quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

O bloco do PT hoje, nos seus 41 anos, passado e futuro.

  #PT41Anos


fonte da foto acima e abaixo: https://lehmt.org/2020/02/13/lugares-de-memoria-dos-trabalhadores-20-colegio-nossa-senhora-de-sion-sao-paulo-sp-josue-medeiros/

Alguns apontamentos (1ª parte)

1 – O PT surge em 10 de fevereiro de 1980 a partir da confluência de três forças politicas importantes, duas novas e outra renovada ou ressignificada

As novas forças politicas,  eram representadas por   lideranças gestadas nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), pastorais e movimentos eclesiais ligados à  igreja católica e lideranças ligadas ao chamado  novo sindicalismo, sendo que muito desses nas áreas urbanas,  também ligados às CEBs e à Pastoral Operária (PO),  esta última, reconhecida pela Arquidiocese de São Paulo no ano de 1970, com atuação, tanto CEBs e PO   em São Paulo capital, em municípios  adjacentes e notadamente na região do grande ABC em São Paulo, além de Volta Redonda, Barra do Piraí e Nova Iguaçu no Rio de Janeiro, entre outras cidades de Minas Gerais, Espirito Santo  e outras regiões com base industrial.

O  ato de fundação no tradicional Colégio Sion, deixa  claro essa marca  fundante das ligações fortes existentes naquele momento,  entre o PT e o catolicismo progressista. Leia mais sobre isso, aqui   ...

Um vídeo destacando essas ligações não será uma boa ideia? Podendo ser subdivido também em videos curtos.

Já nas cidades do interior, além das CEBs, temos a Comissão Pastoral da Terra criada em 1975, ajudando na criação e manutenção do PT em vários lugares, sendo que em muitos regiões do interior do país, os diretórios municipais eram formados em sua maioria pelo pessoal da igreja.    Além dos organismos católicos citados, vale lembrar como importante para o  PT em sua fase inicial, remanescentes da Juventude Operária Católica (JOC) e da Ação Católica Operária, nas cidades e no campo os remanescentes da Juventude Agrária Católica (JAC), Ação Católica Rural e etc...

Alguns movimentos de cunho mais tradicional, em alguns lugares foram influenciados pelos ventos progressistas que sopraram nas décadas de 1960, 1970  e 1980  dentro da igreja, em especial em  algumas regiões do Brasil, como é o caso dos Cursilhos de Cristandade, do Movimento Familiar Cristão e etc..

E isso é tão verdadeiro, que o inverno conservador que começou a se instalar no final da década de 1970, trouxe consigo alguns movimentos de cunho espiritual desencarnado e fortementes  alienados da realidade social e politica, a principio, vindos da Europa e dos EUA, para "recatequizar"  os católicos latino americanos. Dentre os mais conhecidos temos a Renovação Carismática Católica (RCC), que veio dos EUA. As Equipes de Nossa Senhora, o Neo Catecumenato, a Opus Dei, o Comunhão e Libertação, estes da Europa, entre outros.

Nos tempos atuais, representam base importante do que vem a se constituir como  expressão do  bolsonarismo  no seio da igreja católica .

A outra força renovada ou ressignificada representava  dissidências do Partido Comunista Brasileiro (PCB) formada no decorrer das décadas de 1960 e 1970. A  maioria,  sobreviventes da luta armada. A  outra parte desse força, era representada dentro do PT por parcela pequena da Ação Popular, a que não aderiu ao Partido Comunista do Brasil na segunda metade da década de 1960.

Vale ressaltar a herança católica da Ação Popular, cuja maioria dos seus membros integraram a Juventude Universitária Católica (JUC).

Essa força renovada ou ressignificada da esquerda,  também era composta de uma grande quantidade de estudantes, muitos desses com experiência politica então recente,   iniciada a partir da  retomada do movimento estudantil nos últimos anos da década de 1970, assim como  veteranos das grandes greves e passeatas protagonizadas por estudantes no final da década de 1960, embora nestes casos, a grande maioria também egressos de dissidências que se formaram a partir do  PCB, muitos deles sobreviventes da luta armada e/ou do trabalho  de enfrentamento à ditadura, quase sempre realizado com muita dificuldades e riscos. 

Dessa força renovada ou ressignificada também haviam muitos intelectuais, jornalistas, artistas, professores, profissionais liberais, muitos,  antigos militantes de outros agrupamentos  políticos de esquerda, muitos com experiências de lutas em suas categorias profissionais e outros debutando como participantes de um agrupamento politico partidário ou até mesmo politico.

Os expoentes do novo sindicalismo,  representavam àqueles que lutavam nas oposições sindicais contra as lideranças sindicais “pelegas”, herdeiras da tradição do velho sindicalismo criada por Getúlio Vargas. Como já citado, em alguns locais, novos sindicalistas fortemente influenciados pelo pensamento e práticas das CEBs, sendo estas por sua vez bastante influenciadas pelo pedagogia de Paulo Freire e pela sistematização das experiências de educação popular  realizada nas décadas de 1960, em especial no nordeste.

Defendo a Fundação Perseu Abramo  (FPA), recolher depoimentos destas pessoas, nos moldes do que faz o Museu da Pessoa. Sei que a FPA já está fazendo com as grandes lideranças do partido dos trabalhadores, mas há histórias fantásticas de militantes, filiados ou simpatizantes espalhados por esse país afora.

Continua amanhã ou em outro dia...

Zezito de Oliveira - Professor de história da educação básica, educador popular e agente cultural.  Já foi filiado ao PT, atualmente sem filiação a partido politico..

Quem quiser escrever no comentários testemunhos memoriais ou vivências pode ficar a vontade. Estes poderão ser incluídos em  posts seguintes.

Vale também referências de fontes bibliográficas ou audiovisual... 

P.S.: - OLHEM AÍ! AS DICAS QUE ESTOU DANDO A FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO E AS DIREÇÕES NACIONAL, ESTADUAIS E MUNICIPAIS DO PT, PARA COMEÇAR A AMPLIAR O DIÁLOGO NECESSÁRIO COM OS CATÓLICOS, A PARTIR DA HISTÓRIA. O MESMO VALE PARA OS SETORES PROTESTANTES/EVANGÉLICOS QUE TAMBÉM AJUDARAM A CONSTRUIR O PARTIDO DOS TRABALHADORES, EM MENOR QUANTIDADE,  É VERDADE, MAS DERAM SUA CONTRIBUIÇÃO.


Um comentário:

Anônimo disse...

comentário original no grupo Historiadores pela Democracia - facebook
Alberto Brant
Ação Popular Marxista Leninista (APML), ex-AP oriunda das JUC (Juventude Universitária Católica) e JEC (Juventude Estudantil Católica), como as demais organizações militaristas da esquerda pequeno burguesa, aderiraram ao PT no intuito de transformá-lo em uma mera frente eleitoreira, fachada legal para a eleição de seus deputados. O outro polo era a esquerda classista, os operários que defendiam o PT como um verdadeiro partido operário de massas, ou até de quadros.