sexta-feira, 7 de março de 2025

Silvio Almeida se defende e Anielle Franco reitera as acusações. Independente das conclusões da investigação policial a luta por igualdade racial no Brasil fica fragilizada.

Mário Resende (UFS) [*]

Foto: Duda Rodrigues/MDHC
 O escândalo Sílvio Almeida e Anielle Franco volta à tona como tragédia que parece não acabar. Em um longo depoimento na Revista Piauí, sugiro a leitura, Anielle narra sua versão do episódio e expõe frases e fatos, imputados ao Sílvio. O negócio desce abaixo do solo. Nelson Rodrigues e Cassandra Rios, dois escritores que tratam dos desejos e sexualidade humana, perdem feio.

Na entrevista, a imagem do ministro sexualizado ao extremo, quase um doente, um "predador sexual", impera. Vou poupar todos e todas aqui dos detalhes. 

Decididamente, não discutimos isso, o Movimento por Igualdade Racial perdeu o rumo. Nós, povo negro, também perdemos. Anielle e Silvio, os dois, deviam continuar suas brigas na justiça, longe dos ministérios. Não o fizeram.

A entrevista de Anielle é reveladora. E muito triste também. Os ministérios de igualdade racial e de direitos humanos, ocupados por duas personalidades negras, com práticas de assédio e violência sexual, por parte de uma das cabeças, é estarrecedor.

 Mas também e principalmente é reveladora de um problema dos dois ministros a época: alçados ao poder sem a militância e a responsabilidade devida para com o povo negro, apegaram ao poder e fragilizaram, da pior forma, a luta por igualdade racial no Brasil.

[*] É professor da UFS e integrante da equipe do PAAF/UFS, ex-secretário nacional do Conselho Nacional de Promoção e Igualdade Racial- CNPIR.

Nota do editor

A última declaração pública de Silvio de Almeida acerca das acusações no canal UOL Aqui

Atualização do caso Silvio Almeida. Em 11 de Março de 2023.

Relatórios do Me Too sobre Silvio Almeida não tem datas nem detalha denúncias






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