domingo, 10 de setembro de 2017

Quando predomina o predador por causa do atual silencio das panelas e de manifestações ruidosas contra a corrupção. falta



 

Outros mundos são possíveis. Outros olhares são necessários. Outras atitudes são urgentes.

Na música Brasil com P, o rapper Gog pergunta no final. Por que predominou o predador? 

No Brasil de Temer e seu bonde de golpistas, a pergunta é porque silenciaram as panelas e as manifestações ruidosas contra a corrupção, se temos agora o governo verdadeiramente mais corrupto da história.

Um bom tema para investigação acadêmica. Caso alguém conheça trabalhos já realizados com base no argumento principal apresentado abaixo, por gentileza indique nos comentários. A reflexão abaixo tenta acrescentar o olhar sob a vista de outro ponto, diverso do autor do texto, mas não antagônico. "Por que as panelas bateram contra Dilma e não batem contra Temer? de Alexandre Tambelli.

Uma das razões que explicam o distanciamento ou descolamento do PT das bases e o papel pouco politizador de muitas politicas públicas aplicadas durante a Era Lula/Dilma, tem a ver com o extrato social de origem dos principais lideres que ocuparam a máquina partidária e governamental, os quais estavam/estão ligados ao mundo acadêmico e sindical, estes dominados em demasia por uma visão “burguesa” da realidade. Sem esquecermos aqui, a correlação de forças politicas dentro do governo e a influência do poder econômico dentro das estruturas do aparelho de estado.

Já os setores ligados ao mundo das comunidades, ao mundo da educação de base, ao mundo da economia solidária, nunca conseguiram por razões óbvias e até mesmo , porque não estavam tão preparados ou preocupados com isso, galgar posições de poder e/ou de comando mais proeminentes.
Isso pode ser uma das explicações para a dificuldade de mobilização dos setores populares para a reação ao golpe, pois a forma com que as politicas sociais foram desenhadas e aplicadas, não consideraram um papel mais ativo ou protagonista dos coletivos e organizações sociais. Salvo um ou outro programa, como o Cultura Viva- Pontos de Cultura, mesmo com limitações.

Um exemplo de um programa que teve isso, mas que ficou muito aquém foi o Minha Casa, Minha Vida, cujos projetos de construção de moradias, ficou na mão de empresas privadas em sua grande maioria. Já o número de projetos de construção que ficaram sob a responsabilidade de cooperativas formadas por setores ligados ao movimento de moradia, foram muito menores, ouso dizer, quase infimos.

Uma das formas defendidas como um grande canal de diálogo com a sociedade foram as conferências de politicas públicas, sem querer aqui negar a importância das mesmas, também estas tiveram limitações e foram se acentuando com o tempo, mais especificamente por conta da obstrução que foram aumentando gradativamente, para uma participação mais real e efetiva dos extratos mais baixos da população, isso por conta de alguns vícios das lideranças populares ou dos “donos da comunidade” ou “donos de movimentos” em muitos casos, assim como por causa de um modelo vertical de organização destas conferências.

Mais uma vez, o ministério da cultura inovou e apresentou algumas possibilidade de superação deste modelo.

O debate e a investigação sobre isso, faz-se necessário não apenas em termos acadêmicos, como também para apontarmos os rumos que precisamos para reconstruímos ou fortalecermos as bases de luta e de resistência contra o atual estado de coisas, o qual não está sendo realizado para permanecer durante pouco tempo.

Por outro lado, independente da esquerda galgar ou não, mais espaços dentro das estruturas do estado brasileiro , especialmente no parlamento e nos executivos estaduais e federais, a situação de crise permanente do sistema é a tônica que dominará nosso modo de vida para as próximas décadas, o que pode ser agravado ainda mais no caso de uma guerra mundial de proporções devastadoras.

Neste sentido, é fundamental a preparação para sabermos viver também fora do sistema. Dentro e fora, junto e separado. Neste caso, educação e cultura popular e economia solidária passam a ter um papel importante em nossas vidas. Mas isso é tema para um outro texto. 

Quem quiser conversar mais sobre isso, é só nos procurar inbox
P.S.: O link de um texto, uma observação, as músicas que lembrei ao escrever esse texto e uma pesquisa de referência.
1 - Por que as panelas bateram contra Dilma e não batem contra Temer? Por Alexandre Tambelli - http://jornalggn.com.br/…/por-que-as-panelas-bateram-contra…
2 – A observação sobre “cultura popular”. Utilizo um conceito de cultura popular pouco ortodoxo. Funk e pornografia, por exemplo, é considerado aqui como cultura popular.
3 - Brasil com P - GOG Part. Maria Rita https://www.youtube.com/watch?v=6v0oXz499xg

Uma música para lembrar os  “donos da comunidade”, mas de forma positiva.
4- O CANTO DA CIDADE-DANIELA MERCURY-VIDEO ORIGINAL-ANO 1992 https://www.youtube.com/watch?v=B7XaHLJFS28
 
PERCEPÇÕES E VALORES POLÍTICOS NAS PERIFERIAS DE SÃO PAULO



 
Quem é de Ribeirão Preto sabe o quanto o Palloci desmoralizou o PT na cidade, com repercussão para toda a esquerda, mesmo aquela não comprometida com a gestão do então prefeito. Quem esteve no governo Lula também sabe o mal que ele fez para políticas sociais. Por vezes eram decisões incompreensíveis do ponto de vista técnico, que só beneficiavam a Banca e os poderosos, fruto de uma equipe que tinha ojeriza por políticas sociais mais avançadas (e se jactavam deste pensamento neoliberal). 

Houve uma concessão para o Bolsa Família e pequenos aumentos orçamentários em políticas inovadoras, mas que só deslancharam depois da saída dele. A equipe da Fazenda comandada por ele tornava muito difícil conseguir alguma possibilidade de execução orçamentária minimamente racional. 

Lembro de um ano em que o programa Cultura Viva só teve liberação para empenhos no dia 17 de dezembro. Trabalhamos como loucos e, no dia 31/12, conseguimos empenhar todo o recurso; mas, evidentemente, se houvesse um mínimo de racionalidade e abertura para políticas sociais, seguramente a qualidade do trabalho teria sido melhor. 

Também recordo de um dia, em reunião do secretariado do MinC, em que fiz um desabafo e acabei falando muito mal da gestão da Fazenda, do ponto de vista técnico e ético, fui duro na fala, inclusive me referindo ao ministro de forma depreciativa, no que resultou um grande silêncio na sala.

 Mas, enfim, ele era o todo-poderoso no governo e teria sido o candidato a presidente, caso não tivesse havido o episódio do "caseiro" (e todas as falcatruas que já apareciam). Mesmo assim ele volta com muito poder, mobilizando arrecadação de recursos na campanha de 2010 e como ministro da Casa Civil em 2011, no que ele não consegue se sustentar, em função dos vários problemas éticos.

 Por que escrevo isso? Porque era previsível o comportamento que ele está tendo agora e quem quiser saber o que acontecera com o PT, basta ver o que aconteceu em Ribeirão Preto. Também é clara a blindagem que sempre recebeu da Mídia oligopolista e do mercado financeiro, e, agora, igualmente, ele receberá a mesma proteção (até porque sabe das falcatruas destes, que, continuaram impunes).

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