segunda-feira, 18 de novembro de 2019

“Não é preciso ser impositivo: quando se confia nas escolas, elas respondem”


Educação como uma cadeia de produção na Espanha. Há semelhanças com o modelo que está em disputa  no Brasil? Respondo que sim, basta olhar a forma  como a BNCC e o Ensino Integral estão sendo implementados. Aqui não trata-se de ir contra a BNCC e nem contra o Ensino Integral, até porque constam no Plano Nacional da Educação,  resultado  de um debate democrático com os educadores e com a sociedade.  Aqui nos referimos à forma, a maneira, ao processo . Como afirma a manchete da matéria abaixo, publicada no jornal EL País. “Não é preciso ser impositivo: quando se confia nas escolas, elas respondem” Portugal se tornou referência mundial em melhoria na educação e pedagogias inovadoras. É a nova Finlândia. Afirma a abertura da reportagem. 

Para mim, isso é Paulo Freire na veia, porém a nação que tem Paulo Freire como patrono da educação, ainda discute a educação com uma veia autoritária, mesmo atenuando com pitadas da filosofia e da pedagogia freireana.

O bom dessa reportagem de EL País é, além de trazer a confirmação do que temos defendendo e fazendo desde um bom  tempo, fazer isso com exemplos bem sucedidos. Porque a prática é o melhor critério para aferir a verdade.

Portanto, fica mais uma vez o apelo para que pesquisemos mais,  produzamos estudos  e divulguemos os  resultados sobre   sistemas de ensino como  o da Finlândia e o de Portugal, este novidade para mim e revelado na reportagem abaixo, assim como experiências de sucesso na perspectiva de construção da escola pública democrática e de qualidade, desenvolvida por escolas, iniciativas não governamentais e governos municipais e estaduais, assim como as os oásis federais dos Colégios de Aplicação , Institutos Federais de Ensino, Colégio D. Pedro II (RJ). Assim como práticas de extensão das universidades públicas.

Essas pesquisas e estudos precisam ser divulgados e traduzidos ou simplificados para o grande público, considerando a falta de hábito de leitura da nossa gente, e por isso vale memes, vídeos curtos, reportagens e etc.   Vale os sindicatos apresentar esses estudos e pesquisas, porque devemos criticar e mostrar que uma escola pública democrática e de qualidade já é realidade e está mostrando resultado melhores do que escolas autoritárias ou parcialmente democráticas. Zezito de Oliveira



P. O diretor do PISA, Andrea Schleicher, diz que os professores da Espanha "trabalham como em uma cadeia de produção". O modelo português é o oposto.
R. Dentro do currículo nacional permitimos que as escolas trabalhem 25% do programa com sua própria estratégia. Elas geralmente mesclam disciplinas — história e geografia, ou matemática e física —, trabalham experimentalmente ou criam projetos anuais. Estive em uma classe em que os professores de biologia, química e filosofia estavam atuando em rodízio com pequenos grupos para abordar de forma integral a questão das drogas e do doping. Não é preciso ser impositivo. As escolas veem que se confia nelas e respondem muito bem.
P. Autonomia com controle.
R. Especialistas da universidade e inspetores visitam a escola por uma semana e emitem um relatório. Não se faz uma classificação, é apenas uma espécie de auditoria para ajudar no projeto pedagógico.
“As escolas tinham descuidado da arte e da psicomotricidade. Agora é avaliada”
P. Portugal apresenta um grande fosso entre as classes sociais nos resultados acadêmicos.
R. Sim, há diferenças muito notáveis e devemos trabalhar nisso. Portugal vem de uma ditadura em que a educação não era uma questão central. Muitos adultos ainda têm grandes deficiências de qualificação e precisam ser treinados.
P. Por que gastam tanto na pré-escola?
R. Por ter feito doutorado em neuroquímica, sei que a etapa dos três aos seis anos é crucial para o conhecimento e acesso a valores coletivos, à cidadania e ao ensino inclusivo. Uma criança não discrimina por padrão, nós adultos trabalhamos para que isso aconteça. E a pré-escola é um instrumento de equidade: se a criança está em casa pode ser que seu ambiente não estimule a aprendizagem e os valores que ela aprenderia na escola.
“Agora, as provas nacionais também avaliam as expressões artísticas e psicomotoras, que haviam sido negligenciadas nas escolas para focar em português e matemática, as matérias examinadas externamente. Muitas crianças não sabiam dar cambalhota.

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O encontro dos educadores com o Papa Francisco no próximo ano,  pode oferecer uma ótima oportunidade para colocar o exemplo de Portugal e da Finlândia como exemplo, assim também como experiências bem sucedidas na América Latina e outros continentes, incluindo  bons exemplos dos povos originários.

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