Há cerca de cinco anos atrás, reencontro nos corredores do
Sebrae Aracaju, Edilson Nascimento, um
dos mais importantes consultores na minha formação como agente/produtor cultural, bem como de
outras pessoas que participaram de uma iniciativa que ficou conhecido como
Consórcio Cultural, realização dos tempos em que fui diretor do Complexo
Cultural “O Gonzagão”, no período
compreendido entre 2007 e 2009.
Ao perguntar-lhes sobre o que estava fazendo, ele me disse que estava trabalhando na
consultoria em um projeto no formato “consórcio de municípios” voltado para o incremento das
potencialidades culturais e econômicas do local, na região do baixo São
Francisco, iniciativa que contava com recursos vultosos por parte do governo
federal, mas que ele temia a continuidade nos termos como estava desenhado. Perguntei as razões e ele repetiu palavras de uma conversa que tivemos quando nos conhecemos:
- Percebo um grande déficit de formação educacional e cultural da parte
dos agentes dos municípios envolvidos, mesmo àqueles ligados ao poder público. Temos um grande nó ou gargalo para o
avanço de iniciativas socioeconômicas e socioculturais em nosso estado, as
limitações do capital humano.
Estas palavras, me vem
a lembrança nestes dias que correm,
quando recebemos os ventos negativos do
noticiário que sopra de Brasilia, como se não bastasse a situação local.
Trata-se da drástica redução dos recursos da loteria destinados ao Fundo Nacional de Cultura. O que me fez
imediatamente parafrasear o
bordão do então candidato a deputado federal Tiririca, “pior que está, fica!”,
quando comentei com um amigo a respeito da noticia.
Por outro lado, o diagnóstico de Edilson Nascimento, lança um
desafio, que é antigo, para todos àqueles que estão envolvidas com a cadeia
produtiva da cultura em Sergipe. O quanto estamos maduros e conscientes, para compreendermos a necessidade de somarmos
com outros agentes/produtores culturais, tanto individualmente, como
coletivamente, para conseguirmos
ultrapassar uma série de barreiras e limitações no campo dos recursos humanos,
materiais e financeiros?
Assim também, o quanto temos clareza da necessidade de
investirmos tempo e recursos financeiros para aprimorarmos as nossas
competências e habilidades, não apenas àquelas ligadas ao caráter estritamente
técnico, como também ao campo das humanidades, aqui entendido como o universo
do que trata a arte, a história, a antropologia, a sociologia, a filosofia, a
literatura e etc.?
Neste sentido, lembro uma inciativa recente que
estamos batalhando junto com outras pessoas, as produtoras culturais colaborativas, uma ação para tempos de vacas magras, como o que estamos
vivendo, como para àqueles de vacas gordas, que esperamos viver novamente ,
quando passar esse temporal ou tempestade, o que esperamos não demore muito.
Oxalá! Essa compreensão já esteja sendo alcançada por nossos
pares. Do contrário, é prosseguir
repetindo o ciclo da cultura de relacionamentos e convivência, muito bem descrito na canção “Bomfim”, do grupo
Naurêa.
Zezito de Oliveira - Educador e Agente/Produtor Cultural.
Zezito de Oliveira - Educador e Agente/Produtor Cultural.
Bomfim
É muito
chão, é muito sol
Muito sinal, muito desdém
É muito mais além
Muito sinal, muito desdém
É muito mais além
É muito
santo e proteção
Muito trabalho e oração
É muita perdição
Muito trabalho e oração
É muita perdição
É muita
dor, muito suor
Muito
swing e carnaval
É música afinal
É música afinal
É muito
frio, muito calor
Muito pedir, tanto favor
Bondade mata, meu senhor, iô iô iô
Muito pedir, tanto favor
Bondade mata, meu senhor, iô iô iô
No fim a
gente ganha
Bomfim a gente ganha
Sim senhor 2x
Bomfim a gente ganha
Sim senhor 2x
Minha
menina
Estrela matutina
Brinco sem dinheiro
Como é bom ser brasileiro
Estrela matutina
Brinco sem dinheiro
Como é bom ser brasileiro
Minha
menina
Estrela matutina
Vivo só brincando
Como é bom ser sergipano
Estrela matutina
Vivo só brincando
Como é bom ser sergipano
A taxa é muito alta
Dane-se quem não gostar...
Miséria é supérfluo
O resto é que tá certo
Assovia que é prá disfarçar...
Falta de cultura
Ninguém chega à sua altura
Oh Deus!
Não fosse o Cabral...Por fora é só filó
Dentro é mulambo só
E o Cristo já não güenta mais
Cheira fecaloma
E canta La Paloma
Deixa meu nariz em paz...
Falta de cultura
Ninguém chega à sua altura
Oh Deus!
Não fosse o Cabral...
E dá-lhe ignorância
Em toda circunstância
Não tenho de que me orgulhar
Nós não temos história
É uma vida sem vitórias
Eu duvido que isso vai mudar...
Falta de cultura
Prá cuspir na estrutura
Falta de cultura
Prá cuspir na estrutura
Falta de cultura
Prá cuspir na estrutura
E que culpa tem Cabral?...
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