os olhos negros olhavam a rosa;
tinham treze anos de brilho;
e a rosa, ainda não desabrochara;
era manhã, menos da nove,
manhã de primavera,
das abelhas operárias;
a rosa estava semi-aberta;
e os olhos negros,
bem espertos,
tentavam observar, cada segundo,
a rosa desabrochando;
era manhã de primavera;
manhã de sol,
menos das nove;
me cativa cruelmente este fato:
e encontro da beleza e da dor;
antes da rosa abrir-se completamente,
os olhos negros,
de treze anos,
fecharam-se eternamente.
poema enviado por Antônio Vieira (via orkut)
Atirador no Rio: A ausência de uma cultura de paz
Juliano Sanches
Vários especialistas acreditam que a veiculação de mensagens violentas contribui para tornar o mundo mais feroz. Apesar disso, há educadores pesquisando seriamente formas pela qual a mídia poderia se transformar em um instrumento de paz (WEIL, 1990, p. 47).
Vemos que o caos e o cosmos da mídia não estão em trabalho, em desenvolvimento. Precisamos chegar a um estado de transdisciplinaridade plena, em que sejam incentivadas - infinitamente - a criatividade e a arte. Enquanto a mídia não for vista como portadora, entre outros elementos, do Inconsciente, todo o trabalho midiático vai estar incompleto. Para tanto, a cultura de paz precisa se irromper. “Cabe advertir o leitor de que a educação holística para a paz não pode se limitar à sala de aula; ela é uma aprendizagem na qual se deve estimular o autodidatismo” (WEIL, 1990, p. 40).Enquanto a cultura de paz não estiver totalmente cimentada no currículo escolar público, nada vai mudar, visto que as outras instituições sociais não resolvem tudo sozinhas. Sabe-se de escolas do ensino básico que têm hortas e muitas atividades artísticas. Tudo isso canaliza a energia construtiva.
Tudo tem forças do Inconsciente, inclusive, as instituições. Ou pensamos em uma vida à luz da terapia e do trabalho das forças inconscientes ou abrimos margem para os monstros interiores agirem cada vez mais. “'Ausência de violência e de guerra' ou 'estado de harmonia e fraternidade' podem ser classificados como partes de uma só categoria, que diz respeito às relações entre os homens. Chama-se a isso 'ecologia social'” (WEIL, 1990, p. 27).
Se o sujeito não canaliza o construtivo, o destrutivo automaticamente toma posse e opera desgraças, porque o destrutivo tem o ímpeto de sair das profundezas.
Escolas, jornais, televisão, cinema, teatro, informática e todos os veículos mais modernos seriam convidados a participar dessa reeducação das sociedades, com o objetivo de mudar efetivamente o plano das atividades coletivas. Esse é também um dos focos de ação da Unesco (WEIL, 1990, p. 27).Os ciclos se repetem. E o caso do Rio - entre milhões de outros e com outrem - é prova cabal. “Assim, não pode haver verdadeira paz no plano pessoal quando se sabe que reinam a miséria e a violência no plano social ou que a natureza nos ameaça com a destruição, porque nós a devastamos” (WEIL, 1990, p. 30).Para fatos como o do Rio, precisamos pensar na "base", na infância. Se o sujeito retém determinadas emoções - cedo ou tarde - aquilo tudo explode. Tudo o que não é resolvido na base se torna, inclusive, algo repetitivo, o que abre margem para espelhamentos. Espelhamentos que podem influenciar o surgimento de casos similares, tais como os dos pais que jogam crianças pela janela.
A paz como um estado de harmonia interior, resultado de uma visão não fragmentada do saber. É uma tese de natureza espiritual,
ligada às grandes tradições da humanidade, como aos recentes trabalhos da psicologia transpessoal. Caracteriza-se por ser inseparável do amor altruísta e desinteressado (WEIL, 1990, p. 29).Para evitar o fato lamentável do Rio era precisa tudo: melhor educação, acompanhamento psicológico, atividades terapêuticas escolares, artes, filosofias, poesias, melhor condição econômica, oportunidades e atividades amplas de participação. "Dividimos arbitrariamente o mundo em territórios, pelos quais matamos e morremos", (WEIL, 1990, p. 20).
E isso implica – e nós queremos que implique! – que a mesma ‘camada’ fundamental do inconsciente é o próprio universo. O sol, a lua e as estrelas, as montanhas, as nuvens e as águas, e até os automóveis, os aviões, e os trens, são, efetivamente, parte do ‘conteúdo’ do nosso inconsciente básico (WILBER, 2007, p. 120).O Brasil é repleto de dejetos de uma mentalidade de que remediar é mais barato do que prevenir. Mas, os fatos mostram o contrário cada vez mais. E no caso da escola pública do Rio não é diferente.
Referências Bibliográficas
WEIL, Pierre. A arte de viver em paz: Por uma nova consciência e educação. Tradução de Helena Roriz Taveira e Hélio Macedo da Silva. São Paulo: Gente, 1993.
WILBER, Ken. O espectro da consciência. Tradução de Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, 2007.
Juliano Sanches é jornalista, assessor de imprensa. Escreve no Blog "Casa do Juliano Sanches" (http://casadojulianosanches.blogspot.com/). Trata-se de um espaço de reflexão sobre a qualidade de vida.
Também desenvolve o Blog
"Comunicação e Assessoria em Campinas"
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informações voltadas ao fortalecimento das ações culturais de base comunitária, contracultura, educação pública, educação popular, comunicação alternativa, teologia da libertação, memória histórica e economia solidária, assim como noticias e estudos referentes a análise de politica e gestão cultural, conjuntura, indústria cultural, direitos humanos, ecologia integral e etc., visando ao aumento de atividades que produzam geração de riqueza simbólica, afetiva e material = felicidade"
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