quarta-feira, 3 de junho de 2015

São Cristóvão chega ao fundo do poço com a reportagem do esquema de corrupção envolvendo a merenda escolar e a renuncia da prefeita. O que isso tudo tem a ver com a degradação da educação e da cultura e com a violência?

   "Os Senhores da Fome". Roberto Cabrini comanda uma investigação de quatro meses e revela uma rede de empresários que se uniu a políticos para fraudar licitações de merenda escolar em uma das regiões mais pobres do país, o interior do estado de Sergipe. Em um trabalho meticuloso, o programa se infiltrou nos bastidores de reuniões, que foram registradas com câmeras escondidas. Os acusados confrontados são chefões e articuladores de um esquema de corrupção que afeta centenas de escolas e que se perpetuou em meio ao sofrimento de uma população indefesa.
O resultado é a fome de mais de 200 mil crianças, que mal têm o que comer e dependem diretamente do alimento que deveria ser servido nas escolas. Gravações secretas revelam como os empresários produzem licitações com cartas marcadas, superfaturam o preço da merenda e condenam crianças carentes à falta de uma nutrição indispensável, definindo quem vai ganhar e quem vai perder com pagamentos de propina que incluem governantes. A reportagem mostra ainda o desespero de pais e professores, a instalação do medo e como a manipulação fabrica um sistema perverso.

 Gerações assustadas com a violência de São Cristóvão

Fonte: http://www.infonet.com.br
Idosos e jovens lutam por tranquilidade no município de São Cristóvão. Somente este ano, foram registrados 20 crimes


12/04/2011 - 08:16

Idosos e jovens sonham com tranquilidade em São Cristóvão
A violência costuma causar danos emocionais em todas as faixas etárias. Mas no município de São Cristóvão, a falta de segurança vem abalando principalmente os idosos e os jovens. Os primeiros sonham com a tranqüilidade de quando eram crianças e adolescentes nas ruas da quarta cidade mais antiga do país.
O sonho dos jovens é chegar à terceira idade com a paz reinando entre os moradores. Ambos são acometidos por um mesmo pesadelo: dias e noites de angústia e medo por conta do grande número de arrombamentos, assaltos, assassinatos, drogas, roubos, furtos e espancamentos.
Somente este ano, foram registrados 26 homicídios e a média é de 400 inquéritos policiais que estão sendo investigados. No último dia 4, o ajudante de pedreiro José Paulo de Araújo Silva, 31, foi atingido por tiros enquanto trabalhava no Loteamento Rosa do Oeste.
E a preocupação das pessoas mais velhas e mais jovens, tem sentido. Nos últimos meses, além da morte de jovens entre 18 e 24 anos, em sua maioria usuários de drogas principalmente nos conjuntos Eduardo Gomes e Rosa Elze, idosos que residem em sítios localizados nas redondezas do Centro Histórico de São Cristóvão, estão sendo alvo de bandidos.
D. Clemildes: "A violência tá demais"
“Ah! Como era bom antigamente. A gente ficava na porta tomando fresca, conversando até altas horas. As crianças brincando na rua sem nenhum problema, os jovens conversando nas praças, os garotos jogando bola. Eu morava no povoado Ilha Grande e desde 1982 estou aqui na cidade. Mas muita coisa mudou. Agora as pessoas estão em polvorosa. Aqui a violência tá demais. Quem era São Cristóvão, tão calma!”, relembra a aposentada Clemildes Santos Bonifácio, 75 anos.

“Aqui era muito diferente. Era uma cidade pacata, as pessoas vinham se divertir nas festas sem problemas. Agora só fico trancada em casa, de dia e de noite. A gente vai para a missa
D. Maria Fortunato: "Trancada em casa"
e volta com medo. Tô com medo mesmo, todo dia matam gente. Tem muita violência ali no Alto da Divinéia. Mataram um rapaz tão bom, dentro da chácara dele. Eu é que não quero mais sítio. Vendi o meu, pois os bandidos estão invadindo, matando e roubando tudo. Agora, depois que meu marido morreu, vivo trancada”, lamenta D. Maria Fortunato.

Constrangimento
“Nasci em Lagarto, mas me criei aqui, constitui família, fui vereador por cinco mandatos e ao me aposentar coloquei um negócio para tirar xerox, encadernar. Pensei que poderia curtir
Sr. Irênio: "Fui vítima da violência"
minha aposentadoria em paz. Engano. Vivemos assustados, trancados, a casa toda gradeada”, reclama o Sr. Irênio Santana ao lembrar que já foi vítima da violência em São Cristóvão.

“Eu passei o maior constrangimento. Uma freira deixou um material para ser encadernado e quando veio buscar, estava com um envelope embaixo do braço contendo um dinheiro que ajudaria às crianças do orfanato. De repente entrou um rapaz com um revólver engatilhado, colocou na minha testa pediu que entregasse a renda e pegou o envelope da irmã que continha R$ 2 mil.
Eu tinha no caixa R$ 670 e passei. Ele nos trancou e deixou a chave na calçada, avisando que só podíamos gritar depois de cinco minutos. Assim fiz, gritei, gritei e o rapaz do cartório aqui ao lado veio ver o que era. Eu disse que a chave estava na calçada, mas quando ele entrou, encontrou uma situação delicada: a freira chorando muito e eu agoniado. Ele pensou que eu tinha feito mal a ela”, relata o Sr. Irênio, de 72 anos.
Juventude assustada
Thayse e amigas esperam dias melhores

Nas ruas da cidade de São Cristóvão e em conjuntos localizados no município a exemplo  do Eduardo Gomes, jovens reclamam a falta de segurança. “Nós vivemos no interior como se morássemos em São Paulo, no Rio de Janeiro. Aqui não temos vida. Se vamos para a escola, corremos o risco de perder o celular, o tênis. Se vamos em uma lan house, podemos ser assaltados. Se optarmos pela bica ou até mesmo se tivermos de pagar uma promessa no Cristo, podemos ser abordados. Temos praças belíssimas, tombadas pelo patrimônio, mas não ficamos mais de dez minutos”, diz o estudante Davi Lima, que preferiu não aparecer.
“Nós queríamos ficar batendo papo na porta à noite, mas é perigoso. Quando ficamos é até no máximo 21h.
Pessoas começam a deixar a cidade
A violência em São Cristóvão está demais. Os jovens estão sofrendo porque não podem sair para se divertir, nem mesmo ficar na porta de casa”, diz Thayse Santos.

Comerciantes ameaçados
Na área da Bica de São Cristóvão, a insegurança também vem ameaçando os comerciantes. “Eu nasci aqui na Bica. Minha mãe tem bar há 60 anos e eu e meus irmãos, sobrinhos, seguimos o mesmo ramo, mas temos que fechar as portas às 17h no máximo por causa dos marginais. Já entraram em vários bares aqui na redondeza, levaram caixas de som, comidas e bebidas”, conta Rosângela Maria Pinto.
Recentemente, uma comissão de vereadores de São Cristóvão se reuniu com o secretário chefe da Casa Civil, Jorge Alberto quando entregaram um documento solicitando segurança entre outras
Alex Rocha: "Tirando jovens da ociosidade"
reivindicações para o município. O secretário tirou cópias do documento e enviou à Secretaria de Segurança Pública pedindo providências. E na tarde da última quinta-feira, 7, o prefeito Alex Rocha e os vereadores participaram de uma reunião com o secretário da Segurança Pública, João Eloy para cobrar providências por conta dos 20 crimes registrados este ano no município.

Medidas
Na ocasião, o coordenador das Delegacias da capital, delegado Fernando Melo, anunciou o aumento do efetivo local e a abertura das delegacias da cidade de São Cristóvão e do conjunto Eduardo Gomes durante os finais de semana. “Já designamos agentes para reforçar a equipe da cidade e durante os finais de semana, de forma alternada, as delegacias de São Cristóvão e do conjunto Eduardo Gomes funcionarão. Além disso, acontecerão ações em conjunto com a Polícia Militar com o intuito de coibir o crime e cumprir mandados de prisão”, explicou Fernando Melo após a reunião.
“A nossa parte é tirar os jovens da ociosidade, através de programas do Pró-Jovem. Estamos oferecendo escolinhas de futebol e de Box. Já temos até um garoto que participou com vitórias no campeonato brasileiro de Box na categoria dele. Agora, segurança publica é com o governo. Faltam blitzes nas ruas de São Cristóvão, um policiamento mais ostensivo principalmente no Roza Elze, Eduardo Gomes, Divinéia”, entende o prefeito Alex Rocha.
Por Aldaci de Souza


quinta-feira, 14 de abril de 2011


Nova geração mata tradição

Fonte: portal infonet
No município de São Cristóvão a tradição folclórica que atrai turistas pode acabar e dar lugar somente a lembranças
14/04/2011 - 07:52
A tradição da cultura local corre risco

Percorrer as ruas largas, visitando casarões e conhecendo a história de São Cristovão, município distante 25 km da capital sergipana, é roteiro de vários turistas que visitam todos os dias a cidade. Igrejas centenárias, museus, a biblioteca Senador Lourival Batista, além da casa do folclore, todas localizadas na Praça São Francisco, -considerada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) Patrimônio Histórico da Humanidade,- recebem diariamente pessoas interessadas no turismo cultural.
Segundo os moradores, o problema é que na quarta cidade mais antiga do país, a tradição da cultura pode estar com os dias contados. A principal queixa dos moradores de mais de 60 anos

Bonecos mostram que a cultura da cidade é mantida através da história
é que a nova geração desconhece os grupos folclóricos da cidade e, com a morte de alguns fundadores os grupos podem deixar de existir, ficando apenas restrito a um acervo.
Reisado, samba de coco, a Caceteira do falecido João de Cota e a Chegança de São Cristovão. Em uma breve conversa com alguns jovens estudantes do município, muitos não sabiam quase nada ou nunca tinham ouvido falar sobre os grupos folclóricos da cidade. Mas aos 70 anos de idade, Maria Neuza dos Santos, mantém viva a memória das festanças que atraiam milhares de pessoas.  
“Meu pai [José Cardoso dos Santos] era o embaixador da Chegança, que acontecia depois do Natal no Dia de Reis. Era tudo tão bonito, aqueles homens bem vestidos cantavam o bendito dentro da igreja. Hoje os jovens
Os mestres do folclore são lembrados e preservados na Casa do Folclore
não querem saber disso, e muitos até dão risada dos idosos quando ouvem falar essas histórias”, diz dona Neuza, que expressa saudades do pai, já falecido. “Meu pai faleceu ano passado, mas tenho essa memória dele, entrando na igreja e cantando”, relembra.
A artesã e funcionária pública, Neide Quitéria Silva, que trabalha na Casa do Folclore Zeca do Noberto, reconhece que a procura por informações sobre as tradições locais é restrita a universitários da capital ou a turistas de fora do Estado. “Infelizmente os adolescentes da cidade sentem vergonha dos grupos, já foram feitas tentativas para montar grupos de jovens, mas muitos dizem que não aceitam porque é coisa do passado. Existe a preocupação de manter a tradição, mas
Nova geração confessa que entende pouco da tradição local
alguns grupos já deixaram de existir porque não tem gente que leve a tradição adiante”, lamenta.
Para as estudantes que cursam o sétimo ano do ensino fundamental do Colégio Gaspar Lourenço, o conteúdo não é tratado em sala de aula. “Não sei nada sobre isso, nunca vi na escola falar sobre esses grupos”, diz Diná Rayane Oliveira, que a convite do Portal Infonet e acompanhada de mais duas amigas visitam a casa de folclore com admiração. “Mestre do que? Caceteira de Rindú? Isso nunca vi”, fala Emilyn Caterine.
Religiosidade
O monumento do Cristo Redendor que possui uma das mais
O Cristo Redentor
belas paisagens do alto da cidade, fica em uma área distante (pouco mais de um quilômetro da sede do município). O problema é que para visitar o local, moradores dizem precisam realizar preces para não serem assaltados no caminho.
O Portal Infonet visitou a área e constatou que além da falta de iluminação pública no trajeto, o monumento não oferece segurança. Um problema tratado em reportagem anterior sobre a insegurança e aumento de violência na cidade.
Ecologia
No passado, um ponto de encontro de famílias, turistas e moradores. Assim era o parque João Alves
A paisagem que encanta visitantes, preocupa pela insegurança do local
Filho, popularmente conhecido como ‘Bica de São Cristovão’. Moradores que preferem não ser identificados afirmam que o local, além de não possuir atrativo recreativo é ponto de marginais que assaltam e ameaçam comerciantes.
Há mais de 30 anos, a vendedora Rosangela Pinto, convive no ambiente e diz que alguns poucos clientes ainda frequentam o local pela fidelidade e bom atendimento, mas que não faltam reclamações sobre a estrutura do espaço. “Antes era uma bica, a água era forte. Teve uma reforma há mais de 20 anos, aí transformaram essa bica em 12 bicas, o resultado é uma água fraquinha que não atrai quase ninguém”, salienta a vendedora que reivindica melhorias.
Em resposta a solicitação, o prefeito do município Alex Rocha, disse que existe um projeto para recuperação do parque, mas há dois anos aguarda liberação de
Comerciantes reclamam da falta de estrutura do local
recursos provenientes do governo do Estado.      
Cultura
A secretária da Secretaria Municipal da Cultura e do Turismo, Aglaé Fontes, afirmou que quando assumiu a pasta encontrou seis grupos folclóricos desativados. A secretária explica que os grupos não possuíam roupas e estavam desestimulados, mas a secretaria resgatou a tradição através da Caceteira de seu Rindú, da Chegança e de outros grupos.
“Estamos dando cursos, de educação patrimonial ressaltando o valor não somente dos prédios e das igrejas, mas também da cultura imaterial que tem uma riqueza muito grande. Esse curso formou mais de 30 monitores de turismo, estamos fazendo também trabalhos nas escolas”, declara a secretária.
Turistas lamentam horário de fechamento das igrejas
Aglaé Fontes salienta que o município vem desenvolvendo um trabalho com 200 alunos que estão aprendendo a tocar instrumentos musicais sobre a coordenação do professor Vieira. O trabalho promete levantar a estima dos jovens e preservar as manifestações culturais da cidade.
Sobre o potencial turístico da cidade, Aglaé diz que alguns turistas reclamam dos horários de visitação das igrejas, mas ressalta que a responsabilidade e da arquidiocese. A secretária reconhece que a cidade não possui hotéis e pousadas para abrigar os turistas. “Precisamos de pessoas que acreditem no nosso potencial turístico cultural e ecológico e invista em pousadas com condições de receber os turistas”, diz.
Museu
Sobre o funcionamento do Museu Histórico de Sergipe (MHS) a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) esclarece que o museu está aberto à visitação de terça-feira a domingo, das 10h às 16h, fechando às segundas-feiras para manutenção do prédio.
A informação é que o horário de funcionamento foi estabelecido em 2009, através de um pacto entre Secult, Emsetur, Prefeitura Municipal de São Cristóvão, e Subsecretaria de Patrimônio Histórico Artístico e Cultural (Subpac), que levaram em conta os horários em que havia maior fluxo de visitantes no MHS, chegando à conclusão de que manter as portas do museu das 10h às 16h supriria a demanda.
Por Kátia Susanna

Professores de São Cristóvão: dois anos de perdas e decepções

Escrito por Luana Capistrano Ligado . Publicado em Redes Municipais - Portal Sintese
 
Nos últimos dois anos os professores da rede municipal boletim saocristovao1boletim saocristovao1de São Cristóvão têm sofrido duras perdas orquestradas de forma cruel pelo casal de prefeitos Rivanda Farias e Armando Batalha.  Desde 2012 os professores de São Cristóvão não recebem o reajuste do piso salarial nacional do magistério, um direito assegurado pela Lei Federal 11.738/2008, que institui o piso para o magistério em todo o Brasil.
Em janeiro de 2013 mais um golpe impiedoso foi dado contra os professores. De forma arbitrária a prefeita Rivanda Farias conseguiu aprovar uma lei na Câmara de Vereadores que tornavam nulas as leis que reajustaram o valor do piso de 2011 e 2012, além de reduzir a regência de classe de 25% para 1%, com isso os educadores tiveram redução salarial. Todos os professores perderam mais de 30% de seus salários, o que levou o magistério a fazer uma grave que durou 66 dias.
Ao longo destes dois anos os professores do município de São Cristóvão travaram uma grande luta para recuperar todos os diretos que lhes foram covardemente tirados. Através de mobilização da categoria, vigílias, assembleias, paralizações e diversas audiências com o Ministério Público, Tribunal de Justiça, Promotoria Pública e até com os prefeitos, o magistério de São Cristóvão tenta buscar o diálogo para solucionar os problemas, mas até agora nenhuma saída lhes foi apresentada.
Na última audiência, que ocorreu no dia
boletim saocristovao2boletim saocristovao220 de março, entre o SINTESE e a prefeitura de São Cristóvão mais uma vez as negociações foram frustradas.  A prefeita Rivanda Farias não apresentou proposta para cumprir com o pagamento do reajuste do piso salarial de 2014, estabelecido em R$ 1.697, um aumento de 8,32%. 
A prefeita afirmou que a falta de recursos do município e o os limites impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal a impedem de apresentar propostas para o pagamento do piso 2014. Rivanda disse ainda que qualquer negociação só será possível a partir do mês de maio, período em que se encerra o primeiro quadrimestre contábil do município. No entanto, a prefeita não apresentou nenhum documento no decorrer da audiência que comprovasse a ausência de recursos por parte do município de São Cristóvão.
O mais curioso ou bizarro nisso tudo é que enquanto o casal de prefeitos bate na tecla da falta de verba para arcar com suas responsabilidades com a educação, recursos do município escorrem pelo ralo da má administração pública. Desrespeito as Leis e irregularidades marcam as gestões de Armando Batalha e Rivanda Farias.
Dados do Tribunal de Contas do Estado de Sergipe apontam que nos últimos três anos (2010 a 2013) a prefeitura de São Cristóvão não chegou a gastar o mínimo de 25% dos recursos totais na Educação. A Constituição Federal determina que os municípios gastem pelo menos 25% de sua receita no desenvolvimento e na manutenção da educação. Para se ter uma ideia do desrespeito ao que determina a Lei, em 2013, foram gastos apenas 18% dos recursos com a Educação do município.
Além disso, a partir da análise da folha de pagamento da Educação de janeiro de 2014 foram encontradas irregularidades no uso dos recursos do Fundo  de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB).
De acordo com a análise da folha de janeiro,
boletim saocristovao3boletim saocristovao3somente com os profissionais do magistério que recebem de forma irregular pelo FUNDEB a prefeitura de São Cristóvão gasta R$ 21.339,32 (vinte e um mil trezentos e trinta e nove reais e trinta e dois centavos). Já com servidores técnicos administrativos são gastos irregularmente R$ 9.189,85 (nove mil cento e oitenta e nove reais e oitenta e cinco centavos). O que totaliza um montante de R$ 30.529,17 (trinta mil quinhentos e vinte e nove reais e dezessete centavos) de recursos do FUNDEB usados indevidamente.
A análise da folha aponta ainda o pagamento de altas gratificações a funcionário que têm cargo de confiança. Caso as irregularidades fossem sanadas a administração municipal teria condições de assegurar o pagamento do piso 2014 ao magistério. Mas parece que não há boa vontade por parte dos gestores de São Cristóvão em buscar saídas para a crise da educação no município.
Os professores de São Cristóvão não vão desistir de lutar por condições dignas de trabalho, salários justos e educação de qualidade social para os filhos e filhas dos trabalhadores do município. Por isso, estamos nas ruas para pedir o apoio de toda a população nesta batalha, com confiança que a vitória será de todo nós e para todos nós. Será uma vitória da educação.
A luta continua!

FASC: A participação da comunidade é fundamental  

Zezito de Oliveira · Aracaju, SE
4/8/2011 ·
FASC (FESTIVAL DE ARTES DE SÃO CRISTÓVÃO)

“Quem produz cultura é a sociedade e não o Estado”. Uma frase/conceito que não esqueci, uma das idéias-chave contidas na carta do encontro preparatório, realizado em Aracaju (SE), do primeiro seminário sobre cultura, promovido depois pela SUDENE na cidade do Recife (PE), em meados dos anos 80, tempos da nova república e de esperanças renovadas com a retomada das liberdades democráticas, subtraídas pela ditadura civil-militar instalada no fatídico ano de 1964.

E, a partir de então, vai se afirmando, gradualmente, nas iniciativas culturais das quais tomei parte, a convicção de não fazer sentido alijar as comunidades dos processo de elaboração, formulação, implementação, monitoramento e avaliação de politicas públicas culturais. O que está conforme um dos tópicos apresentados nas páginas 23 e 24 da apostila da disciplina política e gestão cultural do Programa de Capacitação em Projetos Culturais, de iniciativa da Fundação Getúlio Vargas Online e do Ministério da Cultura, do qual sou participante.

Contudo, este modo de propor e fazer cultura nem sempre é considerado. Por esta razão, muitas iniciativas culturais vinculadas às instancias de governo e, às vezes, no âmbito das organizações não governamentais, em um dado momento, não encontra fontes de vitalidade para prosseguirem a contento ou gerar iniciativas autossustentáveis.

Um exemplo que corrobora o que está escrito acima é a mobilização da qual faço parte e que objetiva a formação de uma espécie de comitê gestor formado por representantes dos poderes público municipal, estadual, federal e da sociedade civil organizada para a retomada e continuidade do Festival de Arte de São Cristóvão (FASC).

Esse festival foi idealizado e realizado pela Universidade Federal de Sergipe de 1972 a 1993 em grande estilo e, desde então, até 2006, foi organizado pela Prefeitura Municipal de São Cristóvão, com altos e baixos, (mais baixos do que altos, diga-se de passagem) com a sequência de realizações interrompida em 2006.

Durante o período do festival, que variava de 3 a 8 dias, a cidade de São Cristóvão era tomada por uma multidão de pessoas, composta de artistas, mestres e brincantes, intelectuais, jornalistas, estudantes, professores, funcionários públicos e trabalhadores em geral, integrantes de diversas tribos que apresentavam e/ou assistiam diferentes tipos de espetáculos, além de comercializarem variados bens culturais.

Todavia, conforme consta de uma dissertação de mestrado em que o FASC foi um dos eventos culturais estudados, “O município e sua população participam do evento apenas como cenário e na qualidade de figurantes”(1).

Dentre alguns problemas gerados por essa postura dos organizadores, têm-se registros de oposição ao FASC de parcela da população mais identificada com o pensamento católico conservador, em especial nos primeiros anos.

Para entender isso, não podemos esquecer que a pacata e centenária cidade recebia mutos artistas, estudantes universitários, jornalistas, intelectuais e hippies que, em muitos casos, com suas vestes diferentes, adereços, comportamentos e valores eram algo bem diverso daquilo a que a população estava acostumada no seu dia a dia.

Também percebemos o pouco investimento em ações mais consistentes e permanentes de extensão cultural, como cursos, oficinas, palestras e seminários, inclusive no campo do empreendedorismo cultural, a fim de “empoderar” os moradores, em especial a juventude.

Caso isso tivesse ocorrido, certamente haveria nos dias de hoje inúmeras iniciativas culturais na cidade de São Cristóvão e municípios adjacentes. Tal fato levaria a iniciativa da organização do festival por parte das organizações da sociedade civil sancristovense, aproveitando o vácuo deixado pelo poder publico federal, estadual e municipal.

Por isso, as demandas apresentadas pelo movimento PRÓ-FASC têm como bases conceituais a parceria, a participação popular, a formação cultural continuada e o empreendedorismo cultural.

Dessa maneira, estarão asseguradas as estruturas vitais para a retomada de um processo cultural cujos alicerces, dentro das comunidades, estarão bem firmados e capazes de garantir uma conquista mais ampla do que um festival de arte apenas por alguns dias.

Para garantir que estamos no caminho certo, deixaremos como conclusão desse texto, um outro registro que consta na página 25 da apostila disciplina política e gestão cultural do Programa de Capacitação em Projetos Culturais já citado, da autoria de Garcia Canclini(2)

(,,,)a política cultural tem um papel que não se limita a ações pontuais, mas que se ocupa da ação cultural com um sentido contínuo, ao longo de toda a vida e em todos os espaços sociais. A política cultural não reduz a cultura ao discursivo ou o estético, já que procura estimular a ação organizada, autogestionária, reunindo iniciativas mais diversas de todos os grupos, na área política, social, recreativa... A política cultural – além de transmitir conhecimentos e desenvolver a sensibilidade – tenta melhorar as condições sociais para descobrir a criatividade coletiva. A política cultural procura que os próprios sujeitos produzam a arte e a cultura necessárias para resolver seus problemas e afirmar e renovar sua identidade (...).

P.S.: De março a maio de 2011, a comissão de articulação do Movimento PRÓ-FASC realizou várias reuniões com a comunidade e com diversos interlocutores que tiveram papel relevante na realização do FASC.
Tendo em vista que desde 1996 a prefeitura é a instância pública encarregada de realizar o festival, foi solicitado ao prefeito, e aceito por ele, a edição de um decreto municipal para oficializar a criação de uma comissão oficial de organização do FASC, composta por representantes do governo federal (UFS e IPHAN), governo do estado (SECULT e SETUR), governo municipal (secretaria de governo e secretaria de cultura) e da sociedade civil (ACASC e Movimento PRÓ-FASC).
Até o momento aguardamos essa providência do prefeito e da secretária municipal de Cultura, professora Aglaé Fontes de Alencar, tradicional pesquisadora e gestora cultural.
Também foi solicitado ao prefeito a contratação de um produtor cultural, com capacidade técnica comprovada, para a (re) elaboração de projeto e captação de recursos para o festival, levando em consideração os novos pressupostos de gestão compartilhada e a atual realidade orçamentária do país.
(1) FILHO, José Ribeiro. Festival de Arte de São Cristóvão: Projeção Nacional e Declinio. In: FILHO, José Ribeiro. Eventos públicos e privados: a elaboração de politicas culturais voltadas para a elaboração da festa. 2008. 145f. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Universidade Federal de Sergipe. Cap.4.p.78
(2)GARCIA CANCLINI, Néstor (ed.) Políticas culturales en América Latina. México,
Grijalbo, 1987.p.51
Esse texto foi publicado originalmente na edicao impressa do Jornal do Dia - edicao de 15 de julho de 2001 e esta tambem disponivel no formato web do jornal, aqui.
Para saber mais sobre o significado da palavra empoderar, recomendo a leitura aqui.
Leia o manifesto PRÓ-FASC, aqui

Assista reportagem da TV Aperipe (abril 2011)sobre o movimento PRO-FASC.

Assine o abaixo assinado PRÓ-FASC, aqui

Memórias estéticas/afetivas PRÓ-FASC. Outra maneira de colaborar é elaborar um depoimento para ser publicado no blog PRO-FASC.

depoimento do Zezito de Oliveira

depoimento do agente cultural Hora Reis

depoimento do poeta Araripe Coutinho

depoimento do gestor público Marcos Santana

depoimento do músico Antônio Vieira (Brasinha)

Confira opiniao PRO-FASC emitida pelo entao ministro da cultura, Juca Ferreira, no ano de 2010.

Confira uma noticia ruim referente a relacao juventude de Sao Cristovao e a sua tradicao cultural.

Confira uma boa noticia referente a relacao juventude de Sao Cristovao e a diversidade cultural.

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