Entrevistas_Por Blog Acesso
Todos os dias, novos projetos culturais invadem as favelas do Rio de Janeiro. Ideias assistencialistas, de desenvolvimento da comunidade, diminuição do tráfico, ajuda à saúde, à educação e, claro, à cultura. Porém, são poucos os que olham para a realidade da favela e enxergam entre seus moradores artistas e, quiçá, intelectuais que necessitam de uma educação formal na área de cultura, já que experiência e sensibilidade sobram.
Foi debruçada sobre os estudos das periferias e trabalhando em projetos socioculturais que a lingüista e coordenadora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea – PACC da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Heloisa Buarque de Hollanda, descobriu ainda mais sobre a cultura nas comunidades. Se pouco era feito, era porque menos ainda se conhecia, dentro do espaço acadêmico, sobre esses saberes da favela. A fim de promover a produção de conhecimento e criações artísticas em literatura, artes visuais, teatro, dança e música, Heloisa Buarque de Hollanda propôs a seus colegas da UFRJ A criação da Universidade das Quebradas, projeto que leva os moradores das periferias para dentro da universidade, por meio de um curso de extensão.
Em entrevista ao Acesso, Hollanda vai além da criação, desenvolvimento e expectativas sobre o projeto, e conta que, após quase meio século de vida acadêmica, tem compartilhado com os moradores das favelas um conhecimento que a muito não adquiria.
ACESSO – Como se deu esse salto de trabalhos acadêmicos na área de cultura desenvolvidos dentro da universidade pelo PACC para a criação de uma ação social?
Heloisa Buarque de Hollanda – Eu estava trabalhando há muito tempo com a periferia, desenvolvendo pesquisas, e percebia que a academia tinha completo desconhecimento do que era a favela, do que pensavam as pessoas que ali viviam. Mesmo eu, que frenquentava bastante esse ambiente, não conhecia muito, sabia que existiam intelectuais maravilhosos, mas não tinha conhecimento sobre o que eles pensavam. Foi então que propus uma troca de experiências, ao invés de continuarmos com os trabalhos já existentes.
ACESSO – E qual é o objetivo dessa troca?
H.B.H. – A principal ideia da Universidade das Quebradas é que haja uma troca de saberes e práticas de criação e produção de conhecimento entre membros da academia e dessa “elite”, possuidora de conhecimento informal, para que se articulem experiências culturais e intelectuais produzidas dentro e fora da academia.
ACESSO – O que há de especial nos artisitas/ alunos da universidade? Como eles foram selecionados?
H.B.H. – São artistas com trabalhos consolidados em suas comunidades que apontam como revelações. Abrimos o processo de seleção e chamamos esses nomes expoentes dentro do universo das favelas. Dos convidados à seleção, tivemos 80 inscritos, que passaram por avaliação de portfolio e entrevista. No fim, foram selecionados 20. Apostamos em indivíduos que farão ou já fazem parte da história da arte no Brasil. Temos rappers, poetas, artistas plásticos, entre outros, que formam a massa crítica da periferia.
ACESSO – Após tantos anos lecionando, que diferenças são perceptíveis no processo de trabalho, em um projeto de inclusão sociocultural?
H.B.H. – A grande diferença de um trabalho como esse, quando realizado para um grupo da periferia ou de jovens de classe média, é que o segundo grupo vem com uma bagagem acadêmica diferente, já que o morador da periferia não teve a oportunidade de estudar formalmente aquele assunto antes. Muitos já tiveram contato com boa parte do conteúdo abordado em aula, porém não de forma organizada. Eles têm uma demanda de conhecimento reprimida e, consequentemente, uma busca muito mais entusiasmada. E é isso que faz dessa troca algo tão rico.
ACESSO – Seguindo essa ideia da troca de saberes, como são desenvolvidas as temáticas escolhidas, de modo a desenvolver um conteúdo intelectual formal sem perder a relação de intercâmbio de conhecimento?
H.B.H. – Começamos pela antiguidade, falando sobre a Ilíada e a Odisseia. Temos uma aula em que os professores se articulam mais para expor o tema e, na semana seguinte, promover o debate. Nesse fórum, ouvimos mais os alunos. E fiquei impressionada com o quanto eles têm a dizer. Quando falamos de mitologia e de cultura formal, eles associam à mitologia existente na favela. Todos têm uma familiaridade absurda com os assuntos abordados, mas vinda de universos simbólicos de suas próprias vidas.
ACESSO – Se a concepção da Universidade das Quebradas é dar acesso a um conhecimento formal a artistas de periferias e promover seu desenvolvimento, ao fim do curso, eles desenvolvem projetos de pesquisa?
H.B.H. – Sim. Todos os alunos deverão apresentar ao fim do curso um projeto de pesquisa. Isso é parte fundamental para que recebam seus certificados. A proposta é que nós, professores envolvidos com a Universidade das Quebradas, orientemos esses trabalhos. Agora, após algumas aulas, percebo que esse projeto será fundamental, pois, mais do que a necessidade de adquirir novos conhecimentos, eles necessitam de treinamento para articular seu conhecimento.
ACESSO – A partir dessa primeira experiência, já dá para traçar planos para a edição do próximo ano? Que novos projetos estão previstos a Universidade das Quebradas?
H.B.H. – Tenho 74 anos e já criei muitos projetos ao longo de minha carreira. Hoje, não planejo nada a longo prazo. Crio projetos para serem concretizados em seis meses, um ano, e depois reformulo para ir em frente. Aprendi que não posso ter tantas expectativas; tudo acontece por tentativa e erro. As aulas acabaram de começar e eu estou apaixonada. É uma situação completamente nova para mim. E o mais encantador é que está funcionando. Estou entusiasmada com o processo, mas sem pretensões.
ACESSO – O trabalho com a periferia esteve presente em sua vida, desde a juventude, correto? Fazendo um comparativo, qual é a grande novidade da Universidade das Quebradas para você?
H.B.H. – Eu sou da geração de 1960. Sou da época em que se ia para as favelas para ensinar os moradores, sem qualquer preocupação com o que eles pensavam ou necessitavam. Sinto que eu mudei e essa relação também. A Universidade das Quebradas me fez ver que é essa nova relação a que eu quero. Achei um novo lugar para falar e aprender.
Luíza Costa / blog Acesso
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Surge um novo Movimento Literário
No ano de 2000 fora dos muros acontecia a preparação para a virada do milênio… No presídio do Carandiru a extinta Casa de Detenção a novidade era outra a expectativa do primeiro concurso literário entre os internos, só esse fato já seria uma surpresa … o que ninguém imaginava era que a surpresa maior viria anos depois o surgimento de um movimento que se divide hoje em dois grandes iceberg’s que não da pra calcular o tamanho…O Movimento Literário “Beco dos Poetas & Escritores” (WWW.becodospoetas.com.br) e O Movimento Literário “Literatura Periférica” (WWW.literaturaperiferica.ning.com) juntos com perto de 6 mil membros, milhares de postagens, perto da marca histórica de um milhão de leituras, um movimento que começou no Orkut , migrou para o Ning um sistema de plataforma de rede social e do Ning ao Grou PS um sistema semelhante e ninguém consegue prever onde mais chega…se arriscarem as livrarias …talvez tenha acertado. O movimento já conta com sua própria editora o “Grupo Editorial Beco dos Poetas Ltda” e já tem 4 títulos publicados e lançou essa semana o projeto cultural Concurso Literário Beco dos Poetas – Todo Autor quer ser Publicado – Pronac 100515 que amparado na lei Rouanet busca patrocínio para publicar 100 títulos , 50 livros solos e 50 antologia coletivas composta por textos de todos os participantes e a frente de tudo isso Marcio Marcelo do Nascimento Sena autor do conto Lembranças ao Vento um dos textos selecionados no 1º Concurso literário do Carandiru nasceu ai o Movimento Literário Beco dos Poetas e Literatura Periferica e uma das revelações na divulgação da poesia e prosa na Net!!!
[...] Heloisa Buarque de Hollanda – novas visões sobre periferia [...]
Olá, meu nome é Renata Caetano, sou de Goiânia//Goiás
Estou começando uma escola de teatro na periferia de Goiânia, bairro chama Recanto das Minas Gerais, estamos com diálogo com as escolas e com a comunidade local, que nesta primeira aborgadem está bem solicita a ação.
Devemos começar a escolinha em Julho efetivamente.
Mais gostaria muito se possível de sugestões, material didático que possa ajudar no nosso planejamento
Atenciosamente
Renata Caetano
atriz// professora
Cara Renata,
obrigada por ler nosso blog.
Para entrar em contato com a Heloisa, encaminharei os contatos dela para seu email.
Atenciosamente,
eguipe blog Acesso