sábado, 30 de agosto de 2025

Como foi a segunda reunião de retomada da Rede Estadual de Pontos de Cultura de Sergipe em 12 de agosto?

 A discussão central da reunião  girou  em torno da organização, desafios e perspectivas da "Teia Nacional de Pontos de Cultura de 2026, com foco especial na situação do estado de Sergipe. O Mestre Wertenberg Nunes, com vasta experiência em cultura e atuação na Comissão Nacional de Pontos de Cultura (CNPDC), oferece insights detalhados sobre o processo.

Aqui estão os pontos principais:

1. Histórico e Experiência do Mestre Wertenberg Nunes : Trabalho de 20 anos fora do Tocantins, pesquisando cultura brasileira em áreas como teatro, teatro de bonecos, máscaras e teatro de rua.  Desenvolveu linguagens artísticas próprias, incluindo o ritmo percussivo "capoeira boicongo" e instrumentos como o "berimbau amazônico" (com quatro cordas).  Foi presidente da Confederação Brasileira de Teatro Amador nos anos 80/90 e atuou no Conselho Setorial de Música.  Envolveu-se no movimento de Pontos de Cultura desde sua criação, sendo reconhecido no segundo edital e atuando mais ativamente a partir de 2010.

2. Estrutura da Comissão Nacional de Pontos de Cultura (CNPDC): É um coletivo, não uma diretoria com representação jurídica.  Composta por Grupos de Trabalho (GTs) estaduais e GTs temáticos.  A "Executiva" da comissão é formada por representantes de cinco subcomissões e tem função de secretaria e organização, sem poder gestor ou deliberativo.  Os GTs estaduais são redes autônomas de Pontos de Cultura do estado, que elegem seus próprios representantes para a CNPDC. A representação pode ser alterada a qualquer momento pela rede estadual.  Os GTs temáticos são criados e têm suas representações definidas apenas durante o Fórum Nacional. Atualmente, alguns GTs temáticos e estaduais (incluindo Sergipe, Mato Grosso do Sul, Piauí e Alagoas) não possuem representação ativa na comissão.

3. A Teia Nacional de Pontos de Cultura (2026): A última Teia Nacional oficial ocorreu em Natal em 2014. 

Competências: A Lei Cultura Viva prevê que o Ministério realize a Teia Nacional e os estados as Teias estaduais. A CNPDC é responsável por realizar o Fórum Nacional de Pontos de Cultura dentro da Teia Nacional, onde as propostas da sociedade civil são debatidas. 

Novo Modelo de Financiamento: O Ministério da Cultura não tem orçamento direto para a Teia de 2026. Uma portaria delegou aos estados e municípios a competência de realizar as Teias estaduais, utilizando até 10% do mínimo de 10% do recurso do PNAB (Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura) destinado à política da Cultura Viva.  

Formato das Delegações: Proposta da Comissão: 30 delegados por estado, com paridade de gênero e cotas (17 cotas, 12 ampla concorrência - um ponto de cultura por delegado). Objetivo é garantir igualdade e atingir um número de delegados superior ao de 2014 (800+ para 7.000+ pontos atuais).  

Contraproposta do Ministério: Estados com redes maiores teriam mais delegados, reduzindo o número para estados menores, visando cerca de 600 delegados no total, apesar da Teia estar projetada para 5 mil pessoas. A comissão rejeitou a redução e propôs que pessoas adicionais fossem convidadas, não delegados com direito a voto no fórum. 

Cronograma e Impasses: Ministério exige que estados informem sobre suas Teias até o final de agosto e as realizem até dezembro. A comissão propôs estender para setembro (notificação) e janeiro (realização).  A Teia Nacional está prevista para março no Espírito Santo.  

Preocupações com a data: coincide com a Quaresma, impactando culturas de matriz africana.  O Ministério justifica a data por questões políticas, para que autoridades possam participar antes de se descompatibilizarem para eleições.  Outro gargalo: o Ministério exigiu que estados e municípios adicionassem mais 25% de recursos, o que muitos não conseguem ou não querem fazer, inviabilizando o uso do recurso do PNAB para a Teia e o transporte das delegações.  Regimento oficial ainda não foi divulgado devido a essas negociações.

4. Situação de Sergipe e Perspectivas Locais  Sergipe, assim como outros estados, está sem representação no GT Nacional.  O número de pontos de cultura certificados em Sergipe aumentou (de 30 para 60, com 40-50 ativos).  

Discussão sobre a possibilidade de Sergipe realizar sua Teia e Fórum estadual em um único dia, dada a dimensão da rede.  

Necessidade de o estado garantir os recursos do PNAB para custear a Teia e o transporte da delegação para a Teia Nacional.  

Com a palavra os representantes dos Pontos de Cultura de Sergipe na reunião:

Críticas à desarticulação e à falta de continuidade das ações de cultura no passado em Sergipe, com o governo e a Secretaria de Cultura abandonando o apoio aos pontos de cultura.  

Daiane  defende a formação de um grupo pequeno e focado, com pessoas técnicas, para criar políticas e legislações robustas, ao invés de reuniões com "muita abelha e pouco suco", focadas em lamentos ou apenas nos recursos imediatos. Ela compartilha sua experiência de sucesso com o artesanato no estado, transformando-o em uma potência econômica através de planejamento e legislação. 

Zezito entende que há uma preocupação legitima  em evitar os erros do passado, onde a participação era superficial e focada apenas em gerir os recursos, com os Pontos de Cultura enredados na burocracia excessiva da Lei 8.666/93, inviabilizando construir uma base mais sólida culturalmente falando e de  sustentabilidade politica e econômica, como podemos perceber no declínio de muitos Pontos de Cultura,  quando o Ministério da cultura foi extinto por Temer e o programa Cultura Viva completamento descontinuado. O que foi agravado no governo Bolsonaro.

Há necessidade de uma organização mais formalizada, com ata e representação validada, para ter credibilidade ao dialogar com os órgãos estaduais de cultura (FUNCAPSECULT). A atual conjuntura política, com o PNAB e a valorização da Cultura Viva, oferece uma oportunidade única para o avanço da cultura, desde que haja vontade política e organização local.


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sexta-feira, 29 de agosto de 2025

É o modo de ser Igreja que define a missão



Marcelo Barros, monge beneditino, teólogo e escritor | Foto arquivo pessoal

Em meados de agosto deste 2025, no Brasil, alguns canais de comunicação, ligados a grupos católicos tradicionalistas, celebraram o fato de que o Papa Leão XIV escreveu aos bispos católicos da Amazônia que a missão da Igreja é anunciar Jesus Cristo e teria também aludido de que não devem adorar a Mãe-Terra. De fato, por ocasião de um encontro dos bispos da região amazônica em Bogotá (de 17 a 22 de agosto), o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, dirigiu ao cardeal Pedro Barreto Jimeno, presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), um telegrama,  no qual o Papa Leão XIV agradece aos bispos por "seus esforços para promover o bem maior da Igreja para os fiéis do amado território amazônico". Nessa mensagem, o papa afirma: “É necessário que Jesus Cristo, em quem se recapitulam todas as coisas, seja anunciado com clareza e imensa caridade entre os habitantes da Amazônia". 

O papa também elenca quais devem ser os três elementos ou dimensões da missão da Igreja: 

1 - o anúncio do evangelho,

 2 -  a solidariedade aos povos da região    

 3 - o cuidado com a Casa Comum. 

Ainda acrescenta: “O cuidado com a terra e a natureza se baseia no fato de que toda criação é feita para louvar ao Criador " .

As mesmas redes sociais que festejaram esse telegrama do papa também aplaudiam o fato de que, no site da CNBB, Dom João Santos Cardoso, arcebispo de Natal, publicou uma síntese que pareceria elogiosa do livro A Crise da Igreja Católica e a Teologia da Libertação, do frei Clodovis Boff e do padre Leandro Adorno. Em seu ensaio, o arcebispo ressalta que, ao examinar o “declínio atual da Igreja Católica, a obra de Clodovis Boff e Leandro Adorno apresenta um diagnóstico que integra dimensões espirituais, pastorais e teológicas. A questão central seria, sobretudo, a perda de vitalidade espiritual e a inversão de prioridades quanto à missão e à identidade eclesial”. (...) “Segundo os autores, a Igreja perde fiéis porque, em muitos contextos, deixou de comunicar de forma viva o mistério de Deus, oferecendo respostas mais sociológicas que espirituais. (...)“A gravidade está no deslocamento do centro da Igreja de Cristo para o mundo, priorizando demandas sociais em detrimento da experiência teologal” .

Clodovis Boff e o padre Adorno descrevem e criticam a proposta de Igreja que nas décadas de 1970 e 1980, bispos como Oscar Romero em El Salvador, Leónidas Proaño em Riobamba, no Equador e aqui no Brasil, Helder Camara, Pedro Casaldáliga, Tomás Balduíno e outros pastores profetas seguiam e propunham. De acordo com o que diz o livro de Clodovis Boff e Adorno, esses bispos e outros cristãos e cristãs, mártires da fé, são os os responsáveis ou mesmo culpados por esse desvio fundamental na missão da Igreja. 

Na realidade, esses bispos profetas e pastores que consagraram a sua vida à causa dos pobres, assim como padres, irmãs e leigos que deram a vida pela causa do reino atuaram e guiaram a nossa Igreja nesse caminho, agora denunciado como desvio do que seria a natureza da Igreja. De fato, em sua época, eles já eram acusados exatamente com os mesmos argumentos que agora esse livro usa contra a caminhada da Igreja da libertação.  

No fundo, em 2025, essa discussão retoma conflitos que, no começo dos anos 1970, existiam nos ambientes de Igreja com relação a algumas pastorais sociais e à organização missionária da Igreja. Motivados pela conferência eclesial de Medellín e de suas conclusões (1968),  um grupo de missionários da Amazônia cria o Conselho Indigenista Missionário (1972). A orientação é que as missões indígenas nas aldeias não teriam mais como objetivo “anunciar Jesus Cristo” às comunidades indígenas, ou seja, converter as comunidades indígenas à Igreja Católica. A partir daquele momento, inspirados pela conferência episcopal de Medellín, a missão da Igreja era, concretamente, testemunhar o amor de Jesus e a sua proposta do reinado divino, ao se inserir amorosamente e apoiar a caminhada dos povos indígenas na reconquista de suas terras, na revalorização de suas culturas e no direito de viverem suas espiritualidades originárias. Três anos depois, a assembleia de bispos e missionários da Amazônia que fundou a Comissão Pastoral da Terra (CPT) propunha trocar o modelo de missão da Pastoral Rural que visava o que se chamava de “evangelização do homem do campo” pela inserção amorosa e apoio às causas do povo do campo: Reforma Agrária, agricultura ecológica, etc

É claro que, naquela época, muitos bispos e padres diziam que a CPT não era religiosa e sim social e política. Ao olhar a ação da CPT , muitos se perguntavam: Onde está o P da Pastoral da Terra? Para eles, só seria pastoral se fosse religiosa e eclesiástica. Nem o martírio de pessoas como o Padre Josimo Tavares, Margarida Alves, Ezequiel Ramín e a Irmã Dorothy Stang, todos ligados à Pastoral da Terra, nem o martírio do irmão jesuíta Vicente Canas, da Irmã Adelaide Molinari, de Marçal Guarani e de outros e outras irmãs ligados ao CIMI os convenciam de que o sangue desses irmãos e irmãs provavam a veracidade do caminho e era preciso sermos irmãos e companheiros no testemunho de Jesus e nas aflições por causa do reino (Ap 1, 9). Como disse Jesus no evangelho: “Se em Sodoma e Gomorra, tivessem sido feitos os sinais que foram feitos no meio de vós, essas cidades teriam se convertido” (Mt 10, 15- 23). 

Ao mesmo tempo que muitas Igrejas locais e muitos pastores se deixaram comover, outros mais eclesiásticos invalidavam a herança de nossos mártires pela sua forma de propor uma volta à Cristandade que, de certa forma, “legitima” o sistema que os matou e não reconhece o sangue deles como misturado ao sangue de Jesus na cruz. 

Em San Salvador, logo depois do martírio de Oscar Romero, o Vaticano nomeou como arcebispo alguém ligado aos militares que mataram Romero. Em toda a América Latina, muitos dos nossos irmãos e irmãs mártires foram torturados e mortos por governos e instituições que se proclamavam cristãos. No Chile, o núncio papal era amigo pessoal do General Augusto Pinochet e foi através dele que, quando o papa João Paulo II foi ao Chile, visitou o ditador na residência presidencial e ali celebrou uma missa privada para o Ditador e a sua família. Na Argentina da ditadura militar, bispos católicos foram acusados de entregar aos algozes padres e leigos considerados comunistas. Era a ditadura que os representantes do Vaticano consideravam como aliada da Igreja e não os irmãos e irmãs que viviam a missão em um modelo de Igreja ligado à Teologia da Libertação. 

Ainda hoje, muitos desses irmãos que defendem a Cristandade propõem orar pelos cristãos perseguidos e esquecem de orar pelas vítimas ,quando são os que se dizem cristãos que os perseguem. 

O problema concreto desse livro é que os autores terão muita dificuldade de apontar onde, na Igreja Católica, esse modelo continua. Perguntem a eles em quais dioceses e Igrejas locais, atualmente, se mantém ainda esse modo de ser Igreja que, como dizia o 1º Encontro intereclesial de CEBs: nasce do povo sob a força do Espírito. 

Parece que, atualmente, a maioria das paróquias católicas no Brasil e em outros países tenta reproduzir um Catolicismo devocional, da época das nossas avós. Em paróquias e dioceses, nas quais, há algumas décadas, se realizavam encontros de comunidades eclesiais de base e círculos bíblicos, atualmente, só se fazem novenas de santos e santas, sucedidas por terço dos homens e adoração ao Santíssimo Sacramento. Muitos padres, na maioria, jovens, dão mais importância a vestes litúrgicas romanas do que ao serviço do povo. Para celebrar missa, precisam da corte de dez ou doze coroinhas, paramentados com túnicas vermelhas.  Também no mundo evangélico, o devocionismo toma conta das Igrejas. Mas, isso, os autores do livro e a resenha do bispo não percebem nem estranham. Talvez porque para eles, isso significa “anunciar Jesus Cristo”. 

O que parece estar por trás do livro e da resenha do bispo, assim como do telegrama do Papa Leão é: Precisamos retomar o modelo de Igreja cuja missão é autorreferencial e tem em vista a religião institucional. Como era a Igreja Católica ligada ao Estado: religião civil de Cristandade. 

É claro que, hoje, seria impossível propor uma volta aos tempos em que a Igreja inspirava a Política estatal e o Papa impunha a coroa aos reis. No entanto, no modo de organizar a Igreja e de conceber a missão, essa teologia e essa espiritualidade ainda continua acreditada e desejada por pastores e, pelo que parece, pelo próprio papa atual. Sem negar a necessidade do trabalho social em favor do povo mais carente e sem descuidar da ecologia ambiental, de forma amorosa, portanto, nova, esses textos parecem propor novamente separar Deus e o mundo, o espiritual e o social, o Cristo e os pobres. 

Graças a Deus, nas brechas e frestas dessa tentativa de manter viva a Cristandade ou estilos de neocristandade, as comunidades eclesiais de base e os grupos ligados às pastorais sociais prosseguem a caminhada da libertação. Em 1994, depois da 2ª Semana Social Brasileira, a Conferência dos Bispos Católicos do Brasil (CNBB), através das pastorais sociais, instituiu o que se chama: “Grito dos Excluídos e Excluídas”. Consiste em fazer manifestação popular no dia 7 de setembro, festa que celebra a independência do Brasil (1822). Nesse dia, por todo o Brasil, de norte a sul, os movimentos populares ganham as praças e promovem uma caminhada da multidão dos pobres e seus aliados pelas ruas de todas as cidades brasileiras 

Para esse 7 de setembro de 2025, estamos preparando o 31º Grito com o tema: “Cuidar da Casa Comum e da Democracia  é luta de todo dia”. Assim os irmãos e irmãs recordam os dez anos da publicação da encíclica Laudato Si e tomam posição diante de todas as ameaças que a nossa frágil democracia ainda sofre diariamente. 

Esperamos que os bispos católicos do Brasil que, em 1994, provocaram a criação do Grito dos Excluídos continuem apoiando essas manifestações populares e, em espírito sinodal, escutem a voz e o grito de tantos irmãos e irmãs, inseridos na caminhada das comunidades eclesiais de base e das pastoris sociais. 

Hoje, muitos irmãos e irmãs continuam dando a vida e são mártires da causa do reinado divino nesse mundo cruel. Escrevem com o seu sangue o pedido para que possamos superar esse modelo de Igreja Cristandade no qual, de vez em quando, mesmo nós ainda nos movemos. Precisamos perceber que não se trata apenas de debate intelectual ou mesmo teológico. As comunidades afrodescendentes e os grupos de espiritualidades indígenas nos confirmam: há uma questão de humanidade por trás dessa discussão. Não nos deixemos seduzir por políticas de ódio ou de indiferença, disfarçadas em discursos espirituais e, pior ainda, em nome de Jesus Cristo, nosso irmão maior e mártir primeiro da fila das testemunhas (mártires) de nossa fé. A Vida em primeiro lugar. Cristandade, nunca mais!


Peregrinos De Esperança

Texto de Pierangelo Sequeri

Texto versão portuguesa: António Cartageno


 Chama viva da minha esperança,

este canto suba para Ti!

Seio eterno de infinita vida,

no caminho eu confio em Ti!

Toda a língua, povo e nação

tua luz encontra na Palavra.

Os teus filhos, frágeis e dispersos

se reúnem no teu Filho amado.

Chama viva da minha esperança,

este canto suba para Ti!

Seio eterno de infinita vida,

no caminho eu confio em Ti!

Deus nos olha, terno e paciente:

nasce a aurora de um futuro novo.

Novos Céus, Terra feita nova:

passa os muros, ‘Spirito de vida.

Chama viva da minha esperança,

este canto suba para Ti!

Seio eterno de infinita vida,

no caminho eu confio em Ti!

Ergue os olhos, move-te com o vento,

não te atrases: chega Deus, no tempo.

Jesus Cristo por ti se fez Homem:

aos milhares seguem o Caminho.

Chama viva da minha esperança,

este canto suba para Ti!

Seio eterno de infinita vida,

no caminho eu confio em Ti!

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Pontos de Cultura de Sergipe realizam quarta reunião rumo a Teia depois da retomada da Rede iniciada em 08 de agosto do corrente

A reunião abordou os desafios e a mobilização de pontos de cultura em diferentes municípios sergipanos, com foco inicial nos problemas enfrentados em Socorro, Sergipe, em relação a um edital de fomento cultural, o EDITAL DE CHAMAMENTO PÚBLICO 002/2025 - PRÊMIO CULTURA VIVA REDE MUNICIPAL DE PONTOS DE CULTURA DE NOSSA SENHORA DO SOCORRO/SE. PREMIAÇÃO DE PONTOS DE CULTURA

1. Problema Central: Edital de Cultura em Socorro

- Histórico de Exclusão: Isabela, representante de Socorro, relatou que o município tem sido penalizado em editais anteriores (Aldir Blanc 1, PNAB) pela exclusão de pontos de cultura certificados.

  - Exclusão dos Certificados: O edital não inclui explicitamente os pontos de cultura certificados, contrariando a expectativa de que eles seriam prioritários, visto que sua existência motivou a porcentagem especifica de recursos destinados ao Cultura Viva pela PNAB.

  - Nomenclatura Inadequada: Utiliza o termo "agente cultural" em vez de "ponto de cultura", e só menciona "ponto de cultura" ao citar a lei Cultura Viva, gerando contradição.

  - **Critérios Contraditórios:** Permite a inscrição de pessoas físicas, jurídicas com e sem fins lucrativos, e coletivos, o que é questionado por não ser adequado para um edital de pontos de cultura.

  - **Requisitos Insuficientes:** Pede apenas comprovação de 2 anos de atuação cultural via portfólio, sem uma categoria específica para pontos de cultura certificados ou em fase de certificação, como sugerido ao Conselho de Cultura.

Confira o edital AQUI

2. Ações Tomadas e Repercussões em Socorro

- Mobilização Imediata: Após a publicação do edital, três  representantes de pontos de cultura certificados de Socorro (Isabela, Givanildo e Michael) formaram uma "Comissão Provisória de Pontos de Cultura de Nossa Senhora do Socorro".

- Ofício : A comissão elaborou e enviou um ofício à comissão organizadora do edital através do email que constava no próprio edital,  detalhando as exclusões e erros do edital, com as logomarcas dos pontos de cultura.

Já houve a publicação oficial de suspensão no diário oficial do município. nas continua a divulgação nas redes sociais como se o edital estivesse valendo

3. Discussão de Estratégias e Desafios Amplos

Cobrança Coletiva: A necessidade de uma "rede" e uma "cobrança coletiva" foi enfatizada, transformando "uma voz" em "um grito" para ser ouvido.

- Situações Semelhantes: Relatou-se que São Cristóvão também enfrentou problemas em um edital de premiação que não contemplava categorias exclusivas para pontos de cultura certificados, forçando-os a concorrer com não certificados.

- Apoio Institucional:

  - Sugere-se procurar o escritório do Ministério da Cultura (MINC) para análise técnica do edital e do relatório elaborado pela comissão dos Pontos de Cultura de Socorro apontando as falhas e distorções, buscando orientação e apoio político.

  - Recomenda-se registrar uma reclamação formal no FalaBR/CGU para ter um protocolo e base legal, caso seja necessário escalar para o Ministério Público.

  - A Funcap foi mencionada como referência para apresentar a prefeitura de Socorro como guia ou modelo adequado, mas considerada um modelo de edital engessado e com problemas anteriores.

- Formação e Capacitação: A dificuldade em lidar com a complexidade das leis e editais culturais (PNAB, instruções normativas) ressalta a necessidade de formação e especialização para os agentes culturais.

- Engajamento e Participação:

  - A baixa adesão às reuniões virtuais (apenas 6-7 pessoas de 62 pontos mapeados) é um desafio.

  - Observa-se que a presença de Pontos de Cultura de  Aracaju é historicamente baixa.

  - Menciona-se que reuniões convocadas pela Secretaria de Estado da Cultura tendem a ter mais participantes, o que demonstra a dificuldade do exercício da autonomia ou da cidadania ativa, conceito chave da Lei Cultura Viva

4. Propostas para o Futuro e Próximos Passos

- Foco Territorial: Propôs-se abandonar reuniões gerais por enquanto e realizar encontros "setoriais" ou "por território" (ex: Grande Aracaju – Aracaju, São Cristóvão, Socorro) para discutir problemas e necessidades locais.

- Enfoque em Formação: Transformar os encontros em espaços de formação, abordando legislação, modelos de editais e capacitação para os pontos de cultura.

- Mapeamento e Intercâmbio: Mapear o que cada ponto de cultura faz, oferece e precisa, promovendo a troca de experiências e o fortalecimento mútuo.

- Periodicidade das Reuniões: Sugeriu-se reuniões quinzenais, em vez de semanais, para não sobrecarregar os participantes.

- Comissão Estadual: A previsão é que a Teia Estadual e o Fórum ocorram em outubro para eleger a nova comissão estadual. As ações atuais devem ser uma preparação para esse momento.

- Compromissos Individuais:

  - Danilo (Coletivo Inferninho, São Cristóvão) se dispôs a editar a transcrição/relatório da reunião.

  - Isabela (Socorro) continuará acompanhando o edital e reportando ao grupo.

  - Gilvan (Boquim) e Isabela devem compartilhar uma mini-bio de seus coletivos.

A reunião concluiu com a necessidade de focar em ações concretas e formação nos níveis mais próximos, fortalecendo as bases locais antes de buscar mobilizações mais amplas, mas sem perder de vista a articulação estadual e nacional 

Representantes de Pontos de Cultura presentes

Maíra Ramos e Zezito de Oliveira - Ação Cultural (Aracaju) 

Isabela Bispo Santana - Pescando Memórias (Socorro) 

Manoel Messias Cordeiro -- Pontão de Cultura Albertina Brasil - (Glória)

Luiza  Kummer - Ponto de Cultura Loucurarte - 

Marluce Falcão -  Fundação Dom José Brandão de Castro - (Poço Redondo)

Danilo Duarte - Coletivo Inferninho - (São Cristóvão)

Claudemir Santos Conceição - Curuminho - Barracão Cultural  - (São Cristóvão)

Gilvan Cesar - Boquim

domingo, 27 de julho de 2025

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

sábado, 12 de julho de 2025

 


PCC com a gente fina e elegante da Faria Lima. E se essa terra cumprir o "ideal" para alguns como na Itália e nos EUA com as máfias no centro do poder politico e econômico?

 O PCC pode ter nascido dentro dos presídios, mas há tempos ele não está apenas em vielas escuras, mas ocupa poltronas confortáveis em gabinetes com ar condicionado. Uma megaoperação, nesta quinta (28), escancarou um novo patamar de sofisticação: a infiltração do Primeiro Comando da Capital no coração do sistema financeiro nacional, a região da avenida Faria Lima, em São Paulo.


A imagem de uma busca e apreensão em uma empresa listada na Bolsa de Valores, a Reag Investimentos, colocando uma das maiores gestoras independentes do país, com foco em recursos e de patrimônio, como suspeita de participar de uma “lavanderia” de dinheiro da facção ajuda a derrubar preconceitos ao lembrar que ricos e pobres podem ser suspeitos de crimes.
Os agentes também estiveram em administradoras em outros endereços da Faria Lima. A força tarefa aponta que cerca de 40 fundos e suas gestoras são suspeitos de serem utilizados pelo PCC. Há leis que impedem isso e o mercado é regulado, mas tem sempre alguém esperto achando que dinheiro é dinheiro.
Combater esse crime de colarinho branco é tão urgente quanto enfrentar a violência nas pontas. Enquanto o Estado não cortar o fluxo que alimenta e lava o dinheiro das facções, estaremos apenas enxugando gelo. As operações policiais são fundamentais, mas precisamos de um sistema de inteligência financeira mais ágil, de reguladores mais rígidos e de uma Justiça que puna não só os executores no morro, mas os estrategistas nos escritórios.
Se o crime já possui estrutura corporativa, já faz gestão de risco, tem política de due diligence, está atento ao compliance (garantido por tribunais do crime) e atua no mercado financeiro, o que falta para ele lançar um IPO e abrir seu capital? Em quanto tempo, estarão camuflados com coletinhos puffer, disfarçados entre trabalhadores sérios do mercado, andando pelo Itaim Bibi?
O PCC, que hoje é uma máfia transnacional e não quer apenas dominar os mercados ilícitos. E, se nada for feito, em breve, poderemos ter que ler nos jornais não sobre operações policiais, mas sobre a cotação do crime organizado na bolsa (íntegra no UOL)



PF e Receita fazem operação contra o crime organizado no setor de combustíveis



atualização em 29/08/2025
O CRIME NO ANDAR DE CIMA E A PEC DA BLINDAGEM COMO CONVITE À BANDIDAGEM!
Chico Alencar A megaoperação contra o PCC - do MP, PF, Receita Federal, União e estados - desmantelou um esquema gigantesco: entre 2020 e 2024, foram R$ 52 bilhões "lavados" em postos de combustíveis, além de recursos passando por fintechs e fundos da Faria Lima — movimentações que somam até R$ 140 bilhões! Não é só caso de polícia: quando o crime organizado se infiltra no coração financeiro do país, contamina também a política. Financiando candidaturas, pressionando ou barrando projetos, indicando emendas (urge conhecer esses "legi$ladore$"!!!) e degradando a democracia. Combater isso exige transparência radical, regulação firme do sistema financeiro e defesa inequívoca do financiamento público e AUSTERO de campanhas — para que o poder econômico, legal ou ilegal, não siga sequestrando o Estado brasileiro. Ontem, o ministro Haddad anunciou que a Receita vai enquadrar fintechs como instituições financeiras, obrigando-as a cumprir as mesmas regras dos grandes bancos, inclusive na prestação de contas e no uso de IA para detectar lavagem de dinheiro. O desafio agora é transformar esse anúncio em prática concreta — e garantir que a democracia pese mais que o dinheiro sujo. Falando em sujeira, a subsecretária de fiscalização da Receita, Andrea Chaves, não nos deixa esquecer: a fake news do deputado Nikolas Ferreira sobre a suposta “taxação do Pix” — com mais de 200 milhões de visualizações — pressionou pela revogação da norma que ampliaria a supervisão das fintechs. Com isso, garantiu-se, por meses, a manutenção de caminhos livres para fraudes e esquemas bilionários como esse do PCC. As tais "prerrogativas" - reforço da autoproteção dos parlamentares - que o bolsonarismo e o Centrão queriam aprovar a toque de caixa seria um convite à criminalidade: "venha para o manto protetor dos mandatos políticos. É segurança pras negociatas!". PERDERAM! Há esperança! Laerte escancara
“Precisa ver como sonegar isso.” Dois investigados por adulteração de gasolina tiveram a conversa interceptada pela Operação Carbono Oculto, que investiga como o PCC ganha e lava dinheiro usando postos e financeiras, enquanto buscavam formas de não pagar impostos. Essa frase foi pinçada daí.
Calcula-se que o esquema da facção criminosa incluía postos de combustíveis em dez estados, movimentando R$ 52 bilhões e sonegando, ao menos, R$ 7,6 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais.
O PCC controlava fundos de investimento, alguns na Faria Lima, coração financeiro nacional, com patrimônio de R$ 30 bilhões. Fintechs e maquininhas de cartão movimentaram mais de R$ 46 bilhões de forma não-rastreável beneficiando o crime.
Quando o dono e fundador da Ultrafarma, Sidney Oliveira, foi preso em meio a uma operação do Ministério Público de São Paulo que investiga um esquema de corrupção ativa e passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e propinas, envolvendo diversas empresas e movimentando bilhões, muita gente boa crescida no leite de pera saiu em sua defesa dizendo que sonegar é um ato de heroísmo no Brasil.
Com a entrada do PCC, a vida de quem chama sonegador de mito vai ficando mais difícil.
Para uma parcela da sociedade, quem consegue passar a perna no fisco é vendido como exemplo a ser seguido, pois venceu o “Estado gastador” quando, na verdade, sonegar bilhões causa mais dano ao tecido social do que alguém que roubou comida porque a família estava com fome. Um “herói” que passa a perna nos demais empresários que cumprem as regras e as leis (de um sistema tributário complicado), configurando concorrência desleal e dumping social.
O caso do PCC é didático porque, afinal de contas, é o PCC. Mas o mal que os bilhões sonegados pela facção causa na educação, saúde, transporte e segurança é semelhante ao mal causado pela sonegação de quem se vê como “homens e mulheres de bem”. Que todos paguem os impostos devidos. E que criminosos sejam punidos por seus crimes, independentemente de estarem no Itaim Bibi ou no Itaim Paulista (íntegra no UOL)

PCC: carretas carregadas de combustível são abandonadas na Bahia

Veículos pertencem às empresas G8LOG Agro Ltda e Moska Log, apontadas como de fachada em um esquema bilionário de lavagem de dinheiro.

https://revistaforum.com.br/brasil/2025/8/29/pcc-carretas-carregadas-de-combustivel-so-abandonadas-na-bahia-186555.html?fbclid=IwY2xjawMetNpleHRuA2FlbQIxMQABHmjmj18EO-da_yoHmQnRE7b2x_LDaKM8-EBS22Fk0XGAZceUDsWPTiqbT6yi_aem_g7-u1wi0CpvKnX4spX9Nbw