TRAGÉDIAS NAS ESCOLAS
O que a violência ensina
Por Gabriel Perissé em 04/10/2011 na edição 662
Já se tornou inesgotável a quantidade de notícias sobre violência dentro do ambiente escolar brasileiro. Entre o massacre de Realengo,em 7 de abril deste ano, e a tragédia de São Caetano do Sul, no último 22 de setembro, dezenas de outros episódios têm sido noticiados. E a situação tende a agravar-se.
Ao longo destes cinco meses, o que terá nos ensinado a violência dentro da escola?
Uma primeira lição é a de que alunos tímidos, “bonzinhos”, reservados podem revelar-se violentos. Em artigo de inspiração freudiana, Sérgio Telles (“O menino suicida”, em O Estado de S.Paulo, 1/10) deixa claro que um episódio como este, em que uma criança de 10 anos atira na professora e se mata, não foi algo gratuito, mera “brincadeira” infeliz. No caso de Wellington de Oliveira, as motivações, por mais ensandecidas que tenham sido, aparecem como inequívocas. Muito provavelmente o menino Davi sofreu calado, e acumulou, durante meses, inúmeras razões sem razão que o levaram ao gesto desesperado.
Uma segunda lição decorre da primeira: no ambiente escolar, é necessário que os conflitos (naturais) sejam observados, ventilados e acompanhados. Que se reforce o vínculo entre escola e família, para que cada uma cumpra seu papel. Nem tudo é responsabilidade da escola, e muitas habilidades sociais devem ser aprendidas em casa. Se há bullying (e sempre há), a escola deve criar formas de identificar os envolvidos antes que o caldo entorne. Expulsar as crianças problemáticas é fazer o problema mudar de endereço, só isso.
Uma terceira lição: chegando a violência escolar a certos níveis, é insuficiente contar apenas com a boa vontade da escola ou o esforço familiar. A sociedade precisa mobilizar-se, com apoio governamental. E não se trata de acionar a Secretaria de Segurança, mas tomar consciência de que a violência na escola tornou-se epidêmica e requer participação de todos.
O inevitável e o evitável
Uma quarta lição – de nada adianta “abafar o caso”. No caso de Realengo, em artigo publicado neste Observatório (“O impossível retorno“), expressei a opinião de que incentivar a maquiagem da escola Tasso da Silveira não apagaria a dor e o trauma, e seria desperdiçar uma chance de ouro: fazer daquele local um centro nacional de estudos sobre violência escolar. Também agora será atitude pouco responsável dizer que o aluno “bonzinho” pegou a arma do pai por acaso, atirou na professora sem querer e se matou sem pensar.
A violência dentro ou fora da escola é, infelizmente, inevitável. Mas tratar essa realidade como tema sigiloso não ajudará a impedir novos massacres e tragédias.
É evitável fazer vista grossa e calar-se. Devemos falar mais, saber mais, e pensar em formas concretas de elaborar soluções e estabelecer cuidados preventivos. Já naquele fatídico mês de abril, Ruth de Aquino publicou na revista Época carta de uma ex-professora da Tasso da Silveira, na qual se afirma que não fazemos ideia dos problemas que diariamente afligem nossas escolas. De fato, são constantes as brigas, as depredações, levam-se armas brancas e de fogo para a sala de aula, são muitos os alunos envolvidos com drogas e álcool, muitos os professores ameaçados, agredidos...
A mídia ainda não sabe da aula a metade.
***
[Gabriel Perissé é doutor em Educação pela USP e escritor; www.perisse.com.br]
Ao longo destes cinco meses, o que terá nos ensinado a violência dentro da escola?
Uma primeira lição é a de que alunos tímidos, “bonzinhos”, reservados podem revelar-se violentos. Em artigo de inspiração freudiana, Sérgio Telles (“O menino suicida”, em O Estado de S.Paulo, 1/10) deixa claro que um episódio como este, em que uma criança de 10 anos atira na professora e se mata, não foi algo gratuito, mera “brincadeira” infeliz. No caso de Wellington de Oliveira, as motivações, por mais ensandecidas que tenham sido, aparecem como inequívocas. Muito provavelmente o menino Davi sofreu calado, e acumulou, durante meses, inúmeras razões sem razão que o levaram ao gesto desesperado.
Uma segunda lição decorre da primeira: no ambiente escolar, é necessário que os conflitos (naturais) sejam observados, ventilados e acompanhados. Que se reforce o vínculo entre escola e família, para que cada uma cumpra seu papel. Nem tudo é responsabilidade da escola, e muitas habilidades sociais devem ser aprendidas em casa. Se há bullying (e sempre há), a escola deve criar formas de identificar os envolvidos antes que o caldo entorne. Expulsar as crianças problemáticas é fazer o problema mudar de endereço, só isso.
Uma terceira lição: chegando a violência escolar a certos níveis, é insuficiente contar apenas com a boa vontade da escola ou o esforço familiar. A sociedade precisa mobilizar-se, com apoio governamental. E não se trata de acionar a Secretaria de Segurança, mas tomar consciência de que a violência na escola tornou-se epidêmica e requer participação de todos.
O inevitável e o evitável
Uma quarta lição – de nada adianta “abafar o caso”. No caso de Realengo, em artigo publicado neste Observatório (“O impossível retorno“), expressei a opinião de que incentivar a maquiagem da escola Tasso da Silveira não apagaria a dor e o trauma, e seria desperdiçar uma chance de ouro: fazer daquele local um centro nacional de estudos sobre violência escolar. Também agora será atitude pouco responsável dizer que o aluno “bonzinho” pegou a arma do pai por acaso, atirou na professora sem querer e se matou sem pensar.
A violência dentro ou fora da escola é, infelizmente, inevitável. Mas tratar essa realidade como tema sigiloso não ajudará a impedir novos massacres e tragédias.
É evitável fazer vista grossa e calar-se. Devemos falar mais, saber mais, e pensar em formas concretas de elaborar soluções e estabelecer cuidados preventivos. Já naquele fatídico mês de abril, Ruth de Aquino publicou na revista Época carta de uma ex-professora da Tasso da Silveira, na qual se afirma que não fazemos ideia dos problemas que diariamente afligem nossas escolas. De fato, são constantes as brigas, as depredações, levam-se armas brancas e de fogo para a sala de aula, são muitos os alunos envolvidos com drogas e álcool, muitos os professores ameaçados, agredidos...
A mídia ainda não sabe da aula a metade.
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[Gabriel Perissé é doutor em Educação pela USP e escritor; www.perisse.com.br]
Bernardo Toro*
A mobilização social é muitas vezes confundida com manifestações públicas, com a presença das pessoas em uma praça, passeata, concentração. Mas isso não caracteriza uma mobilização. A mobilização ocorre quando um grupo de pessoas, uma comunidade ou uma sociedade decide e age com um objetivo comum, buscando, quotidianamente, resultados decididos e desejados por todos.
Mobilizar é convocar vontades para atuar na busca de um propósito comum, sob uma interpretação e um sentido também compartilhados.
Participar ou não de um processo de mobilização social é um ato de escolha. Por isso se diz convocar, porque a participação é um ato de liberdade. As pessoas são chamadas, mas participar ou não é uma decisão de cada um. Essa decisão depende essencialmente das pessoas se verem ou não como responsáveis e como capazes de provocar e construir mudanças. Convocar vontades significa convocar discursos, decisões e ações no sentido de um objetivo comum, para um ato de paixão, para uma escolha que “contamina” todo o quotidiano.
Toda mobilização é mobilização para alguma coisa, para alcançar um objetivo pré-definido, um propósito comum, por isso é um ato de razão. Pressupõe uma convicção coletiva da relevância, um sentido de público, daquilo que convém a todos. Para que ela seja útil a uma sociedade ela tem que estar orientada para a construção de um projeto de futuro. Se o seu propósito é passageiro, converte-se em um evento, uma campanha e não em um processo de mobilização. A mobilização requer uma dedicação contínua e produz resultados quotidianamente.
Como falamos de interpretações e sentidos também compartilhados reconhecemos a mobilização social como um ato de comunicação. A mobilização não se confunde com propaganda ou divulgação, mas exige ações de comunicação no seu sentido amplo, enquanto processo de compartilhamento de discurso, visões e informações. O que dá estabilidade a um processo de mobilização social é saber que o que eu faço e decido, em meu campo de atuação quotidiana, está sendo feito e decidido por outros, em seus próprios campos de atuação, com os mesmos propósitos e sentidos.
Toda ordem de convivência é construída, por isso é possível falar em mudança. As ordens de convivência são construídas, não são naturais. O que é natural é a nossa tendência a viver em sociedade. Os gregos se tornaram capazes de criar a democracia a partir do momento que descobriram que a ordem social não era ditada pelos deuses, mas construída pelos homens. Vislumbraram assim a possibilidade de construir uma sociedade cujo destino não estivesse fora dela, mas nas mãos de todos os que dela participavam.
Quando as pessoas assumem que têm nas mãos o seu destino e descobrem que a construção da sociedade depende de sua vontade e de suas escolhas, aí a democracia pode tornar-se uma realidade.
“Toda ordem social é criada por nós. O agir ou não agir de cada um contribui para a formação e consolidação da ordem em que vivemos. Em outras palavras, o caos que estamos atravessando na atualidade não surgiu espontaneamente. Esta desordem que tanto criticamos também foi criada por nós. Portanto, e antes de converter a discussão em um juízo de culpabilidades- se fomos capazes de criar o caos, também podemos sair dele.” Bernardo Toro
No Brasil já não acreditamos na ordem emanada dos deuses, já não temos um ditador e cada vez fica mais impessoal o “eles” a quem responsabilizamos pela nossa realidade. Mas ainda insistimos em pensar e agir como se a situação em que vivemos fosse obra do outro.
Não aceitar a responsabilidade pela realidade em que vivemos é, ao mesmo tempo, nos desobrigarmos da tarefa de transformá-la, colocando na mão do outro a possibilidade de agir. É não assumirmos o nosso destino, não nos sentimos responsáveis por ele, porque não nos sentimos capazes de alterá-lo. A atitude decorrente dessas visões é sempre de fatalismo ou de subserviência, nunca uma atitude transformadora.
A formação de uma nova mentalidade na sociedade civil, que se perceba a si mesma como fonte criadora da ordem social, pressupõe compreender que os “males” da sociedade são o resultado da ordem social que nós mesmos criamos e que, por isso mesmo, podemos modificar.
A convivência social, por não ser natural, requer aprendizagens básicas que devem ser ensinadas, aprendidas e desenvolvidas todos os dias. Esta é uma tarefa de toda a vida de uma pessoa e de uma sociedade.
AS 7 APRENDIZAGENS BÁSICAS PARA CONVIVÊNCIA SOCIALBernardo Toro (1993)
1) Aprender a não agredir o semelhante(fundamento de todo modelo de convivência social)
2) Aprender a comunicar-se(base da auto-afirmação pessoal ou do grupo)
3) Aprender a interagir(base dos modelos de relação social)
4) Aprender a decidir em grupo(base da política e da economia)
5) Aprender a cuidar de si(base dos modelos de saúde e seguridade social)
6) Aprender a cuidar do entorno(fundamento da sobrevivência)
7) Aprender a valorizar o saber social(base da evolução social e cultural)
A Democracia é uma ordem social que se caracteriza pelo fato de suas leis e suas normas serem construídas pelos mesmos que as vão cumprir e proteger. A democracia é uma ordem auto-fundada. Nem toda ordem de convivência é democrática. A monarquia é uma ordem de convivência, mas não é democrática. Nela um monarca, que, por laços de sangue ou divindade, se coloca fora, separado da sociedade, diferente dos outros, cria as leis e as normas que vão reger aquela sociedade. Ele cria a ordem social e aos súditos (sub ditos: submetidos ao que o outro diz) cabe obedecer essas normas. É por isso que na monarquia comemora-se quando nasce o filho do rei, porque a continuidade da ordem está assegurada.
A ditadura também é uma ordem social, mas não é democrática. Nela o ditador, ou seu grupo, por força das armas, se coloca acima da sociedade e dita as normas sobre como ela deve pensar e agir. A ordem também vem de fora, sua fonte é externa à sociedade que deve cumpri-las.
Na democracia a ordem social se produz a partir da própria sociedade. Nela as leis são criadas, direta ou indiretamente, pelos mesmos que as vão cumprir e proteger. A convivência democrática começa quando uma sociedade aprende a auto-fundar a ordem social. E isso deve ser ensinado e aprendido.
Por isso, a democracia é uma cosmovisão, o que quer dizer que ela é uma forma de ver o mundo. Uma forma que aceita cada pessoa como fonte de criação de ordem social. A democracia não pode ser imposta, tem que ser quotidianamente construída. Ela é fruto da decisão de uma sociedade, que acredita que é possível criá-la, a partir de uma unidade de propósito e do respeito pelas diferenças.
A democracia não é um partido político, não é uma matéria, é uma decisão que se fundamenta em aceitar o outro como igual em direitos e oportunidades. Por isso, a democracia supõe a construção da equidade social, econômica, política e cultural.
Porque a ordem democrática é uma ordem construída, não existe um modelo ideal de democracia que possamos copiar ou imitar. Podemos aprender com outras sociedades que constroem sua própria ordem democrática, mas é nossa a responsabilidade de criar nossa própria democracia.
Esse princípio é chamado de “incerteza” e é fundamental para uma sociedade que quer ser produtiva econômica e socialmente, porque se opõe à tradição de “ser como os outros”.
O conflito é constitutivo da convivência democrática. Na democracia não existem os inimigos, mas os opositores: pessoas que pensam diferente, querem buscar os objetivos de outra forma, tem interesses distintos dos meus, que muitas vezes conflitam com eles, mas com as quais posso discutir e consensar metas comuns, colocadas acima das divergências. Para a democracia, a paz não é a ausência de conflito. A paz é o resultado de uma sociedade que é capaz de criar e aceitar regras para dirimir conflitos sem eliminar o outro nem física, nem social, nem psicologicamente.
Na democracia, o público, o que convém e interessa a todos, se constrói e se fortalece na sociedade civil. A força do público e das instituições públicas tem origem no fato de que eles sintetizam e representam os interesses, contraditórios ou não, de todos os setores da sociedade.
A partir deste conceito de democracia podemos desenvolver o conceito de cidadão. No Brasil o cidadão tem sido confundido com o voto. Cidadão seria aquele que vota. Mas o voto é um direito do cidadão, não é o que o define como tal.
Cidadão é a pessoa capaz de criar ou transformar, com outros, a ordem social e a quem cabe cumprir e proteger as leis que ele mesmo ajudou a criar.
(As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade de seu autor)
*Bernardo Toro é escritor, filósofo e educador colombiano, um dos mais importantes pensadores da educação e democracia na América Latina. Dentre suas obras destacamos o livro “Mobilização social: um modo de construir a democracia e a participação” (Autentica Editora LTDA, 104 págs), escrito com Nísia Maria Duarte Werneck.
PÁSCOA À VISTA
Reginaldo Veloso
Passadas as efervescentes brincadeiras do Carnaval,
nossos olhos se voltam para o Oriente,
porque daqui a uns 40 dias,
vai renascer o Sol da Justiça.
É a festa das festas que vem aí:
a Festa da PÁSCOA!
A palavra “páscoa”,
de origem hebraica,
é irmã da portuguesa “passagem”.
E páscoa quer dizer “a passagem de Deus”!
Sim, porque Deus passa, está sempre passando na história da Humanidade,
na vida da gente...
Mas a gente não se dá conta.
Foi preciso, então, que Deus passasse de maneira espetacular, escandalosa até,
para que, pelo menos uma porção de gente se tocasse.
E foi assim:
JESUS DE NAZARÉ, um carpinteiro,
que, mais de 2000 anos atrás, nascera de um casal pobre
e vivera num lugarejo do interior da Palestina,
aos 30 anos de idade,
começou a anunciar o Reino de Deus!
Para pertencer a este Reino,
as pessoas precisavam mudar de vida:
Ø quem tinha conhecimentos, devia partilhar com os desinformados...
Ø quem tinha dinheiro, devia repartir com os necessitados...
Ø quem tinha poder, devia colocar-se a serviço dos excluídos...
Era como se o mundo tivesse que virar de cabeça para baixo!
Uma revolução, sim, mas que deveria começar no coração de cada um, de cada uma.
Para os pobres, era uma BOA NOTÍCIA,
aquilo que eles mais gostariam de ver acontecer.
E é isso que quer dizer “evangelho”,
palavra grega, sinônimo de “boa nova”, boa novidade.
Mas para os ricos era subversão, perturbação da ordem,
ou, como muita gente hoje em dia ainda diz,
isso era “comunismo”!
Até os pobres, iludidos pela conversa mole dos ricos e poderosos,
foram na onda deles e ficaram contra Jesus.
Só sei que, por conta dessa história,
Jesus terminou preso, foi condenado e morreu crucificado entre dois marginais.
Mas, quando os poderosos menos imaginavam,
os poucos seguidores de Jesus de Nazaré foram perdendo o medo
e fizeram o maior reboliço na cidade:
saíram anunciando que Deus havia ressuscitado seu Mestre!
Jesus vivia, isto é, Deus deu razão a ele!
Ele morreu pela causa do povo, sobretudo dos pobres,
seu sangue foi derramado para que uma nova Humanidade começasse a se organizar,
os entendidos se colocassem a serviço dos sem instrução,
os ricos se colocassem a serviço dos empobrecidos,
os poderosos se colocassem a serviço do povo,
e todos se juntassem numa grande irmandade,
uma família de irmãos e irmãs, simples como as crianças.
E como a causa pela qual Jesus morrera
era justamente a causa de Deus, o que Deus mais queria que acontecesse,
por esse motivo, Deus passou no túmulo onde Jesus foi sepultado,
e o arrancou do poder da morte.
Deus aprovou a vida e a mensagem de Jesus!
Portanto, pregavam seus discípulos,
está na hora de aceitar sua mensagem libertadora,
de fazer parte do Reino por ele anunciado...
Chegou o momento de cada um, de cada uma, deixar Deus passar na sua vida.
PÁSCOA é isso: Deus passando na história de Jesus de Nazaré,
e o reconhecendo como seu Filho!
Deus querendo passar na vida de cada um da gente,
na medida em que a gente entrar na jogada de Jesus,
e se tornar assim um filho, uma filha de Deus.
Só sei que, quem ia acreditando em Jesus, através da mensagem dos discípulos,
tomava um banho, para mostrar que estava começando uma vida nova,
limpa de todas as maldades e sujeiras.
E esse banho passou a chamar-se de Batismo.
Os discípulos (seguidores), agora chamados “apóstolos”, quer dizer “enviados”,
colocavam as mãos sobre a cabeça dos que se “batizavam”
e eles e elas recebiam uma nova energia, um espírito novo,
que chamavam de ESPÍRITO SANTO!
Na força dessa nova energia,
é que o pessoal continuava se reunindo,
escutando a mensagem dos Apóstolos sobre Jesus,
repartindo, entre todos, os seus bens,
de tal forma que ninguém passava necessidade entre eles e elas.
E esse ajuntamento de gente, convocada pela Palavra de Deus,
chamou-se de IGREJA.
O que mais chamava a atenção do povo era a alegria
com que eles comiam a Ceia do Pão e do Vinho, em memória de Jesus:
era o jeito de eles se sentirem em comunhão de vida com seu Mestre.
Era como se o corpo de Jesus passasse a se manifestar na carne deles e delas...
Era como se o sangue de Jesus passasse a correr nas veias deles e delas...
Era Jesus que passava a viver neles e nelas..
Era o Reino de Deus que começava a acontecer “assim na terra como céu!”
E essa Igreja era, assim, o ensaio, a amostra de um MUNDO NOVO!
É por causa dessa história, que os cristãos e cristãs de todos os tempos,
todo ano, a certa altura do mês de abril,
celebram a Festa da Páscoa.
Valeria a pena a gente pensar numa “Festa da Páscoa”
entre os Grupos Culturais do PROAC?...
Que sentido teria?...
Apenas recordar o que aconteceu há mais de 2000 anos atrás?...
Será que a Páscoa, de alguma maneira,
estará acontecendo na vida da gente, hoje, aqui e agora,
e, por isso, vale a pena celebrá-la?...
Talvez seja questão de ter olhos de ver,
olhos capazes de enxergar Deus passando na vida dessa Juventude que tendo oportunidade de se encontrar, de conversar suas coisas, de sentir-se escutada, levada em conta... de poder descobrir seus valores e suas potencialidades... começa a gostar de si mesma, a gostar da vida, a levantar a cabeça, a encantar-se com o que é belo, a querer o que é bom, a sonhar com um mundo diferente, de amor, alegria e felicidade... Não é como se nascessem de novo?...
Ø tendo oportunidade de partilhar idéias, sugestões e iniciativas entre eles e elas... de brincar e jogar juntos, de aprender coisas juntos... de cantar, tocar e dançar juntos,,, de desenhar e pintar juntos... de fazer teatro, organizar passeios e festas... vão superando a solidão e o individualismo... vão dando uma finalidade construtiva a sua agressividade, a suas energias... vão desenvolvendo um novo jeito de conviver, crescendo em amizade e companheirismo... É uma nova convivência que está desabrochando?...
Ø tendo oportunidade de conhecer a história e as tradições do seu povo, as riquezas e belezas do folclore, as coisa bonitas que o povo do seu bairro faz, o jeito característico do povo desta cidade viver e festejar... vão trocando as coisas que vêm de fora pelas coisas nossas... começam a gostar do frevo e do maracatu... passam a preferir um suco de mangaba a coca-cola, uma tapioca a um mac-burger qualquer... descobrem que a “embolada” é o jeito nosso de fazer rap, muito antes que o rap existisse e virasse onda... e por aí vão crescendo no amor a esta cidade, a começar pelo seu bairro... Não é isso uma identidade perdida que está se resgatando?...
Ø tendo oportunidade de encarar o seu ambiente de vida, com novas informações sobre higiene, limpeza pública, reciclagem de lixo, importância do verde, da mata, do mangue, da água, do ar, do silêncio, da preservação ambiental... começam a tomar cuidados e iniciativas na sua classe, na escola, em casa, quando vão pela rua... começam a preocupar-se com arborização e jardinagem... com reciclagem de plástico e papel, com coleta seletiva... com a limpeza das canaletas e canais... com a altura do som das radiolas e televisões... com tudo quanto incomoda e prejudica o ambiente em que se vive... e passam a ser multiplicadores de uma nova mentalidade a respeito dessas coisas no dia-a-dia das pessoas... Não é isso um mundo diferente que está surgindo?...
Ø tendo oportunidade de perceber que a cidade é feita por todos os que nela habitam... que todos e todas têm direitos a serem respeitados ou conquistados, para que todo mundo viva vida de gente e possa ser feliz... que ser cidadão, cidadã é querer bem a seu pedaço e se responsabilizar por ele, para que seja o melhor lugar do mundo, a cidade mais bonita e feliz... onde todos, de mãos dadas, vivem num mutirão sem fim, cuidando de tudo, para que tudo dê certo, para o bem de todos... onde o prazer maior é poder, no fim de semana, festejar com ciranda e coco, a fraternidade cidadã exercida ao longo de toda a semana... Não é isso um mundo novo que está despontando?...
Para quem tem olhos de ver,
é por aí, quem sabe, que Deus está passando,
nos arrancando da morte para a Vida...
é por aí que o Sangue de Jesus está circulando
e o Espírito de Jesus está soprando
e tudo vai se transformando nos indivíduos e na sociedade,
e a Páscoa vai acontecendo
e o mundo se salvando.
Se for assim,
se assim estiver sendo,
será que não vale a pena celebrar a Páscoa,
a passagem de Deus em nossas vidas,
na vida da juventude do PROAC?...
E agora José, e agora Maria,
como vamos fazer para que nossos Grupos Culturais
cheguem à gostosa descoberta deste “Mistério” maravilhoso
que se esconde em suas vidas,
mas que precisa se manifestar aos olhos deles e delas, aos olhos de todos?...
Como fazer para que esta descoberta
se torne motivo de festa
e desencadeie toda uma criatividade,
no sentido de todos se darem as mãos
na preparação de um evento capaz de fazer brilhar
esta vida nova, este mundo novo,
que está acontecendo no dia-a-dia dos Grupos Culturais do PROAC,
como Festa da Vida,
como um grande louvor ao Deus da Vida,
que assim como passou na história de Jesus,
está passando nas histórias bonitas da gente, hoje, aqui e agora?...
A Páscoa está à vista!
Como vamos fazer?
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