Curso desenvolvido pela UFRJ se tornou referência no meio artístico
Aula do curso de Literatura na Grécia Antiga promovido na Universidade das Quebradas (Foto: Divulgação)
Fonte: Site Globo Universidade
A fórmula não poderia ser melhor. De um lado a universidade, que entra
com o saber “formalizado”, de outro os alunos, que trazem para a sala de
aula suas sensibilidades e vivências do mundo artístico. Esse modelo
vem acontecendo na Universidade das Quebradas,
projeto de extensão criado em 2010 e vinculado ao Programa Avançado de
Cultura Contemporânea (PACC), da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ). O objetivo da iniciativa é o de promover a aproximação entre a
universidade e agitadores culturais da periferia da cidade do Rio de
Janeiro. São artistas e produtores oriundos dos mais diferentes
"territórios" cariocas, com diferentes experiências e atuações
culturais.
A ideia da Universidade das Quebradas nasceu a partir da tese de
doutorado sobre rap, feita na UFRJ pela pesquisadora Numa Ciro,
atualmente coordenadora adjunta do curso, com orientação de Heloísa
Buarque de Holanda, que também atua no projeto. A proposta inicial da
tese era a de reunir pessoas ligadas à cultura na periferia do Rio de
Janeiro para trocarem informações. Com o projeto de extensão criado e o
curso formatado, a primeira turma começou, em 2010, com 40 alunos, que
são chamados de “quebradeiros”. Em 2011, esse número subiu para 50,
sendo que a nova turma, que iniciou em agosto de 2012, está com 70
alunos, que foram selecionados entre 300 candidatos. Mesmo com o curso
concluído, muitos ex-alunos retornam para assistir às aulas, reforçando o
lema da universidade de “uma vez quebradeiro, sempre quebradeiro”.
“A Universidade das Quebradas é uma praça de trocas. Todos nós saímos
daqui com novos conhecimentos a cada encontro. Temos quebradeiros de
muitos bairros da cidade e arredores, desde Santa Cruz a São Gonçalo.
Eles trabalham em projetos sociais, artísticos e educacionais em seus
bairros, são multiplicadores”, explica Beá Meira, uma das
desenvolvedoras do projeto. O curso, que tem duração de um ano (180
horas), é desenvolvido em cinco áreas da produção cultural, sendo elas:
literatura, artes visuais, teatro, dança e música, e aborda a produção
artística e cultural em momentos específicos, incluindo fases como o
romantismo, modernismo e contemporaneidade.
As aulas acontecem uma vez por semana no Colégio Brasileiro de Altos
Estudos, antiga Casa do Estudante, no Flamengo. Uma vez por mês, são
realizados também os “territórios das quebradas”, encontros em que os
quebradeiros mostram suas reflexões sobre o território onde vivem. Os
alunos apresentam material próprio sobre os mais diversos temas. Já
houve território em que os alunos falaram sobre vestuário feminino no
funk, por exemplo, ou sobre grafite, no qual foram apresentados os
termos mais comuns utilizados entre os grafiteiros e o que eles
significam.
“O território das quebradas consiste em uma mesa na qual os
quebradeiros, previamente inscritos, falam durante 20 minutos. Eles
apresentam seus pontos de vista sobre diversos temas da cultura da
periferia. Em seguida, rolam os debates. À tarde, o encontro é encerrado
com a apresentação de um sarau dos palestrantes”, conta Beá Meira.
O curso aborda disciplinas como Filosofia, Cultura Africana, Arte e
Arquitetura na Antiguidade, Epopeia Clássica, Mitos Gregos e Africanos,
Mitologia Yoruba, Romantismo na Arte e na Literatura, Literatura Negra e
de Cordel, entra outras. Já na segunda parte do curso, são ministradas
aulas de cinema, música, dança, teatro e de elaboração de projeto
culturais, além de oficinas de linguagem e expressão ministrada em
parceria com a Fundação Roberto Marinho.
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