sábado, 1 de outubro de 2011

Jornada Ecologia e Espiritualidade: unindo ciência, compromisso social e político, arte e espiritualidade.







OS BONS TEMPOS ESTÃO DE VOLTA.
       Neste 25 de setembro de 2011, ao ultrapassar o portão que dá acesso às salas e auditórios localizados nos fundos da igreja São Pio X para participar do último dia da Jornada Ecologia e Espiritualidade, lembrei-me de bons momentos vividos  na década de 80 e meados dos anos 90 do século passado no Rio de Janeiro, em Pernambuco e  São Paulo, quando adentrava em alguns espaços eclesiais para participar de encontros, celebrações e eventos culturais.

Naqueles anos, havia um maior número de bispos, padres, irmãs e leigos da igreja católica, como também religiosos e fiéis de  igrejas evangélicas históricas, a exemplo das Luterana, Metodista, Congregacional, Presbiteriana (os ramos denominados independente e unida), Anglicana e outras mais, buscando se associar de forma ativa e constante a pessoas que participavam de processos educativos, sociais, políticos e artísticos voltados para  a construção de um mundo melhor, independente de crença religiosa ou ideologia.

Por esta razão, a sociedade brasileira avançou em muitas conquistas sociais, políticas, éticas e culturais.

SEXTA-FEIRA
       Foi lembrando isso que Roberto Malvezzi, mais conhecido como Gogó, iniciou a sua palestra dialogada na jornada ecológica em 23 de setembro, com público de mais de 40 pessoas, em uma noite de clima agradável.

Nos últimos anos, o público presente, tinha tido contato com notícias frequentes referentes ao alto número de bebês ou crianças mortas no sertão, saques de gente faminta, êxodo em massa de nordestinos rumo ao chamado sul maravilha, frentes de emergência, carros pipa e etc?” Com essa pergunta  Gogó iniciou sua participação na jornada.

Como a resposta foi negativa, Gogó, sem negar os méritos das politicas sociais de alguns governos, discorreu durante parte da noite exatamente sobre as maneiras de superação das constantes situações de dor, sofrimento, morte e desalento encontradas pela população sertaneja, organizada em associações e movimentos sociais  apoiados por igrejas, organizações não governamentais e universidades.

Dentre as diversas soluções encontradas, Gogó destacou o programa de construção de milhares de cisternas no semiárido, uma iniciativa que pode ser conhecida com  mais detalhes clicando aqui.





SÁBADO
       Durante o dia de sábado, a fala do Gogó poderia ser rotulada de “assustadora”, principalmente por estar baseada em fatos comprovados pela ciência,  alguns dos quais relativamente divulgados por meio da internet, revistas e programas  de televisão especializados.
Foram informações sobre a destruição que nós, seres humanos, estamos causando à fauna, à flora e ao planeta como um todo.

       Uma informação fornecida por Gogó é que a ciência e a religião já estão  concordando em diversas explicações sobre a vida, o planeta e o cosmos.
Uma delas diz respeito ao fim do planeta terra e do universo, que têm prazo de validade, conforme já afirmavam alguns livros e conhecimentos ancestrais, inclusive o bíblico.

Disse ele : “se é verdade que isto acontecerá daqui a um bilhão de anos, não nos dá o direito de abreviar o tempo de existência das outras espécies e até de nós mesmos, que poderemos sucumbir muito  antes do fim do planeta, caso não mudemos radicalmente o nosso modo de produção e de consumo.”

       Em seguida, foi abordada a delicada questão das obras de transposição do Rio São Francisco, modelo vinculado a uma tradição governamental de longa data, destinada a favorecer os interesses do grande capital e das oligarquias que controlam a politica nordestina desde a época da colonização portuguesa.

       Durante a sua fala, Gogó retomou alguns fatos ligados ao processo da greve de fome de Frei Luís, bispo da diocese de Barreiras, que arriscou sua vida em defesa do Rio São Francisco.

       Sobre o estágio atual das obras, foram mostradas fotografias que retratavam a paralisação e, inclusive, o quase abandono de alguns trechos, representando prejuízo para o erário federal.

Disse mais: “dificilmente as obras serão retomadas em curto prazo, em razão da crise econômica global e do desgaste político do governo, que enfrenta muitos questionamentos da sociedade civil sobre a construção das usinas de belo monte e madeira jirau. “

NOITE CULTURAL
       Finalizando o dia de sábado, realizou-se a noite cultural, com a participação musical de Krânio e de Gogó. O primeiro, músico, cantor e compositor, mostrou um repertório de clássicos nordestinos inspirados na temática ambiental, além de canções autorais, deixando a todos e a todas com gosto de quero mais.
Já Gogó, que cantou por diversas vezes durante a apresentação dialogada, realizada na noite de sexta-feira e durante todo o dia de sábado, encantou ainda mais aqueles que o assistiam, apresentando outras músicas do seu repertório e de outros compositores nordestinos.
Para se ter uma idéia do sucesso, foram vendidos todos os CDs trazidos por Gogó (4 Elementos e Belo Sertão), além dos pedidos de encomenda, realizados por quem não conseguiu adquirí-los a tempo.

       Durante a noite cultural, em alguns momentos, os presentes foram convidados a dançar em roda.

Quem se encarregou de chamar e conduzir o círculo de dança foi o casal Maxivel Ferreira e Maria Margarette, especializados no assunto.

DOMINGO
       No domingo, a jornada foi encerrada com um estudo bíblico a respeito de como o livro sagrado dos cristãos aborda as questões relacionadas à terra, à água e aos demais elementos da criação e como nos inspirarmos nele para a defesa do planeta e da vida, de forma contextualizada e respeitando as outras tradições espirituais e filosóficas.

       Nesta oportunidade, todos puderam concluir que o diferencial proposto pela jornada ecológica estava consumado, pois Gogó mostrou ser bem preparado também na dimensão bíblico teológica, e soube contribuir na compreensão de que precisaremos unir todas as dimensões da existência no enfrentamento da crise global, ora vivida pela humanidade como nunca antes em  sua história.

Quando falamos em “dimensões”, queremos nos referir à ciência, ao compromisso social, à politica, ao afeto, às religiões e espiritualidades e  às artes.
       Por isso, podemos dizer que neste sentido a Jornada Ecologia e Espiritualidade alcançou seu objetivo, porque, pela primeira vez em Sergipe, o tema ecologia e espiritualidade foi tratado de forma ampla, integral, holística, considerando os aspectos científicos, sociais e políticos, afetivo, espiritual e artístico, como deve ser a busca por soluções dos problemas que afligem e desafiam a humanidade atualmente.







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