Chega de mitos despolitizados! O folclore toma conta das grandes cidades em forma de crítica social
Em tempos de politicamente incorreto, não há adversário maior aos eufemismos da sociedade do que o Saci. O diabrete subversivo é negro e perneta com orgulho – ai de quem chamá-lo de deficiente! Mais do que isso, fumante inverterado, carrega todavida seu pito aceso e está sempre fumando em local proibido.
É com essa visão mais crítica, contemporânea e – por que não – urbana desta criatura tão presente no imaginário coletivo do povo brasileiro que artistas de rua têm se apropriado de sua figura em suas intervenções. Com a metrópole como parque de diversões, o Saci tatua em pele de concreto críticas ao consumismo, a opressão e ao descaso do poder público.
O mais conhecido representante da lenda, reconhecido em toda cidade de São Paulo como “O” Saci Urbano é aquele criado pelo grafiteiro Thiago Vaz. Em seu traço, o negrinho abandonou o gorro por uma boina, a tanga por um short jeans e saltita pelos pelas ruas com o único pé calçado num tênis caprichado.
Nas próprias palavras do artista, o diabrete é fruto de uma inspiração política. “O Saci vem representar, no meio urbano, o pobre sofredor brasileiro. Não apenas o negro”, ressalta. As aparições da criatura pela capital paulista são registradas num blog (http://eosaciurbano.org/), e é especialmente na rede que elas proliferam, antes do negrinho ser encoberto por uma demão de tinta pela prefeitura.
O artista não se incomoda, afinal a própria arte do grafite é efêmera. Na verdade, até procura por isso. Em sua maioria, os sacis tomam forma em telas compostas por tapumes de madeira, muros de contenção, obras paralizadas. “São lugares que eu sei que em uma semana ele já não vai mais estar”, assume Thiago. Sete dias, no entanto, é tempo mais do que suficiente para o duende brasileiro dar seu recado.
Ao lado de terrenos baldios, cheios de animais peçonhentos, o Saci Urbano dispara pedradas contra cobras e ratazanas; se desespera ao atravessar uma avenida movimentada; leva flores ao túmulo da dignidade e é até mesmo abordado pela polícia embaixo de um viaduto. Noutras, mais inocentemente, solta pipa entre os fios de alta tensão, joga bola e pula corda numa perna só e – para não perder o costume – dispara mais tiros de estilingue, dessa vez contra outra ratazana, o Mickey Mouse.
A iniciativa inspirou, a pedido de muitos o Saci Urbano ganhou o Brasil e o mundo. Avistamentos da criatura juram que ele deu as caras em Minas Gerias, Rio de Janeiro e até Paris! Mas, e se ele viesse para Mato Grosso do Sul? Que traquinagens o diabinho perneta faria por aqui? Será que mudaria a hora do relógio da 14? Acenderia o cachimbo nas cinzas do velho Alhambra, na rua 26 de agosto? Faça o seguinte, conte pra gente nos comentários o que você acha que o Saci aprontaria em terras sul-mato-grossenses!
Publicado em 09/11/2011
www.revistaporanduba.com.br
Autor: Andriolli Costa
Em tempos de politicamente incorreto, não há adversário maior aos eufemismos da sociedade do que o Saci. O diabrete subversivo é negro e perneta com orgulho – ai de quem chamá-lo de deficiente! Mais do que isso, fumante inverterado, carrega todavida seu pito aceso e está sempre fumando em local proibido.
É com essa visão mais crítica, contemporânea e – por que não – urbana desta criatura tão presente no imaginário coletivo do povo brasileiro que artistas de rua têm se apropriado de sua figura em suas intervenções. Com a metrópole como parque de diversões, o Saci tatua em pele de concreto críticas ao consumismo, a opressão e ao descaso do poder público.
O mais conhecido representante da lenda, reconhecido em toda cidade de São Paulo como “O” Saci Urbano é aquele criado pelo grafiteiro Thiago Vaz. Em seu traço, o negrinho abandonou o gorro por uma boina, a tanga por um short jeans e saltita pelos pelas ruas com o único pé calçado num tênis caprichado.
Nas próprias palavras do artista, o diabrete é fruto de uma inspiração política. “O Saci vem representar, no meio urbano, o pobre sofredor brasileiro. Não apenas o negro”, ressalta. As aparições da criatura pela capital paulista são registradas num blog (http://eosaciurbano.org/), e é especialmente na rede que elas proliferam, antes do negrinho ser encoberto por uma demão de tinta pela prefeitura.
O artista não se incomoda, afinal a própria arte do grafite é efêmera. Na verdade, até procura por isso. Em sua maioria, os sacis tomam forma em telas compostas por tapumes de madeira, muros de contenção, obras paralizadas. “São lugares que eu sei que em uma semana ele já não vai mais estar”, assume Thiago. Sete dias, no entanto, é tempo mais do que suficiente para o duende brasileiro dar seu recado.
Ao lado de terrenos baldios, cheios de animais peçonhentos, o Saci Urbano dispara pedradas contra cobras e ratazanas; se desespera ao atravessar uma avenida movimentada; leva flores ao túmulo da dignidade e é até mesmo abordado pela polícia embaixo de um viaduto. Noutras, mais inocentemente, solta pipa entre os fios de alta tensão, joga bola e pula corda numa perna só e – para não perder o costume – dispara mais tiros de estilingue, dessa vez contra outra ratazana, o Mickey Mouse.
A iniciativa inspirou, a pedido de muitos o Saci Urbano ganhou o Brasil e o mundo. Avistamentos da criatura juram que ele deu as caras em Minas Gerias, Rio de Janeiro e até Paris! Mas, e se ele viesse para Mato Grosso do Sul? Que traquinagens o diabinho perneta faria por aqui? Será que mudaria a hora do relógio da 14? Acenderia o cachimbo nas cinzas do velho Alhambra, na rua 26 de agosto? Faça o seguinte, conte pra gente nos comentários o que você acha que o Saci aprontaria em terras sul-mato-grossenses!
Publicado em 09/11/2011
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Autor: Andriolli Costa
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