terça-feira, 31 de outubro de 2023

O TRADICIONALISMO AVANÇA DENTRO E FORA DA IGREJA CATÓLICA

MESMO A IGREJA CATÓLICA TENDO UM PAPA COMO FRANCISCO. 

Romero Venâncio (UFS)

Já é público e notório o crescimento vertiginoso de um tipo particular de "tradicionalismo contemporâneo” dentro do catolicismo romano no mundo e, em particular, no Brasil. Com o desenvolvimento das mídias digitais a coisa tornou-se irreversível. Trata-se de uma realidade. Se a CNBB e toda a "esquerda católica" faz vista grossa ou resolve aplicar a si a tática do avestruz, ou seja, enfiar a cabeça embaixo da terra e avaliar que nada acontece porque não está vendo, paciência. Uma realidade não deixa de existir porque eu penso que ela não existe. 

Desde 2016 acompanho e monitoro as redes de um grupo chamado "Centro Dom Bosco" do Rio de Janeiro. Seus cursos, suas lives, seus processos contra a Netflix/Porta dos Fundos e as "Católicas pelo direito de decidir", sua ação em paróquias contra uma missa no dia da "consciência negra" ou suas aulas no domingo à noite. Atualmente, decidiram entrar de vez no campo do audiovisual na linha do "Brasil Paralelo", exatamente em cumprimento ao projeto propalado por Olavo de Carvalho.

Vai na sexta edição a chamada "Liga Cristo Rei". Uma tentativa do Centro dom Bosco de reunir toda a "direita católica" brasileira e com participação de figuras de cunho internacional. Neste 2023, tiveram a presença de Dom Athanasius Schneider (O.R.C.) que é um bispo católico romano do Cazaquistão, bispo auxiliar de Astana e tradicionalista de carteirinha. Todos os presentes se dedicaram em todo o encontro a criticar radicalmente o "Sínodo da sinodalidade" e a teologia do Papa Francisco. Todos são marcados por uma "teoria da conspiração" e um "pânico moral" que chegam ao delírio. Na leitura dessa gente, o fim da Igreja Católica está próximo, caso não se mude o rumo eclesial de acordo com o "tradicionalismo" deles.

Na leitura "teológica" do Centro Dom Bosco e seus apoiadores, tudo começou a partir do Concílio Vaticano II. Seguiu com as conferências episcopais na América Latina e chega seu ponto mais alto com a Teologia da Libertação. Em síntese, a Igreja Católica atual estaria atolada em uma grande forma de "heresia" e que o Papa Francisco passa a ser o seu promotor. 

Segundo o antropólogo dos EUA Benjamin R. Teitelbaum em seu importante livro: "Guerra da eternidade: o retorno do tradicionalismo e a ascensão da direita populista" (Editora da UNICAMP, 2020), a volta de um tipo particular de "tradicionalismo" está em curso no mundo. Em seu livro, Teitelbaum entrevistou Steve Bannon, Olavo de Carvalho e Aleksandr Dugin e percebeu algo em comum entre os três e o papel que eles desempenham em seus países numa jornada tradicionalista de extrema direita. O livro do Teitelbaum deveria ter sido um alerta importante quando da sua tradução no Brasil. Fomos e somos um dos países atingidos por este movimento e que legou um projeto político que chegou à Presidência da República. 

A pesquisadora e professora Gizele Zanotto que estuda a TFP (Tradição, Família e Propriedade), em um ensaio importante e atual, chama a atenção para uma América Latina marcada pelo "tradicionalismo reacionário católico". No texto aborda “uma rede de sociabilidade integrista: a expansão tefepista para a Argentina e o Chile" (2019). E alerta "para além das revistas, pontuamos que reuniões, grupos, de estudo, debates, palestras, manifestos, difusão de obras, páginas, blogs e outras formas de agregação online são sustentáculos de grupos articulados em torno de uma tradição intelectual."  

Assim, avança o tradicionalismo católico atual com um discurso reacionário em uma forma de comunicação mais avançada que temos. Um aparente paradoxo já desvendado por Adorno e Horkheimer no livro "Dialética do Esclarecimento". Usam os meios de comunicação mais avançados em termos técnicos para divulgar uma mensagem reacionária e de simpatia pelo fascismo. Estão frutificando? Não temos mais dúvidas. Chegaram as paróquias e dioceses. Jovens padres tradicionalistas é o que mais cresce no catolicismo brasileiro com apoio de vários bispos e até cardeais (para maiores esclarecimentos, consultemos o pe. Agenor Brighenti em seus estudos sobre o clero brasileiro). 

E não podemos esquecer de um laicato muito receptivo para todo tipo de tradicionalismo católico.

O tradicionalismo como ameaça para uma Igreja em saída




SÍNODO 5
Pe. João Mendonça, sdb

Ainda não recebi o texto síntese desta etapa sinodal em português, mas recebi em italiano. Não vou aqui me pronunciar com profundidade sobre o mesmo. Quero apenas dizer, na escuta das entrevistas e nas leitura que fiz, que foi construída uma base de reflexão que começa agora, desde esta grande escuta universal, a desenvolver ações que colaborem na sinodalidade. O Sínodo, portanto, não acabou, não foi feito um documento, mas um texto cujos elementos precisam continuar sendo refletidos em várias instâncias. 
Com o título UMA IGREJA EM MISSÃO, a síntese tem 3 partes: 1. O rosto da Igreja sinodal; 2. Todos discípulos, todos missionários; 3. Tecer laços, construir comunidades.
- Na introdução, o Batismo é apresentado como o laço fundamental da nossa missão eclesial;
1. O rosto da Igreja sinodal: apresenta a sinodalidade como valor teológico, uma maneira de agir, que nasce da contemplação da Trindade na diversidade eclesial;
2. Todos discípulos, todos missionários: trata da sinodalidade como envolvimento de todo o Povo de Deus na riqueza dos ministérios e carismas a serviço do Reino de Deus;
3. Tecer laços, construir comunidades: a sinodalidade é apresentada como processos para criar pontes de diálogo entre a Igreja e o mundo.
Em cada parte encontramos as convergências, as questões emergentes da grande escuta e as propostas que precisam ser refletidas. Neste sentido, há a consciência de que o Sínodo não acaba aqui, mas abre questões teológicas, canônicas e pastorais, que precisam de maior aprofundamentos. As propostas indicam possibilidades, sugestões e caminhos que precisamos juntos percorrer. Caberá, portanto, as Conferências episcopais darem prosseguimento a essas indicações e proporcionar as reflexões necessárias no campo teológico, pastoral e canônico.

Alguns aspectos que chamam minha atenção:

1. A iniciação cristã – a entrada numa comunidade de fé;
2. Os pobres como os protagonistas do caminho eclesial;
3. A multiculturalidade da Igreja – uma riqueza que não pode assustar;
4. A interculturalidade da Igreja oriental e latina;
5. O ecumenismo;
6. A presença da mulher na Igreja à luz da dignidade batismal e as devidas consequências ministeriais e carismática;
7. O valor da vida religiosa consagrada na sua dimensão profética;
8. A presença efetiva e afetiva dos diáconos e presbíteros na Igreja sinodal;
9. O serviço do bispo como sinal de comunhão e testemunha na Igreja local;
10. A formação permanente do Povo de Deus numa perspectiva sinodal;
11. Os abusos e o discernimento para prevenção;
12. A sinodalidade requer uma Igreja que saiba escutar;
13. A evangelização digital como nova fronteira a ser acolhida porque ali estão, em grande número os adolescentes e jovens;

Outas questões decorrentes da síntese serão traduzidas em ações pontuais e dentro das realidades, mas o leque é enorme, e caberá realmente a todos nós leitura atenta, reflexão, oração, colaboração e ação conjunta. “O caminho se faz caminhando’.

O Papa: a teologia deve ser capaz de interpretar o Evangelho no mundo de hoje

Com o Motu Proprio "Ad theologiam promovendam", Francisco atualiza os Estatutos da Pontifícia Academia de Teologia, chamando-a a "uma corajosa revolução cultural" para ser profética e dialogante à luz da Revelação.
https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2023-11/papa-teologia-deve-ser-capaz-interpretar-evangelho-hoje.html?fbclid=IwAR2aPnhHQgdDCBeUJnFPTXLz4lN8MV0Ak1xbjw72Ku34EhHqhjllPzfhXLY
Papa Francisco convoca os teólogos a uma revolução cultural. Grande e profético Francisco! Um papa sensacional. Um homem muito sábio. 

Morre Danilo Miranda do SESC-SP. Um dos homens mais influentes no pensamento e na gestão cultural no Brasil do século XX e inicio do atual.

 A morte de Danilo Miranda, o Senhor Cultura, por Luís Nassif

Danilo Miranda morre com a justa distinção de mais relevante pessoa da cultura de São Paulo e, provavelmente, do país

Luis Nassif

Publicado em 30 de outubro de 2023, 12:58

Ninguém influenciou mais a arte brasileira, nas últimas décadas, que Danilo Miranda, o homem do SESC. Com o apoio do sempre presidente da Federação do Comércio de São Paulo, Abraham Szajman, Danilo transformou o SESC no maior ponto de apoio para as artes paulistanas, seja com seus teatros ou com seus cursos.

Sua biografia, na Wikipédia, traz uma síntese preciosa de sua atuação.

Era membro do conselho de entidades nacionais como a Fundação Bienal de São Paulo, o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), o Itaú Cultural, a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin e a SP Escola de Teatro. Foi presidente do Conselho Diretor do Fórum Cultural Mundial (2004) e presidente da comissão que organizou o Ano da França no Brasil (2009). Sua atuação internacional também abrange a vice-presidência do Conselho Internacional de Bem-Estar Social – ICSW, na sigla em inglês, de 2008 a 2010, além da composição atual da diretoria da ONG Art for the World, sediada na Suíça e dedicada à difusão da arte contemporânea.

Estudou Filosofia e Ciências Sociais, tendo realizado estudos complementares em gestão empresarial no International Institute for Management Development – IMD, na Suíça. Organizador de livros como “Ética e Cultura”, é reconhecido nacional e internacionalmente pelo trabalho que realiza à frente do Sesc São Paulo. Sua abordagem se baseia na perspectiva de que a cultura deve ser entendida de forma ampliada, de forte sentido educativo, entrelaçando o mundo das artes e do espetáculo à memória, à aprendizagem e à convivência. Para ele, “cultura e educação são duas facetas de uma mesma realidade”.

Entre as diversas distinções recebidas ao longo da carreira constam a Condecoração de Mérito da República da Polônia, pelas contribuições às relações culturais Brasil-Polônia (2000); a Ordem do Mérito Cultural, concedida pelo Governo Federal (2004); o grau de Oficial da Ordem das Artes e das Letras, concedido pela França (2005); o Diploma de Mérito do Governo Japonês, pelo empenho na difusão da arte e cultura japonesa no Brasil (2006); a láurea de Comendador da Ordem do Mérito da República Francesa e da Ordem do Ipiranga (2010); e diversas condecorações de Ordem do Mérito, recebidas dos governos da Alemanha (2011), Bélgica (2012) e Polônia (2015), além do título de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, concedido por Portugal (2016).

Entre os prêmios, constam o Troféu HQ Mix, na categoria “Homenagem especial” (2003). O Prêmio Bravo! Prime de Cultura, na categoria “Personalidade cultural” (2009); e o Jürgen Palm Award, recebido da Tafisa – The Association For International Sport for All (2011)”.

O homem Danilo

Danilo foi aluno jesuíta e caminhava para ser da ordem. A disciplina jesuítica e os conceitos de que as pessoas são moldadas pela educação e pela cultura sempre inspiraram sua atuação.

Sempre esteve em linha com todos os avanços civilizatórios. Como declarou em uma entrevista ao próprio portal do Sesc:

“Melhorar, por exemplo, o nível de conhecimento das pessoas frente ao mundo à sua volta é uma missão permanente. A questão da diversidade e a questão LGBTQIA+, a gente já discute há algum tempo. Nós não nos antecipamos com “a intenção de…”. É algo natural. Dou outro exemplo: o foco na terceira idade, no idoso. Nos anos 1960, ninguém no Brasil fazia nada nesse sentido e o Sesc começou esse trabalho em 1963, buscando especialistas no mundo inteiro, fazendo debates, seminários, e criando tecnologia social para isso. Ao longo do tempo, praticamente todas as unidades do Sesc no Brasil, além de outras instituições, assumiram o trabalho com o idoso. Isso também vale para os programas de férias. O Sesc foi a primeira instituição a implantar um programa de férias organizadas, que chamávamos de “colônia”, termo hoje inadequado. Eu citaria mais dez modelos de ações que foram iniciadas no Sesc e que se tornaram políticas públicas. Ações que ganharam uma dimensão para além da instituição. A própria questão do lazer, do tempo livre, como um momento importante na vida do ser humano, e a questão do aproveitamento de espaços amplos para atuação cultural – caso do Sesc Pompeia, a primeira fábrica transformada em centro cultural no Brasil”.

Pouco se fala de sua âncora maior, a esposa Cleo. Militante política na juventude, jamais abandonou as causas iniciais, a bandeira dos desaparecidos políticos.

Recebemos ambos muitas vezes em casa, nos saraus musicais. Embora cortejado por todos os músicos e artistas do país, Danilo jamais se deixou deslumbrar. Era, acima de tudo, um servidor público da cultura.

Muitas vezes foi indicado para Ministro da Cultura, provocando reações negativas de toda a classe artística, que era unânime em afirmar que a maior contribuição à cultura estava justamente em seu trabalho à frente do Sesc-SP.

Quando Paulo Guedes tentou reduzir os recursos do Sistema S, a grande batalha contra os cortes veio justamente da classe artística e do trabalho de Danilo.

Ele foi uma das vítimas da Covid. Contraiu a doença e, depois disso, não mais se recuperou integralmente.

Morre com a justa distinção de mais relevante pessoa da cultura de São Paulo e, provavelmente, do país.

https://jornalggn.com.br/memoria/a-morte-de-danilo-miranda-o-senhor-cultura-por-luis-nassif/

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Amigas e amigos,
Com alegria compartilho o vídeo da série “Trajetórias”, produzido pelo Itaú Cultural, por ocasião da homenagem que recebi com o Prêmio Milú Villela, em novembro de 2022, o que muito me honra.
A série é uma produção original do Itaú Cultural que celebra os vencedores deste prêmio, abordando a carreira e a contribuição de diferentes personalidades brasileiras para as artes e a cultura do país. Os episódios podem ser vistos gratuitamente na plataforma Itaú Cultural Play

Danilo Santos de Miranda

"Os bens materiais sozinhos não fazem a felicidade de ninguém, embora grande parte, senão a maioria da humanidade, imagine que seja assim. Parece que o caráter humanizador da sociedade ficou relegado, mas o que nos torna humanos de fato, o que nos torna diferente dos outros seres que habitam este planeta, é a cultura, a arte, o conhecimento e a capacidade de, através da análise e percepção das coisas, transformar a realidade e, assim, tornar a vida das pessoas melhor. Parece que essa ligação entre o ser humano e a realidade está se tornando cada vez mais esgarçada, tênue, fraca. A humanidade precisa produzir além do material, e dentro desse campo vastíssimo da invenção humana existe uma área que trabalha com o simbólico, com a imaginação e com a fantasia, que é a arte".

Danilo Santos de Miranda

LUTO!!  Grande Danilo, em algumas vezes foi lembrado para ser ministro da cultura, mas ele se contentava em ser uma espécie de ministro da cultura não oficial..  E foi muito bom como tal...Merece toda a memória que puder ser construída e mantida a seu respeito e todas as homenagens possíveis..

Zezito de Oliveira

Danilo Miranda: Cultura como chave para enxergar o Brasil

Em entrevista feita há 6 anos, sociólogo falecido ontem vê o impasse de um país que deseja romper com passado colonial mas enfrenta ressentimento dos conservadores. Para ele, saída estava em abertura de horizontes que só a arte pode estimular

Entrevista Bianca Santana, na Cult e em Outras Palavras






segunda-feira, 30 de outubro de 2023

A arte como voz e imagem da luta e resistência do povo palestino

 Coral de Crianças Palestinas interpreta a música antifascista "Bella Ciao". É impossível não ficar emocionado. Palestina Livre do rio ao mar.

NABIL ANANI ( Palestinian artist ,1943-) Mother’s Embrace, 2013


Canção interpretada pela cantora libanesa Julia Boutros (جوليا بطرس) e dirigida à resistência de pueblos como a da Palestina.

Um resumo de manifestações que ocorreram em diversos países no último final de semana




domingo, 29 de outubro de 2023

Não fale ou escreva sobre Segurança Pública sem antes ler ou ouvir Luiz Eduardo Soares. “As polícias replicam a dinâmica da ditadura e o MP, que deveria contê-las, é cúmplice”

 https://www.youtube.com/watch?v=sDZ4cKSVAug


Luiz Eduardo Bento de Mello Soares (12 de março de 1954, Nova Friburgo) é um antropólogo, cientista político e escritor brasileiro. Considerado como um dos mais importantes especialistas em segurança pública do Brasil,[1][2][3] defende a legalização das drogas,[4] a unificação das polícias militar e civil[5] e o fim do encarceramento em massa.[6]

É autor ou coautor de dezenas de livros, incluindo os best-sellers Elite da Tropa (com André Batista e Rodrigo Pimentel) e Elite da Tropa 2 (com André Batista, Claudio Ferraz e Rodrigo Pimentel).

Formação acadêmica

Graduado em Letras (1975) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, é mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (dissertação: Campesinato: Ideologia e Política, 1981) e doutor em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (tese: A invenção do sujeito universal: Hobbes e a política como experiência dramática do sentido, 1991). Entre 1995 e 1997, realizou pesquisas de pós-doutorado em filosofia política, nas Universidades de Pittsburgh e Virgínia, nos Estados Unidos. [7][8]

Foi professor da UERJ, do Iuperj, da Universidade Cândido Mendes e da Unicamp; pesquisador do ISER e do Vera Institute of Justice de Nova York, além de ter sido professor visitante da Columbia University, Universidade da Virgínia e Universidade de Pittsburgh, nos EUA.

Coordenou o curso de especialização em Segurança Pública da Universidade Estácio de Sá (2008 - 2015).

Atividades profissionais

Foi Subsecretário de Segurança e Coordenador de Segurança, Justiça e Cidadania do Estado do Rio de Janeiro (entre janeiro de 1999 e março de 2000), durante o governo de Anthony Garotinho, quando chegou a denunciar a "banda podre" da polícia do Rio. Após uma polêmica em que teria defendido a atitude do cineasta João Moreira Salles, que supostamente pagava mesada ao traficante Marcinho VP, Soares foi demitido, ao vivo, no telejornal RJTV pelo então governador.

Foi também consultor da prefeitura de Porto Alegre, responsável pelo plano municipal de segurança e pela implantação do projeto piloto (em 2001). Ocupou a Secretaria Nacional de Segurança Pública (entre janeiro e outubro de 2003) no primeiro governo Lula, tendo sido afastado dos dois cargos por pressões políticas. Posteriormente, foi Secretário Municipal de Valorização da Vida e Prevenção da Violência de Nova Iguaçu (RJ) (2007-2009).

Em 2010, foi idealizador das propostas para a área de segurança pública da senadora e candidata do PV à presidência da república, Marina Silva. Posteriormente, foi um cofundador da Rede Sustentabilidade, liderada por Marina. Contudo, Soares deixou o partido em 2016, em razão de divergências com os dirigentes do partido, especialmente depois que estes decidiram apoiar o impeachment da presidente Dilma Rousseff. [9]

Produção bibliográfica

Luiz Eduardo Soares é autor, coautor ou organizador de mais de vinte livros, destacando-se:

Meu casaco de general: 500 dias no front da Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. Cia. das Letras, 2000.

Cabeça de porco (com MV Bill e Celso Athayde). Objetiva, 2005.

Elite da tropa (com André Batista e Rodrigo Pimentel). Objetiva, 2006.

Elite da Tropa 2 (com André Batista e Rodrigo Pimentel e Claudio Ferraz). Nova Frontera, 2010.

Troupe d'élite 2 (de André Batista, Rodrigo Pimentel et Claudio Ferraz). Editions Anacaona, 2011.

Segurança tem saída. Sextante, 2006.

Legalidade Libertária. Lumen Juris.

Espírito Santo (com Carlos Eduardo e Rodney Miranda)

Justiça, Ediouro, 2011

Tudo ou Nada, Ediouro, 2011

Rio de Janeiro - Histórias de Vida e Morte, Companhia das Letras, 2015.

Vidas Presentes - Cidade Aprendiz, 2017.

Desmilitarizar - Segurança Pública E Direitos Humanos, Boitempo, 2019.[10]

O Brasil e seu duplo - Uma discussão sobre os extremismos que marcam o momento político do país, Todavia, 2019. [11]

Também é autor de capítulos de dezenas de livros, além de inúmeros artigos em jornais e revistas do Brasil.

sábado, 28 de outubro de 2023

Jesus palestino e sua via sacra nos dias de hoje

 






Palestina e a história do cristianismo







A SÉRIE QUE ISRAEL CENSUROU: O LOBBY — EUA (Episódio 1)

 LOBBY – USA – Doc Al Jazeera, by The Intercept Brasil (censured doc)

Fonte: https://www.intercept.com.br/series/the-lobby-a-serie-que-israel-

censurou/?utm_source=The+Intercept+Brasil+Newsletter

A SÉRIE QUE ISRAEL CENSUROU: O LOBBY — EUA (Episódio 1)

Os defensores do governo de Israel não querem que você saiba que ele tem um grande

flanco aberto: o apoio dos Estados Unidos. E é por isso que, quando um jornalista

disfarçado da Al Jazeera se infiltrou em organizações influentes do lobby israelense junto

ao governo americano, acabou provocando um incidente diplomático internacional – e

descobrindo casos de espionagem, difamação e até investidas do estado israelense

contra universitários americanos. Este é o primeiro de quatro episódios da série

censurada por Israel, disponível pela primeira vez em português. Ele revela como

representantes do governo israelense e de outros grupos pró-Israel nos EUA atuam para

estrangular o movimento pró-Palestina BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) em um

campus universitário da Califórnia.

https://www.youtube.com/watch?v=ggYEw9WqXqw (48m10s)


A SÉRIE QUE ISRAEL CENSUROU: O LOBBY — EUA (Episódio 2)

No segundo episódio da série que Israel censurou, o repórter infiltrado da Al Jazeera

mostra como o lobby do país financia – ou transforma em alvos – políticos americanos

para garantir apoio incondicional ao estado israelense. Veja também como o crescimento

da população evangélica nos EUA ameaça judeus, mas fortalece Israel.

https://www.youtube.com/watch?v=K3dhGay9sfk (49m37s)


GRUPO ANÔNIMO PERSEGUE ATIVISTAS PRÓ-PALESTINA: O LOBBY — EUA

(Episódio 3)

Grupos de extrema direita estão listando brasileiros que defendem a causa palestina e os

delatando para os EUA como “apoiadores do Hamas”. A tática não é nova: os bastidores

da Canary Mission, grupo anônimo que faz exatamente isso com ativistas nos EUA, são

revelados neste episódio da série censurada sobre o lobby do Israel.

https://www.youtube.com/watch?v=MU_ckDRmKwI&t=2s (50m15s)


LOBBY PRÓ-ISRAEL SABOTOU BLACK LIVES MATTER: O LOBBY — EUA (Episódio 4)

O movimento negro contra violência policial formou um laço de solidariedade com os

ativistas que defendem a Palestina – e Israel não gostou nada disso. Assustado com o

rótulo de apartheid que tem sido colado ao país, o lobby pró-Israel logo respondeu:

sabotaram o Black Lives Matter e cooptaram sul-africanos para desmentir o apartheid na

Palestina. No quarto e último episódio da série que Israel censurou, vemos ainda como

lobistas atuam em Israel para gerir o discurso sobre o país que circula na imprensa.


https://www.youtube.com/watch?v=IBqA1vHAhCw (49m37s)

Novo 'Grande Sertão Veredas' tem milícias e Diadorim não binário

 Reinventado por Guel Arraes e Jorge Furtado, filme está sendo transformado para chegar à telona, com estreia prevista para novembro



Publicado em 5 de janeiro de 2022 | 13h45 - Atualizado em 5 de janeiro de 2022 | 15h24

Dos jagunços para os criminosos urbanos, do sertão para uma imensa periferia. Reinventado por Guel Arraes e Jorge Furtado, o clássico "Grande Sertão: Veredas", de Guimarães Rosa, está sendo transformado para chegar às telas de cinema, com estreia prevista para novembro deste ano.

 Numa visita ao set no mês passado, foi possível acompanhar a gravação de uma cena que se passa num baile funk, por exemplo. Ali reluziam roupas douradas e prateadas, paetês, glitter, correntes e bonés. Cada elemento se somava para formar um cenário com um quê de distópico, de futurista, de não real.

 "Fomos criando elementos para 'desrealizar' um pouco. Como se fosse a terceira geração de um mesmo bando, quase uma tribo que já tivesse seus rituais, suas roupas. Fomos alegorizando. Mais na tradição do Glauber [Rocha, cineasta] do que do cinema documental", afirma Guel Arraes, diretor do filme.

 A adaptação transpôs o sertão para uma gigantesca periferia urbana, cercada por um enorme muro. Enquanto no livro as batalhas são entre jagunços, no filme a guerra acontece entre bandidos e policiais.

 As personagens principais são as mesmas, presentes na memória de gerações de brasileiros -Riobaldo, vivido por Caio Blat, Diadorim, papel de Luisa Arraes, Joca Ramiro, papel de Rodrigo Lombardi, Zé Bebelo, vivido por Luis Miranda, e Hermógenes, papel de Eduardo Sterblitch.

A adaptação também mantém temas que nortearam a obra de Guimarães Rosa -a guerra, a ética, a coragem, a violência. "Não é uma questão de cadeia, de bandido. É a guerra brasileira. Ela existe desde sempre, se reproduz, se repete. É a nossa tragédia", diz Arraes.

 As gravações terminaram em dezembro, depois de sete semanas de filmagem, meses de ensaio e uma pandemia. A produção calcula que as precauções contra a transmissão do novo coronavírus tenham tomado de 40 a 50 minutos por dia. Para entrar no set, por exemplo, esta repórter teve de fazer um teste rápido de Covid.

 "Os ensaios foram mais difíceis porque não podia tirar a máscara", conta a atriz Luisa Arraes, filha do diretor e encarregada de interpretar Diadorim na trama. "Como você vai ensaiar uma cena vendo só o olho da outra pessoa? Mas depois acostumamos."

 Muitos diretores já quiseram adaptar "Grande Sertão" para as telas, como já escreveu o cineasta Fernando Meirelles. Segundo Guel Arraes, que dirigiu filmes como "O Auto da Compadecida" e "Lisbela e o Prisioneiro", a oportunidade surgiu por meio do diretor Heitor Dhalia, que havia comprado os direitos da obra.

 Arraes conta que ele e Jorge Furtado já tinham vontade de falar sobre a violência urbana de um ponto de vista ainda pouco explorado, o dos bandidos. Foi daí que veio a ideia de transportar os jagunços para o cenário da guerra nas cidades.

 Decidido o ângulo, eles encararam um novo desafio –transformar a poética particular de Guimarães Rosa em dramaturgia. Para isso, conseguiram na maior parte do tempo aproveitar o material original do autor sem grandes edições, mesmo no caso de cenas que não existiam no livro.

 "Se a cena falava de morte, você ia no livro e encontrava frases incríveis sobre a morte. O livro nunca nos falhou", diz Arraes.

Ele também teve a preocupação de fazer com que a obra, muito densa, se apresentasse de um jeito mais popular, ou palatável para o espectador. Por isso, o filme segue a ordem cronológica dos fatos, o que não é o caso do livro. Também foi produzida uma série de quatro episódios para a TV Globo.

 Filho do ex-governador pernambucano Miguel Arraes, exilado durante a ditadura militar, o diretor diz que o filme não fala diretamente de um ponto de vista político. Fala, sim, de um ponto de vista artístico sobre uma questão que a política trata muito mal -a violência urbana.

 Ele afirma que tanto a direita, com o discurso do "bandido bom é bandido morto", quanto a esquerda, com soluções a muito longo prazo, tratam o tema de uma forma demagógica. Arraes diz que, do ponto de vista artístico, a maneira como Guimarães Rosa aborda a questão é muito mais grandiosa.

 O diretor afirma que o Brasil é uma "civilização incrível", mas tem um lado violento. "Agora mesmo com Bolsonaro, isso ficou muito evidente, quando os monstros saíram do armário. Isso é o Brasil também, não vem de fora, vem muito de dentro. O livro deu a chance de tratar disso sem proselitismo político."

 Interpretando Riobaldo, personagem principal, Caio Blat é mais enfático ao relacionar o filme ao momento político do país. "A gente está vivendo o aumento da violência urbana, da força das milícias. A gente tem a Presidência da República tomada pelo apoio direto de milicianos. 'Grande Sertão' é uma obra que se repete, como se fosse circular. É essa a história do Brasil", diz.

 Blat conta que, no mesmo dia em que foi filmada uma cena em que policiais levavam cinco garotos para serem assassinados no alto da favela, ao menos nove pessoas foram mortas pela Polícia Militar no Complexo do Salgueiro. "Olhamos para trás, estava a polícia de verdade apontando o fuzil para a gente, e tinha acabado de acontecer uma chacina naquele dia."

 Fazendo o papel de Riobaldo pela terceira vez, o ator diz que esse é o personagem mais fantástico que já viveu. Ele e Luisa Arraes, hoje sua mulher, encenaram a versão de "Grande Sertão" para o teatro assinada por Bia Lessa e também gravaram outro filme.

 Luisa Arraes diz que leu a obra pela primeira vez aos 18 anos e que mergulhou fundo na história. "É o livro mais lindo do mundo. É uma daquelas coisas impossíveis de montar, um desafio que está sempre na cabeça de todo grande artista, mas que sempre dá um medo", afirma.

 Ela considera o filme o maior desafio de sua vida e diz que, se pudesse, interpretaria esse livro para sempre. "Eu estou pensando que vai acabar amanhã, e o que que eu vou fazer depois disso?"

Na trama a atriz interpreta Diadorim, que na obra original é um guerreiro que vive um amor com Riobaldo. Ao fim do livro, publicado em 1956, é revelado que a personagem era do sexo feminino.

 Com a atualização das discussões sobre gênero, a abordagem será diferente no filme –Diadorim poderia ser considerada, por exemplo, uma pessoa não binária. A questão não será discutida diretamente, mas Guel Arraes diz que esse é o principal tema comportamental na adaptação.

 Luisa Arraes diz que tentou criar Diadorim no meio do caminho. "Diadorim é muito misterioso, então pode ter a leitura que quiser. Ou estar disfarçado ou se identificar 100% com aquilo", afirma. A atriz conta que precisou malhar por um ano e meio para ganhar os músculos do personagem e que observou mudanças na forma como passou a ser tratada pelas pessoas. "Por mais que seja uma encenação, só o fato de estar mais forte, fazer um personagem masculino, o respeito é outro. Tudo muda."

 O diretor diz que a maior emoção de gravar "Grande Sertão" talvez tenha sido trabalhar com a filha. "Tem uma cumplicidade há muito tempo. A gente pegou talvez o trabalho mais difícil da minha vida. Ter ela por perto era uma emoção, um estímulo, uma coisa."

 Rodrigo Lombardi, agora no papel de Joca Ramiro, chegou a interpretar o autor Guimarães Rosa em "Passaporte para Liberdade", minissérie da Globo. No novo filme, ele diz que teve dois desafios. O primeiro foi encaixar a poesia do autor na força bruta exigida pelas cenas. O segundo foi tentar entender o universo de Guel Arraes.

 "Costumo dizer que a gente está fazendo uma obra de 'Guelmarães'. A cara do Guel está muito no filme. Demorei um pouco para entender esse movimento, mas depois que entendi foi só curtição, um prazer", conta.

 Lombardi diz que Guimarães Rosa era um inventor de palavras e que o livro deve ser lido sem titubear. "Ele bate em você e cria uma sensação. A leitura tem que ser corrida. O filme faz isso por você. O ritmo do Guel é o ritmo que a gente tem que ter na leitura do Guimarães. Tem que ser muito fluido", afirma.

 Único ator negro entre os principais, Luis Miranda foi escalado para viver o coronel Zé Bebelo, anteriormente imaginado para Lázaro Ramos. Guel Arraes diz que, com exceção de Riobaldo, o personagem é o mais rico e humanizada da trama, "uma das melhores construções do Guimarães". "Era preciso ter um herói negro."

 Miranda concorda que Zé Bebelo é um grande herói e diz que o papel foi um presente. "Talvez a polícia seja a que mais oprime os negros. Trazer um Zé Bebelo negro, com ética de comportamento, de julgamento, me parece pertinente. É pertinente que o chefe da lei e o grande herói seja um negro", afirma.

 Entre os temas levantados pelo filme, o ator lembra a ética, a diversidade, na figura de Diadorim, e um "apelo sociológico" ao falar sobre uma sociedade "em declive, degenerada, perversa". "Acho que se encontra bem com esse momento Bolsonaro. Uma sociedade cruel, que enquanto tem gente morrendo no hospital quer fazer festa, nossos artistas querendo vender seus abadás. A gente está falando disso."

https://www.youtube.com/watch?v=FlSjHoRRAh4



sexta-feira, 27 de outubro de 2023

A postagem de Guilherme Arantes sobre a decadência da televisão que viralizou absurdamente. Ou, do que já não era bom........


"Me perguntam porque evito fazer televisão. 

É que tenho percebido que minha imagem pode trazer danos à audiência. 

E que a "audiência" da TV pode trazer danos para mim.

Sei que a TV foi maravilhosa para nossas gerações, especialmente a minha. 

Tenho total reconhecimento. Amo a TV. 

Amei existir e fazer parte dela. Mas era outra TV.

Outro jeito de se fazer. A gente cantava, e pronto. 

Não tinham os componentes e as fórmulas que vingaram nos tempos atuais.

Ficou bem complicado agora, com interatividade e o voyerismo invasivo, científico, dos talk shows... 

E sei que os programas das TVs vivem na corda-bamba, lutando desesperadamente por audiência.

Muito da TV, hoje, se constrói em função do que vem e do que causa nas Redes Sociais. 

E isso é Orwelliano, diabólico.

Não quero constranger o público, também, já que hoje em dia as pessoas são todas muito bonitas nas redes sociais, nas mídias. 

Esta é a época de Ouro da humanidade, em que os seres humanos são todos simplesmente maravilhosos e todos muito virtuosos, com seus milhões de seguidores. 

Todo mundo faz a sua lição de casa, bonitinhos, com seus sorrisos e mensagens agregadoras, ou estudadamente "chocantes", provocativas. Vale tudo desde que sejam de alguma forma eficientes para angariar seguidores. É a Nova Verdade!

Diga-me quantos te seguem, e te direi Quem És.

Sinto um constrangimento em existir, ainda. 

Sei que já passou o tempo de eu estar enterrado num passado de lembranças, e não incomodar mais.

Só que eu, Guilherme Arantes, insisto em não morrer ( seria o ideal ), e estou nascendo hoje para o futuro e insisto em dizer pra mim mesmo: eu existo. Dane-se o incomodo que causar.

Anos atrás, fui fazer o Fausto Silva e a Anne

Lottermann me perguntou se eu sentia saudades da cabeleira , da minha juventude. 

Sei que foi uma pergunta inocente e burrinha, coitadinha, porque eu lhe respondi na lata.

Fiquei surpreso com a pergunta "na lata". 

As pessoas na TV têm que ser lindas. 

isso é inquestionável.

Respondi que eu nao sinto saudades porque o meu conteúdo cerebral de hoje, o meu carisma até para responder .... não dá para comparar com o conteúdo "ralinho", o carisma fraquinho que eu tinha no tempo dos cabelões, que aliás, hoje data de mais de 40 anos, a provável idade dela. 

Não quero mais televisão porque quando é para ser entrevistado, a pergunta já vem pautada para "causar", e as falas na TV são sempre tóxicas, trazem aborrecimentos e perdas pessoais. 

Tenho visto colegas entrarem nessa roubada de " debates", de temas, de "pautas", cujo único propósito é colocar o artista frente a frente com o paredão de fuzilamento da polarização, 

até aí, vai quem quer. 

Aí, quando é para cantar, aí as produções querem os "hits" mais comportadinhos e digestivos, que garantam a audiência através dos "grandes sucessos", que não tragam questionamento novo algum. 

É um tempo muito difícil de se estar vivo.

Muito fácil para se estar morto ."

(Guilherme Arantes)


este disco tem 40 anos. Como passa o tempo... Incrivel como as musicas lograram permanecer !!!

E até o som é ótimo, atual , analogicão, clássico e já com teclados polifônicos, é um disco que me traz muita alegria e inspiração.

https://guilhermearantes.com.br/site/album-1982-guilhermearantes/?fbclid=IwAR24bPjGo5UkyKl_HNemPWhT5bMJkhny1O3SwxL_xi79hqlz1hWNQHlkllo

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 Faço aqui uma reparação complementar, importante, ao último "post" , esse post sobre tv/mídias sociais, que viralizou absurdamente nós últimos dias.

No post, eu coloquei logo no início o verbo "evitar fazer tv" porque não é um repúdio generalizado à mídia. 

Espero, de coração, poder retornar a espaços generosos que ainda existem e resistem, com qualidade, na grade televisiva.

Quando fui na Ana Maria Braga, tempos atrás, foi incrível o programa, me providenciaram um piano de cauda maravilhoso, e nosso papo foi um exemplo de emoção e de cultura.

O Raul Gil é um amigo antigo e leal, sempre terá o meu apreço e minha gratidão, aliás eu sempre acreditei em sua verdade, legitimidade e importância para o Brasil.

Ano retrasado, fiz um programa especial com o Pedro Bial, direto da Sala Sinfônica Lienzo Norte, de Ávila, na Espanha, que ficará para sempre como um dos meus melhores momentos na minha relação afetiva com a TV.

Como não lembrar do Sem Censura, em suas diversas fases, e ainda, como poderia esquecer do excelente Metrópolis, sempre prestigiando os lançamentos, de todas as gerações da Música do Brasil ?

Zé Maurício Machline é outro que permanece ativo com ótimas transmissões, um eterno apaixonado pela MPB. 

O Faustão, queridíssimo,é outro bom exemplo, sempre foi um espaço precioso que faz parte da minha história.É um legado que não posso negligenciar.

Fui há meses atrás no Marcos Mion, cantar com sua banda, excelente por sinal, e foi uma delícia me encontrar ali com Ferrugem, de quem sou fã, e que se mostrou um fã meu, super carinhoso.

Fui no Esquenta, e não faz nem tanto tempo assim, e recebido com honras pela nata do Samba, um programa inesquecível... as pessoas me recebendo como um rei, cantando comigo de lágrimas nos olhos ... Isso não dá pra esquecer !

O problema é que a grade televisiva vai se modificando com o tempo, alguns espaços vão deixando de existir, e em seu lugar fica um vácuo de aridez preenchido por atrações e realities de fundamentos questionáveis.

É preciso, é necessário criticar, sim, para participar da vida social.

Aquele "post" foi parar no Estadão : resultou num espaço jornalístico valioso também, um compartilhamento inédito na minha trajetória... ( agradeço ao Casaletti pelo compartilhamento...)

Não credito o meu "evitar fazer tv" apenas aos tempos atuais 

No meu início de carreira, havia muita pedreira, muita coisa nefasta a se encarar .

Não falo aqui do inacreditável Silvio Santos, que foi, de cara, respeitosíssimo para comigo, no Show de Calouros, um dos primeiros programas da minha vida.

Fui com a cara e a coragem para ser julgado pelo júri, embora já estivesse "estourado" no rádio ( AM, ainda, TV branco e preto.. kkk)

Esse programa foi um marco na minha vida, galgou para mim uma audiência, um prestígio e uma popularidade impressionantes !

Silvio sempre foi um cavalheiro comigo.

Também devo aqui lembrar positivamente da querida Hebe, cujo carinho e carisma sempre me acolheu com muito amor ... 

As "pedreiras" às quais me refiro são outras...

Flávio Cavalcanti, que deveria ter me recebido melhor, preferiu a polêmica da guilhotina, com a qual cortou impiedosamente o meu disco A Cara e a Coragem, em 1978.

Fiquei muito chateado, com a injustiça.

Às vezes eu me assusto com minha memória de elefante ...

Tinha tanta coisa pior na música, tanta picaretagem já naquela época , para ser guilhotinada... 

Aliás,  digo melhor .. cá entre nós, ninguém é para ser guilhotinado !

Há que se ter humildade no mundo, arrogância jamais será sabedoria.

Eu fico abismado é com a crueldade do mundo...

Um comentário pertinente.. que coisa mais feia, que perversidade gratuita esse post da Azealia Banks contra a Anitta ! 

Estão vendo como não é só no Brasil que as coisas merecem as críticas da gente ? 

De onde essa horrorosa tirou esse linguajar ? 

E ainda esculhambando outras valorosas gerações, o Michael, os Jacksons, quem essa aí pensa que é ?

como é que o mundo está cruel !

Por tudo isso, peço que as pessoas me perdoem o excesso de empolgação ao externar os sentimentos por estranhar os tempos atuais, de realities, talk shows, voyeurismos, hedonismos, etarismos, e outros  ""ismos" ...

Uma hora ainda a gente se vê na TV !

Abraços

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Guilherme Arantes, paulistano, 68 anos de idade, 45 anos de carreira, com 27 álbuns lançados, 21 álbuns de inéditas, lança um novo álbum, “A Desordem dos Templários”, em mídias digitais, em CD (digipack), em vinil 180 g (capa dupla com encarte em envelope interno) e, também, em cartão USB contendo áudios em resolução de estúdio (48 Khz/24 bits) além de vídeos de making of das gravações pontuados com imagens ilustrativas inspiradas nas letras.

O álbum contém 10 faixas inéditas, sendo 8 canções, um tema instrumental progressivo e, ainda, uma vinheta de sonoplastia conceitual. Como faixa-bônus no CD, há uma versão em inglês para a música “A Cordilheira” (Across the Abyss). O USB card traz ainda uma versão instrumental de A Cordilheira.

Em 2019, Guilherme viajou com Márcia para a Espanha, para uma temporada de estudos de música renascentista e barroca e, também, para um período de imersão em Literatura e História. A intenção original era uma reciclagem, com a retomada de estudos de Scarlatti, Handel, Couperin, Bach, clássicos do cravo. Sem nenhuma intenção de produzir material novo, era uma volta radical à estaca-zero na música. Com a chegada da pandemia na Europa, no início de 2020 essa temporada de reclusão se intensificou, restringindo-se a circulação pelo perímetro da província de Ávila, em Castilla & León, a norte de Madrid. 

O clima serrano, os costumes de cidade histórica interiorana foram propiciando novas inspirações melódicas, em letras reflexivas com forte teor emocional. Além do cotidiano peculiar da cidade, seus recantos, seus sons, silêncios e aromas, vários outros fatores contribuíam para um tom de retrospectiva do tempo e da própria vida, como se fossem as remotas férias prolongadas da infância e adolescência, longe de casa. 

Durante esse período, foram sendo adiadas as possibilidades de retornar ao Brasil, com a evolução da crise sanitária. Também se tornou um período de provações adicionais, por conta de uma cérvico-braquialgia incapacitante que acometeu Guilherme durante 8 meses em 2020, com algumas recidivas em 2021. Confinado em casa pelas restrições do Estado de Alarma na Espanha e, ainda muito prejudicado, em boa parte do ano, pelas limitações físicas e pela dor excruciante, Guilherme mergulhou profundamente na leitura e no fluxo poético, rapidamente enchendo um caderno de novas letras que se tornariam embrião de um novo ciclo, a partir desse período atípico da vida e do mundo. 

Também em 2020, D. Hebe, a mãe de Guilherme, sofreu um declínio rápido do seu estado de saúde, e acabou por falecer em novembro, numa provação especial para o compositor, que no sofrimento da distância compulsória, acabou por compor uma música para que sua mãe escutasse nos seus últimos momentos de vida, uma experiência inédita, uma verdadeira comoção.

Com o repertório sendo construído em um pequeno estudiozinho doméstico, quando ficou claro que estava sendo criada uma nova coleção, uma nova safra e talvez um disco estivesse a caminho, Guilherme arregimentou a banda em São Paulo, para que elaborassem à distância as participações de bateria (Gabriel Martini), baixo (Willy Verdaguer), guitarras e violões (Luiz Sérgio Carlini e Alexandre Blanc), violinos (Cassio Poletto) e trompete (Luciano Melo) , bem como convidou  o maestro Arthur Verocai para escrever o arranjo de cordas da música “Estrela-Mãe”. Tudo, obviamente, feito via internet, única fórmula possível em tempos de isolamento. 

Envolto nas névoas de um clima onírico, este é um álbum impregnado de tons medievais, renascentistas e barrocos, misturando à "balada pop" tradicional do compositor os elementos fundamentais de uma “concepção musical brasileira”, como o lundu, a valsa, a modinha, a bossa nova, a toada ternária mineira e até o baião. O título do álbum é um delírio influenciado pelo “realismo fantástico”, pano de fundo da cultura reminiscente de uma mocidade vivida em tempos de rock progressivo, viajeiro, com elementos da cultura armorial, do cordel, trazendo através de um olhar ibérico um resgate sonoro de algumas mitologias ancestrais do povo brasileiro. 

Pela primeira vez, na música-título do álbum, Guilherme se aventura pelo que denomina “um manifesto progressivo-cangaceiro” diante da truculência e impunidade normalizadas no nosso mundo, a “guerra de narrativas”: uma nova Idade Média na barbárie das redes sociais. É uma alegoria ao estado de catatonia desta nossa humanidade frente ao “Códice Dual”, a estrutura binária do pensamento, um permanente conflito armado no coração humano. Um constante estado de beligerância instalado na alma, que determina, no mundo exterior, no espaço-tempo da Ágora, o caos que conduz as sociedades à aniquilação e precisará ser superado para a sobrevivência da civilização humana. Mesmo as músicas amorosas desse disco vêm, através de sonhos em madrugadas delirantes, revisitar outras épocas remotas, como se o tempo estivesse fluido e incontrolável, numa temporada tão apartada do “espaço-tempo” real.

Na impossibilidade de contar com os instrumentos no estúdio da Bahia, especialmente o piano de cauda, Guilherme alugou a Sala Sinfônica do Centro de Exposições e Congressos Lienzo Norte, em Ávila, com um piano Steinway “D” Hamburgo, e preparou as sessões de gravação, no palco de um auditório vazio, com as interpretações registradas também em vídeo para o making of desse momento único. Uma microfonação quadrafônica foi utilizada, com duplo padrão “Blumlein” para captar o som magnífico da sala de concertos, toda revestida em madeira de lei, considerada uma das melhores acústicas da Europa.

A capa do álbum é um trabalho do professor espanhol de ilustração Daniel Miguez. O projeto gráfico, uma curtição à parte para Guilherme, brinca com uma estrutura de “almanaque” e tipologias de xilogravura.

A mixagem foi feita por Moogie Canazio, em Woodland Hills, na California, onde também o álbum foi masterizado no Howie Weinberg Mastering Studio, por Howie Weinberg e Will Borza.

A distribuição digital é da AltaFonte.


https://www.youtube.com/watch?v=x1WXDr2qAQo&list=PL6mJI2sHw267ekdK4O9HA6IS_-N1A3rw4&t=119s


Jouberto Uchôa: golpista, ele queria um golpe. O necessário jornalismo de memória e do combate antifascista

Rian Santos


25 de Out de 2023, 20h34

Segundo Milan Kundera, não há outra trincheira na peleja do populacho com os donos do mundo: “A luta do homem contra o poder será sempre uma luta da memória contra o esquecimento”.

O pensamento do escritor tcheco já me serviu de inspiração esta semana, quando questionei a natureza cartorial do Dia da Sergipanidade, celebrado em 24 de outubro, em coluna mantida no Jornal do Dia. Agora, a sentença me serve de pretexto para apontar o lapso corrente no exercício do jornalismo em Sergipe.

O tal Dia da Sergipanidade, aliás, foi escolhido a dedo para que o reitor Jouberto Uchôa tirasse o melhor proveito da inauguração do Memorial de Sergipe.

Lá, em espaço cedido pelo Governo de Sergipe durante a gestão de Jackson Barreto, o senhor reitor da Universidade Tiradentes convocou a imprensa a fim de passar pano para a sua calvície e lustrar, assim, a sua biografia.

Embora seja perfeitamente possível questionar a exploração de um espaço público por ente privado - a Unit cobrará ingresso aos visitantes do Memorial -, não resta dúvida a respeito da função social do lugar.

Tão importante quanto divulgar o acervo ali reunido, contudo, é preservar a memória e os feitos dos personagens mais vistosos da aldeia, sem meias palavras. É neste particular que a imprensa local falha vergonhosamente - com as louváveis exceções de sempre.

Desde a inauguração do Memorial, Uchôa voltou a ser pintado com as cores de um cidadão e empreendedor exemplar. Há poucos meses, no entanto, o magnífico reitor foi flagrado em conluio com a horda bolsonarista, na porta do Batalhão do Exército em Aracaju -  28ºBC -, onde os celerados exigiam um golpe.

Eu não esqueço. Jornalismo é também construção de memória.

Uchôa e o golpe - Jouberto Uchôa, reitor da Universidade Tiradentes, abusou da própria sorte. Podre de rico, ele poderia desfrutar dos bolsos bem fornidos sem fazer caso da enorme influência exercida nos círculos mais reservados da aldeia.

Preferiu, no entanto, flertar com o obscurantismo e tomar parte na mímica golpista dos bolsonaristas. E, assim, foi castigado sem dó nem piedade nas redes sociais. A malhação de Uchoa consistiu num esforço justo, cabível também em âmbito judicial.

Ao confraternizar com os lunáticos reunidos nas cercanias do 28º Batalhão de Caçadores, às vésperas da intentona do dia 8 de janeiro, ele endossou um crime dos mais graves.

Não se trata de se filiar a esta ou aquela corrente de pensamento, manifestar uma opinião, exprimir-se em seus próprios termos, resguardado pela Constituição Cidadã de 1988. Nada disso. Os inconformados não mediram as palavras e não escondiam as reais intenções do levante: eles clamavam por um golpe.

Ali, Uchôa emprestou a reputação construída durante décadas de trabalho digno à pantomina golpista dos bolsonaristas. Assemelhou-se, assim, a uma Cássia Kiss, igual a todos os doidivanas sem discernimento assombrados pela ameaça vermelha do comunismo.

Uchôa perfilou-se ao lado de quem faz palanque de templos religiosos, confunde liberdade de expressão com a fabricação de fake news e acredita piamente em mamadeiras de piroca.

Eu não esqueço, não permitirei que a memória de eventuais leitores venha a falhar: golpista, Uchôa queria um golpe.

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Reitor de universidade nordestina vai a ato de conotação golpista

Jouberto Uchôa, integrante da Academia Brasileira de Economia e reitor da Unit, participou de manifestação antidemocrática em Aracaju

"UCHOA GOLPISTA!" Manifestantes pintam a frente da UNIT na Farolândia denunciando o apoio do dono da Instituição ao golpe fracassado que terroristas tentaram realizar no país.
Confiram abaixo nota dos manifestantes 👇 https://www.instagram.com/p/CnetLOTO14G/