sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Sobre Daciolo, a esquerda e os evangélicos.

"Não há apenas cinquenta tons de Temer tão somente. Há também cinquenta tons de evangélicos."
 
Paulo Henrique Lima (via facebook)  - 27/09/2018

Daciolo revela o encontro das contradições dos evangélicos e da esquerda. Fala para uma maioria da periferia que é evangélica e que não defende as pautas centrais da direita, pq vive as contradições do capital no seu dia a dia, mas que também não perdoa as traições do PT. 

Não se vê representada nem pela direita, que quer cortar o bolsa família, muito menos pela esquerda, que trata favelado como objeto de estudo e tenta impor suas pautas sem nenhum trabalho de base. Uma periferia que como não tem opção, vota no que o pastor pediu. 

Daciolo fala de amor, mas não é o amor hipócrita da São Salvador. Faz isso com olho no olho, com uma linguagem próxima e compreendida por todos que ele diz defender. Ele não é um meme. Meme é quem fala pra preto com linguagem de branco.

Tem meu respeito, fomos formados em escolas parecidas. Não dá para saber se ele vai manter essa linha por muito tempo, mas uma coisa é certa, ele aponta o caminho.

Revela que há um espaço e contradições dentro do evangelho. Sua forma de denunciar a bancada evangélica e de enfrentar o Bolsonaro é uma das mais brilhantes que já testemunhei. Ele só parece meme para vc, que nunca entrou numa igreja, que nunca acordou cedo no domingo e teve sua única refeição lá dentro.

Ele fala de ressocialização, mas sem belos discursos. Fala o simples, aquilo que as mães de presos entendem! Vc pode ficar ofendida(o) e entender que "cuidar de uma mulher" é uma fala machista, pq dentro de nossos parâmetros, é. Mas tudo que a pessoa que vive no inferno, que já perdeu filhos, que madruga em Bangu quer, é ser cuidada. O discurso rebuscado, "coerente" e "libertário", em geral ela despreza. 

Vc que tem todo o manifesto na ponta da língua, que se gaba por conhecer de cabo a rabo toda a agenda feminista, negra e lgbt... não será o sujeito ativo da resistência desse país. Deveria entender que o mesmo evangelho que pode ser usado para nossa aniquilação, é o que pode ser usado para nossa resistência. 

O crescimento de Daciolo nessa eleição revela o óbvio: a periferia não é fascista, só está abandonada e por isso caminha para todas as direções. Não temos uma opção que apresente nossas pautas com uma linguagem popular e que conheça nossas contradições.

Em todas as minhas leituras, avalio que virá um golpe militar em curto ou médio prazo e a resistência não será a partir da MPB (que apropria o conceito de música popular). Será com funk, rap, macumba e louvor. Será periférica. Que a esquerda aprenda esse caminho.



O que a esquerda deveria aprender com os evangélicos


“As massas de homens que nunca são abandonadas pelos sentimentos religiosos 
então nada mais vêem senão o desvio das crenças estabelecidas. 
O institnto de outra vida as conduz sem dificuldades 
ao pé dos altares e entrega seus corações aos preceitos 
e às consolações da fé.”
Alexis de Tocqueville, “A Democracia na América” (1830), p. 220. 
Publicado originalmente no sensho
 

No Brasil, um novo confronto, na forma como dado e cada vez mais evidente e violento, será o mais inútil de todos: o do esclarecimento político contra o obscurantismo religioso, principalmente o evangélico, pentecostal ou, mais precisamente, o neopentecostal. Lamento informar, mas na briga entre os dois barbudos – Marx e Cristo – fatalmente perderemos: o Nazareno triunfa. Por uma razão muito simples, as igrejas são o maior e mais eficiente espaço brasileiro de socialização e de simulação democrática. Nenhum partido político, nenhum governo, nenhum sindicato, nenhuma ONG e nenhuma associação de classe ou defesa das minorias tem competência e habilidade para reproduzir o modelo vitorioso de participação popular que se instalou em cada uma das dezenas de milhares de pequenas igrejas evangélicas, pentencostais e neopentecostais no Brasil. Eles ganharão qualquer disputa: são competentes, diferentemente de nós.
Muitos se assustam com o poder que os evangélicos alcançaram: a posse do senador Marcello Crivela, também bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, no Ministério da Pesca e a autoridade da chamada “bancada evangélica” no Câmara dos Deputados são dois dos mais recentes exemplos. Quem se impressiona não reconhece o que isso representa para um a cada cinco brasileiros, o número dos que professam a fé evangélica ou pentecostal no Brasil. Segundo a análise feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a partir dos microdados da Pesquisa de Orçamento Familiar 2009 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a soma de evangélicos pentecostais e outras denominações evangélicas alcança 20,23% da população brasileira. Outros indicadores sustentam que em 1890 eles representavam 1% da população nacional; em 1960, 4,02%.
O crescimento dos evangélicos não é um milagre, é resultado de um trabalho incansável de aproximação do povo que tem sido negligenciado por décadas pelas classes mais progressistas brasileiras. Enquanto a esquerda, ainda na oposição política, entre a abertura democrática pós-ditadura e a vitória do primeiro governo popular no Brasil, apenas esbravejava, pastores e missionários evangélicos percorreram cada canto do país, instalaram-se nas regiões periféricas dos grandes centros urbanos, abriram suas portas para os rejeitados e ofereceram, em muitos momentos, não apenas o conforto espiritual, mas soluções materiais para as agruras do presente, por meio de uma rede comunitária de colaboração e apoio. O que teve fome e dificuldade, o desempregado, o doente, o sem-teto: todos eles, de alguma forma, encontraram conforto e solução por meio dos irmãos na fé. Enquanto isso, a esquerda tinha uma linda (e legítima) obsessão: “Fora ALCA!”.
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O crescimento dos evangélicos não é um milagre, é resultado de um trabalho incansável  de aproximação com o povo
O projeto de poder evangélico não é fortuito. Ele não nasceu com o governo Dilma Rousseff. Ele não é resultado de um afrouxamento ideológico do PT e nem significa, supõe-se, adesão religiosa dos quadros partidários. Ele é fruto de uma condição evangélica do país e de uma sistemática ação pela conquista do poder por vias democráticas, capitalizada por uma rede de colaboração financeira de ofertas e dízimos. Só não parece legítimo a quem está do lado de fora da igreja, porque, para cada um dos evangélicos e pentecostais, estar no poder é um direito. Eles não chegaram ao Congresso Nacional e, mais recentemente, ao Poder Executivo nacional por meio de um golpe. Se, por um lado, é lamentável que o uso da máquina governamental pode produzir intolerância e mistificação, por outro, acostumemo-nos, a presença deles ali faz parte da democracia. As mesmas regras políticas que permitiram um operário, retirante nordestino e sindicalista chegar ao poder são as que garantem nas vitória e posse de figuras conhecidas das igrejas evangélicas a câmaras de vereadores, prefeituras, governos de Estado, assembleias legislativas e Congresso Nacional. O lema “un homme, une voix” (“um homem, uma voz”) do revolucionário socialista L.A. Blanqui (1805-1881), “O Encarcerado”, tem disso.
Afora a legitimidade política – o método democrático e a representação popular não nos deixam mentir – a esquerda não conhece os evangélicos. A esquerda não frequentou as igrejas, a não ser nos indefectíveis cultos preparados como palanques para nossos candidatos demonstrarem respeito e apreço pelas denominações evangélicas em época de campanha, em troca de apoio dos crentes e de algumas imagens para a TV. A esquerda nunca dialogou com os evangélicos, nunca lhes apresentou seus planos, nunca lhes explicou sequer o valor que o Estado Laico tem, inclusive como garantia que poderão continuar assim, evangélicos ou como queiram, até o fim dos tempos. E agora muitos militantes, indignados com a presença deles no poder, os rechaçam com violência, como se isso resolvesse o problema fundamental que representam.
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A esquerda nunca dialogou com os evangélicos, nunca lhes apresentou seus planos,
nunca lhes explicou sequer o valor do Estado Laico

Apenas quem foi evangélico sabe que a experiência da igreja não é puramente espiritual. E é nesse ponto que erramos como esquerda. A experiência da igreja envolve uma dimensão de resistência que é, de alguma forma, também política. O “não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito” (Paulo para os Romanos, capítulo 12, versículo 2) é uma palavra de ordem poderosa e, por que não, revolucionária, ainda que utilizada a partir de um ponto de vista conservador.
Em nenhuma organização política o homem comum terá protagonismo tão rápido quanto em uma igreja evangélica. O poder que se manifesta pela fé, a partir da suposta salvação da alma com o ato simples de “aceitar Jesus no coração como senhor e salvador”, segundo a expressão amplamente utilizada nos apelos de conversão, transforma o homem comum, que duas horas antes entrou pela porta da igreja imundo, em um irmão na fé, semelhante a todos os outros da congregação. Instantaneamente ele está apto a falar: dá-se o testemunho, relata-se a alegria e a emoção do resgate pago por Jesus na cruz. Entre os que estão sob Cristo, e são batizados por imersão, e recebem o ensino da palavra, e congregam da fé, não há diferenciação. Basta um pouco de tempo, ele pode se candidatar a obreiro. Com um pouco mais, torna-se elegível a presbítero, a diácono, a liderança do grupo de jovens ou de mulheres, a professor da escola dominical. Que outra organização social brasileira tem a flexibilidade de aceitação do outro e a capacidade de empoderamento tal qual se vêem nas pequenas e médias igrejas brasileiras, de Rio Branco, das cidades-satélite de Brasília, do Pará, de Salvador, de Carapicuíba, em São Paulo, ou Santa Cruz, no Rio de Janeiro? Nenhuma.
Se esqueçam dos megacultos paulistanos televisionados a partir da Av. João Dias, na Universal, ou da São João, do missionário R.R. Soares. Aquilo é Broadway. Estamos falando destas e outras denominações espalhadas em todo o território nacional, pequenas igrejas improvisadas em antigos comércios – as portas de enrolar revelam a velha vocação de uma loja, um supermercado, uma farmácia – reuniões de gente pobre com sua melhor roupa, pastores disponíveis ao diálogo, festas de aniversário e celebrações onde cada um leva seu prato para dividir com os irmãos.  A menina que tem talento para ensinar, ensina. O irmão que tem uma van, presta serviços para o grupo (e recebe por isso). A mulher que trabalha como faxineira durante a semana é a diva gospel no culto de domingo à noite: canta e leva seus iguais ao júbilo espiritual com os hinos. A bíblia, palavra de ninguém menos que Deus, é lida, discutida, debatida. Milhares e milhares de evangélicos em todo o país foram alfabetizados nos programas de Educação de Jovens e Adultos (EJAs) para simplesmente “ler a palavra”, como dizem. Raríssimo o analfabeto que tenha sido fisgado pela vontade ler “O Capital”, infelizmente. As esquerdas menosprezaram a experiência gregária das igrejas e permaneceram, nos últimos 30 anos, encasteladas em seus debates áridos sobre uma revolução teórica que nunca alcançou o coração do homem comum. Os pastores grassaram.


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A esquerda não deve aprender nada com os evangélicos

 Por Raphael Tsavkko Garcia

Não faltam religiosos, mesmo do campo evangélico, que seriam aliados de primeira ordem contras os Edirs e Valdomiros.


Li um texto do @senshosp que me parece de um derrotismo terrível. O texto em questão chama-se “O que a esquerda deveria aprender com os evangélicos“. Os “evangélicos” (em geral os neopentecostais da estirpe de Edir Macedo e cia.) ganharam, é a conclusão. A esquerda não conseguiu conquistar corações e mentes mais do que conseguiu chegar ao poder e migrar para a direita. Como se o Brasil tivesse o dever de ser sempre subdesenvolvido e atrasado, em que religião dita costumes e leis, e o país não pode evoluir. Em que não podemos lutar por uma esquerda de verdade, comprometida, sem recuos, com suas bandeiras históricas e populares.
Diversos países da Europa são a prova de que é possível combater a ignorância do fanatismo religioso e dos marginais da fé – forma “carinhosa” pela qual descrevo Malafaias, Valdomiros e cia., mantendo de fora aquelas igrejas tradicionais, onde não faltam progressistas, como entre os anglicanos, betestda e afins que sabem, em geral, os limites da fé e onde começa o Estado e a vida civil.
E não se trata de uma disputa entre Marxistas e “Religiosos”, pois tenho absoluta certeza que nem entre o PSDB ou mesmo o DEM há tanta simpatia assim pelos marginais da fé e seu poder. Ser de direita, liberal e até mesmo ter algum grau de conservadorismo não é defender a mistura perigosa entre religião e Estado.
A esquerda não prega “salvação”, e nem diz ser caminho fácil. E uma ampla parte da direita pode ser nociva, mas não é a TFP ou a Opus Dei. É preciso ainda lembrar da quase neutralização da Teologia da Libertação que, pese críticas, era um movimento mais aberto e que, mesmo com preconceitos, buscava dialogar e não impor sua vontade.Ainda que religioso, ligado à Igreja, era um respiro que possibilitava o diálogo. O marginal da fé diz que basta rezar e… pronto. Paraíso terreno e além.
Ao invés de combater isso, cobrando impostos e legislando, o governo preferiu se aliar/perpetuar a farra dessa corja. O crescimento dela não se deve só a seus feitos, mas à inação de governo após governo e, agora, à aliança do governo com esses tipos. É óbvio que o crescimento vertiginoso dessas igrejas caça-níquel não se deve ao PT, mas tem sido ajudado, agora, pela clara aliança e troca de favores que existe.
Estamos falando de, talvez, 20% da população – não há ainda dados conclusivos divulgados pelo IBGE que sustente esse número. E estes 20% têm pautado os demais 80%. Temos tido retrocessos gigantescos em áreas onde 20% dita as regras contra o resto da população e contra outras minorias igualmente significativas. Dilma mente ao dizer que governa para todos, quando na verdade vemos claramente que governa para e comandada por uma minoria em detrimento do resto da população. E dizer que “o brasileiro médio é conservador” não justifica recuos que contrariam as noções mais básicas de direitos humanos, marco sob o qual devem ser fundadas todas as relações humanas e entre o Estado e seus cidadãos.
As ações do governo para privilegiar uma casta religiosa conservadora, rica e que chegou lá por meios extremamente obscuros, como os vetos a toda e qualquer campanha para o público LGBT, ou pelo tratamento da questão do aborto como problema de saúde pública, dentre outras, denunciam a escolha feita pelo governo e não o fim das disputas e dos combates em busca de um Estado Laico.
Aliás, não faço uma crítica ao @senshosp em si, seu texto possui algumas análises que acho bastante válidas, mas discordo de suas conclusões e, acima de tudo, do parâmetro “Marxistas/Esquerda versus Evangélicos” utilizado. A luta contra a teocratização do país não é apenas uma luta das esquerdas. Ao mesmo tempo, discordo do título e tomo-o como referência de minha análise.
Não devemos aprender nada com estes criminosos (e lembro que falo de líderes e não dos coitados enganados com promessas de riquezas materiais caso abram mão de tudo que é material para seus líderes. E, sim, a contradição é proposital e pregada por eles) que se aproveitam das brechas – ou mesmo da total ilegalidade – na legislação para usar concessões públicas para pregação, da inação dos órgãos públicos para efetuarem a clara lavagem de dinheiro que praticam, para não falar na lavagem cerebral e no flagrante desrespeito às leis – mesmo que de convivência e sociais.
Temos de combater este estado de coisas, e, acreditem em mim, não faltam religiosos, mesmo do campo evangélico, que seriam aliados de primeira ordem, que são laicos e se opõem de forma veemente a estes que prometem os céus mediante pagamento no cartão em suaves prestações e que, no meio tempo, pregam o ódio e usam o povo como instrumento de sua vingança contra a humanidade.
Reforçando, o crescimento destes “evangélicos” não se deve ao PT, mas sem dúvida a chegada da esquerda ao poder poderia e deveria ter combatido este crescimento oferecendo opções, como lazer, cultura, educação e ensinado para que serve o Estado/Poder Público e como não ser enganado facilmente. Sejamos honestos: qual era a importância e o poder destes – Macedo, Valdomiro, Malafaia – durante o governo FHC? Foi um governo nefasto, sem dúvida, mas em momento algum usou de religião para justificar ou promover retrocessos. Era ideológico e não religioso, por pior que fosse a ideologia. É possível dizer que os marginais da fé não eram ainda tão poderosos, talvez, mas não importou seu poder, não tiveram vez.
Uma democratização das comunicações, com o fim de concessões a igrejas e pastores, a proibição de programas de tele-evangelização (a venda de horário de concessões públicas em si é contra a lei, logo, vender horário para igrejas não deveria ser tolerado) e a ampliação da internet (e não a piada do PNBL entregue para as teles lucrarem com serviço pior que o que já oferecem), seria de grande ajuda, mas nada foi feito. Ampliar o alcance e a qualidade da educação pública, melhorando salários de professores e os preparando melhor para a profissão seria outro passo importante, assim como dar dignidade à população que, muitas vezes, recorre a esses marginais da fé por puro desespero de suas condições sociais e econômicas.
É óbvio – e nisso vejo méritos no texto que analiso – que precisamos realizar uma autocrítica profunda. A esquerda, em sua imensa fragmentação, tem falhas visíveis e invisíveis. Se por um lado é fato que o governo e o PT caminharam a passos largos para a direita por gosto e prazer, por outro a fragmentação da esquerda ainda durante as disputas do Lula-Operário ajudaram a facilitar que o PT se transformasse nessa máquina eleitoral descolada totalmente das bandeiras históricas da esquerda. Hoje mesmo, temos uma infinidade de formações de esquerda ou que se dizem de esquerda e que não dialogam – ou, se o fazem, o diálogo não caminha muito. Desde partidos que pregam a surrealpolitik, se aliando a ruralistas e espancadores, como o PCdoB, passando pelo PSB, PDT (do Paulinho que defende prostituição como apaziguador de ânimos) e mesmo o PSOL, com inúmeros rachas internos, além dos minúsculos PSTU, PPL e PCO, até grupúsculos insignificantes em um quadro amplo como LER-QI, LBI, POR, MEPR, PCML e tantos outros que costumam se odiar e pregar uma pureza inalcançável – e até desnecessária.
O que vejo é uma soma de fatores, que vão desde problemas estruturais da esquerda, passando pela inação e covardia do governo – passando também pela Ditadura que, se de um lado viu um crescimento da Teologia da Libertação, acabou por massacrar organismos evangélicos tradicionais legítimos e até progressistas, facilitando a proliferação de igrejas totalmente desligadas de qualquer tipo de regra mínima de convivência com a diversidade -, até a falta de legislação ou mesmo aplicação delas contra um câncer que cresce, se espalha e periga chegar até a metástase: os marginais da fé.
fonte: http://www.revistaamalgama.com.br/03/2012/esquerda-evangelicos/

Leia/assista também: 

 Documentário de João Moreira Salles, acerca da influência do pentecostalismo em uma região completamente abandonada pelo Estado. Salles filmou durante oito meses o nascimento e a consolidação de uma igreja pentecostal, a Casa de Oração Jesus é o General, num loteamento clandestino do subúrbio de Santa Cruz, no Rio. 

Dirigida por um ex-metalúrgico que tornou-se pastor, vemos o poder do carismatismo e da ordem social que a religião pentecostal traz, além de ajudar na alfabetização, emprego e saúde da população desassistida. Documentário brilhante e obrigatório para quem pesquisa o tema.


"Os evangélicos descobriram o que Lula não conseguiu: para vencer é preciso mídia"

  PERCEPÇÕES E VALORES POLÍTICOS NA PERIFERIA DE SÃO PAULO.  


 Ditadura: Evangélicos progressistas na mira do SNI

 Pelo Senhor, marchamos - Os evangélicos e a ditadura militar no Brasil (1964


Que possamos contar com militares que colaborem para a construção de um país mais soberano, democrático e justo.


Quem ouviu as declarações do candidato a vice da chapa do “coiso” no dia de ontem, deve ter ficado mais uma vez boquiaberto e estupefato com o que foi dito a respeito do fim do pagamento do 13º salário e do adicional de  férias, certamente,  se não fosse dito pela própria boca do general Mourão, seria encarado como fakenews.

O que é mais estranho ou absurdo, é ser dito por um vice  que pretende vir a ser escolhido pela população para governar o país, a menos que o mesmo esteja tão certo que a vontade da maioria não prevalecerá,  para se  sentir tão  a vontade  para  reforçar  o festival de insanidades ou besteiras que assola o país,  desde que foi retirada a tampa do esgoto que cobre  o pensamento ideológico anti povo,  anti social  e anti nação das elites que fizeram e ainda fazem o  Brasil arcaico, mesmo que sob a aparência fashion e com alta tecnologia,  o que aconteceu quando um grupo de parlamentares  irresponsáveis e inconsequentes resolveram afastar uma presidente honesta do cargo.

Utilizando aqui uma expressão corrente no discurso jurídico, causa-nos espécie, as declarações do general Mourão, pelo  fato da formação de um general em tese,  ser equivalente a  de um professor doutor. 

Neste sentido cabe perguntar,  o que foi e é feito do investimento público que a nação fez/faz na Escola Superior de Guerra (ESG), na Escola de Comando eEstado Maior do Exército (ECEME), na  Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (ESAO) e na própria Academia Militar das Agulhas Negras?

Haja repensarmos a educação no Brasil, em todos os níveis, e para todos os segmentos da sociedade. Isso porque, pensar e construir um Brasil como quis os melhores  país/ mães  e heróis  da  nossa  pátria/mátria,  é (re) conhecer  tudo de bom e de ruím que carregamos como sociedade e como nação, para fazendo assim,  podermos dar o salto necessário para tratar e curar nossas neuroses e paranóias coletivas, evitando surtos coletivos que podem  nos levar ao colapso enquanto nação, aqui tratando de questões de ordem emocional, por estar na ordem do dia, mas sem esquecer a base material fundamental que retroalimenta esse país em transe ou a beira de um ataque de nervos.

Voltemos ao que foi produzido em matéria de pensamento critico sobre a nossa formação,  e  para àquilo que foi produzido pelos  nossos melhores artistas e escritores comprometidos com os sonhos de um país melhor para todos.

Nesse sentido, a formação de nível superior, não apenas no caso da formação militar,  precisa urgentemente,  dar uma atenção especial aos nossos intelectuais e artistas comprometidos com a realização das promessas de nosso hino nacional.

(...) Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte
Em teu seio, ó liberdade
Desafia o nosso peito a própria morte!

 
Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil

Pátria amada
Brasil! (...)


Falo assim, pois foi fora da universidade onde mais  li e aprendi sobre Paulo Freire, Darcy Ribeiro, Celso FurtadoManoel Bomfim, Abdias do Nascimento, Clóvis Moura e assemelhados.

Dentro da maioria das universidades ainda prevalece o estudo de muitos autores estrangeiros, os quais são muito necessários, porém incapazes de dar conta das nossa complexidade e singularidades do nosso processo de formação como povo, como nação. 

Nos espaços de formação dos militares brasileiros o quadro talvez seja grave, por conta da escolha dos autores brasileiros mais elitistas, reacionários e conservadores. Uma hipótese para explicar os disparates expressos pela fala do citado general.

Mas, para não dizer que tudo está  perdido, o diplomata Celso Amorim , diante da péssima impressão que causaram as declarações de alguns militares nestas eleições, em especial dos militares candidatos, nos traz a seguinte noticia.


E para relaxar, mas refletir ao mesmo tempo.  As canções “Podres Poderes”, “Prosa impúrpura do Caicó”, "Pátria Amada", canção pouco conhecida de Geraldo Vandré, "Canção da Despedida", de Vandré em parceria com Geraldo Azevedo,  duas canções de exilio.   “Aqui é o meu País”, nesse clipe, tendo imagens como pano de fundo  homenageado o trabalho da aeronáutica  e "Coração Civil".

P.S.: "Utilizando aqui uma expressão corrente no discurso jurídico, causa-nos espécie, as declarações do general Mourão, pelo  fato da formação de um general em tese,  ser equivalente a  de um professor doutor." Ledo engano, depois de um tempo da escrita desse artigo, me deparei com postagens afirmando que não é bem assim e o nivel de estudos na ESG é rebaixado, se compararmos com os mestrados e doutorados das universidades públicas.  Infelizmente não pude guardar esses textos. 
Acréscimo realizado em 03 de Maio de 2020

Militares atuaram ativamente no golpismo bolsonarista
Golpismo bolsonarista teve atuação de militares do início do governo à eleição, como no discurso da fraude eleitoral.

ENTREVISTA: ‘AS FORÇAS ARMADAS NÃO DEVEM TER VOZ ALGUMA EM UM AMBIENTE POLÍTICO’, DIZ PESQUISADOR
Juliano Cortinhas critica falta de discussão sobre a Defesa durante transição e aponta erro da imprensa ao ‘colocar microfone na boca’ dos militares.
acréscimo em 05/12/2022

P.S.: E nas pessoas do capitão Sérgio Macaco e do general e historiador Nelson Werneck Sodré,  a nossa homenagem aos nossos melhores militares e melhores brasileiros.

Saiba o porque aqui  e aqui. E abaixo:


   

Zezito de OliveiraEducador, agente cultural e blogueiro.
 Podres Poderes - Caetano Veloso

Será que nunca faremos senão confirmar
A incompetência da América católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos?
Será, será que será que será que será
Será que essa minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir
Por mais zil anos?
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Índios e padres e bichas, negros e mulheres
E adolescentes fazem o carnaval
Queria querer cantar afinado com Ellis
Silenciar em respeito ao seu transe, num êxtase
Ser indecente
Mas tudo é muito mau
Ou então cada paisano e cada capataz
Com sua burrice fará jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades, caatingas
E nos Gerais?
Será que apenas os hermetismos pascoais
Os tons, os mil tons, seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão dessas trevas
E nada mais?
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome, de raiva e de sede
São tantas vezes gestos naturais
Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo
Daqueles que velam pela alegria do mundo
Indo mais fundo
Tins e bens e tais




A prosa impúrpura do Caicó - Chico César 

Ah! Caicó arcaico 

em meu peito catolaico







Tudo é descrença e fé
 
Ah! Caicó arcaico
Meu cashcouer mallarmaico

Tudo rejeita e quer 
 
É com, é sem
Milhão e vintém
Todo mundo e ninguém

Pé de xique-xique, pé de flor

Relabucho, velório
Videogame oratório
High-cult simplório
Amor sem fim, desamor

Sexo no-iê
Oxente, oh! Shit
Cego Aderaldo olhando pra mim
Moonwalkmam





Patria Amada Idolatrada Salve Salve -Geraldo Vandré





Se é pra dizer adeus
Pra não te ver jamais
Eu, que dos filhos teus
Fui te querer demais

No verso que hoje chora
Pra te fazer capaz

Da dor que me devora
Quero dizer-te mais
Que além de adeus agora
Eu te prometo em paz
Levar comigo afora
O amor demais
 
 
Amado meu
Sempre será
Quem me guardou
No seu cantar

Quem me levou
Além do céu
Além dos seus
E além do mais
 
Amado meu,
Que além de mim se dá
Não se perdeu
E nem se perderá





  Canção da Despedida

Já vou embora
mas sei que vou voltar
Amor não chora
Se eu volto é pra ficar

Amor não chora
que a hora é de deixar
O amor de agora pra sempre ele ficar

Eu quis ficar aqui mas não podia
O meu caminho a ti não conduzia
Um rei mal coroado não queria o amor em seu reinado
Pois sabia não ia ser amado

Amor não chora eu volto um dia
O rei velho e cansado já morria
Perdido em seu reinado
Sem Maria
Quando eu me despedia
No meu canto lhe dizia

 

Meu País -Ivan Lins





Aqui é o meu país
Nos seios da minha amada
Nos olhos da perdiz
Na lua na invernada
Nas trilhas, estradas e veias que vão
Do céu ao coração
 
Aqui é o meu país
De botas, cavalos, estórias
De yaras e sacis
Violas cantando glórias
Vitórias, ponteios e desafios
No peito do Brasil

Me diz, me diz
Como ser feliz em outro lugar

Aqui é o meu país
Dos sonhos sem cabimento
Aqui sou um passarim
Que as penas estão por dentro

Por isso aprendi a cantar,
Voar, voar, voar
Me diz, me diz
Como ser feliz em outro lugar



Quero a utopia, quero tudo e mais
Quero a felicidade dos olhos de um pai
Quero a alegria muita gente feliz
Quero que a justiça reine em meu país
Quero a liberdade, quero o vinho e o pão
Quero ser amizade, quero amor, prazer
Quero nossa cidade sempre ensolarada
Os meninos e o povo no poder, eu quero ver
São José da Costa Rica, coração civil
Me inspire no meu sonho de amor Brasil
Se o poeta é o que sonha o que vai ser real
Bom sonhar coisas boas que o homem faz
E esperar pelos frutos no quintal
Sem polícia, nem a milícia, nem feitiço, cadê poder?
Viva a preguiça, viva a malícia que só a gente é que sabe ter
Assim dizendo a minha utopia eu vou levando a vida
Eu viver bem melhor
Doido pra ver o meu sonho teimoso, um dia se realizar

 


Abaixo canções para lembrar o compromisso.







quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Educação com a força da fé, da consciência politica e com muito trabalho.

São Cosme quer caruru
com bastante camarão
Estão todos convidados
Todos menos ele não.

Damião já vem brincar
de rodar e pegar pinhão
o meu santo vem rezando
Livrai-nos do ele não.

São Cosme e São Damião
Meus Santos de devoção
Protegei a nossa Pátria
De qualquer perturbação
alegrai os nossos dias
livrai-nos do ele não.

São Cosme e São Damião
Mário Resende
27/09/2018

Neste de 27 de setembro de 2018,  dia de São Cosme e Damião,  que as crianças cada vez mais cantem livres e  estudem em escolas bem ventiladas e iluminadas, sem o calor infernal que faz no verão. 


Com quadra de esportes  e laboratórios. Sem o mesmo tipo de merenda quase todo o dia, principalmente a que funciona como uma bomba relógio para o surgimento de  doenças como  obesidade, diabetes e hipertensão . 

Escolas que tenham auditórios e salas de artes exclusivas, assim como recursos financeiros para o investimento em oficinas culturais, saraus e cineclubes 


Que nós professores , tenhamos um salário digno e acesso gratuito à cursos de formação continuada, inclusive aos de pós graduação.


Assim sendo,  teremos a disciplina e o aprendizado evoluindo até chegar a situação de paz e conhecimento que desejamos. É assim que funciona em países que dão certo, logicamente porque a educação é encarada como prioridade., inclusive no orçamento.


Que o espirito santo e os seus dons   toque na mente e no coração dos eleitores brasileiros,  para que façam escolhas de candidatos comprometidos com as palavras que escrevi acima, de deputado a presidente.  


Comprometidos não apenas em palavras, mas com gestos e ações pretéritas.  Mas,  cuidado especial com  falsos cristãos que cometem o pecado de usar o nome de Deus em vão. São como lobos que vem pegar as ovelhas desprevenidas, disfarçados de pastores. 
  

Segundo o catecismo da igreja católica “Os sete dons do Espírito Santo são: sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus.”
#cosmeedamião

Zezito de Oliveira 












terça-feira, 25 de setembro de 2018

Haddad: 'Reerguemos e tornamos competitivo o projeto de centro-esquerda'

Diálogo

Candidato do PT considera segundo turno, seja qual for o candidato, um embate entre direitos e ditadura. E o representante progressista terá de saber "costurar, cerzir uma roupa que foi esgarçada"

por Vitor Nuzzi, da RBA publicado 24/09/2018 20h29, última modificação 24/09/2018 20h37

Ana Flávia Marx

Enrevista de Haddad a imprensa independente
Haddad: 'A classe dominante não tem necessariamente uma unidade. Tem muita gente envergonhada'


São Paulo – Com 13 dias como candidato e a 13 dias do primeiro turno, Fernando Haddad (PT) considera que "nada está garantido", mas ressalta o fato de que um projeto de centro-esquerda estará representado na segunda rodada eleitoral.
Dois anos atrás, ele aponta o risco de um embate entre "direita e extrema-direita". "Estamos na disputa. Reerguemos o projeto de centro-esquerda e demos a ele condições competitivas", afirmou, em entrevista coletiva a veículos da mídia alternativa, no início da noite desta segunda-feira (24), em São Paulo.
Agora com 22% segundo o Ibope – a entrevista ocorreu antes da divulgação da pesquisa –, Haddad avalia que o segundo turno terá uma disputa entre um projeto social, de preservação de direitos, e um de ditadura, mesmo simbólica.
"Existe uma ameaça real à democracia. Estamos falando de uma coisa que é fruto de uma luta histórica de gerações. De um lado, direitos. De outro, ditadura, nas formas contemporâneas. Os riscos são enormes, e isso está sendo naturalizado. Esse campo dos direitos e da ditadura está se moldando."
Mas há fatores que ainda evidenciam uma indefinição do cenário, segundo o presidenciável petista. "Neste momentos de interregno histórico, também a classe dominante não tem necessariamente uma unidade. Tem muita gente envergonhada. Não declara porque acha que isso é jogar água no moinho do PT."
Ele citou declaração do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, sobre respeito ao resultado eleitoral, o que deveria ser uma obviedade, em uma situação política normal. "É porque não é mais óbvio."
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Ele concordou com a apontada presença do antipetismo na eleição, mas lembrou que não se trata de fenômeno novo. "Ouço boato sobre o Lula desde 1980", afirmou, "porque ele é uma pessoa indesejável para a casa-grande." Mas manifestou confiança no diálogo. "Os franceses estão na quinta república. Teve de tudo para consolidar o que hoje a gente tanto admira. Acredito nos fundamentos (políticos, econômicos e sociais) do país. E a sociedade vai responder a um chamado de reconstrução."

Tem de vir "piano"

Sobre a campanha, ele lembrou que 30% dos eleitores ainda não sabem quem é o candidato do PT, enquanto 12% dizem que vão votar no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já não é mais candidato. Mas acrescentou que nada se resolverá no dia 7 ou em 28 de outubro.
"Quem ganhar vai ter de vir 'piano' conversar com as pessoas", afirmou. Segundo Haddad, será necessário um "trabalho de costura, de cerzir uma roupa que foi esgarçada".
"Vamos ter de reconstruir, inclusive no imaginário das pessoas, alguma confiança no processo político. Não vejo como uma travessia fácil." Não será como em 2002, quando Lula venceu pela primeira vez. Haddad observou que havia uma crise econômica, mas a transição ocorreu de forma tranquila. 
Esse processo tem duas dimensões, segundo o candidato: discussão do programa de governo e fortalecimento das instituições. No primeiro caso, a negociação é com o Congresso. Segundo Haddad, existem medidas "com caráter adiantado de redação". O programa inclui uma discussão sobre os meios de comunicação "como nunca nós fizemos". 
No segundo caso, é preciso discutir como se recuperar do desgaste de Executivo, Legislativo e Judiciário – inclusive setores do Ministério Público "que partidarizaram o combate à corrupção". "Isso não tem nada a ver com programa de governo. Numa situação normal, só teríamos a discussão programática", disse Haddad, para quem é preciso recuperar uma "cultura democrática", o que inclui as Forças Armadas. 
O petista reafirmou que "trabalhou intensamente" por uma chapa única no campo da centro-esquerda, conversando com o agora candidato do PDT, Ciro Gomes, e inclusive intermediando reunião entre o presidente do partido, Carlos Lupi, e Lula. "Sempre joguei no time da coalizão. Acho que vamos estar juntos no segundo turno."
Uma das perguntas foi sobre a possibilidade de o agressor de Bolsonaro, Adélio Bispo, dar entrevistas sobre o ataque ocorrido no último dia 6. "O Marcola dá entrevista, esse rapaz dá entrevista e o Lula não pode dar um recado, não pode filmar. Tudo isso vai sendo registrado pelos historiadores."

Assista à íntegra da entrevista: AQUI