domingo, 19 de outubro de 2025

Como foi a 9ª Reunião online dos representantes de Pontos de Cultura de Sergipe realizada em 14 de Outubro de 2025?

O objetivo foi prosseguir na retomada da  Rede Sergipe de Pontos de Cultura, discutir o futuro dos Pontos de Cultura no estado e planejar a participação nos Fóruns/Teia estadual e nacional.

Pauta 

 A primeira discussão será sobre o tema mais votado e assim sucessivamente, caso não haja condições de esgotar um tema, este ficará em suspenso para dar vez ao tema seguinte ou prosseguirá, empurrando os temas menos votados para a reunião seguinte. 

De acordo com enquete no grupo estadual dos Pontos de Cultura no whatsapp, os temas mais votados foram o A e o B. 

a - Avaliação da reunião de sábado com chamada e preparação realizada pela SECULT b – Informe/resumo sobre as oito reuniões realizadas de retomada da Rede Sergipe Cultura c) – discussão sobre o formulário de mapeamento dos Pontos de Cultura da Rede com especial atenção as informações básicas e a estrutura de governança de cada um.. d) – Inicio da discussão sobre o Regimento Interno dos Fóruns Estaduais e Nacional , elaborado pela Comissão Nacional dos Pontos de Cultura e validado pela SCDC e) discussão sobre a Teia Estadual – Programação – Logistica – Orçamento.

1. Apresentação dos Participantes: A reunião começou com a apresentação de diversos representantes de Pontos de Cultura de diferentes municípios de Sergipe (Aracaju, Boquim, Nossa Senhora do Socorro, São Cristóvão, Simão Dias, Glória), destacando a variedade de suas atividades:

*    Ação Cultural (Zezito de Oliveira) - Foco em audiovisual/cineclube, teatro/dança, cultura digital - Aracaju e Região Metropolitana - Desde 2004.

Coletivo Sintonia Periférica: Hip-hop, desde 2007.

Grupo Imbuaça (Ponto de Cultura "Nosso Palco é a Rua"): Teatro, existe há mais de 30 anos (Ponto de Cultura desde 2004/2005). Oferece curso anual gratuito.

Grupo Teatro Triunpolante ("Teatro para Todos"): De Aracaju.

Associação Casamor: Ponto de Cultura focado em memória e história da comunidade LGBT, desde 2017.

Ponto de Cultura Terreiro São Cosme e São Damião: De Boquim.

Ponto de Cultura Companhia de Dança Loucurart: De Aracaju.

Liga das Quadrilhas Juninas de Aracaju e Sergipe: Ponto de Cultura desde 2024.

Movimento de Empoderamento Feminino Baque  Mulher Aracaju: Grupo de Maracatu. 

Centro Cultural Iroquerê de Ganjalunga (Pai Andson Clio Oxum): Foco em cultura popular, teatro e audiovisual.

Associação Comunitária de Desenvolvimento do Povoado Triunfo (Ana Maria): De Simão Dias, iniciando processo de certificação.

Pontão Albertino Brasil (Alexandre Campos): De Glória.

Ilê Axé Águas de Fé (Pai Rafael de Ortundo): Representante do Conselho Municipal de Igualdade Racial e Movimento Jovem de Axé.

Ponto de Cultura Barracão Cultural Mãe Maria (Claudemir Santos da Conceição): De São Cristóvão.

Coletivo Underground 79 (Michael Silva): De Nossa Senhora do Socorro.

2. Revisão de Reuniões Anteriores (Histórico e Destaques): Zezito de Oliveira apresentou um resumo de reuniões anteriores (relatórios completos disponíveis no  blog da cultura):

1ª Reunião (7 de agosto de 2005): Foco na organização da Rede Sergipe de Cultura de Pontos de Cultura e preparação para as Teias Nacional e Estadual. Discutiu a escolha de representantes e programação da Teia Estadual (não houve planejamento de programação por conta da incerteza orçamentária).

o Esclarecimento sobre Delegados: Os atuais representantes funcionam como uma "comissão de transição" (remanescentes de 2014 e  membros de alguns novos Pontos de Cultura), para diálogo com a Secult sobre logística, orçamento e programação do fórum/teia. Os representantes oficiais da comissão estadual serão escolhidos para o período pós Teia/Fórum estadual  2026 até a Teia/Fórum  seguinte, a serem  escolhidos no fórum de novembro ou dezembro do corrente ano.

https://acaoculturalse.blogspot.com/2025/08/1-reuniao-de-pontos-de-cultura-em.html

2ª Reunião (com Mestre Wertenberg, Comissão Nacional):

o Discussão sobre a Teia Nacional prevista para 2026 e a necessidade de recursos da PNAB.

o Aumento do número de Pontos de Cultura certificados em Sergipe (de 30 em 2014 para 70+ atualmente).

o Desafios de desarticulação e falta de continuidade nas ações culturais desde 2014.

https://acaoculturalse.blogspot.com/2025/08/como-foi-segunda-reuniao-da- retomada-da.html

4ª Reunião: Focou em um problema com o edital de Nossa Senhora do Socorro, que apresentava erros e foi suspenso após mobilização. Um novo edital foi lançado, mas ainda é criticado por não priorizar pontos certificados.

o Discussão sobre Editais: Mencionou-se que o ciclo 2 dos editais da Rede Nacional de Pontos de Cultura exigirá categorias específicas para pontos certificados e não certificados.

5ª Reunião (com Célio Turino):

o Célio Turino destacou a necessidade de políticas culturais menos burocráticas e a dimensão cidadã dos Pontos de Cultura, criticando formatos engessados.

o Recomendou seu livro "Sementeira" para aprofundar a compreensão sobre política cultural e "Cultura Viva". 

Sementeira: grãos para transformar radicalmente a sociedade via políticas culturais

https://acaoculturalse.blogspot.com/2025/02/sementeira-graos-para-transformar.html

https://acaoculturalse.blogspot.com/2025/08/pontos-de-cultura-realiza-quarta.html

6ª e 7ª Reuniões :

o Foco na organização dos Fóruns Nacional (Aracruz, 24-25 de março) e Estadual. A comissão estadual precisa definir data e local para o fórum de Sergipe.

o Discussão sobre autonomia política e material das comissões e a importância dos Pontões.

o Proposta de criação de Grupos de Trabalho (GTs) estaduais (5 GTs sugeridos, em contraste com 33 nacionais), como para culturas urbanas/hip-hop.

o Modelo colegiado de representação (por território) para maior democracia e diversidade. A tecnologia atual (WhatsApp, videoconferências) pode mitigar problemas de comunicação de modelos anteriores.

o Critérios de Cotas: Discussão de cotas para delegados (30 vagas por estado, 18 reservadas para grupos específicos: 20% negros, 10% indígenas, 10% pessoas com deficiência, 10% jovens, 10% idosos, 50% mulheres, 18% LGBT). A autodeclaração será usada, mas a necessidade de clarificação da Comissão Nacional sobre a implementação foi destacada.

o Temas Sugeridos para o Fórum Estadual: Governança e Cultura Viva, Justiça Climática, Política e Memória  Cultura Viva, Trabalhadores da Cultura. Estes temas estão de acordo com o proposto no regimento para o Fórum Nacional e Fóruns Estaduais.. 

https://acaoculturalse.blogspot.com/2025/09/como-foi-reuniao-da-rede-sergipe- de.html

https://acaoculturalse.blogspot.com/2025/09/como-foi-7-reuniao-da-rede-sergipe- de.html

3. Debates e Sugestões dos Participantes:

Lindolfo Amaral (Imbuaça): Expressou preocupação com o foco excessivo na viagem à Teia Nacional em detrimento da organização interna e estruturação dos Pontos de Cultura em Sergipe. Questionou o número de pontos certificados e os desafios jurídicos de editais anteriores, sugerindo a inclusão de pontos certificados ou em processo que ainda não fazem parte do grupo.

Andson (Clio Oxum): Enfatizou a necessidade de os "fazedores de cultura" se imporem e se articularem, superando uma mentalidade "missionária". Propôs temas adicionais para o Fórum Estadual:

o Gestão e Sustentabilidade dos Pontos de Cultura (preparação para editais, prestação de contas).

o Cultura e Transformação Social (reflexões locais, papel dos Pontos, reconhecimento histórico).

o Cultura, Memória e Identidade (resgate de trabalhos abandonados, especialmente de negros e de axé).

o Cultura e Juventude (novas linguagens, inteligência artificial).

o Cultura Viva e Educação/Saúde Popular.

o Sustentabilidade e Economia (auto-subsistência).

o Cultura e Natureza/Meio Ambiente.

o Comunicação (redes sociais, IA, comunicação popular).

Acima como captado na gravação pela IA , abaixo como enviado por Andson Clio via whatsapp para o relator.

1. Territórios Culturais e Redes Vivas

2. Gestão Comunitária e Autonomia dos Pontos de Cultura

3. Cultura e Transformação Social

4. Memória, Ancestralidade e Identidades

5. Juventudes e Novas Linguagens

6. Cultura Viva e Educação Popular

7. Sustentabilidade e Economia Viva

8. Cultura, Natureza e Bem Viver

9. Comunicação e Visibilidade das Ações Culturais

10. Democracia Cultural e Participação Social

Rafael (Ilê Axé Águas de Fé): Compartilhou a experiência de um orçamento de R$90 mil para uma conferência municipal e o custo estimado das passagens para o Espírito Santo (R$2000-2500). Alertou para a "enxurrada de informações" e a dificuldade de novos Pontos de Cultura em compreender o conceito de "Cultura Viva", solicitando uma abordagem mais didática.

4. Esclarecimentos e Próximos Passos:

Zezito concordou com a necessidade de uma abordagem mais didática, mencionando o uso de IA para resumos e a criação do glossário "cultura de base comunitária " no blog da Cultura.  Sugeriu que os Pontões estaduais poderiam produzir materiais mais acessíveis.

Reafirmou a importância de criar Grupos de Trabalho (GTs) estaduais para desenvolver temáticas específicas (ex: ancestralidade africana, cultura digital e etc..).

Ação Imediata: Agendar uma reunião com a Secult ou a equipe a fim de  obter informações objetivas sobre a Teia/Fórum Estadual (data, local, orçamento, duração).  

Logística do Fórum Estadual: Lindolfo sugeriu que a definição de tempo e formato do fórum depende do perfil do evento, número de participantes, e estrutura (refeições, salas, som, hospedagem para o interior). O Gonzagão foi sugerido como local pelo secretário adjunto, Neu Fontes

Formação de Grupo de Trabalho: Um pequeno grupo (Zezito, Isabela, Lindolfo, Andson e outros que se dispuseram) se reunirá na segunda-feira, às 18h (online), para elaborar uma proposta inicial de programação e logística para o Fórum Estadual/Teia, a ser apresentada e validada pelo grupo maior. O orçamento de R$300 mil para despesas do fórum e viagens dos delegados foi mencionado.


5. Aviso Final:

Conferência de Cultura em São Cristóvão será realizada em 25 de outubro (sábado).

Solicitação para que todos os participantes identifiquem-se no chat com nome, Ponto de Cultura e município para a lista de presença.

João Pedrosa, TRIOPULANTE - Teatro Para Todos, Aracaju

Rafael Machado - Ponto de Cultura CasAmor. Aracaju-SE

Zezito de Oliveira - Ação Cultural - Aracaju

Isabela Bispo; Pontos de Cultura que estou representando nesta reunião: instituto Piabinhas e Pescando Memórias (atuação N. S do Socorro e São Cristóvão).

Marta Queiroz Ponto de Cultura São Cosme e Damião. Cidade de Boquim-Se

Rafael Machado Ponto de Cultura CasAmor Aracaju-SE

Gilvan César Cruz Silva - Gil Caboclo, dirigente do Ponto de Cultura São Cosme e Damião.

Claudemir Santos da Conceição,  representante do Ponto de Cultura Barracão Cultural Mãe Maria São Cristóvão - SE

Pétala Tâmisa, representante do Ponto de Cultura do Movimento de Empoderamento Feminino - Baque Mulher Aracaju/SE

Luiza Margarida Santos Kummer - Ponto de Cultura Companhia de dança Loucurarte- Aracaju/SE

Lindolfo Amaral, Grupo Imbuaça, Ponto de Cultura Nosso Palco é a Rua. Aracaju/SE

Sueli Pereira, Presidente da LIGA DAS QUADRILHAS JUNINAS DE ARACAJU E SERGIPE. Ponto de Cultura deste 2024

Griot Nagô/ Sintonia Periférica - Cultura Hip Hop - Aracaju Sergipe 

Osmario dos Santos Campos, Pontão de Cultura. Albertina Brasil. Nossa senhora da glória.

Leia também: 

domingo, 12 de outubro de 2025

Reunião Geral dos Pontos de Cultura fortalece articulação e prepara para o Fórum Estadual

 Sábado, 11 de Outubro de 2025 às 16:00:00

O encontro reuniu representantes de diversos pontos do estado, além do escritório do MinC em Sergipe, promovendo um espaço de escuta, integração e fortalecimento da rede Cultura Viva

Glossário - Qual a diferença de Fóruns e Teias de Pontos de Cultura - Observatório Ação Cultural

 Questão fundamental para entender o ecossistema da cultura de base comunitária  no Brasil. Embora ambos sejam eventos importantes para os Pontos de Cultura, sua organização e, principalmente, seus propósitos são distintos, mesmo que complementares... 

https://acaoculturalse.blogspot.com/2025/10/glossario-qual-diferenca-de-foruns-e.html 

Ministério da Cultura divulga orientações sobre uso dos recursos federais para Fóruns e Teias de Pontos de Cultura

Documento detalha a Portaria MinC 206/2025, sobre aplicação dos recursos destinados à Cultura Viva, por meio da Aldir Blanc

https://www.gov.br/cultura/pt-br/assuntos/noticias/ministerio-da-cultura-divulga-orientacoes-sobre-uso-dos-recursos-federais-para-foruns-e-teias-de-pontos-de-cultura

O regimento do V Fórum Nacional de Pontos de Cultura (FNPdC) foi aprovado pela Comissão Nacional dos Pontos de Cultura e entrará em vigor na data de sua publicação, sendo homologado na plenária de abertura do Fórum, em março de 2026, em Aracruz, ES. Ele define as regras para as discussões do evento, que terá o tema "Pontos de Cultura pela Justiça Climática", e deve ser baixado no Portal Gov.br. 

O documento também está disponível para download em formato PDF através do link:  https://share.google/fQ6CFbw5UzLoebz8T

ROTEIRO PARA REUNIÃO DE SEGUNDA FEIRA, 20/10/2025, DO GT TEMPORÁRIO – FÓRUM/TEIA SERGIPE.

A estrutura para realizar uma "Teia" (encontro estadual e nacional) e um fórum (virtual ou presencial) dos Pontos de Cultura é complexa e requer um planejamento cuidadoso em várias frentes. A natureza colaborativa e descentralizada do movimento é seu maior trunfo, mas também impõe desafios logísticos.

1. ESTRUTURA DE PRODUÇÃO (A "Alma" do Evento)

Esta é a estrutura responsável pelo conceito, conteúdo e pela articulação política e cultural.

A. Comissão Organizadora Nacional (Coletiva e Representativa)

  • Composição: Representantes eleitos dos Pontos de Cultura de todas as regiões do Brasil, membros do Ministério da Cultura (ou secretarias estaduais/municipais), e parceiros da sociedade civil.
  • Funções:
    • Definir o tema central do evento ( "Pontos de Cultura pela Justiça Climática".  ).
    • Elaborar a programação artística e de conteúdo (palestras, debates, oficinas).
    • Realizar uma Chamada Pública para seleção dos Pontos de Cultura que se apresentarão e participarão das mostras.
    • Garantir que a diversidade regional, étnico-racial, de gênero e de linguagem artística esteja representada.

B. Grupos de Trabalho (GTs) Temáticos

  • São subgrupos da Comissão Organizadora focados em áreas específicas:
    • GT de Programação Artística: Curadoria dos shows, intervenções, mostras de cinema e exposições.
    • GT de Programação de Conteúdo: Organização dos fóruns, debates, rodas de conversa e oficinas.
    • GT de Comunicação: Criação da identidade visual, gestão das redes sociais, produção de conteúdo e relação com a imprensa.
    • GT de Metodologia e Documentação: Define a dinâmica dos debates (open space, world café, etc.) e garante a registro (atas, vídeos, relatório final) dos resultados.

C. Produção Executiva

  • Funções:
    • Transformar as decisões da Comissão Organizadora em ações práticas.
    • Elaborar o cronograma mestre e o plano de trabalho.
    • Gerenciar o orçamento global.
    • Contratar serviços (som, luz, palco, alimentação) em diálogo com a logística.
    • Coordenar a montagem e desmontagem da estrutura física.

2. ESTRUTURA DE LOGÍSTICA (O "Corpo" do Evento)

Esta é a estrutura que torna o evento fisicamente possível e funcional.

A. Logística de Infraestrutura e Local

  • Seleção do Local: Deve ser acessível, ter tamanho adequado (auditórios, tendas, arena principal, espaços de convivência) e permitir a instalação de uma "aldeia" dos Pontos de Cultura.
  • Estrutura Física:
    • Palcos: Principal e secundários, com backstage.
    • Tendas/Auditórios: Para oficinas, debates e fóruns.
    • Área de Alimentação: Cozinha comunitária, restaurantes credenciados ou food trucks.
    • Alojamento: Estrutura para hospedagem dos participantes (alojamento coletivo, hotéis conveniados).
    • Banheiros Químicos e Chuveiros: Em quantidade suficiente para o público.
    • Espaço para "Aldeia dos Pontos": Stands ou tendas para que cada Ponto de Cultura exponha seu trabalho e interaja com o público.

B. Logística de Transporte e Acesso

  • Translado Nacional: Gestão de passagens aéreas ou ônibus interestaduais para os participantes de todas as regiões. É um dos maiores custos.
  • Translado Local: Ônibus fretados para transporte entre alojamento, aeroporto/rodoviária e o local do evento.
  • Acessibilidade: Garantir que toda a estrutura seja acessível a pessoas com deficiência (rampas, tradutores de LIBRAS, audiodescrição).

C. Logística de Alimentação e Hospedagem

  • Alimentação: Fornecimento de refeições (café da manhã, almoço e jantar) por meio de credenciamento (cupons) ou sistema de alimentação paga.
  • Hospedagem: Gestão dos leitos nos alojamentos ou quartos em hotéis, considerando a distribuição por regiões, gênero e necessidades específicas.

D. Logística Técnica e de Segurança

  • Som, Luz e Vídeo: Equipamento de alta qualidade para todos os espaços, com equipes técnicas especializadas.
  • Energia Elétrica: Projeto elétrico robusto, com geradores de backup para evitar falhas.
  • Internet Livre: Wi-Fi de boa qualidade e aberto é fundamental para a cobertura colaborativa e comunicação.
  • Segurança: Contratação de empresa de segurança privada e planejamento com a polícia local para o entorno.
  • Saúde: Posto médico de plantão e parceria com um hospital próximo para emergências.

E. Logística de Comunicação e Credenciamento

  • Site e Plataforma Digital: Para inscrições, programação em tempo real e, no caso do fórum virtual, para hospedar as discussões.
  • Sistema de Credenciamento: Eficiente para evitar filas, com entrega de kits (com crachá, programação, cupons de alimentação).
  • Central de Informações: Física e digital, para tirar dúvidas dos participantes.

Fluxo Integrado de Produção e Logística

Fase

Produção (O Quê e Porquê)

Logística (Como e Onde)

Pré-Evento (6-12 meses)

- Formar Comissão Organizadora e GTs.
- Definir tema e programa.
- Abrir Chamada Pública.
- Fechar orçamento.

- Selecionar e reservar o local.
- Fechar contratos com fornecedores (som, luz, etc.).
- Criar sistema de inscrição/credenciamento.
- Negociar transporte e hospedagem.

Durante o Evento (3-10 dias)

- Coordenar a programação (artistas, palestrantes).
- Mediar debates e fóruns.
- Coletar insumos para a documentação.

- Gerenciar a operação no local (montagem, equipes).
- Operar credenciamento, alimentação, transporte.
- Garantir manutenção da infraestrutura e segurança.
- Prestar suporte aos participantes.

Pós-Evento (1-3 meses)

- Sistematizar as discussões em um relatório final.
- Avaliar o evento com os participantes.
- Divulgar os resultados e acordos.

- Desmontar a estrutura.
- Fechar financeiro com todos os fornecedores.
- Prestar contas dos recursos (transparência total).


Conclusão

A estrutura para uma Teia e Fórum dos Pontos de Cultura é, acima de tudo, híbrida e colaborativa. Ela combina a força da gestão coletiva e horizontal (da produção) com a eficiência e o planejamento detalhado (da logística). O sucesso depende da integração perfeita entre esses dois mundos, sempre guiada pelo princípio de que o evento é um espelho da própria diversidade e potência dos Pontos de Cultura que representa. A transparência e a participação ativa da rede em todas as etapas são não apenas um método, mas a razão de ser do evento.

 



Protestos "No Kings": milhões nas ruas dos Estados Unidos contra um país cada vez mais autoritário e militarizado

 No Kings! not ridiculous tyrant! - Rei não- Não aos ridiculos tiranos.

SAPO ANTIFASCISTA VIRA ESTRELA DE PROTESTOS CONTRA TRUMP | PLANTÃO


Sapo antifascista! Quê? Sim, um homem vestido de sapo viralizou após ser atingido por spray de pimenta e falar: “já comi tamales mais picantes”. O “sapo antifa” ganhou até piadaa no programa do Stephen Colbert. Mas é aquilo, isso em meio a protestos violentos - por lado da ICE - em Portland.

SENADOR REVELA QUEM SÃO OS VERDADEIROS DONOS DOS EUA EM PROTESTO GIGANTE


NO KINGS ROBERT DE NIRO CONVOCA PARA EVENTO ANTI-TRUMP QUE REUNIRÁ MILHÕES NOS EUA | 17.10.25




Protestos contra Trump: milhares vão às ruas contra presidente em atos chamados 'No Kings'; entenda




O 'pavor' de imigrantes brasileiros em Massachusetts em meio a deportações em massa nos EUA

Trans brasileira é enviada pelos EUA para ala masculina de Guantánamo

O que é o Movimento "No Kings"?

O "No Kings" (Sem Reis, em português) não é uma organização formal com líderes, sede ou uma plataforma política única. Em vez disso, é um lema, um princípio ideológico e um grito de guerra que emerge principalmente de círculos libertários, conservadores da velha guarda, constitucionalistas e de alguns grupos de direita alternativa nos Estados Unidos.

O cerne do movimento é uma oposição radical à concentração de poder, especialmente no poder executivo do governo federal. Seus adeptos acreditam que as instituições políticas americanas – a Presidência, o Congresso, o sistema de agências regulatórias (o "Estado Profundo" ou "Deep State") – se afastaram dos princípios originais da Constituição dos EUA, criando uma nova forma de "monarquia" ou governo tirânico.

O nome "No Kings" é uma referência direta à fundação dos EUA, que foi uma rejeição explícita ao domínio do Rei George III da Grã-Bretanha. O lema evoca esse espírito revolucionário, sugerindo que uma nova revolução contra um governo central opressivo é necessária.

Principais Crenças e Características

Antiautoritarismo Extremo: A crença central é que nenhuma pessoa ou instituição deve ter poder incontestável sobre os cidadãos. Isso se aplica a presidentes de ambos os partidos, burocratas não eleitos e grandes corporações que coludem com o governo.

Desconfiança do "Estado Profundo" (Deep State): Acreditam que uma rede de burocratas de carreira, agências de inteligência e funcionários públicos permanentes opera para minar a vontade do povo e dos presidentes eleitos, governando efetivamente sem supervisão democrática.

Soberania Estadual e Local: Defendem um governo federal extremamente limitado, com a maior parte do poder residindo nos estados e nas comunidades locais, conforme idealizado pelos Pais Fundadores (especialmente pelos Anti-Federalistas).

Não é um Movimento Partidário: Embora muitas de suas críticas sejam direcionadas a figuras do Partido Democrata, os adeptos do "No Kings" são igualmente críticos dos republicanos que eles consideram "RINOs" (Republicans In Name Only - Republicanos Só no Nome) por expandirem o governo e o poder executivo.

A Importância para a Democracia nos EUA: Uma Perspectiva de Duas Faces

A importância do "No Kings" para a democracia americana é complexa e pode ser vista de duas maneiras fundamentalmente opostas:

1. Como um Guardião da Democracia e dos Princípios Fundadores (Perspectiva dos Apoiadores)

Nesta visão, o movimento é uma força vital para a saúde da república:

Freio ao Poder: Atua como um freio cultural e filosófico crucial contra a tendência natural do governo de expandir seu próprio poder. Ele lembra aos governantes que seu poder deriva do consentimento dos governados.

Defesa da Constituição: Posiciona-se como um defensor intransigente da Constituição original, especialmente da Carta de Direitos (Bill of Rights), contra interpretações que consideram expansivas e distorcidas.

Empoderamento do Indivíduo: Enfatiza a soberania individual e a responsabilidade pessoal, que são pedras angulares da identidade política americana.

Alerta Contra a Tirania: Serve como um lembrete constante de que a liberdade é precária e deve ser vigilante e ativamente defendida.

2. Como uma Ameaça à Democracia e à Estabilidade (Perspectiva dos Críticos)

Nesta visão, o movimento representa sérios perigos para o sistema democrático:

Erosão da Confiança nas Instituições: Sua retórica antigovernamental radical mina a confiança do público em todas as instituições – eleitorais, judiciais e midiáticas – o que é essencial para o funcionamento de uma democracia estável.

Paralisia Governamental: A visão de um governo federal mínimo e impotente pode levar a uma oposição a qualquer ação governamental, mesmo em crises nacionais, resultando em paralisia e incapacidade de enfrentar problemas complexos.

Teorias da Conspiração: Muitas vezes está entrelaçado com teorias da conspiração sobre o "Estado Profundo" e eleições roubadas, o que dificulta o debate factual e a busca por soluções baseadas em evidências.

Conclusão

O movimento "No Kings" é um sintoma moderno de uma tensão que existe desde a fundação dos EUA: a tensão entre a necessidade de um governo eficaz e o medo de que esse governo se torne um tirano.

Para seus defensores, é a encarnação do espírito revolucionário americano, uma defesa necessária da liberdade contra a usurpação do poder.

Para seus críticos, é uma força desestabilizadora e anárquica que ameaça o contrato social e o funcionamento ordenado do governo.

Sua "importância" para a democracia americana, portanto, depende inteiramente do ponto de vista. Ele demonstra que o debate sobre a natureza do governo, o poder e a liberdade continua tão vivo e acalorado hoje quanto era em 1776. Ele força uma discussão contínua sobre os limites do poder governamental e o papel do cidadão em uma república, questões que estão no próprio cerne da experiência democrática dos EUA.

Texto com IA deepssek


sábado, 18 de outubro de 2025

O Vale Tudo na novela e na vida real de um Brasil em transe

FOI ENTRE ELES

Chico Alencar

Acaba que foi o gerente corrupto Marco Aurélio, sócio de Odete, que atirou.

Acaba que o serviçal do gerente, Freitas, era mais vassalo ainda da que sempre esteve no topo.

Acaba que a milionária toda poderosa sobreviveu, é quase imortal. 

Acaba que os honestos, sem pretensão de perfeição, viveram encontros amorosos, encontraram descendência, alguma cura, fé e festa. Como nos finais felizes dos folhetins.

O Brasil tem jeito, mas a burguesia tem força. Como o cinismo, a rasteira, o golpismo. O crime, na trama, foi punido apenas com... tornozeleira eletrônica. Rico não fica na cadeia. Como na vida real. Sempre?


ADIVINHA QUEM NÃO TAXOU ODETE ROITMAN?

Flávio Serafini

Ontem, descobrimos que a Odete não morreu, mas o que todo mundo já sabe é que o Congresso segue trabalhando pros mais ricos.

Na semana passada, votaram contra a taxação das grandes fortunas.

Essa semana, contra a taxação das BETS, empresas bilionárias que têm causado problemas reais na vida dos brasileiros.

O Congresso não pode seguir trabalhando para agradar os interesses de famílias como os Roitmans, enquanto o povo sofre.

Ano que vem tem eleição. É hora de virar o jogo e eleger quem defende os trabalhadores, que é a verdadeira maioria do país!

Odete Roitman não morreu.

 Fernnanda Cappellesso|

E isso diz muito mais sobre o Brasil do que sobre a própria novela.

Na versão original de Vale Tudo, exibida em 1988, a morte de Odete foi o símbolo do fim de um ciclo. O país saía da ditadura militar e o público precisava ver o poder cair. Ver Odete morrer era ver a elite arrogante — fria, autoritária e sem culpa — finalmente punida. Era um Brasil tentando acreditar que a justiça venceria.

Mas, em 2025, o remake subverte o mito: Odete forja a própria morte. E esse detalhe é o centro da leitura semiótica. A vilã não é mais apenas uma mulher poderosa — ela representa o próprio sistema de poder brasileiro.

Odete é o signo da elite que nunca morre, apenas muda de rosto. Ela simboliza a continuidade dos privilégios, o poder que sobrevive a governos, a crises e a derrotas.

Forjar a própria morte é o gesto do poder contemporâneo: sair de cena para continuar mandando.

É a política do desaparecimento simbólico — aquela em que o poder se reinventa para permanecer no comando.

Odete não é uma personagem. É um espelho.

E quando a ficção termina sem matá-la, ela deixa um recado político claro:

no Brasil, o poder não morre — ele se disfarça.

Como emendas parlamentares viraram canal de irregularidades | Podcast UOL Prime #90


🚓 A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quinta-feira (16) a Operação Vai que Cola. O alvo é um grupo composto principalmente por agentes públicos suspeitos de desviar recursos públicos federais da Lei Paulo Gustavo.

🚓 A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quinta-feira (16) a Operação Vai que Cola. O alvo é um grupo composto principalmente por agentes públicos suspeitos de desviar recursos públicos federais da Lei Paulo Gustavo.

👉 A lei federal, que homenageia o humorista morto em 2021, vítima da covid-19, serve como fomento para produções culturais.

📍 Em Pernambuco, agentes cumprem mandado de busca e apreensão em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR) — a quantidade de mandados no estado não foi especificada.

➡ Ao todo, a Operação Vai que Cola cumpre 19 mandados de busca e apreensão. Além de Jaboatão dos Guararapes, as ordens judiciais também são para endereços em João Pessoa e Itapororoca, na Paraíba.

💲 As investigações da PF mostram que o grupo criminoso teria articulado um esquema para desviar recursos da União destinados a projetos culturais. Os criminosos usavam pessoas previamente indicadas para figurarem como beneficiárias dos editais da Lei Paulo Gustavo. 

‼ "Essas pessoas eram selecionadas e simulavam a execução dos projetos, mas, após o recebimento dos valores, repassavam parte dos recursos aos servidores públicos envolvidos, em evidente desvio de finalidade dos recursos federais", explicou a PF, em nota.

https://www.instagram.com/p/DP358btFPWS/?igsh=MW9xaDFjaXdyc2h5

Entenda como funcionava esquema que desviava verbas de emendas destinadas à cultura no Maranhão https://share.google/zVAKaO01TtQooW8OO 



Bem que o governo de Sergipe ou a prefeitura de Aracaju poderiam nos surpreender se inspirando com recursos próprios na politica cultural inovadora do governo da Irlanda, abaixo.





Temos aqui o novo Cartão Único da Cultura, ou Cadascult SA, que tem como objetivo financiar a cultura em todo o território municipal de Santo André. O cartão visa simplificar os fomentos e tornar a cultura e política cultural como política universal. Haverão inúmeras categorias, como o cadastro para artistas, fazedores de cultura, espaços, mestres e mestras e coletivos, valorizando o patrimônio imaterial e memória da nossa cidade. O Cadascult utiliza como principal fonte de financiamento recursos do Fundo Municipal de Cultura. Agora, queremos aumentar a abrangência dessa política municipal e estadual influenciando outras esferas de governo, fortalecendo as três dimensões da cultura: a simbólica, cidadã e econômica.
Além disso, o cartão único da cultura também irá facilitar o acesso da população às atividades culturais oferecidas na cidade, como espetáculos teatrais, shows musicais, exposições de arte, feiras de artesanato, entre outros. Com ele, será possível acumular pontos que poderão ser trocados por ingressos e descontos em eventos culturais, incentivando assim a participação e a valorização da cultura em Santo André.
Para isso, estamos trabalhando em parceria com diversos setores da sociedade civil, como artistas, produtores culturais, representantes de espaços culturais e coletivos, para garantir que o cadastro seja fácil, acessível e atualizado, permitindo que a política cultural municipal seja cada vez mais democrática e inclusiva.
Com o cartão único da cultura, esperamos contribuir para o fortalecimento da identidade cultural de Santo André, valorizando a diversidade e o patrimônio cultural da cidade, além de estimular a produção artística e cultural local, gerando emprego e renda para a população.
Obs: não existe esse cartão , foi só uma brincadeira, mais que poderia existir
Uma Brincadeira pessoal que poderia evoluir com outras pessoas envolvidas.
Neri Silvestre - Agente Cultural de Santo André - SP

CARLOS MESTERS, 94 ANOS. SABEDORIA BÍBLICA COMO EDUCAÇÃO POPULAR

Nesta segunda próxima (20/10) o Frei, Biblista, educador popular e ser humano de Fé… Carlos Mesters completará 94 anos. Nascido na Holanda, mas com tanto tempo de Brasil que já se tornou cidadão de duas pátrias. Desde 1949 que atua em terras brasileiras. Viveu o antes e depois do Concílio Vaticano II e isto significa muito e que tem muito a contar para as gerações mais novas. Em tempos ferventes dessas redes digitais, este Carmelita de ampla sabedoria porque simples no colher das palavras, tem muito a dizer porque guarda muita sabedoria dentro de si. Uma vida plena de sentido e marcada por uma opção coerente pelos de baixo, não caberia em livro algum. As palavras são sempre limitadas quando procuramos falar de alguém como Frei Mesters. Arrisco três linhas de força da vida/obra de Carlos Mesters:

• A capacidade rara de “inculturação” (no sentido empregado por Paulo Suess in: “Responsabilidade missionária”) deste homem imenso (intelectual e fisicamente). Tendo nas costas e na mente uma formação teológica europeia, sendo um missionário carmelita holandês, estudante num período da Igreja dominado por Pio XII, branco mais que a neve… Como um ser desses se torna tão brasileiro, sertanejo, periférico como nós? trata-se de um processo, de uma abertura. Somos o que a formação mundana fez conosco, mas somos também o que fazemos com essa formação. Frei Mesters escolheu não ser eurocêntrico, escolheu aprender com o povo das periferias do mundo, escolheu uma missão sem dominação. Para quem duvida disso, recomendo essa breve obra prima: “Seis dias nos porões da humanidade” (vozes, 1977).

• “A leitura do mundo precede a leitura da palavra”. Percebo em Frei Mesters que não fez da linguagem escrita um fetiche (como muitas vezes é próprio das academias). Ler as palavras em livros e interpretá-las não faz ninguém melhor que outro. pode fazer diferente. Mesters o fez. Colheu a “flor sem defesa” da sabedoria popular e misturou com sua formação bíblica desde Jerusalém.  Aqui mora uma grande revolução subterrânea: a palavra das Escrituras (sagradas) misturada na vida de um povo simples, sofrido e criativo. Nascia uma leitura popular da Bíblia. Um Brasil católico carecia demais de algo assim e logo nos anos 60 e 70 pós-concílio Vaticano II e a conferência de Medellin. Era aquela coisa de uma leitura “Por trás das palavras”. Recomendo demais um texto explicativo de tudo isto: “A brisa leve, uma nova leitura da Bíblia”). In: “Flor sem defesa”, Vozes, 1983).  Uma síntese que nos provoca e convoca. Ele nos fez ver naqueles “anos de chumbo” como se fazia (devia) teologia bíblica no Brasil (quase um título de um texto do distinto). Na minha opinião, Frei Mesters mudou tudo em leitura bíblica nesse país e no continente. Ampliou para além do catolicismo e institucionalizou numa graça chamada CEBI. 

• Por fim, Frei Mesters, nos colocou a questão mais difícil do trabalho popular: como trabalhar com o povo sem ser populista. “Ser populista” aqui, populismo/populista significa: manipulador, arrancador de voto a qualquer custo, embromador com as causas populares e mistificador de uma vanguarda perniciosa… Como Frei Mesters nunca colocou no horizonte subir nas costas do povo para se promover pessoalmente, não foi difícil apontar um caminho para além do demagogismo com saliva popular… Sempre que estou lendo algum texto do Frei Mesters, lembro de algum filme do cineasta Eduardo Coutinho. O que Mesters foi para a leitura popular da Bíblia, foi Coutinho para o documentário brasileiro. Outra história esse imaginário encontro entre Eduardo Coutinho e Frei Mesters…

Um convite ou a quem interessar possa. Neste sábado e domingo a noite (18/10 e 19/10) faremos duas lives em homenagem e louvor pelos 94 anos de Frei Carlos Mesters:

LIVE. HOMENAGEM

CARLOS MESTERS. DA TEOLOGIA BÍBLICA À LEITURA POPULAR DA BÍBLIA

Com Romero Venâncio (UFS)

18/10 e 19/10 . Sábado & Domingo às 20h

no Instagram romerojunior4503

FREI CARLOS MESTERS FALA SOBRE NAZISMO, VINDA DE NAVIO, “SEIS DIAS NOS PORÕES..” E COMO LER A BÍBLIA

FREI CARLOS MESTERS
Rafael Rodrigues da Silva 

Carlos Mesters (Jacobus Gerardus Hubertus Mesters), frade carmelita, de origem holandesa, nasceu em Bunde no dia 20 de outubro de 1931. Chegou no Brasil com 17 anos, no dia 20 de janeiro, juntamente com seu amigo Vital Wilderink, para exercer atividade missionária. Concluiu o curso de Humanidades no Convento do Carmo da Rua Martiniano de Carvalho e em janeiro de 1951, recebeu o hábito carmelita e o nome de Frei Carlos. Em 1952 ingressou no curso de filosofia em São Paulo e em 1954 foi estudar teologia no Colégio Internacional Santo Alberto, em Roma. E no dia 07 de julho de 1957 foi consagrado presbítero. De 1958 a 1962 formou-se em teologia no Angelicum, Ciências Bíblicas no Institutum Biblicum de Roma e na École Biblique de Jerusalém.  
De 1963 a 1978 exerceu várias atividades. Primeiro, foi nomeado professor no curso teológico dos Carmelitas em São Paulo e uma rápida passagem no Colégio Internacional Santo Alberto em Roma (em 1967). De volta ao Brasil em 1968 foi morar em Belo Horizonte, no Convento do Carmo, que era um importante ponto de referência naquele período de ditadura e de resistência ao regime militar.  
Seus primeiros escritos foram um artigo para a Revista de Cultura Bíblica sobre o Êxodo na Bíblia e artigos para o jornal católico O Diário de Belo Horizonte. Mais tarde os artigos do jornal foram editados em dois volumes com o título: Palavra de Deus na História dos Homens. Em 1971 com a intenção de fornecer uma chave de leitura para as discussões ao redor de Gênesis 1-11 publica o livro Paraíso Terrestre, saudade ou esperança? Com o objetivo de trazer a Bíblia ao alcance do povo e respondendo a um pedido da Coordenação Pastoral de Belo Horizonte apresenta a proposta de roteiros de Círculos Bíblicos. Inicialmente mimeografados e distribuídos pelos grupos e depois publicado pela Editora Vozes. Entre 1971 e 1974, começa a publicar os seus cursos através dos livros: Deus, onde estás? e Por trás das palavras. Estes livros se tornaram ferramentas para uma visão geral da Bíblia e uma leitura acerca da Interpretação da Bíblia na Igreja e nas comunidades cristãs. 
Dois eventos foram marcantes para o trabalho bíblico de Frei Carlos Mesters: o Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base e o Encontro de Petrópolis que reunia teólogos, agentes de pastoral, sociólogos e cientistas da religião, três vezes por ano e que teve o seu início em 1974. De certa maneira, estes eventos foram fundamentais para o surgimento do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos) e Frei Carlos nos inícios da década de 70 abandona atividades acadêmicas e passa a viajar por todo o Brasil para assessorar cursos de Bíblia e encontros de pastoral. Desde o surgimento do CEBI até o momento presente, são 35 anos. E fato inconteste nestes anos é o trabalho dedicado e cuidadoso de Frei Carlos Mesters em devolver a Bíblia para o povo, o que mais tarde se denominou como “Leitura Popular da Bíblia”. Nesses anos qual a relação, influência e aplicações dos anseios do Concílio Vaticano II?   
A Constituição Dogmática Dei Verbum considerado um importante documento do Vaticano II acerca da Revelação, apontava para duas leituras que se descortinavam depois do Concílio: uma, ainda na esfera das disputas apologéticas onde se buscava apontar erros acerca da interpretação dos textos bíblicos e, outra, de cunho propositivo e pastoral que procurava incentivar os estudos das Escrituras. Certamente, a Congregação do Santo Ofício buscou o caminho da doutrina e da polêmica, enfatizando questões como inerrância dos textos, inspiração, a leitura de acordo com a Tradição e o Magistério da Igreja. Se olharmos os escritos de Frei Carlos Mesters na década de 70 veremos o quanto se buscou colocar em prática o estudo da Bíblia, o conhecimento do contexto histórico e a Revelação de Deus hoje. O livro Paraíso Terrestre, saudade ou esperança?, apresenta no todo uma leitura e análise acerca das questões doutrinais que aprisionam o texto de Gênesis 1-11. Não é à toa que este livro vai ser analisado pela Sagrada Congregação da Doutrina da Fé. Diga-se de passagem, quase vinte anos depois. Não teve repercussão porque Frei Carlos não optou pelo embate e preferiu continuar o seu trabalho junto com o povo. No entanto, em meio ao que se apresentou como indicativos da Dei Verbum, Frei Carlos em seus primeiros cursos em Belo Horizonte e que resultaram nos livros: Deus, onde estás? e Por trás das palavras. Um estudo sobre a porta de entrada no mundo da Bíblia; apresenta uma visão geral sobre a Bíblia no tocante à Revelação de Deus e uma discussão sobre a aproximação do povo com a Bíblia. O Volume 1 do Por trás das palavras tem no primeiro capítulo a Parábola da porta ou a história da explicação da Bíblia ao povo e fecha o fecha o volume com a História da Flor sem defesa. Já o Volume 2 (livro que foi publicado e circulou como texto mimeografado) traz na introdução a Parábola da Construtora. Nestes livros pretende apresentar a leitura popular da Bíblia e a discussão com a exegese e o uso da Bíblia na Igreja. No tocante ao uso da Bíblia na Igreja, vale salientar toda a sutileza de Frei Carlos Mesters de apresentar a leitura da Bíblia realizada nas comunidades como uma leitura que procura ser fiel à Tradição e, sobretudo, que ela segue os encalços do vento novo que foi soprado pelo Vaticano II.  
Para Frei Carlos Mesters, o pontificado de João XXIII não emitiu muitos decretos relativos à Bíblia. Num dos primeiros discursos, João XXIII referiu-se à Bíblia, dizendo que na mesa do cristão deve estar o cálice e o livro. Porém, o Concílio Vaticano II trouxe um novo conceito de Palavra de Deus, mais de acordo com o conceito bíblico; um novo conceito de Revelação, mais de acordo com a Bíblia e a Patrística; um novo conceito de inerrância, mais de acordo com as exigências da ciência e da realidade; um novo conceito de Tradição, mais de acordo com a Bíblia e mais perto dos protestantes; um novo conceito de fé, mais de acordo com as Cartas de Paulo e menos intelectualista; um novo conceito da função do Antigo Testamento, mais de acordo com a exegese neo-testamentária e com a exegese patrística. Nesta direção, nos anos em que assumiu aulas no Curso Teológico dos Carmelitas em São Paulo (de 1963 a 1967) circulou o texto mimeografado de seu curso de Introdução à leitura da Sagrada Escritura, com a seguinte divisão de assuntos: a) noções preliminares (o porquê dum curso de Introdução à leitura da Bíblia); b) Deus fala aos homens: explicação dogmática e teológica do mistério das Sagradas Escrituras que consiste no fato de que ela é Palavra de Deus em linguagem humana; c) A Bíblia como Palavra de Deus; a concepção bíblica da Palavra de Deus; d) Atitude do homem diante da Palavra de Deus e e) A Palavra de Deus na prática da vida (ressaltando a relação entre Bíblia e A Regra do Carmo e a Bíblia na vida carmelitana). De certa maneira os temas tão presentes na leitura da Bíblia e nas discussões ao redor das Escrituras no Concílio Vaticano II aparecem nesses cursos de Frei Carlos Mesters e nos seus artigos escritos na Revista Eclesiástica Brasileira (REB) de 1970: A concepção bíblica da Palavra de Deus e O profeta Elias, inspiração para hoje. 
A hermenêutica de Frei Carlos Mesters, que já foi objeto de dissertações e teses, apresenta cinco pontos importantes: a) quem lê a Bíblia é o povo e sempre apresenta em seus escritos como o povo lê a Bíblia. É o que encontramos nos livros Por trás das Palavras e Flor sem defesa e em seus artigos sobre os Encontros Intereclesiais de CEBs. b) Espelho da vida. Deus em meio à vida e a história. De forma crítica procura apresentar a leitura da Bíblia como uma forma de conhecer melhor a realidade presente e os apelos de Deus que aí existem. O importante é não tanto interpretar a Bíblia, mas sim interpretar a vida que a vive. c) Livro escrito pelo povo (tradições e memórias populares), para o povo (essa é a consciência dos que leem a Bíblia na Igreja dos Pobres). Com isso, aponta a importância do ponto de vista social para ler a Bíblia. d) O povo lê a Bíblia com fé: Deus fala pelo livro e sem essa fé não há luz para penetrar no sentido de suas páginas. e) Leva a um engajamento com os oprimidos (a dimensão da práxis). f) Tem que provocar a transformação da vida (sentido de libertação). 
Dito isto, podemos entender que a sua hermenêutica seja apresentada de forma triangular. Vejamos o que o próprio Frei Carlos diz sobre os três ângulos: “Na interpretação da Bíblia não se trata de ler o texto e de explicá-lo. Não é só uma questão de saber o que o texto diz. Mas é uma questão de tornar real a fé que temos e que nos diz: Deus fala hoje! Lemos e interpretamos a Bíblia para discernir esta fala de Deus no coração da vida e na caminhada do povo. Por isso, para a reta interpretação da Bíblia não basta a Bíblia, nem basta uma boa inteligência capaz até de ler a Bíblia na sua língua original (hebraico, aramaico e grego). É necessário que a Bíblia seja lida dentro de uma comunidade, a partir dela e em função dela. Comunidade de fé, onde atua o Espírito, onde a leitura da Bíblia é envolvida por orações e celebrada com cânticos. Além disso, a leitura deve ser feita a partir da Realidade nossa, esta realidade humana que nos questiona, onde o povo vive, sofre, luta, apanha, reage, resiste, nasce, morre. Estes três elementos juntos (Realidade – Comunidade – Bíblia) ajudam a fazer a interpretação correta, cujo objetivo último não é interpretar a Bíblia, mas interpretar a vida com a ajuda da Bíblia. Por isso, o trabalho bíblico junto ao povo não pode ser reduzido a alguns “cursinhos” bíblicos que informam sobre a Bíblia. Deve ajudar a deslocar o eixo: “Deus fala misturado nas coisas”. A Bíblia confrontada com a Realidade, dentro da Comunidade, torna-se espelho e, por causa dela, o apelo de Deus começa a aparecer de dentro da Realidade de hoje, vivida pelo povo. Quando se diz “Realidade”, não se trata de uma análise teórica informativa, mas trata-se de refletir sobre a própria prática daqueles que querem ler a Bíblia. Quando se diz “Comunidade”, não se trata da Igreja Universal, mas do grupinho pequeno e fraco que se reúne em torno da Palavra, dois ou três ou mais, “aí estou no meio deles”. É para descobrir esta presença libertadora”. 
A leitura popular da Bíblia produzida e difundida por Frei Carlos e pelo CEBI nem sempre foi uma leitura aceita em diferentes setores da Igreja dentro e fora do Brasil. Primeiro por ser uma leitura militante popular, comunitária e ecumênica. Uma das censuras foi ao Projeto Palavra-Vida da Conferência Latino-Americana de Religiosos em 1989 e que foi corajosamente assumido pela Conferência dos Religiosos do Brasil. Na época Frei Carlos apresentou um texto descrevendo o Projeto Palavra-Vida e a sua relação com a Igreja (Palavra-Vida: uma leitura fiel à Tradição e ao Magistério). O seu artigo tece os principais aspectos da leitura popular da Bíblia em resposta às acusações que foram feitas ao projeto, principalmente de fazer uma leitura reducionista da Bíblia e da História da Salvação; não respeitar devidamente a Tradição e o Magistério da Igreja; não dar o lugar central a Jesus Cristo, entre outros. Os aspectos da leitura Popular da Bíblia são fundamentados especialmente com a Constituição Dogmática Dei Verbum: 1. a Bíblia é Palavra de Deus e esta é a porta de entrada para o povo; 2. Palavra de Deus em linguagem humana (cf. DV 12); 3. Deus se revela na Sua Palavra (DV 4); 4. Jesus é a chave principal da Sagrada Escritura (DV 2.3.4.15.16.17); 5. a Bíblia é o livro da Igreja e as Comunidades dos pobres leem a Bíblia. O Magistério pode olhar com gratidão para o fenômeno mais marcante da história das Igrejas na América Latina: os pobres estão lendo a Bíblia em comunidade, a partir da sua fé e da sua realidade, encontram nela luz e força para a sua caminhada e luta e, baseando-se nela estão denunciando e corrigindo muita coisa errada na sociedade, na Igreja e na família; 6. é preciso levar em conta a situação do povo que hoje lê a Bíblia. São os critérios da realidade; 7. uma leitura orante e que coloca a exegese a serviço da evangelização (DV 23). Conclui dizendo: “são estas as normas elementares da interpretação cristã da Bíblia, exigidas pela Tradição e pelo Magistério, sobretudo pela Dei Verbum. Elas orientaram a elaboração do projeto Palavra-Vida e, agora, estão na sua raiz e a alimentam”.
Finalmente, podemos dizer que o caminho trilhado por Frei Carlos Mesters no seguimento do vento e da brisa do Vaticano II na Igreja, sobretudo na América Latina e Brasil, teve frutos e um grande seguimento e discipulado por esses anos.  Como ele mesmo diz na história da flor sem defesa: “Senti o perfume de uma ideia ligeira que o povo soltou em minha frente, e fui atrás. Como cão mestre, tentei rastreá-la, até atingir, se fosse possível, a casa onde mora a flor que soltou esse perfume. Foi essa ideia ligeira que me guiou nos caminhos desta pesquisa, anos a fio, através do Brasil e da Bíblia. Iniciei a caminhada bem abastecido. Não faltavam ideias, cursos feitos, diplomas obtidos, leituras e conselhos recebidos. Tudo isso muito me ajudou. Mas na medida em que eu ia rastreando o perfume da ideia ligeira pelo fundo dos matos do sertão e da Bíblia, fui me sentindo como o sertanejo, cada vez mais pobre, muito pobre, “muito pobre coitado”. E quando cheguei no lugar onde mora a flor, tive que dizer a mim mesmo: “Eu quase que nada não sei” e comecei a “desconfiar de muita coisa” que sempre me ensinaram. Comecei a ver o outro lado das minhas ideias, o lado daqueles que as ouvem. (...) Histórias simples, que dá o que pensar. Foi escrita lá mesmo, na casa onde mora esta flor, nascida da semente da Palavra. Lá, ouvi ainda uma frase do Evangelho, como se fosse pronunciada pela primeira vez: “Pai, eu te agradeço, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos simples” (Mt 11,25)”.

Bibliografia
CAVALCANTI, Tereza Maria Pompéia. A teologia subjacente à obra de Carlos Mesters. Rio de Janeiro: PUC-RJ, 1984 (Dissertação de Mestrado)
CAVALCANTI, Tereza Maria Pompéia. O método de leitura popular da Bíblia na América Latina: a contribuição de Carlos Mesters. Rio de Janeiro: PUC-RJ, 1991 (Tese de Doutorado).
FELIX, Isabel Aparecida. Anseio por dançar diferente. Leitura popular da Bíblia na ótica da hermenêutica feminista crítica de libertação. São Bernardo do Campo: UMESP, 2010, p.13-164 (capítulos 1 e 2 tratam de Carlos Mesters e a leitura popular da Bíblia e o CEBI e o método da leitura popular da Bíblia).
LOPES, Eliseu Hugo. Os 60 anos de Frei Carlos. Revista de Interpretação Bíblica Latino-Americana, nº 10, Petrópolis: Vozes, São Leopoldo: Sinodal, 1991, p.9-18.
MESTERS, Carlos. Por trás das palavras. Um estudo sobre a porta de entrada no mundo da Bíblia. 8ª. edição, Petrópolis: Vozes, 1998.
MESTERS, Carlos. Por trás das palavras. Um estudo sobre o uso da Bíblia na Igreja (texto mimeografado)
MESTERS, Carlos. Flor sem defesa: uma explicação da Bíblia a partir do povo. Petrópolis:  Vozes, 1983.
MESTERS, Carlos. Como ler a Bíblia hoje. Belo Horizonte: Centro de Integração Psico-teológico, 1970 (texto mimeografado).
MESTERS, Carlos. Curso de Introdução à Leitura da Sagrada Escritura. São Paulo: Curso Teológico dos Carmelitas, 1964-1965 (texto mimeografado)
MESTERS, Carlos. Balanço de 20 anos. A Bíblia lida pelo povo na atual renovação da Igreja Católica no Brasil (1964-1984). São Leopoldo: CEBI, 1988.
MESTERS, Carlos. O Projeto Palavra-Vida e a leitura fiel da Bíblia de acordo com a tradição e o magistério da Igreja. Revista de Interpretação Bíblica Latino-Americana, nº 3, Petrópolis: Vozes, São Leopoldo: Sinodal; São Paulo: Imprensa Metodista, 1989, p.90-104.
REVISTA GRANDE SINAL. Eu me acuso. A Bíblia e a causa do pobre. Ano XLII, Petrópolis; Vozes, 1989.