quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Homenagem daqueles que participaram da "Caravana Luiz Gonzaga Vai a Escola" ao nosso querido e saudoso curador e consultor , professor José Augusto.

Foto: Alejandro Zambrana
Publicado no facebook, em 09/10/2014, às 01:00

Recebo há pouco e consternado a noticia do falecimento de um grande amigo de Luiz Gonzaga e daqueles que gostam de ser nordestino. Uma pessoa com o qual tive a honra de compartilhar de alguns momentos muito importantes da minha vida. Primeiro nos anos de 2007 a 2008, participando do planejamento e realização da Semana Luiz Gonzaga no Complexo Cultural “O Gonzagão” e depois na inesquecível “Caravana Luiz Gonzaga Vai a Escola” nos anos de 2012 e 2013.
Um irmão de alma de Luiz Gonzaga, como disse a ele, ao ouvi-lo contar as histórias de Seu Luiz. O professor José Augusto ou Zezinho, como também era conhecido, é uma pessoa a quem somos gratos por manter acesa a chama da tradição da música nordestina. Fico imaginando, o encontro de irmãos lá em cima, ele e o velho Lua, que pode estar acontecendo neste momento do velório aqui embaixo, por volta das 24 horas. Encontro com muito causo, cantoria e forró. Que seja este, o destino daqueles que semearam paz, alegria, conhecimentos, respeito e solidariedade. “Qualquer dia amigo, a gente vai se encontrar”. Enquanto isso:   “Minha vida é andar por este país, pra ver se um dia descanso feliz...”

Zezito de Oliveira

 Uma notícia triste. Ele realmente era uma pessoa de grande estima, um cidadão que não apenas reconhecia, mas também valorizava de alma e coração a vida e arte nordestinas perpetuada de forma especial em nosso Rei do Baião! Que descanse em melodias de paz e de luz!  
 
Maxi Ferreira

 Muito triste com essa notícia!! As sementes que o querido professor José Augusto plantou com certeza estão florescendo em muitos corações apaixonados pela boa musica nordestina. Ele era seguramente um dos maiores pesquisadores da vida e obra de Luiz Gonzaga. E como nada é coincidência o professor Zé...apaixonado pelo Rei do baião... partiu no dia do nordestino. Como disse o querido Maxi Ferreira.. "Que linda melodias de paz e de luz" o receba no plano espiritual.

Thiago Paulino

Que triste notícia leio agora. Encontrei com o professor no mês de julho onde conversamos muito sobre a música. Tive o prazer de conhecê - lo através do professor Zezito de Oliveira onde participamos da Caravana Luiz Gonzaga. .. vá com Deus querido professor...

  Joaquim Antonio Ferreira

 Nossa homenagem ao professor José Augusto ou professor "Zezinho" que deixa saudade, como também um legado do compromisso com o belo, o bom e o justo. A música "O menino de Braçanã" era o prefixo final do programa "Aquarela Nordestina" produzido e apresentado por ele, no final das tarde de domingo, através das ondas da rádio Aperipê. O destaque principal do programa era o cancioneiro de Gonzagão.

Zezito de Oliveira

Para saber mais sobre a Semana Luiz Gonzaga, AQUI e AQUI 

Para saber mais sobre a "Caravana Luiz Gonzaga Vai a Escola", AQUI

terça-feira, 13 de outubro de 2015

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Playlist Feliz dia das Crianças!! As nossas crianças estão culturalmente ameçadas

Por Débora França
"Quem pensa nessa criança e a contempla através de suas recordações, observando-a em suas brincadeiras, em seus pensamentos, em suas inclinações e em sua inocência, verá quanto tem a aprender com ela e quanto lhe deve; mais ainda: quanto deveria conservar daquele pequeno ser para que hoje, grande em tamanho e em idade, lhe seja permitido pelo menos experimentar algumas daquelas inocentes, porém gratas sensações que deram à sua vida as melhores horas" - (Livro Diálogos - Logosofia)




Brincadeiras regionais

Do que as crianças brincam? Nesta série especial reunimos 40 brincadeiras de todas as regiões do Brasil. Aprenda as regras, ouça as músicas e experimente! Você também assiste a cinco vídeos, com as melhores brincadeiras de cada região. AQUI

  Brincadeiras infantis resgatadas através da cultura tradicional

 Em entrevista à Rádio Brasil Atual, a coordenadora da ONG OCA Escola Cultural, Lucilene Silva, fala sobre o brincar, a Cultura da Infância, a Cultura brasileira e o projeto de intercâmbio entre a Comunidade da Aldeia de Carapicuíba e do Vale do Jequitinhonha, que envolverá crianças dessas comunidades para a troca de brincadeiras. AQUI

 

 

De pais para filhos

quinta-feira 08 de outubro de 2015

 

 

É possível que Acalanto seja a mais conhecida canção de ninar da música brasileira. Dorival Caymmi a compôs para a filha Nana, que estreou em discos interpretando-a ao lado do pai, em 1960. Mas Chico Buarque também fez um acalanto para a filha Helena, Tom Jobim compôs um Samba para Maria Luiza, e Caetano Veloso deu Boas vindas para Zeca, duas décadas depois de criar Júlia/Moreno, que compôs antes de saber que sexo teria seu primogênito. Joyce Moreno saudou duas filhas em Clareana, Milton Nascimento fez mais de uma melodia para o filho Pablo, e Francis Hime e Chico Buarque dividiram a parceria Luisa, pois ambos têm filhas com este nome (embora a de Francis seja com z). Por ocasião do Dia das Crianças, Joaquim Ferreira dos Santos reuniu este e alguns outros exemplos de homenagem feitas por artistas pais a seus filhos.

domingo, 4 de outubro de 2015

Playlist - Canções para Francisco de Assis

"Hoje em dia nos jovens que eu vejo
irrequietos, num mundo infeliz,
eu renovo a esperança e o desejo
de topar com Francisco de Assis.


Calça Lee, pé no chão, mundo novo,
mil idéias de renovação.
Ele são consciência do povo,
queira Deus que eles cresçam irmãos."
Pe. Zezinho 


Oração de São Francisco de Assis adaptada. 👇👇👇👇👇👇👇
Senhor, faça de mim instrumento da sua paz!
Onde houver pena de morte, que eu leve a conversão e restauração.
Onde houver a tortura,
que eu leve a dignidade da vida humana.

Onde houver a ditadura e o totalitarismo, que eu leve o livre arbítrio e a democracia.
Onde houver a discriminação, que eu leve a acolhida aos sofredores e excluídos.
Onde houver discursos de ódio, que eu leve a misericórdia e a caridade.
Onde houver preconceito contra as mulheres, que eu leve o respeito e o amor.
Onde houver culto às armas, que eu leve a promoção da paz.
Onde houver esterilização de pessoas pobres, que eu leve a defesa das famílias e da vida.
Onde houver xenofobia e repulsa aos refugiados,
que eu leve a acolhida aos estrangeiros.

Ó Mestre, faça com que eu procure mais:
perdoar do que ser vingativo, pacificar do que ser violento, amar do que ser preconceituoso.

Pois é semeando a paz
que se se constrói a paz.

É promovendo direitos
que se tem os direitos.

E é somente na fraternidade que se constrói a democracia.
Amém.
Outras sugestões de canções podem ser enviadas via comentários...

Os Meninos de Deus - Senhor Fazei de Mim Um Instrumento de Tua Paz - 1974

Cantiga por Francisco - Padre Zezinho



Meu amigo deixou seu dinheiro,
sua herança e os direitos que tinha
era jovem demais o menino!
disse o pai, o vizinho e a vizinha.
Meu amigo encontrou a verdade
e em seu rosto banhado de luz.
Pelas ruas de sua cidade
meu amigo imitava Jesus.

Irmão vento, irmão sol, irmã lua,
irmão lobo tu és meu irmão.
Rouxinol, sabiá, criaturas de Deus,
somos obras de suas mãos.

Meu amigo viveu sem ter nada,
por esposa escolheu a pobreza,
era jovem demais o menino!
não podia ter tanta certeza.
Foi assim que ele abriu um caminho
para quem quer viver só de amor.
Não ficou muito tempo sozinho,
gente nova o seguiu com fervor.

Hoje em dia nos jovens que eu vejo
irrequietos, num mundo infeliz,
eu renovo a esperança e o desejo
de topar com Francisco de Assis.

Calça Lee, pé no chão, mundo novo,
mil idéias de renovação.
Ele são consciência do povo,
queira Deus que eles cresçam irmãos.

Cântico das Criaturas (Zé Vicente)

           D                                                                          A7
Onipotente e bom Senhor, a ti a honra, glória e louvor;
 G                           D                                   A7                    D
Todas as bênçãos de ti nos vêm, e todo o povo te diz: amém!

       D                                                                            A7
1. Louvado sejas nas criaturas, primeiro o sol lá nas alturas
   G                   D                                      A7                       D
Clareia o dia, grande esplendor, radiante imagem de ti, Senhor.

2. Louvado sejas pela irmã lua, no céu criaste, é obra tua.
Pelas estrelas, claras e belas, tu és a fonte do brilho delas.

3. Louvado sejas pelo irmão vento e pelas nuvens, o ar e o tempo,
E pela chuva que cai no chão, nos dás sustento, Deus da Criação.

4. Louvado sejas, meu bom Senhor, pela irmã água e seu valor.
Preciosa e casta, humilde e boa, se corre um canto a ti entoa.

5. Louvado sejas, ó meu Senhor, pelo irmão fogo e seu calor.
Clareia a noite, robusto e forte, belo e alegre, bendita sorte.

6. Sejas louvado pela irmã terra, mãe que sustenta e nos governa.
Produz os frutos, nos dá o pão, com flores e ervas sorri o chão.

7. Louvado sejas, meu bom Senhor, pelas pessoas que em teu amor
Perdoam e sofrem tribulação, felicidade em ti encontrarão.

8. Louvado sejas pela irmã morte, que vem a todos, ao fraco e ao forte.
Feliz aquele que te amar, a morte eterna não o matará.

9. Bem-aventurado quem guarda a paz, pois o Altíssimo o satisfaz.
Vamos louvar e agradecer, com humildade, ao Senhor bendizer.
http://www.palcocatolico.com.br/cifra/zevicente/onipotente-e-bom-senhor-591/

 Letra:Vinicius de Moraes

 Lá vai São Francisco
Pelo caminho
De pé descalço
Tão pobrezinho
Dormindo à noite
Junto ao moinho
Bebendo água
Do ribeirinho.
Lá vai São Francisco
De pé no chão
Levando nada
No seu surrão
Dizendo ao vento
Bom dia, amigo
Dizendo ao fogo Saúde, irmão
Lá vai São Francisco
Pelo caminho
Levando ao colo Jesuscristinho
Fazendo festa
No menininho
Contando histórias
Para os passarinhos




20/07/2013
Leonardo Boff
 São Francisco de Assis é um dos santos mais amados e populares do povo brasileiro. O novo Papa assumiu o nome de Francisco para cumprir a mesma missão que ele teve, há mais de 800 anos, a de restaurar a Igreja que estava em ruinas. O Papa Francisco tem semelhante missão: a de restaurar uma Igreja arruinada por vários tipos de escândalos internos a ela que lhe  tiraram o que de melhor tinha: a credibilidade e a confiabilidade dos fiéis. Aqui transcrevo uma imaginária mensagem de São  Francisco de Assis, por ocasião da visita do Papa Francisco de Roma à Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro. Ela está contida num livro que acabo de publicar pela editora Mar de Ideias, com o título: “Francisco de Assis e Francisco de Roma: uma nova primavera para a Igreja?”
         Assim falou São Francisco aos jovens de hoje


              Queridos jovens, meus irmãos e minhas irmãs.

         Como vocês, também fui jovem. Era filho de um rico comerciante de tecidos: Pedro Bernardone.  Com ele fui às famosas feiras do sul da França e da Holanda. Aprendi francês e conheci um pouco o mundo, especialmente a música  dos jograis e as cantigas de amor da Provence.

         Minha festiva juventude

Meu pai, muito rico, me proporcionou todas as facilidades. Eu liderava um grupo de jovens boêmios que adoravam passar muitas horas à noite nos becos das ruas, cantando poemas de amor cortês e ouvindo menestreis que narravam histórias de cavalaria. Fazíamos festins e muita algazarra. Assim se passaram vários e alegres anos.

         Depois de algum tempo, comecei a sentir um grande vazio dentro de mim. Tudo aquilo era bom, mas não me preenchia. Para superar a crise, tentei ser cavaleiro e fazer façanhas em batalhas contra os mouros. Mas no meio do caminho desisti. Entrei num mosteiro para orar e fazer penitência. Mas logo percebi que esse não era o meu caminho.

O chamado para reconstruir a Igreja em ruínas

Lentamente, porém, começou a crescer dentro de mim um estranho amor pelos pobres e profunda compaixão pelos hansenianos que viviam isolados, fora da cidade. Lembrava-me de Jesus que foi  também pobre e o muito que sofreu na cruz.

     Certo dia, quando entrei numa igrejinha, de nome São Damião, fiquei longamente contemplando o rosto chagado do Cristo Cruficado. De repente, me pareceu ter ouvido uma voz vindo dele:”Francisco, vá e repara a minha igreja que está em ruinas”

         Aquelas palavras calaram fundo no meu coração. Não conseguia esquecê-las. Comecei, com minhas próprias mãos, a reconstruir uma pequinina e velha igreja em ruinas, chamada de Porciúncula. Depois, pensando melhor, me dei conta de que aquela voz se referia à Igreja feita de homens e de mulheres, de prelados, abades, padres, não excluindo o própro Papa. Ela estava em ruína moral. Grassavam muitas imoralidades, fome de poder, acumulação de riquezas, construções de palácios de cardeais, de papas e suntuosas igrejas. Tudo aquilo que Jesus  seguramente não queria de seus seguidores.

         A descoberta do evangelho e dos pobres

Achei por bem beber da fonte genuina da reconstrução da Igreja: os evangelhos e o seguimento de Jesus pobre. Ninguém me inspirou ou mandou; mas foi Deus mesmo que me conduziu ao meio dos hansenianos. E tive imensa compaixão deles.  Aquilo que antes achava amargo, agora, pelo amor compassivo, se me tornava doce. Comecei a pregar pelos burgos as palavras de Cristo, em  língua popular que todos entendiam. Via nos olhos da pessoas que era isso que esperavam e queriam ouvir.

         Todos os seres da criação são nossos irmãos e irmãs

Nas minhas andanças me fascinava a beleza das flores, o canto dos passarinhos, o ruido das águas dos riachos. Tirava do caminho poierento a minhoca para não ser pisada. Entendi que todos tínhamos nascidos do coração do Pai de bondade. Por isso éramos irmãos e irmãs: o irmão fogo, a irmã água, o irmão e Senhor Sol e a irmã e  a Mãe Terra.

         Muitos antigos companheiros de festas e diversões se juntaram  a mim. Uma bela e querida amiga, Clara de Assis, fugiu de casa e quis compartilhar a nossa vida simples. Começamos um movimento de pobres. Nada levávamos conosco. Apenas o ardor do coração e a alegria do espírito. Trabalhávamos  nos campos ou pedíamos esmolas. Queríamos seguir os passos de Cristo humilde, pobre e amigo dos pobres. Tive a compreensão do Papa Inocêncio III que aprovou, não sem hesitações, o caminho que eu e meus companheiros queríamos seguir.

         Depois de alguns anos, já éramos uma multidão a ponto de eu não saber mais como abrigar e animar tanta gente. O resto da história vocês conhecem. Não preciso repeti-la. Com o apoio do Papa daquele tempo, criou-se a Ordem dos Frades  Menores, com diversos ramos, que persiste até os dias de hoje.

         Vejam, queridos jovens, irmãos e irmãs meus queridos. Tive uma experiência que certamente vocês, como jovens, também tiveram ou estão tendo: de roda de amigos, de festas e de folias. Portanto, temos algo em comum.      

Mas aproveito agora que estamos juntos para dizer-lhes algumas coisas que considero de suma importância para os tempos atuais.

A Mãe Terra está doente e com febre

A primeira é: como nunca antes, estamos num momento critico da história da Terra e da Humanidade. O clamor da natureza se faz ouvir de forma cada vez mais forte. Nossa querida Mãe Terra está doente e com febre, pois, já há muito tempo, a estamos superexplorando. Tiramos dela mais do que ela anualmente pode repor. O ar está contaminado, as águas poluidas, os solos envenados e nossos alimentos cada vez mais quimicalizados. O aquecimento da Terra não para de aumentar. Milhares de espécies de seres vivos, nossos irmãos e irmãs, estão desparecendo por ano: uma verdadeira devastação, ocasionada pela forma agressiva com a qual nos relacionamos com a natureza, com os seres vivos e a com própria a Terra.

Devemos urgentemente fazer uma aliança global de cuidar da Terra e uns e dos outros, caso não quisermos conhecer grandes dizimações que afetarão toda a comunidade de vida. Corremos, portanto, grande risco.  Mas se assumirmos uma responsabilidade solidária e um comportamento de cuidado com tudo o que existe e vive, poderemos escapar desta tragédia. E vamos escapar.

Colocar o coração  no centro de tudo

Uma segunda coisa preciso dizer-lhes como um irmão mais experimentado: temos que mudar a nossa mente e o nosso coração. Mudar a mente para olhar a realidade com outros olhos. Os olhos das ciências hoje nos comprovam que a Terra é viva e não apenas algo morto e sem propósito, uma espécie de baú de recursos ilimitados que podemos usar como queremos. Eles são limitados, como a energia fóssil do carvão e do petróleo, a fertilidade dos solos  e as sementes. Ela é mãe generosa. Precisa ser cuidada, amada e respeitada como o fazemos com nossas mães.               

Vocês sabem que os astronautas, lá da Lua ou de suas naves espaciais, nos testemumharam: Terra e Humanidade são inseparáveis;  formam uma única entidade, indivisível e complexa. Por isso nós, seres humanos, somos aquela porção da Terra que sente, que pensa, que ama e que venera. Somos Terra e tirados da Terra como nos dizem as primeiras páginas da Bíblia. Mas recebemos uma missão única, como se lê no segundo capítulo do Gênesis: somos colocados no Jardim do Eden, quer dizer, na Mãe Terra, para cuidar e guardar todas as bondades naturais. Somos os guardiães da herança que Deus e o universo nos confiaram e que queremos repassar para nossos filhos e netos, conservada e enriquecida.

Além da mente devemos também mudar  o nosso coração. O coração é tudo. É o lugar do sentimento profundo, do afeto caloroso e do amor sincero. O coração é o nicho de onde crescem todos os valores e se expressa o mundo das excelências. Junto com a razão intelectual que vocês tanto exercitam na escola, no trabalho e na condução da vida, existe a inteligência cordial e sensível. Ela foi, por muito tempo, colocada sob suspeita com o pretexto de que ela nos tiraria a objetividade do olhar. Puro engano. Hoje entendemos que precisamos resgatar, urgentemente, a razão cordial e sensível para enriquecer a razão intelectual. Só com a razão intelectual sem a razão cordial não vamos sentir o grito dos pobres, da Terra, das florestas e das águas. Sem a razão cordial não nos movemos para ir ao encontro dos que gritam e sofrem, a fim de socorrê-los, oferecer-lhes um ombro e salvá-los. Da razão cordial nasce a ética, aquele conjunto de valores que orientam nossa vida.

Por isso, meus queridos jovens, vocês que naturalmente são sensíveis para os grandes sonhos e para o vôo de águia na direção das alturas, cultivem um coração que sente, que se comove e que leva à ação salvadora. Essa razão cordial e sensível é mais ancestral que a inteligência intelectual. É ela que nos faz guardar as boas ou más experiências.

Proteger a Mãe Terra, cuidar da vida e optar pelos pobres

Uma terceira coisa gostaria de dizer-lhes confiadamente: importa nunca esquecer os pobres do mundo. São milhões e milhões de irmãos e irmãs que nos atualizam a paixão de Jesus. Eles devem ser reforçados em suas lutas e movimentos para se libertarem da pobreza que Deus não quer porque ela os faz morrer antes do tempo. A fome é assassina e nós não podemos permitir esse crime coletivo.  Em seguida faz-se urgente proteger a Mãe Terra e cuidar da vida. Ambas estão ameaçadas. Faz-se urgente inauguarmos uma forma nova de habitar o planeta Terra. Assim como estamos, não podemos continuar. Até agora habitávamos dominando com o punho fechado e submetendo tudo. Os novos conhecimentos foram o grande instrumento de intervenção na natureza. Em quatrocentos anos afetamos as bases naturais que sustentam a nossa vida.  Alimentamos um projeto de ilimitado progresso. E de fato trouxemos notáveis progressos e comodidades para grande maioria da humanidade. Mas hoje estamos conscientes de que a Terra, pequena e limitada, não aquenta um projeto ilimitado. Encostamos nos seus limites. Porque continuamos a forçar estes limites, a Terra responde com tufões, enchentes, secas, terremotos e tsunamis. Esse modelo agressivo de habitar o mundo, cumpriu sua missão histórica. A continuar assim, pode nos causar grandes prejuizos e eventualmente ameaçar a espécie humana. Temos que mudar se quisermos sobreviver.

No lugar do punho fechado para submeter, devemos ter a mão aberta para o cuidado essencial, para o entrelaçamento dos dedos numa aliança de valores e princípios que poderão sustentar um novo ensaio civilizatório.

Precisamos produzir, sim,  para atender as necessidades humanas. Mas temos que aprender a produzir respeitando os limites da natureza e da Terra,  tirando delas o necessário e o decente para a vida de todos, com justiça e equidade. Será uma sociedade de sustentação de toda a vida. O centro será ocupado pela vida da natureza, pela vida humana e pela vida da Terra.  A economia e a política estarão a serviço mais da vida do que do mercado.

Sejam a mudança que querem para os outros

Caros jovens: sejam vocês mesmos a mudança que querem para os outros. Comecem vocês mesmos a viver o novo, respeitando cada um dos seres da natureza, cada planta, cada animal, cada paisagem porque eles possuem um valor intrínseco e em si mesmo, independente do uso racional que fizermos deles. São nossos irmãos e irmãs. Com eles fundaremos uma convivência de respeito, de reciprocidade e de mutua ajuda para que todos possam continuar vivos neste planeta, também os mais vulneráveis para os quais devotaremos mais cuidado e amor.

Queridos irmãos e irmãs jovens: resistam à cultura da acumulação e do consumo. Pensem nos outros irmãos e irmãs que são  milhões e milhões que vivem e dormem com fome e com sede e passando por grandes padecimentos. Nunca, em nenhum dia, deixem de pensar e se preocupar com os pobres e com seu destino dramático, principalmente, das crianças inocentes.

Tenham um consumo solidário e vivam uma sobriedade compartida; façam a experiência de que com menos poderão ser mais e que a felicidade reside não no enriquecimento e numa boa profissão, mas  no compartir e tratar sempre humamente a todos os humanos, nossos semelhantes e estar em harmonia com a natureza e os ritmos da Mãe Terra.

Alimentar a dimensão da espiritualidade na vida

Por fim, caros jovens, irmãos e irmãs meus queridos: nada disso tudo que refletimos terá eficácia se não misturarmos Deus em todos os nossos empreendimentos. Ele não está em parte nenhuma, porque está em todas as partes. Mas está principalmente no coração de vocês. Dentro de cada um de vocês queima uma brasa viva e arde uma chama sagrada: é a presença misteriosa e amorosa de Deus. Ele emerge de  forma sensível no fenômeno do entusiasmo, tão forte na idade de vocês. Entusiasmo  significa ter um Deus dentro: é o Deus interior, Deus companheiro e amigo, Deus de amor incondicional.

A  nossa cultura materialista e consumista  cobriu de cinzas esta brasa e ameaça apagar a chama sagrada. Afastem essa cinza através da abertura do coração a esse Deus; reservem cada dia um momento para pensar nele, conversar com ele, queixar-se e chorar  diante dele e dirigir-lhe uma súplica. Às vezes não digam nada. Coloquem-se apenas silenciosos diante dele.  Ele poderá lhes falar e lhes suscitar bons sentimentos e luminosas intuições. Nunca abandonem Deus, porque Ele nunca os abandona e abandonará. Vivam como quem se sente na palma de sua mão. E então estarão protegidos porque Ele é Pai e Mãe de infinita ternura.

A última palavra pertence ao Deus da vida

Desde que o Filho de Deus por Jesus assumiu a nossa humanidade, ele assumiu tambem uma parte da Terra e dos elementos do universo. Portanto, estes já foram divinizados e eternizados. Nunca mais serão ameaçados. Mas nós podemos. Consolam-nos  s palavras da revelação dos dizem que Ele, Deus, é “o soberano amante da vida”(Sab 11,24).  Ele sempre ama tudo o que um dia criou. Não esquece de nenhuma criatura que nasceu de seu coração. Por isso, confiemos todos, que Ele vai proteger a nossa querida Mãe Terra e garantir o futuro da vida que é o future de vocês todos.

Não disperdicem o tempo porque ele é urgente. Desta vez não podemos chegar atrasados nem cometer erros, pois corremos o risco de não termos volta nem formas de correção dos erros cometidos. Mas não percam  o entusiasmo nem esmoreça  a  alegria do coração.  A vida sempre triunfa porque Deus é vivo e nos enviou Jesus que disse ter vindo para trazer vida e vida  em abundância.

 Era o que queria, do fundo de meu coração, lhes falar.

Por fim, faço-lhes um pedido muito especial: rezem, apoiem, colaborem com o Papa que leva o meu nome, Francisco. Ele vai restaurar a Igreja de hoje como eu tentei restaurar a Igreja do meu tempo. Sem a ajuda de vocês, se sentirá fraco e terá grandes dificuldades. Mas com o entusiasmo e o apoio de vocês, com as orações nos seus  grupos e movimentos, ele vai cumprir a missão que Jesus lhe conficou: conferir um rosto confiável à nossa Igreja e confirmar a todos na fé e na esperança. Com vocês ele será forte e irá conseguir.

Agora,  antes de nos despedirmos, lhes darei a bênção que um dia dei ao meu íntimo amigo Frei Leão, a ovelhinha de Deus:

Que Deus vos abençoe e vos guarde!

Que  Ele mostre sua face e se compadeça de vós!

Que volva o seu rosto para vós e vos dê a paz!

Que Deus vos abençoe!

 Paz e Bem
Francisco.  o Poverello e Fratello de Assis

Ouça a leitura carta enciclica "Laudato Si" em áudio. AQUI

 Introdução




São Francisco encontra o Papa na série animada da REPAM

Celebramos hoje, 4 de outubro, a memória de S. Francisco de Assis, na série produzida pela REPAM o Santo visita a Mãe-terra e conversa com as criaturas que nela habitam no século XXI. Seu homônimo, Papa Francisco, lhe adverte que grandes ameaças estão colocando a vida em grave risco na Terra.
Cristiane Murray - Cidade do Vaticano
Defender a vida, a Casa Comum e gerar justiça intergeracional são os grandes desafios que a Ecologia Integral nos apresenta. Este conceito, presente na Laudato Si’ como um olhar holístico para a vida e para o cotidiano, podem ser luz em vista de um novo paradigma de consumo e descarte que nos leva a transformar situações de maior injustiça e exclusão.

Pensando em ampliar esta discussão e contribuir na formação das pessoas, a REPAM lançou “O VIAJANTE DE ASSIS – Série Animada”. A proposta é resgatar histórias na América Latina de resistência, de esperança, de força e defesa da vida, da justiça e da ecologia integral, de forma lúdica e formativa.
A série animada foi trabalhada pelo grupo YAKU Audiovisual, com direção de Fernando Valência e participação de uma equipe multidisciplinar e multicultural. Apoiaram também as redes internacionais como a CAFOD e CRS.
Formada por oito capítulos, unem-se animações e documentários nos quais São Francisco visita a Mãe-terra e muitos lugares da América Latina e conversa com as criaturas que nela habitam em pleno século XXI.
Seu homônimo, o Papa Francisco lhe adverte que grandes ameaças estão colocando a vida em grave risco na Terra.
O Santo observa a maneira como nos relazionamos com a Casa Comum, com nossos irmãos e irmãs e como vivemos o paradigma do consumo que produz a cultura do desperdício. Ao mesmo tempo, nos apresenta respostas cheias de esperanças para que as comunidades se organizem e trabalhem juntas para o futuro e o presente.
“ Os temas dos episódios referem-se ao desperdício, a aprender a usar o que a natureza nos oferece com racionalidade, e ao mesmo tempo semear esperança e não se deter na comodidade contemporânea, mas ser exemplo para todos ”
Ao longo de sua jornada, Francisco aprende da mão das criaturas que o desejo de poder de alguns homens e mulheres converteu a criação de Deus em instrumento, colocado a serviço de interesses econômicos e políticos particulares, afastando a humanidade da construção do bem comum.
Apesar do panorama sombrio, Francisco e as criaturas também contemplam a beleza e a grandeza da Criação divina. Nela e nas resistências empreendidas pelos povos mais desfavorecidos, encontram as luzes da esperança e as possibilidades de transformar o curso da vida na terra.

 

Doce é sentir - Meninas Cantoras de Petrópolis





Canta Francisco 

 CD: Francisco e Clara o musical
Autor: Luiz A. Passos


Filme: Francisco - Arauto de Deus

Filme: Francisco - Arauto de Deus Diretor: Roberto Rossellini Duração: 89 min. Lançamento: 1949 Pela primeira vez no Brasil, “Francisco, Arauto de Deus” traz a visão genial de Roberto Rossellini sobre a vida de São Francisco de Assis. Eleito pelo Vaticano como um dos melhores filmes religiosos de todos os tempos, é apresentado em versão restaurada e remasterizada. Num registro intimista que prima pela simplicidade, Rossellini mostra a beleza dos ensinamentos de São Francisco e seus irmãos, da época em que voltam de Roma, após terem recebido do Papa o reconhecimento da Ordem Franciscana, até o momento em que se espalham pelo mundo para pregar a palavra de Deus. O filme possui cenas de pura simplicidade e ingenuidade, como também momentos de profunda mística. Uma seqüência especial é o encontro, silencioso mas de profundo diálogo, de Francisco com um leproso. Padre Beto



Oração a São Francisco, em forma de desabafo (D. Pedro Casaldáliga)
Compadre Francisco,
como vais de glória?
E a comadre Clara
e a irmandade toda?
Nós, aqui na Terra,
vamos mal vivendo,
que a cobiça é grande
e o amor pequeno.
O amor divino
é mui pouco amado
e é flor de uma noite
o amor humano.
Metade do mundo
definha de fome
e a outra metade
de medo da morte.
A sábia loucura
do santo Evangelho
tem poucos alunos
que a levem a sério.
Senhora Pobreza,
perfeita alegria,
andam mais nos livros
que nas nossas vidas.
Há muitos caminhos
que levam a Roma;
Belém e o Calvário
saíram da rota.
Nossa Madre Igreja
melhorou de modo
mas tem muita cúria
e carisma pouco.
Frades e conventos
criaram vergonha,
mas é mais no jeito
que por vida nova.
Muitos tecnocratas
e poucos poetas.
Muitos doutrinários
e menos poetas.

Dom Pedro Casaldáliga (1928- ), poeta e bispo espanhol da Prelazia de São Felix do Araguaia, In: Orações da Caminhada. Campinas: Verus,(2005:64-65).


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 É um poema musical sobre a vida do grande personagem místico do séc. XII. O "Poverello" (O Pobrezinho), também conhecido como o "Bardo de Deus", pois era intensamente ligado à música e tornou-se o símbolo da afeição humana à natureza. Música e natureza são as colunas deste disco, que traz além das trilhas instrumentais que vão do sinfônico à world-music e new age, belas canções voltadas para o tema. O encarte do CD traz cenas de Assis e dos Montes Alverne e Subásio e também quadros do pintor medieval "Giotto" que nos conta a história de Francisco através da arte. RELAÇÃO DE MÚSICAS: 01 - As Pegadas do Mestre 02 - Francesco 03 - A Igrejinha de São Damião 04 - Os Companheiros 05 - Andorinhas 06 - Tema da Vida 07 - Com o Papa e o Sultão 08 - Pai Nosso 09 - Ave Maria 10 - O Bardo de Deus 11 - Fada Madrinha 12 - Recordando Assis 13 - Monte Alverne 14 - A Oração de Francisco




Filhote do Filhote

Canção: Rubinho do Vale






Moro numa linda bola azul
Que flutua pelo espaço
Tem floresta e bicho pra chuchu
Cachoeira, rio, riacho.
Acho que é um barato
Andar no mato
Vendo o verde
Ouvindo o rock'n'roll e o sapo ensaiando
De manhã cedinho
Os passarinhos dão 'bom-dia' pro sol
CantandoTerra, leste, oeste, norte, sul
Natureza caprichosa
Tem macaco de bumbum azul
Tem o boto cor-de-rosa
Árvores, baleias, elefantes, curumins
E o mundo inteiro está com a gente vibrando
A nossa torcida pela vida a gente vai conseguir cantando
Cuida do jardim pra mim
Deixe a terra florescer
Pensa no filhote do filhote
Que ainda vai nascer
Moro numa linda bola azul
Que flutua pelo espaço
Tem floresta e bicho pra chuchu
Cachoeira, rio, riacho.
Acho que é um barato
Andar no mato
Vendo o verde
Ouvindo o rock'n'roll e o sapo ensaiando
De manhã cedinho
Os passarinhos dão 'bom-dia' pro sol
Cantando
Cuida do jardim pra mim
Deixe a terra florescer
Pensa no filhote do filhote
Que ainda vai nascer


  
Te ofereço paz

Canção da autoria de Valter Pini

Te Ofereço Paz!
 Te ofereço paz
Te ofereço amor
Te ofereço amizade
Ouço tuas necessidades
Vejo tua beleza
Sinto os teus sentimentos
Minha sabedoria flui
De uma fonte superior
E reconheço esta fonte em ti
Trabalhemos juntos, trabalhemos juntos..





Acrescido em 04 de Outubro de 2021

Leonardo Gonçalves, cantor evangélico da Igreja Adventista do Sétimo Dia, canta a Oração de São Francisco. Simplesmente belo ouvir!
"Leonardo Gonçalves, nome artístico de Hugo Leonardo Soares Gonçalves, é um cantor, compositor, produtor musical e arranjador brasileiro de música cristã contemporânea. Faz parte de uma família de músicos ligados à Igreja Adventista do Sétimo Dia, da qual é membro." Fonte: Wikipédia



Oração a São Francisco, em forma de desabafo (D. Pedro Casaldáliga)

Tags:  AjAraujo    o poeta humanista.  
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Compadre Francisco,
como vais de glória?
E a comadre Clara
e a irmandade toda?
Nós, aqui na Terra,
vamos mal vivendo,
que a cobiça é grande
e o amor pequeno.
O amor divino
é mui pouco amado
e é flor de uma noite
o amor humano.
Metade do mundo
definha de fome
e a outra metade
de medo da morte.
A sábia loucura
do santo Evangelho
tem poucos alunos
que a levem a sério.
Senhora Pobreza,
perfeita alegria,
andam mais nos livros
que nas nossas vidas.
Há muitos caminhos
que levam a Roma;
Belém e o Calvário
saíram da rota.
Nossa Madre Igreja
melhorou de modo
mas tem muita cúria
e carisma pouco.
Frades e conventos
criaram vergonha,
mas é mais no jeito
que por vida nova.
Muitos tecnocratas
e poucos poetas.
Muitos doutrinários
e menos poetas.

Dom Pedro Casaldáliga (1928- ), poeta e bispo espanhol da Prelazia de São Felix do Araguaia, In: Orações da Caminhada. Campinas: Verus,(2005:64-65).

Imagem: Pintura de Sérgio Simonetti: São Francisco.


Leia mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=268547 © Luso-Poemas

Oração a São Francisco, em forma de desabafo (D. Pedro Casaldáliga)

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Compadre Francisco,
como vais de glória?
E a comadre Clara
e a irmandade toda?
Nós, aqui na Terra,
vamos mal vivendo,
que a cobiça é grande
e o amor pequeno.
O amor divino
é mui pouco amado
e é flor de uma noite
o amor humano.
Metade do mundo
definha de fome
e a outra metade
de medo da morte.
A sábia loucura
do santo Evangelho
tem poucos alunos
que a levem a sério.
Senhora Pobreza,
perfeita alegria,
andam mais nos livros
que nas nossas vidas.
Há muitos caminhos
que levam a Roma;
Belém e o Calvário
saíram da rota.
Nossa Madre Igreja
melhorou de modo
mas tem muita cúria
e carisma pouco.
Frades e conventos
criaram vergonha,
mas é mais no jeito
que por vida nova.
Muitos tecnocratas
e poucos poetas.
Muitos doutrinários
e menos poetas.

Dom Pedro Casaldáliga (1928- ), poeta e bispo espanhol da Prelazia de São Felix do Araguaia, In: Orações da Caminhada. Campinas: Verus,(2005:64-65).

Imagem: Pintura de Sérgio Simonetti: São Francisco.


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Oração a São Francisco, em forma de desabafo (D. Pedro Casaldáliga)

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Compadre Francisco,
como vais de glória?
E a comadre Clara
e a irmandade toda?
Nós, aqui na Terra,
vamos mal vivendo,
que a cobiça é grande
e o amor pequeno.
O amor divino
é mui pouco amado
e é flor de uma noite
o amor humano.
Metade do mundo
definha de fome
e a outra metade
de medo da morte.
A sábia loucura
do santo Evangelho
tem poucos alunos
que a levem a sério.
Senhora Pobreza,
perfeita alegria,
andam mais nos livros
que nas nossas vidas.
Há muitos caminhos
que levam a Roma;
Belém e o Calvário
saíram da rota.
Nossa Madre Igreja
melhorou de modo
mas tem muita cúria
e carisma pouco.
Frades e conventos
criaram vergonha,
mas é mais no jeito
que por vida nova.
Muitos tecnocratas
e poucos poetas.
Muitos doutrinários
e menos poetas.

Dom Pedro Casaldáliga (1928- ), poeta e bispo espanhol da Prelazia de São Felix do Araguaia, In: Orações da Caminhada. Campinas: Verus,(2005:64-65).

Imagem: Pintura de Sérgio Simonetti: São Francisco.


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