sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

O ABORTO E AS ELEIÇÕES.

  • No dia 28 de dezembro, dentro da oitava do Natal, nossa Igreja Católica celebra a Festa dos Santos Mártires Inocentes. 
    Aquelas crianças assassinadas pelo irascível e ciumento Herodes. A maldade deste governante fez morrer “todos os meninos de Belém e de todo o território vizinho, de dois anos para baixo” (Mt 2, 16).

    Esta festa fez-me lembrar do trabalho incansável de tantas Agentes da Pastoral da Criança espalhadas no Brasil e outros Países que fazem o contrário de Herodes, ou seja, salvam as vidas de nossas crianças, da gestação até os seis (6) anos de idade.

    Neste contexto, veio-me a vontade de escrever este artigo sobre “O aborto e as eleições”.

    Para nós da Igreja Católica, o Aborto faz parte da lista dos pecados contra o quinto mandamento: “Não Matarás” (Ex 20,13).

    Mas não é somente o aborto que é pecado contra o quinto mandamento. Tudo que atenta contra a vida humana é um pecado contra o quinto mandamento: quando uma criança não abortada nasce, mas não sobrevive por falta de comida, quem contribui para que a família desta criança não tivesse condições de dar a ela o alimento necessário para viver, peca contra o quinto mandamento; quando uma pessoa adoece e não consegue atendimento médico adequado, no tempo certo e por isto morre, quem tem a responsabilidade de oferecer os recursos necessários para o SUS (Sistema Único de Saúde) funcionar adequadamente, mas não faz, pelo contrário apoia o congelamento dos recursos públicos para as áreas sociais, peca contra o quinto mandamento; quem dirige um meio de transporte de forma incorreta, usando bebida alcóolica (droga legal) ou drogas ilegais e comete um acidente, matando alguém, esta pessoa comete um pecado contra o quinto mandamento.

    No caso do aborto, vale lembrar que o pecado não é apenas da mulher que engravidou e resolveu abortar, é também do homem que engravidou a mulher, a abandona ou a força a abortar, bem como de quem colabora para que o aborto seja realizado.

    1. Comida requentada
    O assunto Aborto vem se tornando uma comida requentada a cada eleição no Brasil. Desde a primeira eleição direta para a Presidência do Brasil, com o fim da ditadura militar que “governou” o Brasil de 1964 a 1985, em 1989, no segundo turno entre Lula (PT) e Collor (PRN), que o tema aborto aparece e contribui para decidir a eleição. Quem votou em 1989 deve se lembrar do horário gratuito onde Collor conseguiu apresentar a fala de uma ex-namorada de Lula, declarando que ele tinha mandado ela abortar. Isto, para mim, contribuiu muito para a vitória de Collor no segundo turno (cf. https://br.blastingnews.com de 06 de agosto de 2017).


    Assim, um assunto religioso, da moral cristã, foi explorado politicamente, para ganhar e tirar voto numa eleição.

    E assim se repetiu nas outras eleições para a Presidência da República em 1994, 1998, 2002, 2006, 2010, 2014 e na eleição deste ano de 2018.

    Quero lembrar da eleição de 2010 onde José Serra acusava Dilma de ser abortista e depois foi demonstrado que ele como Ministro da Saúde assinou em 1998, Norma Técnica para o SUS (Sistema Único de Saúde), ordenando regras para fazer abortos previstos em lei, até o 5º mês de gravidez (cf. https://www.revistaforum.com.br de 04 de outubro de 2010).

    2. Não existe Partido puro

    É ingenuidade ou má fé alguém afirmar que não votará em um candidato ou em uma candidata porque o partido dele, dela é a favor do aborto.


    Também, é ingenuidade ou má fé alguém afirmar que votará em um determinado candidato ou candidata porque o partido dele, dela é contra o aborto.

    Em todos os Partidos, arrisco a dizer, sem exceção, existem pessoas que são a favor e que são contra o aborto.

    3. Quem decide é o Legislativo

    Outro erro é alguém achar que a lei do aborto será ou não aprovada por vontade do Poder Executivo. A matéria da descriminalização do aborto não diz respeito ao Executivo, diz respeito ao Legislativo.


    Quem aprova ou não uma Lei no país é o Congresso Nacional (Câmara Federal e Senado), que deve ser a voz do povo. No Brasil as pesquisas indicam que a maioria da população não quer a lei do aborto. 

    “Apenas 26% é favorável à interrupção da gravidez. São contra o procedimento 62%. Não são contra nem a favor 10% e 2% não souberam ou não responderam. A pesquisa foi feita por meio de 1,6 mil entrevistas com maiores de 16 anos em 12 regiões metropolitanas do Brasil entre 27 de outubro a 06 de novembro” (https://www.huffpostbrasil.com de 04 de dezembro de 2017). 

    Partindo deste princípio, que o Legislativo, representa o povo e a maioria do povo brasileiro é contra o aborto, o Legislativo deve rejeitar esta lei a favor da legalização do aborto.

    4. Católicos e católicas e a doutrina

    A lei do divórcio foi aprovada pela Emenda Constitucional número 9, de 28 de junho de 1977, regulamentada pela lei 6.515 de 26 de dezembro do mesmo ano. Apesar de existir a Lei do Divórcio no Brasil, os casais católicos devem viver fielmente o Matrimônio.


    Vamos aqui imaginar que um dia no Brasil, também, seja aprovada a lei do aborto. Caberá a nós Católicos e Católicas não usar desta lei, porque fere a nossa doutrina de defesa da vida desde a gestação. 

    Portanto, não é a lei civil que deve determinar o agir do cristão católico, da cristã católica, mas a Palavra de Deus e a Doutrina da Igreja.

    A Palavra de Deus diz: “Escolhe, pois, a vida, para que vivas tu e teus descendentes” (Dt 30, 19). Jesus confirmou este princípio a favor da vida do Povo de Israel e declarou: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10).

    O Magistério da Igreja sempre defendeu a vida humana em todas as etapas de seu desenvolvimento. Vejamos este ensinamento de São João Paulo II, onde ele apresenta a concepção da Igreja sobre os direitos humanos: “O direito à vida, do qual é parte integrante o direito a crescer à sombra do coração da mãe depois de ser gerado; o direito a viver em família unida e num ambiente moral favorável ao desenvolvimento da própria personalidade; o direito a maturar a sua inteligência e liberdade na procura e no conhecimento da verdade; o direito a participar no trabalho para valorizar os bens da terra e a obter dele o sustento próprio e dos seus familiares; o direito a fundar livremente uma família e a acolher e educar os filhos, exercitando responsavelmente a sua sexualidade. Fonte e síntese destes direitos é, em certo sentido, a liberdade religiosa, entendida como direito a viver na verdade da própria fé e em conformidade com a dignidade transcendente da pessoa” (Carta Encíclica Centésimo Ano, nº 47).


    5. O silêncio depois das eleições
    No ano das eleições para Presidência da República o Aborto ganha destaque. Passado as eleições o Aborto fica esquecido e aguarda a próxima eleição. 


    Quem foi que ouviu falar ou leu alguma reportagem, viu e leu alguma postagem nas redes sociais sobre o Aborto depois do dia 28 de outubro, segundo turno das eleições? De junho até o dia 27 de outubro recebia várias postagens de católicos ou católicas alertando para não votar em quem apoiava o aborto e defendendo o voto em quem achavam eles e elas que não apoiava o aborto. Do dia 28 de outubro para cá não recebi mais nada. Nem mesmo para confirmar a necessidade de se continuar lutando contra o aborto. Por que será este silêncio?

    Lamentável é ver católico e católica deixando-se manipular pelos falsos políticos, que em público se declaram contra o aborto para ganhar votos, mas que na prática pouco se importam com a vida de nosso povo ou de forma hipócrita afirmam ser contra o aborto e criticam quem dizem ser a favor, mas que apoiam outras formas de atentados à vida, como por exemplo, defendem a pena de morte, a redução da maioridade penal, o combate a violência das armas pela violência das armas, apoiam a redução dos direitos dos trabalhadores e o congelamento de reursos para as áreas sociais. 

    Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, SDV
    Prelazia de Itacoatiara - AM



    Carta a um amigo teólogo sobre o aborto nas eleições de 2010


    José Comblin *
    Fonte: Adital
    Caríssimo Arnaldo,
    Você se lembra do golpe eleitoral que estourou na véspera do primeiro turno das eleições de 2010 quando apareceu todo um alvoroço sobre a questão do aborto. Esse alvoroço permaneceu durante todo o mês de outubro até o segundo turno. Nas igrejas e fora das igrejas foram distribuídos milhões de panfletos assinados pelos bispos da diretoria do regional Sul 1 para intimar os católicos a votar no candidato José Serra. O motivo era que os candidatos do PT, principalmente a candidata à presidência da república, queriam legalizar o aborto no Brasil e, por conseguinte, queriam implantar uma cultura de morte.
    Esse incidente me levou a refletir um pouco sobre esse fato bastante estranho e o seu significado eclesial. Quero comunicar-lhe aqui alguma coisa dessas reflexões.
    Os bispos denunciadores se diziam os defensores da vida, isto é, pessoas que lutam contra o aborto e lutam contra todos os políticos que defendem o aborto descriminalizado no Brasil. O seu linguajar foi o que usam os movimentos que se dizem defensores da vida porque condenam o aborto. Era um linguajar violento, condenatório. Somente por distração os autores esqueceram-se de comunicar que a descriminalização do aborto estava no programa do PV, e que o candidato Serra já tinha autorizado o aborto em certos casos quando era ministro da saúde, o que lhe valeu os protestos da CNBB. Com certeza foi um esquecimento por distração. Por discrição os bispos omitiram o que aconteceu um dia na vida do casal Serra, o que foi bom porque a vida privada não deve interferir com a vida pública.
    Sucede que a Igreja condena desde sempre o aborto, e estabeleceu uma pena de excomunhão para todos os que têm participação ativa. Conseguiu que houvesse no Brasil uma lei que criminaliza o aborto. Mas o Brasil é um dos países onde há mais abortos. Alguns dizem 70.000 por ano, outros estudos chegam a dizer que uma de cada 5 mulheres no Brasil já praticou um aborto. Sempre é um aborto clandestino e naturalmente é feito nas piores condições para os pobres. Pois para quem tem condições há clínicas particulares bem equipadas, conhecidas, porém jamais denunciadas pela Igreja. Sobre essas clínicas para os ricos o poder judicial fecha pudicamente os olhos. Afinal, trata-se de pessoas importantes As condenações da Igreja não têm nenhum efeito. A lei da república não tem nenhum efeito. Os defensores da vida não conseguem defender nada. Falam, falam, mas sem resultado. Condenam, condenam, mas o crime se comete com a maior indiferença pelas condenações verbais ou legais. Falam, condenam e nada acontece. Eles se dão boa consciência achando que defendem a vida, mas não defendem nada. Há um lugar no evangelho em que Jesus fala das pessoas que falam e não fazem nada. Impedem a descriminalização, mas defendem a situação atual, ou seja, são defensores do aborto clandestino, que é a situação atual.
    O seu argumento poderia ser que a descriminalização aumentaria o número de abortos. No entanto, a experiência de outros países mostra que, pelo contrário, diminui o número de abortos. Isto se explica facilmente. Pois uma vez que uma mulher pode falar abertamente em aborto, as autoridades podem com a ajuda de psicólogas, de assistentes sociais, de assistentes religiosos dialogar com ela e buscar com ela outra solução, o que de fato acontece. Muitas mulheres não teriam feito o aborto se tivessem recebido ajuda moral ou material, quando estavam desamparadas.
    Já que o documento era assinado por bispos, eu pensava que os bispos fossem explicar o que estão fazendo na pastoral da sua diocese para lutar contra o aborto clandestino, e fizessem propostas aos candidatos nas eleições na base das suas experiências pastorais. Mas não havia nada disso no panfleto. Teria sido interessante saber como fazia a pastoral diocesana para evitar que houvesse abortos. Mas não havia nada. Os bispos gritavam, assustavam, condenavam, mas não diziam o que faziam. Alguns leitores pensaram: já que não falam da sua pastoral para evitar o aborto, deve ser porque não existe essa pastoral. Falam contra o aborto, mas não fazem nada para evitá-lo. Condenam, e mais nada.
    Pois, poderiam fazer muita coisa. Muitas mulheres que querem fazer o aborto, são mulheres angustiadas, perdidas, desesperadas que se sentem numa situação sem saída. Muitas querem o aborto porque os seus pais não aceitam que tenham uma criança. Outras são obrigadas a fazer o aborto pelo homem que as estuprou, e que pode ser o próprio pai, um irmão, um tio, um padrasto. Outras estão desesperadas porque a empresa em que trabalham não permite que tenham criança. Outras são empregadas domésticas e a patroa não aceita que tenham que cuidar de uma criança. Então essas meninas ou moças ficam angustiadas e não sabem o que fazer. Não recebem atendimento, não recebem conselho, não recebem apoio nem moral nem material, porque tudo é clandestino e nem sequer se atrevem a falar com outras pessoas a não ser algumas amigas muito próximas. Não achando alternativa, a contragosto e com muito sofrimento recorrem ao aborto. A Igreja não as ajudou quando precisavam de ajuda.
    A Igreja poderia ter uma pastoral para olhar o que acontece na rua, no bairro, quais são as meninas ou moças que podem estar em estado de perigo porque estão numa dessas categorias de risco. Poderia acolher ou dar assistência moral e material, dialogar, buscar outras soluções. A experiência mostra que às vezes um simples abraço faz com que desistam de fazer o aborto. O aborto é o resultado da indiferença da comunidade cristã. Somos todos culpados, todos cúmplices por omissão e, em primeiro lugar, teríamos que pedir perdão pelo nosso descuido em lugar de acusar essas mulheres. Era o que se esperava de um documento assinado por bispos, que, afinal, representam o evangelho e a maneira como Jesus tratava os pecadores.
    Jesus não condenou os pecadores e o que se espera da Igreja é que tenha muita misericórdia, muita compreensão e que ajude efetivamente essas pessoas que estão numa situação tão difícil. Poderíamos fazer sugestões ao poder legislativo no sentido de criar instituições para responder e tantos casos em que a vida humana está em perigo, e este é um deles.
    Não faz sentido dizer que sou contra o aborto e estou defendendo a vida se não faço nada. Não estou defendendo vida nenhuma e o aborto está aí e não faço nada. O governo tem uma lei que criminaliza o aborto e essa lei não se aplica. Só serve para que o aborto seja clandestino, isto é, feito nas piores condições morais e físicas, salvo para as pessoas de boa condição. Essa lei é inaplicável e a Igreja nem se atreve a pedir que ela se aplique. Seria preciso construir milhares de penitenciarias e colocar nas prisões talvez um milhão de mulheres. A Igreja não pede isso e se conforma com o aborto clandestino. Na prática nada faz contra o aborto clandestino.
    Existe a alternativa da descriminalização, que é para os nossos defensores da vida a proposta de Satanás. A chantagem dos chamados defensores da vida fez com que todos condenem a descriminalização, como faz a Igreja. Quem sou eu para julgar? Os bispos do Regional Sul 1 acham melhor o aborto clandestino. Quem sou eu para discutir? Porém, teria o direito de pedir mais discrição e mais humildade, porque afinal somos todos cúmplices por omissão se não fazemos nada para prevenir os abortos tão numerosos no Brasil. A condenação é inoperante. Mas uma pastoral da família ou uma pastoral específica para esse problema poderia evitar que muitas mulheres angustiadas e desesperadas tenham quer recorrer ao aborto que nenhuma mulher pede sem chorar. Por que esperar antes de desenvolver essa pastoral?
    Então, qual foi o testemunho de amor que a Igreja deu com esse panfleto eleitoral?
    José Comblin, grande pecador e cúmplice por omissão.


quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Conversando sobre depressão e suicidio (2)

Continuação do post de autoria de Antônio da Cruz.

Número de suicídios aumentou 12% no Brasil, mostra Ministério da Saúde

Antonio Vieira Amigo, eu comecei a estudar sobre o tema há mais de 40 anos atrás, qdo sofri a primeira crise de depressão profunda, e que me acompanha até hoje, controlada. Eu poderia ficar aqui, discorrendo sobre o assunto, mas é complexo demais. Atualmente, ao contrário de há 40 anos atrás, o avanço é enorme no que diz respeito a tratamentos. Os caminhos para o controle e até mesmo pata a cura, existem e funcionam. Para os necessitados eu diria que, a psicanálise funciona muito bem, associada a terapias complementares. Essas terapias podem ser conduzidas por terapeutas holísticos e o leque de opções é imenso. Só para citar algumas, em primeiríssimo lugar está a MEDITAÇÃO. Inicialmente conduzida, até o neófito encontrar o seu modo de meditar. Florais de Bach, fitoterapia, acupuntura, Yoga, bioenergia, Reiki, caminhadas, banho de mar, contato semanal com a natureza, são alguns dos tratamentos indicados. Mas, acima de tudo, o mais importante, é a busca do auto conhecimento, e da espiritualidade. Sócrates, Aristóteles e Jesus Cristo, são alguns dos filósofos que deixaram legados importantíssimos, que auxiliam nesta busca.
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 Zezito de Oliveira - Muito bom!  Recentemente em uma audiência com um representante da secretaria da casa civil do governo do estado, na companhia de Célio Turino, colaborador do Papa Francisco, no programa "Schollas Ocurrentes" , programa voltado para o fortalecimento da convivência solidária, criativa e cidadã de crianças e jovens, e com a presença de Francisco Santos, fui surpreendido com a taxa elevada de suicidio em nosso estado, conforme informado por este naquele momento. Isso dentro dos parâmetros colocados no texto acima.
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Suzy Marques RibeiroInfelizmente as pessoas evitam não só falar de depressão e suicídio, que em alguns casos é consequência da depressão maior, mas de outros sofrimentos, esquizofrenia, bipolaridade, que são considerados da ordem da saúde mental. Mas para mim em particular a dificuldade passa não só por preconceitos mas por evitarmos falar em saúde emocional e todas as circunstâncias que podem solapala. Apesar das campanhas já existentes no Brasil, o preconceito ainda é grande o que dificulta muito para a pessoa acometida, além de lidar com o adoecimento em si. Não bastam só informações e campanhas como setembro amarelo como ocorre em nosso país, falta mesmo é empatia, compaixão, e aceitar o fato que estes adoecimentos estão aí, assim como, hipertensão arterial, diabetes, dentre outros. O número de suicídios no mundo hoje é alarmante, independente das condições que levam a pessoa a desistir de viver. As famílias não costumam falar a respeito. Os amigos se afastam como se fosse contagioso. No caso de trabalho, a demissão é quase certa, se não houver relocação. Já conheci pessoas com vergonha de expor sua situação. Não se aborda o assunto nas escolas, tem crescido o número de crianças e adolescentes com depressão e já fazendo uso de medicação controlada, o que era impensável há quatro décadas atrás. Também ouvi pessoas desabafando que preferiam ter um câncer, pois assim teriam alguma solidariedade. Essa fala é muito séria. Espero que possamos olhar para esta situação e agir, sobretudo em relação aos que nos são próximos.

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E não custa lembrar,  arte como uma das saídas possiveis  e um um livro de Dom Hélder Camara. Aprecie sem moderação.

 Play list - A arte de viver da arte. 






 

Conversando sobre depressão e sucidio.

Antônio da Cruz
O suicídio, um assunto muito evitado.

Despertado pela curiosa afirmativa de um comentarista feicibuquiano de que a Islândia tem uma das mais altas taxas de suicídio do mundo, porque na noite de natal naquele país o habito é ler, levou-me a buscar informações.
O inverno naquele país é longo e tempestuoso. Outros países com menor rigor meteorológico, como a Polônia, têm muito mais suicídio. A partir do que colhi em algumas fontes, podemos chegar a três dados importantes: o frio, o isolamento e a frustração podem ser (não há da minha parte a certeza. Quem pode afirmar são a Psiquiatria e a Psicologia), as causas imediatas de suicídio. As raízes patológicas a ciência parece não as ter por completo.
A esta altura se sabe que a depressão, causa maior do suicídio, é complexa, dolorida para o paciente e para quem tem de conviver com e cuidar dele. Sua origem é diversa: vai da genética à questão granular, que deixa de produzir certas substâncias por outros tantos motivos.
O paciente não tem controle sobre sua própria vontade e vive no limiar entre a vida e a vontade de abandoná-la. Abaixo estão alguns dados sobre o suicídio no Brasil, um tema que, para muita gente é tabu.
“Os homens são os que apresentam as maiores taxas de mortalidade, 79% do total, enquanto o número de mulheres é 3,6 vezes menos, 21%. Viúvos, solteiros e divorciados também foram os que mais morreram por suicídio (60,4%).
Os dados mostram que os indígenas são os que mais cometem suicídio (15,2), se comparados com brancos (5,9) e negros (4,7).
Os moradores da região do Sul do Brasil morreram mais por conta de suicídio, enquanto os índices do Nordeste são os mais baixos.” O nordestino preserva correntes de solidadriedade. Mas existem outros fatores.
O Rio Grande do Sul é o estado com mais suicídios do país.
Ler não é chato. A expansão da mente pelo hábito da leitura amplia também as possibilidades de prolongar a vida. Se as pessoas sofrem de depressão e se isolam, o risco de cometerem suicídio é maior. Isto, em um clima frio deve ser muito mais desesperador. Observando os dados acima, podemos suspeitar que, além da solidariedade, a garra na luta pela sobrevivência, o senso de humor, a vitamina D fornecida pelo sol no Nordeste ajude a diminuir muito este flagelo aqui na região.
Na Islândia, viver mais de seis meses em um clima de inverno, cuja temperatura média é de menos dez graus Celsius e apenas a luz, e não o calor, ser sinônimo de verão, a oito graus positivos, é de fato motivo para ler muito.

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Bons negócios, boa diversão e alta cultura no Festival de Arte de São Cristóvão 2018 (FASC).


Dias de FASC, 15 a 18 de novembro de 2018, casa alugada na rua do cemitério para cinco dias ao custo de R$800.00. Dez jovens dividem o local. Duas dessas jovens, Leticia e Lara, estudantes de jornalismo, vieram de Alagoas só para assistir ao  show das bandas  Eddie  e Bayana System.   Não poderiam  ficar mais por conta de compromissos com a produção acadêmica. Para  o próximo ano planejam ficar na cidade todos os dias. Coisa boa para quem mora na cidade e para visitantes!
 


Na curta temporada em que permaneceram em São Cristóvão,  tomaram café na padaria colonial, foram na famosa casa da queijadinha para provar e levaram umas para a mãe. 

Visitaram a oficina de xilogravura que abriu excepcionalmente para elas, pois o responsável estava ocupado com uma oficina para jovens e adultos  interessados em aprender o oficio. O que não foi mau negócio abrir exceção, Leticia e Lara compraram alguns objetos na loja da  oficina.

 

A menina de cabelo cacheado é Letícia e a de trança é a Lara.
E como as meninas de Alagoas  ficaram sabendo do FASC? O começo foram  fotografias de lambe sujo postada por elas no Instagram, após visitarem a também centenária cidade de Laranjeiras para conhecer e se divertir com a brincadeira. Daí,  um amigo comenta, outro também, o amigo do amigo e eis que um desses avisa sobre o FASC, as meninas pedem o link da programação...

E daí uma rede espontânea  de comunicação cria ou amplia uma rede interpessoal de jovens,  sedentos por um conjunto de atividades  culturais diferente do que é oferecido pelo mercado de consumo. Leticia e Lara neste sentido, tem Olinda como referência, lembrada pela caminhada que as meninas fizeram  em São Cristóvão,  da  praça São Francisco de Assis até o  caminho que as levaram  até a praça da igreja matriz de Nossa Senhora da Vitória.


O FASC também foi bom para quem fez “bate e volta”, transporte fretado por meio de Vans para espetáculos ou shows.  Felipe Freire um agente cultural já experiente nesse tipo de viagem, inclusive com regularidade para outros estados, ficou bastante satisfeito com os resultados. 

Em comparação com o ano de 2017, primeiro FASC desse ciclo de retomada, houve um crescimento de 150%  das viagens bate e volta organizadas por Felipe Freire no FASC 2018. 

E melhor será se  governantes, gestores, empresários, comerciantes, parlamentares, intelectuais, artistas , religiosos e moradores da cidade em geral,  compreenderem o potencial da economia do turismo, da economia da cultura, dentro de um contexto econômico e político muito complicado  nestes próximos anos, tempos em que não teremos muito  espaço para essa compreensão por parte dos novos governantes que tomarão posse no planalto central. 

E aqui não é preconceito, ave de mau agouro, ou revanche de perdedor.  É que o ministério da cultura não mais existirá a partir de janeiro de 2019 e o Sr. Osmar Terra,  o escolhido  para cuidar do balaio de políticas sociais no qual meteram a gestão  da cultura disse, em se  tratando do assunto:   " sei  apenas “tocar berimbau”.  

Entrevistar jovens que vieram a São Cristóvão nas duas edições do FASC, não é uma má idéia para UFS, prefeitura, Sebrae e etc. Felipe Freire me relatou algumas sugestões. 

Da nossa parte,  lembro das missões técnicas realizada pelo Sebrae-SE, estas podem ser formadas por técnicos, empreendedores e agentes culturais da cidade, formadas para conhecer modelos de negócios culturais aplicados em cidades como Olinda, Paraty, Ouro Preto e etc.,  da mesma maneira,  trazer especialistas destas cidades até São Cristóvão, para transferir conhecimentos no campo da experiência  acumulada,  me parece uma boa maneira de fugir dos riscos da excessiva  dependência do poder central. 

Conforme nos disse Felipe Freire,  é perceptível a melhoria da capacidade que a prefeitura de São Cristóvão está demonstrando em comparação com a organização do FASC 2017. Como exemplo,  ele lembra quando enfrentou a resistência de uma funcionária da prefeitura local por ter utilizado a logomarca do FASC para divulgar o seu  bate volta. O que foi contra argumentado como um absurdo e falta de bom senso, o que prevaleceu ao final, o  bom senso, felizmente.

Mas para Felipe Freire é perceptível também a necessidade de buscar aprimoramento, em especial fortalecendo o  papel do micro e do pequeno empreendedor cultural.

P.S.: Após a conclusão desse texto, tomo conhecimento de mais uma declaração infeliz do presidente eleito Jair Bolsonaro,  acerca do "desperdicio" do patrocínio de empresas estatais a atividades culturais. Nessa quarta-feira (26),  o presidente eleito em sua conta no tuite afirmou:   “Há claro desperdício rotineiro de recursos que podem ser aplicados em áreas essenciais”.

Essa declaração lamentavelmente, também corroborada por muita gente do povo, precisa ser enfrentada com a realização e divulgação  de  pesquisas e estudos analíticos sobre os impactos culturais, econômicos e sociais de iniciativas culturais como o FASC.

Com a palavra a Universidade Federal de Sergipe, parceira master da prefeitura de São Cristóvão na realização do FASC.

P.S.: As fotos são de Davi Cavalcante, publicitário e responsável pelas informações sobre a vinda de Lara  e Leticia até o FASC 2018. Nossos agradecimentos a ele e  a Felipe Freire pelos depoimentos.

Zezito de Oliveira




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segunda-feira, 17 de dezembro de 2018


O Festival de Arte de São Cristóvão (FASC) como uma das melhores noticias de 2018 para os sergipanos

 quinta-feira, 29 de novembro de 2018


Recorte de memórias do Festival de Arte de São Cristóvão 2018

 terça-feira, 16 de abril de 2013


No município de São Cristóvão a tradição folclórica que atrai turistas pode acabar e dar lugar somente a lembranças



  E a nossa participação como agente cultural comprometido com um melhorfasc, também aconteceu pelas ondas do rádio

"Nas duas vezes em que o prefeito Marcos Santana esteve no Jornal da Fan FM, apresentado por Narcizo Machado, fiz duas perguntas para àquele que pode ser considerado o melhor prefeito de São Cristóvão, depois de Lourival Batista, na década de 1960, como afirma minha mãe de 80 anos que nasceu e morou em São Cristóvão durante anos.
No meu caso, que também nasci em São Cristóvão, só posso afirmar acerca de Marcos Santana. Mesmo não morando na cidade, não me sinto impedido para tal, pois São Cristóvão está bem próximo a Aracaju, converso com pessoas que moram lá e acompanho os acontecimentos da cidade pelas redes sociais e agora através do programa acima citado
“Bom dia! A programação do Festival de Arte de São Cristóvão (FASC) está muito boa, mas precisa contemplar a qualificação dos agentes culturais, em especial no campo da produção e da comercialização em economia solidaria, por meio de oficinas e rodas de conversa, com pessoas e grupos de referencia.” (não me recordo data, mas foi na semana que antecedeu o FASC 2018, entre 5 e 9 de novembro.)
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Bom dia Narcizo. Bom dia prefeito Marcos Santana. Parabéns! Por uma das melhores noticias para os sergipanos em 2018. A realização da segunda edição do FASC.
Por outro lado, nas próximas edições , pode ser contemplada uma participação mais efetiva de estudantes de escolas publicas, por meio da promoção de oficinas artisticas nas escolas, meses antes do festival, e apresentação do produto final no FASC? (19 de dezembro)
(A segunda parte abaixo e complementar está sendo acrescida para este meio de difusão da informação.)
Essa segunda sugestão pode ser conversada com os secretários de estado de educação e do município, inclusive para o investimento dos recursos necessários.
Porque, a arte e a cultura precisam formar público , incluindo futuros profissionais, e as escolas precisam agregar mais sentidos e significados para a aprendizagem e para a convivência, dentro e fora."

Publicado no facebook em 19 de dezembro de 2018

Comentário em destaque

  A cidade de São Cristóvão tem vocação para a cultura. A administração deveria ver o calendário e não deixar passar em branco os dias que celebram a arte, nas suas diversas facetas, para promover atividades. A proximidade de Aracaju ajuda muito, pois aqui tem artista de todos os municípios de Sergipe. Bem que a cidade também poderia criar ambiência para o convívio de artistas. Vemos muitos ateliês em lugares como o Bairro Santa Tereza, no rio de Janeiro e Olinda, em Pernambuco que atraem muita gente e fazem parte do circuito turístico. (publicado no facebook em 30/12/2018)

 Antônio da Cruz

artista plástico, intelectual orgânico e militante da cultura

  Uma boa dica para conhecer São Cristóvão e para conhecer Sergipe. Vamos passear no museu?

   

Governo do Estado de Sergipe, UFS, TV Aperipê e Prefeitura de São Cristóvão podem se unir e produzir outros vídeos com esse formato. Muito bom para atrair visitantes aos outros museus e monumentos da cidade.