesmo com os limites restritivos impostos pela pandemia da covid 19,  mas não impeditivos de uma potente construção coletiva que reuniu fazedores de cultura na base, parlamentares aliados da cultura e gestores culturais, mesmo a revelia do governo Bolsonaro.

Algo semelhante no Brasil só tem paralelo com a apresentação das emendas populares a assembleia nacional constituinte nos anos de 1986 e 1987, tendo sido  inclusive aprovadas algumas dessas no texto da Constituição de 1988,   como a que prevê os mecanismos de democracia direta: iniciativa popular de lei, plebiscito e  referendo.

Célio Turino é historiador, escritor, gestor de políticas públicas e idealizador dos Pontos de Cultura, programa referência no Brasil, América Latina, Vaticano e etc., como exemplo de política pública para inclusão de populações vulneráveis e marginalizadas em ações culturais participativas e libertadoras.    


Juca Ferreira: “A curto prazo é cota de tela, regulação do streaming e das grandes plataformas”

13 de setembro de 2023 - Bia Abramo e Guto Alves

O ex-ministro da Cultura trata da crise no audiovisual brasileiro, alerta para a precarização do trabalho no setor e no avanço das grandes plataformas de streaming: “O Brasil virou terra de ninguém”. Segundo Juca Ferreira, é hora de retomar a cultura como uma política de Estado para a formação de cidadãos e instrumento de identidade nacional

Apesar dos bons ventos que sopram as políticas de fomento do Ministério da Cultura, o Brasil tem enfrentado uma verdadeira crise na indústria do audiovisual nacional: desde o cinema aos streaming de grandes companhias estrangeiras que invadiram o país e colocaram em desequilíbrio a relação com direitos autorais e trabalhistas do setor. 

A pendenga é grande. Trabalhadores e entidades representativas de classe e das grandes emissoras e conglomerados de mídia brigam em Brasília em busca de regulação e garantias de direitos autorais para todos. A solução é simples, afirma Juca Ferreira, ex-ministro da cultura de Lula e Dilma: é preciso ter pressa. “A gente já tem mais de oito meses de governo e ainda estamos quase sem inaugurar uma política [para o audiovisual] do terceiro governo Lula. Isso vai dando uma sensação de urgência, uma ansiedade, uma necessidade”, admite. 

Juca fala sobre suas atividades na nova função, como assessor da Presidência do Banco Nacional do Desenvolvimento de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Aqui, compartilha suas ideias, análises, críticas e projeções para o audiovisual nacional. 

Apesar de afastar de si a ideia veiculada pela imprensa, a de que cuidaria apenas da economia criativa, Juca põe o dedo nas feridas do setor e defende a retomada urgente de uma estruturação programática, com organização, metas e, sobretudo, um observatório que trace diagnósticos de problemas, de demanda e que e dialogue com o público brasileiro. 

Juca, que tem uma carreira extensa na gestão da cultura e muita experiência na área, vê o futuro como otimismo: “Os BRICS estão gritando para nós como uma bola quicando na porta do gol, pedindo para que a gente apresente um projeto de política cinematográfica, de audiovisual comum”, destaca. “Eu diria que em dez anos, nós podemos chegar entre os dez maiores distribuidores e exibidores e nossos produtos, poderão ocupar um espaço razoável do mercado mundial. Para isso, vai ter que ter investimentos e enfrentamento dos gargalos”

A dificuldade do setor, no entanto, não reside apenas em deficiências públicas, aponta o sociólogo, que critica a pouca relação do que é criado com o público. “Vou apontar um grande erro: o cara tem uma ideia, transforma em roteiro, concorre num edital, ganha e faz o filme. Aí o filme está acabando e ele já está em outro projeto, outro edital”, aponta. “Não pode ser assim. Se produz para um mercado, se produz pra dialogar com as necessidades, os desejos, as vontades e as tendências dos espectadores. Isso está pouco desenvolvido no Brasil. A dimensão principal do cinema, que é a relação com o público, não aparece como um fator importante na dinâmica da produção”. 

Aos criadores, produtores e diretores, Juca pede que ouçam e vivam o Brasil profundo. Ele diz que ainda há muitas histórias e uma alegria viva que não é retratada. “Os europeus carecem um pouco de produção de felicidade. Eles precisam ter acesso a certas coisas que os povos pré-capitalistas tinham e que, pela desordem da formação do Brasil, ainda é vivo no Brasil. O corpo ainda é vivo no Brasil, fala. A alegria ainda é uma presença social forte. A celebração ainda é uma prática concreta no país. Não é só o carnaval, São João, festas de final de ano… A gente precisa transformar toda essa gente, essa qualidade, na possibilidade de sermos felizes também. Nós não podemos nos enxergar apenas como máquinas produtivas”, diz. 

Nesta entrevista, ele debate problemas como a regulação do streaming, e da importância do audiovisual brasileiro se estabelecer como uma indústria como qualquer outra, que precisa de planejamento e gestão. “[Hoje] não há valorização nem da obra de arte, nem do trabalhador, nem do roteirista, nem do técnico, nem de ninguém. Isso só se resolve com regulação”, aponta. 

Focus Brasil — O senhor ocupa hoje o cargo de assessor do BNDES, com o presidente Aloizio Mercadante. Como tem sido esse trabalho? 

Juca Ferreira — Quando eu fui contratado pelo BNDES, saiu na imprensa que eu iria cuidar da economia criativa, da cultura e da indústria cultural, mas não é verdade. Eu sou assessor do presidente do BNDES, do Aloizio Mercadante. Um assessor de presidência é uma espécie de conselheiro que também recebe algumas tarefas executivas. A primeira grande tarefa executiva que eu recebi, e que partiu de uma proposta que já era minha, foi a de organizar este seminário sobre audiovisual [ocorrido em 30 de agosto, no Rio de Janeiro), porque o setor está parado e há uma erosão séria de tudo o que nós fizemos desde 2003. 

— Exatamente essa que tem sido a queixa de muita gente do cinema, do audiovisual; a paradeira e a desconstrução de políticas públicas consolidadas. Como está vendo este cenário? 

— A pandemia, somada ao governo passado, causou um estrago enorme no setor. Desde 2003, no primeiro governo Lula, o Ministério da Cultura criou uma política para o setor, investiu – e o que se investiu não foi pouco — para construir um novo ciclo do cinema e do audiovisual. Na verdade, a atenção ao audiovisual nem existia. Começou com a gente essa iniciativa de construir políticas e orientar investimentos. Tivemos muita discussão com o próprio setor. Por exemplo, cineastas, principalmente do Rio, e alguns de São Paulo, não queriam que a gente disponibilizasse recursos para todo o Brasil com uma argumentação de que, ao se tratar de indústria, teria que concentrar os investimentos. 

E nós defendemos que a infraestrutura pode ser concentrada, mas há o lado cultural, a criatividade, a possibilidade de se ver na tela, de ter que ser disponibilizada para todo Brasil. Só pra vocês terem uma ideia da grandeza do que fizemos: quando o presidente Lula assumiu pela primeira vez, o Brasil fazia menos de dez filmes por ano. Em 2016, quando a Dilma foi afastada, nós estávamos fazendo 200 filmes por ano, saímos de 10 para 200. Não é pouca coisa, não. E filmes feitos no Ceará, Pernambuco, lá na Região Amazônica, no Centro-Oeste, ou seja, as nossas políticas foram ultra bem-sucedidas, mesmo que com erros e insuficiências nos processos de construção.

— Quais os maiores desafios que a indústria do audiovisual brasileiro enfrenta? 

— No caso dessa indústria, no Brasil, a indústria do cinema, do audiovisual, do cinema de animação e dos games, ela passa por etapas. Chegamos até o momento de estar perto de precisar uma revisão geral. Por exemplo, o critério da quantidade de filmes é bom porque cria a possibilidade da produção em todo o Brasil: treina pessoas, treina a equipe técnica, os diretores. Nós tivemos um processo de construção bastante generoso, o que potencializou e muito a qualidade do cinema brasileiro. No entanto, chega um momento em que você tem 200 filmes, mas não tem onde exibir. Isso já mostra que é preciso uma política que articule produção, distribuição e exibição. Era essa transformação que nós iríamos fazer quando veio o golpe em 2016, afastando a presidenta Dilma. De lá para cá, nós só tivemos a destruição. A pandemia praticamente inviabilizou as salas de exibição. Caímos para um número muito pequeno de espectadores, com raras exceções, como foi agora o caso da “Barbie”. 

Agora, na verdade, o prejuízo que o governo passado causou é muito maior do que o que a pandemia causou. Se por um lado a pandemia quase inviabilizou a sala de exibição, a pandemia estimulou o streaming, que é também um mercado importante para o cinema e audiovisual. A pandemia criou um contexto negativo, mas não deixou até de participar de uma dinâmica que já vinha acontecendo, na verdade, ajudou a acelerar, que é essa possibilidade do consumo do audiovisual e do cinema via streaming. Agora, Bolsonaro desestruturou todo o sistema regulatório. Até a cota de tela que vem de Getúlio Vargas foi limada, afastada, foi dispensada. Os sistemas de fomento, incentivo e financiamento também foram inviabilizados. 

— Qual a diferença do cenário que o primeiro governo Lula encontrou para agora, em 2023, duas décadas depois?

— Quando o presidente Lula foi eleito em 2022, encontramos um ambiente desolador. Agora, comparando com o ambiente de 2003, nós temos algumas condições melhores do que naquela época. Naquela época, quando o Lula foi eleito pela primeira vez em 2002 e assumiu em 2003, nós só tínhamos praticamente produção no Rio e São Paulo, uma ou outra esporádica em algum lugar do Brasil. E nós constituímos uma estrutura que ainda está viva. Está precária, com dificuldades gigantescas de sobreviver, mas tem aí uma estrutura de produção, de distribuição, de exibição que não se desfez completamente. Há empresas que se fortaleceram muito nesse período todo dos governos Lula e Dilma e, hoje, competem com distribuidoras estrangeiras. Então, nós temos uma realidade que é bastante séria, negativa, mas que tem um potencial de uma retomada, pra gente construir um novo ciclo. 

— Como reconstruir esse novo ciclo? Como deve ser? 

— A construção exige o enfrentamento de uma série de desafios. O primeiro é que todos os órgãos públicos estão precários, nessa área de cultura em geral, mas particularmente na sua relação com o cinema e audiovisual: o Ministério da Cultura, a Ancine, o BNDES… A ação predatória e de hostilidade ao cinema e ao audiovisual teve um efeito bastante devastador. A primeira grande tarefa é fazer o dever de casa. É preciso que os órgãos que se relacionam direta ou indiretamente com cinema e audiovisual façam mais do que uma faxina, façam um reordenamento interno urgente para que possam voltar a ter eficiência. Caso contrário, vão ficar enxugando gelo e fazendo marketing vazio. Todos têm que fazer isso e eu não sou a palmatória do mundo, não cabe a mim botar o dedo nas perebas. 

Eu gosto de ser parte da solução, mas é preciso analisar com sinceridade a situação em que ainda estamos. E, a partir daí, é preciso constituir imediatamente uma grande articulação de todos os setores públicos e a gente construir um plano de ação harmônico, articulado e planejado, comum. Só que ainda tem militares dentro, trabalhando no governo Lula, trabalhando para hostilizar os produtores, militares que foram pra lá para isso. Por que nós não temos autonomia para botar o dedo onde precisa ser posto e modificar a situação? É preciso urgentemente fazer um diagnóstico comum, o que foi um dos desafios na preparação deste seminário. Nós, no BNDES, nos reunimos com quase 100 pessoas do setor: produtores, distribuidores, artistas e nós. Estamos com um diagnóstico praticamente pronto de onde estão os estrangulamentos, os ativos que a gente ainda tem… 

Muita gente fala da Coreia do Sul, toma como exemplo. A Coreia do Sul saiu de índices menores do que o nosso, índices de público, de capacidade de fazer filme e hoje está bombando. Tudo foi fruto de uma política consciente e articulada em cima de um diagnóstico onde o poder público e os setores privados se mobilizaram para alavancar essa grande economia do cinema e do audiovisual. Agora, nossa experiência passada não pode ser desprezada também não. A gente sai de menos de 10 filmes para 200, criamos uma estrutura de produtores em todos os estados, todas as capitais do Brasil. O que a gente tem que fazer é, na verdade, enfrentar os gargalos, as insuficiências, os erros que já estão devidamente detectados e partir para organizar esse novo ciclo mais permanente.

— Entrevistamos recentemente a Marisa Leão [ex-presidente da Riofilme e produtora executiva de cinema], e uma coisa que ela cobra é um plano de metas. Segundo ela, não adianta distribuir fomento sem ter uma meta do que a gente quer para o audiovisual brasileiro. Como deve ser estabelecida essa meta?

— Não é só a meta. A gente tem que definir as metas e fazer um planejamento estratégico, onde estarão as metas. Eu diria que em dez anos, nós podemos chegar entre os dez maiores distribuidores e exibidores e nossos produtos poderão ocupar um espaço razoável do mercado mundial. Para isso, precisamos ter investimentos e enfrentamento dos gargalos. Como disse, na estrutura pública, tem gargalo em todos os órgãos, todos eles agravados pela pandemia e pelo governo passado. São precariedades estruturais, falta de profissionalismo, dificuldade de planejamento, falta de dados etc. Vamos ter que criar um observatório, vamos ter que fortalecer a infraestrutura. A infraestrutura existente não é suficiente para dar sustentação ao novo ciclo. Já não foi da vez passada e agora que não será mesmo. Com a ambição que estamos tendo de exportar os filmes, o audiovisual brasileiro, e criar uma política consistente de ocupação do nosso mercado para sair dos números bastante precários para, se possível, mais da metade do mercado ser ocupado pelo cinema e pelo audiovisual brasileiro. 

Para acontecer tudo isso, precisa de formação de quadros em todas as áreas técnicas e de produção artística e de estratégia para botar o nosso produto no mercado internacional. Podemos pensar em criar um mercado comum na América Latina e criar um sistema de coprodução, de intercâmbio com os BRICS [o grupo de países integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul]. Os BRICS estão gritando para nós como uma bola quicando na porta do gol, pedindo para que a gente apresente um projeto de política cinematográfica, de audiovisual comum. Só os países que constituem os BRICS, representam mercado gigantesco. A América Latina,  outro — e aí podemos incluir os países africanos de língua portuguesa e os de língua espanhola, Portugal e Espanha… Ou seja, a gente tem aí um mercado potencial enorme e precisa organizar esse processo. Temos que pensar a longo, médio e curto prazo. 

A longo prazo, temos que investir na formação de quadros, temos que investir em uma infraestrutura, temos que criar as estratégias de ocupação do nosso mercado e de distribuição satisfatória no mercado mundial. Agora, a curto prazo, é cota de tela, regulação do streaming no Brasil e regulação das ações das grandes plataformas. E no momento, a plataformas são predatórias: se apropriam do direito autoral e do direito patrimonial, encostam a faca no pescoço das empresas brasileira, então precarizada pela ação do governo passado e tomam praticamente o direito patrimonial sem nenhuma chance de negociação e se apropriam também pela precariedade do nosso pessoal do direito autoral. É necessário regular o mercado logo, para ontem. É urgente sair dessa inércia.

— Na pandemia o streaming cresceu, mas esse é um movimento que já vinha crescendo em investidas, sem regulamentação e adequação de leis trabalhistas. Nesse meio tempo, muitos profissionais se formaram e se prepararam para entrar na indústria, como roteiristas, mas encontraram uma situação de contratos abusivos e uma relação predatória com produtoras. Como arrumar essa bagunça com o avião do setor pronto pra decolar?  

— Precisa ser saudável [a indústria do audiovisual]. Saudável para todo mundo. Proteção para os nossos autores, para nossos técnicos, para nossos empresários. Como tem no mundo todo. O mundo inteiro está regulando o streaming, regulando as operações no seu território dessas plataformas globais. Onde não tem regulação, eles [streamings estrangeiros] operam de uma forma, eu não vou dizer selvagem, porque o selvagem não tem nenhuma responsabilidade sobre isso, mas de uma maneira animalesca, eles querem devorar o que nós construímos e querem se apropriar. Os nossos artistas, produtores, roteiristas, técnicos vão trabalhar por um pagamento aviltado porque não tem condição de negociação, não tem regulação, é terra de ninguém. O Brasil virou terra de ninguém na área do cinema e do audiovisual. E sabe o que é que eles dizem? Eu ouvi de uma da dirigente mundial de uma dessas plataformas. “Quando existem leis, nós cumprimos. Quando não existe, nós avançamos”. É assim.

— Toda essa chamada “retomada descentralizada” do cinema brasileiro, apesar dos erros mencionados, estimularam muito a produção nacional. Quando o senhor foi secretário de Cultura do governo Haddad [na prefeitura de São Paulo], a questão da distribuição e da exibição dessa produção já estava posta e uma das soluções foi a criação da SPCine. Como serão enfrentadas essas questões agora, em escala nacional? Como organizar essa indústria? 

— Criamos uma empresa pública com o SPCine, que continua dando certo, porque quem nos substituiu na prefeitura deu prosseguimento ao projeto. Agora, eu estou falando das dificuldades do lado público porque hoje são principais, mas há dificuldades também do lado dos que fazem cinema no Brasil. O cinema brasileiro ainda não chegou a uma equação de leitura do que é o mercado nacional. Todo o mercado cinematográfico e do audiovisual é segmentado, tem gostos variados que apontam para filmes diversos. O cinema americano é ultra nichado. Lá, eles chegam a prever exatamente quais territórios querem ocupar e os filmes são feitos em função dessa expectativa. Eles têm mecanismos permanentes de leitura do mercado, são capazes de detectar tendências para isso. Aqui, vai ser necessário criar um observatório para que a gente possa ter essa capacidade, essa agilidade na relação com o mercado. Agora eu vou apontar um grande erro: o cara tem uma ideia, transforma em roteiro, concorre num festival, aí ganha um edital e consegue os meios para fazer o filme. Aí o filme está acabando, ele já está correndo para outro projeto, tem outro edital… Ou seja, a dimensão principal, que é a relação com o público, não aparece como um fator importante na dinâmica da produção. Não pode ser assim. Se produz para um mercado, se produz para dialogar com as necessidades, os desejos, as vontades, as tendências dos espectadores. Isso está pouco desenvolvido no Brasil, muito pouco desenvolvido. É uma arte industrial. O cinema é uma atividade industrial complexa, que envolve muitos setores e envolve grandes investimentos. Então, tem que ter um diálogo, mas não precisa submeter a estética. Você ainda pode pensar o seguinte: faremos filmes para o mercado ou filmes que contribuirão para o desenvolvimento da linguagem que, mesmo tendo um público menor ou até insignificante, vai contribuir para o avanço da atividade. O que não pode é fazer por nada, isso não pode. Essa é a lógica de erro que não é de ninguém, é uma lógica que se estabeleceu espontaneamente exatamente pela falta de mecanismos de relação com o público. Essa é a grande diferença com a Coreia, com os Estados Unidos, com a própria Argentina, que foi um país que criou mecanismos de atender demandas do público. 

— Se pensarmos na Coreia, para cada “Parasita”, por assim dizer, se produz uma baciada de dorama para adolescente. E ao país interessam ambos. E aqui, como resolve esse nó? 

— Não é difícil resolver. É o que eu disse: nós temos desafios de longo, médio e de curto prazo. Primeiro, organizar a casa de cada órgão, criar essa estrutura articuladora para definir a política de Estado. E nas nossas próprias regras de aprovação, vamos ter que prever os filmes que contribuem para linguagem, que são importantes culturalmente, e os filmes para o mercado. O ideal é que os dois critérios estejam nos mesmos filmes, mas às vezes não acontece isso. Você falou na Coreia: também se produz muita bobagem lá, mas é bobagem que o público gosta. Então, gera dinheiro, gera economia. A gente tem que ter uma visão complexa sobre isso, não banalizar o cinema e audiovisual, mas ao mesmo tempo não ignorar a necessidade de dialogar com o público e satisfazer suas demandas e necessidades. Isso já tem que estar na própria regra. E a gente tem que ter um observatório para fazer a prospecção das tendências, porque o público muda muito. O que ele quer assistir hoje, pode não querer amanhã. Então, sim, é preciso agilizar a liberação dos recursos, o tempo entre a aprovação de um projeto e a liberação do recurso. O tempo no Brasil é muito demorado, burocrático. Não é possível se construir filmes competitivos num mercado que tem concorrentes extremamente elaborados e experientes com essa agilidade de paquiderme. Não pode.

— Com sua experiência, como gestor de cultura, como está lendo o Brasil de hoje? De que histórias precisamos? 

— Vamos fazer uma pequena diferenciação. Uma coisa é o gosto do público, outra coisa é o que o Brasil precisa. Às vezes, o público ainda não sabe que precisa. Então, o cinema tem uma função pedagógica também de formação da nação, de formação, de cidadania e de valores. Esse é o lado mais cultural. O outro lado é a demanda concreta. E temos que aprender a combinar isso no nosso cinema e no nosso audiovisual. Todo produto industrial tem um nível de planejamento bastante rigoroso. Por exemplo, um fabricante de sabonete, ele quer entrar no mercado. Ele sabe que ele vai precisar fabricar um certo número de sabonetes para que em cada gôndola de um supermercado tenha um certo número para estar ali exposto. Aquele sabonete tem que ser fruto de pesquisa, que vão dizer que tem que ter certas características de cheiro, consistência; o nome e o rótulo vão ter de atender a certas fantasias e necessidades do público. E a determinação do público vai constituindo o produto de alguma maneira. Todo o processo anterior de preparação e de fabricação é em função de atingir aquele resultado. No cinema, há processos semelhantes. É preciso ter um planejamento, saber aonde se quer chegar e isso tem que dialogar com a dimensão cultural, com essa outra dimensão que é a necessidade da nação de elevação do nível cultural, de informação, de formação de valores, de fortalecimento da nossa democracia — que ainda está em perigo — de fortalecimento da sustentabilidade da nossa sociedade, de preparar a nossa população com a vida mais sustentável… Tudo isso, todos esses processos têm que estar combinados com as necessidades da demanda, senão a gente faz bons filmes que só vão passar em sala de aula, que os alunos serão obrigados a assistir. 

— O cinema brasileiro não começou ontem. Por que até hoje não se compreendeu qual é a demanda do público?  

— Tem que ter uma sinergia, uma sedução do público, tem que satisfazer certas expectativas. É nessa construção que está nosso lado mais fraco e foi o que nos diferenciou dos coreanos e de outros cinemas bem sucedidos. Nós temos que retomar o que fazíamos, aprimorar o que é esse conjunto de medidas, regulações, processos de fomento e incentivo e, por outro lado, mudar a lógica do cinema no sentido de que ela é uma arte industrial e que vai ter que ter um diálogo com o público, senão não se sustenta, se é precário o tempo inteiro. E nós temos essa  possibilidade. Ninguém duvida que o Brasil tem possibilidades de fazer grandes filmes e filmes de interesse do público. Qualquer cineasta do mundo vai citar um Glauber Rocha como uma referência. “Limite”, do Mario Peixoto [1931, Rio de Janeiro], está em qualquer lista dos 100 maiores filmes feitos no mundo. A gente já tem uma estrada, já tem um trabalho feito. É preciso retomar essa grandeza. Eu ouvi um exibidor dizer o seguinte — ele disse exatamente isso que eu vou dizer: “Eu ganho mais dinheiro com o cinema americano, mas eu sou um velho militante do cinema brasileiro. Às vezes, eu quero passar um filme brasileiro, mas não tem um na praça para satisfazer a necessidade do mercado naquele momento”. Ou seja, não basta a cota de tela. Cota de tela garante um mínimo, mas o cinema tem que ter um conjunto de produções que sejam capazes de atender várias expectativas de um mercado consumidor segmentado. Já está meio óbvio isso e acho que essa vai ser uma grande mexida nesse novo ciclo. 

— Como convencer o setor privado de que investir em cultura, no audiovisual, não e “gastar dinheiro” ou uma ação de promoção de marca? 

— O cinema brasileiro já é superavitário em relação ao investimento do poder público. Além de gerar emprego, tem toda uma conotação de mobilização de vários setores pela complexidade da produção. Agora, não podemos falar só de cinema. Tem o cinema de animação e os games. Os games brasileiros estão entrando no mercado mundial sem a gente perceber, apesar de toda precariedade, tecnológica. Então a gente tem que falar dos três e só até a segunda página a gente pode falar em termos comuns. Em seguida, é preciso diferenciação de pessoas, de estratégias distintas, de compreensão desses mercados e modos de produção distintos. A gente já tem mais de oito meses de governo e ainda estamos quase sem inaugurar uma política do terceiro governo Lula. Isso foi dando uma sensação de urgência, uma ansiedade, uma necessidade. E nós construímos algo sinérgico com esse seminário. Os órgãos públicos estão dispostos a contribuir para a construção desse novo ciclo, todos os setores do cinema e do audiovisual se interessaram. Nós temos catalogado uma quantidade enorme de desafios. A questão de aprofundar mais a regionalização e a capacidade de produzir em todo o Brasil. Os gargalos de mercado: a questão da exibição, por exemplo. É preciso recuperar as salas de exibição. Vários países na pós-pandemia já estão conseguindo avançar nos índices de público nas salas de exibição. O Brasil até agora não fez grandes coisas nessa área, então tem um conjunto de problemas graves e urgentes que não couberam no seminário. 

— Durante a pandemia, por conta da paradeira da produção, o mercado de formação de profissionais do audiovisual foi grande, mas os pequenos produtores e criadores iniciantes não conseguem botar as coisas para fora. Esse seminário do BNDES discutiu esse problema? 

— Só de leve, de passagem, mas esse é um tema importante. Quando você pensa essa economia, como ela é uma economia cultural, você tem que pensar no ecossistema como um todo. Política de formação de circulação, circuitos de exibição alternativos. Na Europa, por exemplo, tem um circuito universitário que passa também por centros culturais que é economicamente poderosíssimo. Já pensou criar capacidade de exibição em todas as universidades e nas faculdades, nos centros culturais? Talvez você chegue rapidamente a um mercado exibidor maior do que esse comercial que nós temos. Tudo isso foi e está sendo  equacionado. Agora, você tem que ir no núcleo duro do problema para abarcar todo o universo, senão você se perde, fica numa ação dispersiva, sem capacidade de mudar a qualidade do problema. Eu acho que a gente está tendo consciência dessa vez da radicalidade que nós temos que ter com um planejamento que tenha um caráter estratégico de longo prazo e, ao mesmo tempo, em frente às questões comezinhas, imediatas, como é a regulação do streaming, voltar aos editais e a reorganizar o Conselho Nacional do Cinema e do Audiovisual.

— Um grande desafio e uma urgência é o empoderamento da classe trabalhadora do setor. Nos Estados Unidos ocorre a maior greve de roteiristas unidos a atores em 50 anos. No Brasil, entidades representativas de classes do setor têm brigado em Brasília por regulação e por direitos autorais. Como avalia essa briga? 

— Quando a gente fala em regular a presença das plataformas do streaming é para garantir a proteção dos trabalhadores, dos diretores, dos roteiristas, dos técnicos, dos distribuidores, dos que trabalham nessas empresas cinematográficas e do audiovisual. O mercado desregulado tende à uberização e à precarização. Repito: a gente virou terra de ninguém total. E não há valorização nem da obra de arte, nem do trabalhador, nem do roteirista, nem do técnico, nem de ninguém. Isso só se resolve com regulação. 

— Como é que você está vendo o clima político em geral e esse começo do “Lula três”?

— Eu acho que o governo está bem. Lula é um gigante, que vai virar o principal líder do Sul Global e um dos maiores líderes da conjuntura mundial. E isso falando de paz, falando com sinceridade de que a responsabilidade da guerra da Ucrânia é da OTAN, que tenta cercar por míssil a Rússia; e é da Rússia, que quebrou um paradigma e invadiu o território. É preciso que se reponha uma certa racionalidade para que a gente possa restabelecer o ambiente de paz. A paz lá da Ucrânia é importante porque está sendo construído um clima de Guerra Fria no mundo, o que não interessa a ninguém e é uma tentativa de parar o processo de hegemonização da economia mundial por parte da China. Isso é muito perigoso — quando o complexo industrial militar determina as políticas do Ocidente. E Lula também é um defensor da justiça social. Abraçou a defesa da Amazônia, o que vai se ampliar para paradigmas de valores e indicadores de sustentabilidade no projeto de desenvolvimento do país. O Brasil está voltando a ser um personagem importante no cenário internacional. Estamos bem na economia, com todas as dificuldades do mundo, porque houve uma demolição gigantesca. Mas vai acontecer a reindustrialização e a política brasileira é medíocre mesmo. O ambiente é bastante poluído. Apesar de tudo isso, estamos recuperando o caminho da democracia e o caminho do desenvolvimento. O padrão de vida da população está melhorando aos pouquinhos. Agora, é preciso incluir a cultura. A cultura precisa estar no núcleo central do projeto de desenvolvimento do país. 

A extrema direita está perdendo força no Brasil, mas tem uma base cultural reacionária, conservadora e misógina. E a forma de contornar isso, não tem outra, é a cultura, meu irmão. Cultura na escola, na formação de valores. Eu estive uma vez com a ministra da Educação da Alemanha, e perguntei: “Como é que vocês formam essa consciência ambiental e de sustentabilidade aqui na Alemanha, ao ponto de abrirem mão de um certo conforto para adotar padrões energéticos saudáveis?” Ela disse: “A educação na Alemanha tem três objetivos. A primeira é formar novas gerações para o mercado de trabalho e a segunda é criar uma sociedade tolerante. A base cultural da Alemanha não é propensa à convivência com o diferente. Então, é preciso que a educação reconheça a Alemanha como uma sociedade plural e ajude a consolidar essa relação para não gerar distorções sociais. E o terceiro grande objetivo é a sustentabilidade. Estamos formando novas gerações que têm introjetado na consciência a importância de comportamento responsável com a natureza e com o planeta”. Eu achei genial isso, mas na saída eu tive uma ideia: faltou um componente que é equipar os indivíduos e a sociedade das novas gerações para que tenham acesso a uma possibilidade de felicidade, de realização plena de uma subjetividade complexa.  •


sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Retrato de um Brasil em transe! Julgamento no STF dos terroristas bolsonaristas paspalhões com seus seus advogados não menos.

Romero Venâncio 


NOTINHA DE NADA. Ontem uma parte considerável do direito brasileiro e sua "formação jurídica" revelou sua real face em três advogados. Uma mulher e dois homens. A advogada confundiu argumento com sentimentalismo primário e demonstrou um completo despreparo jurídico (a velha classe média branca bacharelesca brasileira ali bem representada); um dos advogados não sequer citar livros e nomes corretamente (o cara estava diante de uma suprema corte) e o mais velho (que foi desembargador!!!) demonstrou toda sua desqualificação imaginando que estava numa rede digital e não num julgamento. Afirmou coisas sem base social alguma. Resultado: não defenderam seus clientes. Tudo indica que temos uma geração de advogados analfabetos funcionais. Tudo indica. E Machado de Assis mais uma vez com a razão sobre o que disse destes (ontem e hoje) advogados. Imaginemos!!!

100 mil em dinheiro vivo: quem é Hery Kattwinkell, o advogado que passou vergonha no STF ao defender golpista
Defensor que protagonizou um dos momentos mais constrangedores do Supremo é suplente de deputado estadual, bolsonarista e amigo de Tarcísio Gomes de Freitas


https://www.youtube.com/watch?v=bRexYBI5_LU

https://www.youtube.com/watch?v=h218Qv_Z3IY





segunda-feira, 11 de setembro de 2023

É fakenews correndo solta! METEORO apresenta um mestre no assunto: Alexandre Garcia E Boulos traz vacinas anti fakenews

 É fakenews correndo solta A comunicação da esquerda institucional e a que está fora dos espaços de poder institucional  precisa melhorar  Vale pensar em consultoria de Arvro Borba para a SECOM e etc... Vale pensar em formação neste campo para educadores populares, fazedores de cultura e militantes politicos acerca de conceitos teóricos e prática de enfrentamento à guerra midiática da direita e da extrema direita. Vale edital para apoiar iniciativas do campo progressista neste campo. Vale convocar a II Conferência Nacional de Comunicação. Não só vale como é preciso.

  https://www.youtube.com/watch?v=hHl7g-f-KeY



Giro das 11: O crime de Alexandre Garcia, com Pollyana Ferrari, Elenira Vilela e Altamiro Borges

https://www.youtube.com/watch?v=e38QqDUwfIM

A pesquisa Datafolha das eleições aqui em SP que saíram na semana passada mostra que, apesar de tanto abandono e descaso, a esperança pode voltar a sorrir em nossa cidade. Eles perceberam isso e decidiram aumentar os ataques e mentiras contra nós. Venha debater comigo nas redes sociais
https://www.youtube.com/watch?v=giQ4_2qKzF4


https://www.youtube.com/watch?v=qzykrDpwD_A


https://www.youtube.com/watch?v=WAfs4GAagH4




terça-feira, 1 de agosto de 2023

Para servidores públicos sergipano o IPES não pode morrer. Como foi o ato politico no dia 31 de julho de 2023

 Servidores públicos estaduais e municipais mobilizados contra o aumento da contribuição e desmonte do Ipesaúde

Por Caroline Santos -1 de agosto de 202317

O próximo ato já está marcado, será dia 07 de agosto em frente ao Tribunal de Contas de Sergipe

“Trabalhei 35 anos, sou professora aposentada, dediquei a maior parte da minha vida para educar crianças e jovens sergipanos e agora levo esse baque no desconto do Ipesaúde”.

O sentimento de indignação da professora Marlene Gonzaga que veio de Malhador participar do ato é o mesmo dos milhares de servidores e servidoras da ativa e aposentados que contribuem para Ipesaúde no ato realizado na manhã da última segunda, dia 31.

Descontos que estavam na casa dos R$300, dobraram para R$600 outros ultrapassaram os mil reais (somando titular e dependentes), a política do governo Fabio Mitidieri em colocar nas costas e nos bolsos dos contribuintes do Ipesaúde a conta do “rombo de R$200 milhões” nas receitas do instituto e a precarização do atendimento.

“Este é o nosso terceiro ato em defesa do Ipesaúde e contra o aumento abusivo da alíquota de contribuição. Em um cenário onde grande parte dos servidores tiveram 2,5% de acréscimo nos salários e outros sequer tiveram, o aumento da alíquota do Ipesaúde, que em alguns casos passou de 100%, desorganiza a vida financeira das famílias e deixa a todas e todos nós indignados”, disse Ivonia Ferreira vice-presidenta do SINTESE e da CUT Sergipe.

Sintese, Sindipema, Sints (educadores sociais), Sintasa (Saúde), Sindimed, Sindasse (assistentes sociais, Seese (enfermeiras/os) Sindijus (Judiciáio), associações militares, Fetam (servidores municipais), CUT, CTB, Sacema (agentes comunitários e endemias), Sintrase, Sinpsi (psicólogos), Sigma (guardas municipais), Sindivip (vigilantes do estado) participaram do ato.

A cultura na resistência e luta por direitos

Em todos os atos que o SINTESE realiza e/ou participa há sempre a inserção cultural e no último ato não foi diferente. Na movimentação realizada no dia 05 de julho, as professoras aposentadas que fazem parte do projeto Sintese Cultural fizeram uma apresentação rápida no acesso aos carros.

Qual foi a surpresa encontrar o acesso fechado por corrente, ocupado por seguranças e até com o carro da empresa que presta o serviço, impedindo as professoras, em sua maioria aposentadas, fazerem a apresentação.

Foi necessário muita pressão e diálogo com a direção do instituto, mas a corrente foi aberta e a apresentação ocorreu. No final do ato, todos fizeram um abraço na parte interna do Ipesaúde.

“A indignação dos servidores e servidoras é muito grande e a ação da direção do Ipesaúde em impedir o acesso de um espaço que é de todos e todas que contribuem só piora a situação, ainda bem que conseguimos convencê-los desta ação equivocada”, explicou Ivonia.

Aumento na contribuição e redução dos serviços

Para além do aumento, quem faz parte do Ipesaúde viverá uma limitação nos atendimentos e também na requisição de exames. A partir de 01 de janeiro, os contribuintes só poderão ter, de forma gratuita por ano, 12 consultas, 10 atendimentos na urgência, 30 exames laboratoriais entre outros. Caso a pessoa necessite mais que o estipulado terá que pagar até 20% de co-participação (limitado a até R$30 por procedimento).

A luta contra o desmonte do Ipesaúde

Desde a aprovação da lei, que se diga de passagem chegou na ALESE na noite do dia 01/06 e foi aprovada na manhã do dia 02/06, que o Sintese, a CUT e demais sindicatos estão empenhados para evitar o desmonte do Ipesaúde e buscam mobilizar o funcionalismo público estadual e municipal contra essa ação do governo.

No dia da aprovação da lei, os sindicatos estavam lá buscando dialogar com os deputados estaduais para não aprovarem https://sintese.org.br/blog/destaque/deputados-aprovam-menos-assistencia-do-ipesaude-e-reducao-salarial-dos-servidores/

Cinco dias após a aprovação da lei, os sindicatos se reuniram e deliberaram ações de luta https://se.cut.org.br/noticias/vai-ter-protesto-no-dia-14-em-defesa-do-ipesaude-e-contra-massacre-dos-servidore-e58b

No dia 15, sindicatos e servidores estiveram no Palácio de Despachos denunciando o aumento abusivo da contribuição e o desmonte do instituto https://se.cut.org.br/noticias/servidores-protestam-para-cancelar-reestruturacao-do-ipesaude-f8b0/

No início do mês passado, ato público foi realizado em frente ao Ipesaúde denunciando a política governamental https://sintese.org.br/educacao/rede-estadual/funcionalismo-publico-estadual-e-municipal-realiza-ato-em-frente-ao-ipesaude-2/

Abaixo assinado

Uma das ações de luta foi a organização, pela CUT e CTB, é a organização um abaixo assinado para cobrar transparência do Governo de Sergipe, além de reivindicar uma auditoria do Ipesaúde que explique a responsabilidade dos gestores públicos e as origens do rombo financeiro.

O Abaixo Assinado do movimento sindical também pede a revogação da lei para que esta dívida não seja novamente cobrada do bolso dos servidores públicos do Estado de Sergipe, da ativa e aposentados.

Clique no link  e assine https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdSGQ3Jp5zkUJ6FoXNQvB1aCX94jZ0246i1cetCIiU2C9iECQ/viewform?usp=pp_url

Próximo ato é dia 07 de agosto no TCE

A próxima ação de luta é na segunda, dia 07 de agosto em frente ao Tribunal de Contas do Estado de Sergipe. Quem contribui para o Ipesaúde irá cobrar que o TCE faça uma auditoria nas contas do instituto, pois é fundamental que a sociedade sergipana saiba de onde surgiu essa ‘dívida’.

Fonte: https://sintese.org.br/blog/destaque/servidores-publicos-estaduais-e-municipais-mobilizados-contra-o-aumento-da-contribuicao-e-desmonte-do-ipesaude/

https://www.youtube.com/watch?v=x30x1hohwBs







UMA SUGESTÃO:

Documentário sobre o bem proporcionado aos servidores públicos estaduais nos primeiros anos da criação do IPES,  até chegar ao  desmonte gradativo deste, o que vem sendo realizado desde alguns governos passados, culminando com o atual aumento exorbitante da contribuição paga pelos servidores e dependentes, assim como a precarização do atendimento. 
É  um produto de comunicação e luta bastante eficiente, mas que precisa ser realizado com um padrão mínimo de qualidade... Sem exageros, mas que chame a atenção e atraia pessoas para querer assistir....
Os diversos sindicatos de servidores públicos podem destinar verba para cobrir parte do investimento necessário e  captar a outra parte com uma espécie de vaquinha virtual.
O documentário proposto precisa tratar do passado e do presente, buscando colocar lado a lado,  o que foi bom e o que está ruím... E principalmente como o desmonte foi feito ao longo dos anos. Quem causou e quem se omitiu. Importante lembrar que isso não foi feito isolado da destruição mais ampla do pouco que tivemos de estado do bem estar social, isso para colocar a iniciativa privada a frente, embora sem aparecer de forma demasiada, embora de direito elejamos politicos para tomar as decisões, mas na prática, de fato, quem manda.

Um exemplo para servir de inspiração...




Assista também:

https://www.youtube.com/watch?v=CcnFf2tE8PY 

 O sindicalismo tem futuro? Moisés Selerges, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, é o convidado do programa 20 MINUTOS nesta terça-feira (01/08) para uma entrevista com Breno Altman.  


  


 



quarta-feira, 26 de julho de 2023

"Na manifestação a favor do IPES no dia 31 de julho só não vai quem já morreu." Sugestões para melhorar a comunicação e a estética da mobilização para além do mais do mesmo..

 Contribuição recebida via facebook


João Pedro Stédile esteve na UFS e ontem, 26/07,  proferiu palestra para a comunidade acadêmica e outros: a CULTURA deve ser a forma pela qual se tocará as massas, revitalizando movimentos necessários à dinâmica democrática...


https://www.youtube.com/watch?v=f-uVvZA7E-8













"Vamos lá, vamos lá. A história ninguém deterá é rio que corre pro mar.. NInguém vai nos calar....." Verso de uma canção gravada pelo Grupo musical "Cantores de Deus" .. . É mais uma canção a qual me veio a lembrança  a partir de um comentário muito sincero e que toca na nervura do real, postado por  Silva no grupo de servidores "Todos em defesa do IPES" , também  corroborado por outras pessoas em seguida .. Importante que os carros de som utilizem estas canções, vez em quando. Nem só de discursos vive os lutadores do povo..



sugestão acima vinda de Tânia Maria, postado aqui em 29/07/2023








Como organizar e sustentar o bloco dos indignados contra o assalto legalizado. (*)

Neste dia 26 de julho, a minha segunda postagem com música foi apagada em dos grupos de whatsapp de servidores que participarão da manif do dia 31 de julho em favor do IPES, quando isso acontece é porque a chatice não quer dar lugar a criatividade..Depois não reclamem porque os atos começam cheios e ficam esvaziados. Tenho dito! E não somente com palavras...

A resposta de quem apagou: Aqui não é pra achar chato, é pra lutar.

Tá bom! Se entende arte e cultura somente como espetáculo ou entretenimento, vamos ver se conseguimos avançar mais na frente.. Esta dificuldade de compreensão é crônica em nosso campo da esquerda sindical e politica, achar que somente a revolta e a indignação é combustível suficiente para a continuidade de nossas lutas.. A história tem mostrado.. Quem tiver olhos e ouvidos.....

Mas com a chatice de sempre, não há cristão ou ateu que aguente.... João Pedro Stédile esteve na UFS e ontem proferiu palestra para a comunidade acadêmica e outros: a CULTURA deve ser a forma pela qual se tocará as massas, revitalizando movimentos necessários à dinâmica democrática..

Quem anda ou já andou nas periferias, nas quebradas,  entende.. O mesmo para quem andou ou anda nos terreiros, aldeias ou quilombos.. Mas a nossa esquerda branca ainda deverá comer muita poeira para entender... Depois não reclame de assembléias e atos esvaziados. Claro que essa manif 31 traz tendência de encher.. Mas depois... Lembrem-se dos atos Fora Bolsonaro, como começaram e como foram se esvaziando

Um colega de profissão endossou o meu protesto: " Concordo que luta se faz com cultura para que as pessoas se sintam lutando com fraternidade e a cultura  é uma das formas de resistência, e assim corroboro com o companheiro professor Zezito."

Outro servidor afirmou no grupo "Enquanto isso o governador fanfarrão seguirá tirando onda com a cara dos servidores públicos."

Respondi: Tiremos onda também.. Por isso insisto na arte e na cultura, humor também faz parte...

Em seguida completei, encerrando a discussão...

Na década de 1980 havia em Sergipe um programa assistencialista e eleitoreiro na área da saúde intitulado Pró Mulher, também tinha méritos, sob um certo sentido... E tínhamos um grupo de teatro chamado Mambembe, sou amigo da turma...E eles foram processados pela primeira dama a época por causa de uma paródia teatral  em cima do programa... E este grupo era apoiado economicamente por alguns sindicatos...Isso, um grupo teatral processado, depois de uma série de atos públicos contra o programa. E porque Dona Maria processou o grupo?Porque através de um texto teatral critico e bem humorado a mensagem chegava muito melhor aos corações e mentes,  principalmente,  a quem deveria chegar mais, o público alvo do programa, os mais pobres, os mais simples.... 

Por isso trouxe para o grupo sugestão de frases para memes, cartolina e canções... É suficiente, claro que não. . E para compreender melhor? Mais leitura de Paulo Freire, Augusto Boal ,Vitor Gianotti e das letras dos Racionais e outros manos do RAP, além do Edson Gomes e outros manos do reggae. Porque como canta Edson Gomes: "A luta não acaba aqui e nem acabará" E o fascismo de volta nos assombrando, como se não bastasse o neoliberalismo.. Quem tá ligado deixa um joinha....

(*) Aqui pegando emprestado e reformulando um verso da canção Alvorada Voraz - "São tão imorais, mas dentro da lei" 

Zezito de Oliveira