Estamos ouvindo falar diariamente do Fórum Social Mundial 2018, que ocorrerá em Salvador, Bahia de 13 a 17 de março 2018, na UFBA - Universidade Federal da Bahia, mais de fato você sabe o que é o FSM?
O Fórum Social Mundial (FSM) é um espaço de encontro e um processo internacional dos movimentos e organizações sociais, nascido em 2001, em Porto Alegre, e tem como objetivo convergir lutas e debater alternativas dos diversos movimentos sociais ao modelo econômico neoliberal.
Tornou-se também lugar de resistência a todas as formas de dominação, exclusão ou invisibilidade de um povo.
Tornou-se também lugar de resistência a todas as formas de dominação, exclusão ou invisibilidade de um povo.
O lema desta edição é Resistir é criar, resistir é transformar!
Sua proposta é pensar saídas comuns para a humanidade, numa ótica solidária, democrática e de respeito às diversidades. Será uma importante oportunidade de encontrar vários movimentos sociais, partilhando suas experiências de resistências do Brasil e do Mundo, potencializando as estratégias de transformação e a construção de soluções e alternativas, permitindo também denunciar ao mundo o que vem acontecendo principalmente no Brasil. Poderemos propor ou participar deste momento
com marchas, atos, acampamentos e ocupações. Para participar, os movimentos sociais, coletivos e organizações procuram viabilizar desde já suas delegações e também podem apoiar participantes de outros lugares!
Os Eixos Temáticos do FSM 2018 são o resultado de um longo processo de diálogo no Coletivo Brasileiro e de várias consultas nacionais e internacionais. Tem como objetivo permitir que haja um processo de articulação de iniciativas comuns, bem como, de estruturar o Território Social Mundial. Esse sempre é um processo muito delicado e complexo porque não é possível abarcar todos os temas propostos. Assim, a opção foi de definir grande temas que possam contemplar os principais universos temáticos que estão envolvidos nos processos do Fórum Social.
Os Eixos Temáticos do FSM 2018 estão em ordem alfabética e não tem qualquer hierarquia entre si.
Comunicação e Mídias Livres
Culturas de Resistências
Democracias
Direitos Humanos
Feminismo e Luta das Mulheres
Justiça Social e Ambiental
LGBT
Lutas Anticoloniais
Migrações
Mundo do Trabalho
Outra Economia
Terra e Territórios
Vidas Negras Importam
LEMAS
Nesta edição, o FSM 2018 decidiu inovar agregando aos Eixos Temáticos alguns LEMAS. O objetivo dos lemas e bandeiras é contribuir no processo de mobilização e articulação das resistências entre si. Os Lemas são abertos e podem ser propostos por redes, plataformas, organizações e movimentos sociais. Da mesma forma, as atividades inscritas podem associar-se aos lemas constituindo coletivos temáticos que serão organizados como tal no Programa Geral do FSM 2018.
Lemas Inscritos:
– A vida não é mercadoria
– Arte antes que seja tarde
– Boicotes, Desinvestimentos e Sanções
– Cidadania Sem Fronteiras
– Contra o genocídio e o encarceramento da juventude negra
– Demarcação, Já
– Igualdade de Direitos, uma agenda pendente
– Mude o Sistema, Não o Clima!
– Nada sobre nós, sem nós!
– Nenhum direito a menos!
– Outra Economia Acontece
– Para outro mundo possível, outra comunicação é necessária.
– Se morar é um privilégio, ocupar é um direito!
– Trabalho, Comida e Dignidade prá todas/todos!
– Um mundo sem racismo, intolerância e xenofobia!
Se você se identifica com algum dos lemas já sugeridos, faça sua escolha. Caso contrário, proponha aqui um lema que represente sua luta ou causa.
ACESSE O SITE FSM2018 -AQUI
“Muita gente simples, em lugares pequenos, fazendo coisas pequenas, mudando a face do mundo.”
Esta frase de quem não sei a autoria, me vem a mente ao relembrar os últimos encontros que tive nestes últimos finais de semana com agentes culturais em Japaratuba, por ocasião de um fórum livre, quando recebi a incumbência de mediar uma roda de conversa com o tema: cultura de base comunitária e empreendedorismo.
Após quinze dias, a presença no Festival de Arte de São Cristóvão, na companhia de filhos, sobrinhos e alguns alunos(as) , oportunidade também para conversar com alguns agentes culturais e frequentar shows musicais, espetáculos de dança, teatro e exposições de livros e de artes plásticas, além de visitas a museus.
Neste último domingo, presente na ocupação cultural “A casinha” em São Cristóvão, mediando uma roda de conversa com o tema “direito humano à cultura”. e neste próximo final de semana, participando do evento. Ciclo de Estudos: a conquista e a colonização da América Portuguesa. O caso de Sergipe Del Rey, o qual acontecerá em Mata de São João, Praia do Forte, Casa Senhorial Garcia de Ávila (Ba) e no Centro Histórico de Salvador, organizado pelo Grupo de Pesquisa "Culturas, identidades e Religiosidades" CNPq/UFS.
Em meio a isso tudo, a escolha para ser o coordenador/facilitador do Grupo de Trabalho “Cultura”, integrante da comissão organizadora/mobilizadora da caravana Sergipe para o Fórum Social Mundial, o qual na edição 2018 terá a cidade de Salvador como sede.
Após isso , a certeza de uma lição que precisamos aprender, sob pena de continuarmos sufocados ou limitados pelas forças contrárias que trabalham contra os nossos sonhos e realizações , da transformação deste mundo em “festa, trabalho e pão”, para todos, como escreveu o poeta Capinam.
É necessário nos encontrarmos mais, conversarmos mais, buscando descobrir convergências e possibilidades para ações conjuntas. É necessário realizar pesquisas e estudos para aprender com quem fez ou está fazendo na mesma perspectiva que nós. Aproveitando inclusive o potencial da internet para esse fim.
Que tal aproveitarmos a oportunidade proporcionada pelo Fórum Social Mundial? Ainda mais porque, como sergipanos, estamos bem próximos do local onde será realizado a edição 2018. Quem tiver interesse, é só entrar em contato por meio do formulário de contato deste blog. No caso dos interessado em Sergipe, para participar do GT CulturaFSM2018Sergipe
Por isso, lembrando também as canções, “Momento Novo”.
E “Noticias do Brasil: Os pássaros trazem.”
Mas, diante do que estamos passando, a necessidade é agora nos juntarmos, respeitando as diferenças e ritmo próprio de cada coletivo ou organização cultural.
Por causa do corre diário, publicaremos depois as fotos relativas aos eventos citados acima.
Zezito de Oliveira - Educador e agente/produtor cultural de iniciativas culturais de base comunitária
Sociedade
Artigo
Quais são os desafios para o Fórum Social Mundial de 2018?
CARTA CAPITAL
por Oded Grajew* — publicado 08/12/2017 00h16, última modificação 07/12/2017 16h02
Nascido há 16 anos de ações políticas inovadoras, o FSM não pode ceder às velhas práticas que centralizam e verticalizam o poder nas esquerdas
Em janeiro de 2000, o Fórum Econômico Mundial anunciou triunfalmente o fim da História com a adoção do modelo neoliberal que supostamente levaria o mundo à prosperidade, paz e qualidade de vida para todos.
Os opositores eram tratados como ignorantes e radicais que só sabem criticar, sem poder oferecer nenhuma alternativa. Indignado, tive a ideia de criar o Fórum Social Mundial, isto é, criar um espaço, um processo, no qual organizações, lideranças e militantes da sociedade civil pudessem se encontrar, se articular, ganhar força política para levar adiante suas lutas.
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Diminuir a dispersão e, consequentemente, a fragilidade da sociedade civil. Dar oportunidade a propostas e iniciativas alternativas, mostrando que “outro mundo é possível” na teoria e na prática, no qual a economia e a política estariam a serviço da justiça social e do desenvolvimento sustentável.
Convidei um grupo de organizações brasileiras que se encarregou de viabilizar operacionalmente a ideia.
Esse grupo selecionou entidades internacionais para formar o Conselho Internacional, que elaborou uma carta de princípios que consagrou a ideia do fórum como um processo, um espaço auto-organizado, no qual o protagonismo das atividades e das iniciativas políticas seria das organizações da sociedade civil. O fórum não seria uma organização, uma entidade, não teria presidente, diretoria ou porta-vozes, e o conselho, que não é eleito, trataria de zelar pelo processo.
Em janeiro de 2001, foi realizado o primeiro Fórum Social Mundial em Porto Alegre, com expressiva participação da sociedade civil, que aumentou significativamente nos fóruns seguintes. A inovação política, privilegiando o processo e a auto-organização, não se constituindo numa organização verticalizada, centralizada e controladora, permitiu a realização de encontros com relativamente poucos recursos, a participação de milhares de organizações e militantes, e a multiplicação de fóruns pelo mundo.
O sucesso do FSM, fruto principalmente de sua inovação política, começou a atrair o interesse de algumas tradicionais organizações e lideranças, que, não querendo compartilhar e democratizar o protagonismo e a visibilidade, buscam desvirtuar o processo. Querem voltar à velha prática de processos verticalizados e centralizadores, no qual lideranças determinam prioridades e caminhos a serem seguidos pela massa.
Não aceitam a diversidade e a pluralidade da sociedade civil e sua independência em relação a governos e partidos políticos. E, mais recentemente, querem mudar a carta de princípios para que o fórum se transforme numa organização regida pelo conselho ou por um grupo de organizações que tome posições e fale em nome de todos e do próprio FSM, que determine hierarquias e prioridades (vide entrevista e artigo de Boaventura de Sousa Santos em CartaCapital).
Alegam que o conselho é omisso, que o fórum é improdutivo e que deveria tomar posição, fazer declarações, elaborar manifestos. A alegação de que não há posicionamento no FSM é falaciosa. Cada organização tem total liberdade e é, inclusive, estimulada a tomar posição e fazer declarações em nome dela e/ou de todas as organizações que queiram a ela se juntar.
É necessário, porém, que se esforce e ganhe legitimidade para articular alianças e dar força política aos seus posicionamentos. Todos em pé de igualdade e democraticamente podem se manifestar, em nome das organizações e de lideranças que subscrevem os manifestos, e podem dar a essas iniciativas a visibilidade que quiserem ou puderem.
O que não podem dizer é que se expressam em nome de todos ou do fórum, colocando os participantes como massa de manobra a serviço de uma corporação, de um movimento, de um partido político ou de um governo. Isso seria manipulação e usurpação de poder. É repetir o mesmo e velho processo que tanto mal causou à esquerda: a luta pelo poder, a cooptação por governos e partidos políticos, o controle que sufoca a crítica e o autoritarismo que tenta eliminar a divergência e a diversidade.
O fórum não é uma organização e o conselho, que, repito, não é eleito, ou nenhum grupo particular de organizações que têm mandato para falar em nome de todos. O protagonismo não é do fórum, mas das organizações, das lideranças e dos militantes. Foi essa inovação política que atraiu tanta gente e tantas organizações, valorizou a diversidade e facilitou articulações que resultaram no fortalecimento e na criação de movimentos que impulsionaram na década passada a chegada da esquerda ao poder em países latino-americanos.
O desafio do Fórum Social Mundial, como descreve Chico Whitaker, é continuar a criar “condições para o reconhecimento mútuo e para a superação de preconceitos, da competição e da desconfiança entre movimentos sociais, para facilitar a identificação de convergências e a construção de alianças, sem hegemonias e no respeito às diferenças nos tipos de ação e nas estratégias, evitando sua manipulação por organizações, governos ou partidos políticos”. É fundamental manter e aprofundar uma prática política inovadora, coerente com “outro mundo possível”.
Uma nova edição será realizada em Salvador, entre 13 e 17 de março de 2018. Viabilizado graças à dedicação do coletivo brasileiro e baiano, com apoio do conselho, será um evento de caráter mundial que procurará criar resistências às manobras que tentam asfixiar os processos democráticos e a participação popular, retirando direitos duramente conquistados.
Buscará também alternativas e promover articulações. No momento de grandes retrocessos éticos, políticos e sociais, é fundamental a participação de quem comunga com os princípios, valores, objetivos e as esperanças que sempre alimentaram o Fórum Social Mundial.
*Idealizador do Fórum Social Mundial, presidente do conselho deliberativo da Oxfam Brasil, foi assessor especial do presidente Lula (2003), criador da Fundação Abrinq, do Instituto Ethos, da Rede Nossa São Paulo e do Programa Cidades Sustentáveis.
registrado em: Fórum Social Mundial Desigualdade
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