quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Hora de repensar os locais de diversão

Fonte - Cláudio Nunes - Portal Infonet
 
O que as casas noturnas precisam
Uma análise técnica de um engenheiro que foi responsável por muitos anos pela famosa casa de show Tequila. O texto do  engenheiro Bosco, ou melhor, Bobô Cruz, hoje vereador em Santo Amaro das Brotas é uma excelente contribuição para o debate sobre a prevenção e a segurança nos locais de diversão.  O texto:
Como pessoa que pesquisou, curtiu e promoveu diversão com projetos de casas noturnas em Aracaju, tenho acompanhado com muita tristeza os acontecimentos em Santa Maria/RS, onde familiares e empresários do ramo devem estar sofrendo muito com o acontecido.
Como em qualquer catástrofe, copiando twiter postado no Claudio Nunes “Pós tragédias sempre trazem à tona os gênios das análises retrospectivas”. Não só isso como também canais de televisão sensacionalistas, jornais idem e pessoas que tentam “linkar” o acontecimento a este ou aquele partido politico, pouco se lixando com a dor predominante. Não me incluo nesses.
Li e vi na TV que o Governo criou comissão para fiscalizar espaços que recebem grandes aglomerações. É preciso, portanto, que dentro dessa comissão tenha representante da ABRASEL, donos de casas noturnas, representantes das associações de blocos e trios, donos de bares e restaurantes, policiais, representantes de empresa de seguranças, vigias etc. São Paulo convocou 500 donos de bares e casas noturnas entre outros profissionais para discutir o assunto. É falho não envolver prosfissionais da área.
O assunto, complexo por si só, requer um estudo desde a aferição dos itens de segurança aprovados pelos Bombeiros quando da apresentação do plano de proteção e combate a incêndio até os materiais utilizados dentro das casas, plano de contingencia, rotas de fuga etc...
Está mais do que comprovado que casas noturnas precisam:
1.De projetos mais rígidos de combate a incêndio aferidos e fiscalizados pelo Corpo de Bombeiros com mais assiduidade.
2.Fiscalização em blitz de lotação pelo Poder público constante.
3.Proibição da venda das placas de espuma de proteção e condicionamento acústico que emite fumaça tóxica e seja inflamável. Segundo fabricantes existem as espumas que possuem esta especificação portanto a outra DEVERIA TER SUA VENDA PROIBIDA.
4.Os materiais internos das casas noturnas devem ter proteção contra fogo.
5.As casas noturnas devem ter uma área externa com capacidade para pelo menos 20% de sua ocupação para fumantes e frequentadores em emergência e pânico.
6.O projeto elétrico deve ser fiscalizado e aprovado pelo CREA e corpo de Bombeiros, além de aferidos periodicamente.
7.As saídas de emergência devem possuir corredores e portas com dimensões de garagem.
8.Iluminação indicativa de saída de emergência com alternativa da iluminação de black out.
9.Rotas de fugas e acesso para ambulância e bombeiros.
10.Treinamento para pânico e brigadas de combate a incendio devem ser obrigatórias nos eventos, aglomerações e casas noturnas.
Como parece estar evidente, os Bombeiros de Santa Maria liberaram o funcionamento daquela casa baseados em alguma norma local que, a meu ver, falhou, ou a Norma ou o profissional que aprovou. Saídas de emergência em menor quantidade do que a exigida em Aracaju, por exemplo, aquela casa tinha. As indicações luminosas de saídas de emergência estavam lá, mas a fumaça preta das espumas cobriram. Sinalizações de piso devem ser inclusas.
Segundo informações a capacidade aprovada para a casa era de 1000 pessoas e blogs e sites informaram que tinham cerca de 1500 pessoas?
Não acho que a casa noturna em questão estivesse com sua lotação esgotada ou superlotada, pelo menos não é o que parecia nas fotos que foram divulgadas do local. Quando uma casa está lotada a foto aparece com cabeças bem próximas da câmera e não existe quase espaço entres os fotografados, o que não vi nas que foram divulgadas. Ademais, é fácil verificar já que citaram que existiam controle de consumo por cartelas e, com certeza devem ser numeradas e sequenciadas, com mais certeza ainda, pessoas levaram consigo ao escapar da tragédia e isto deve dar uma noção de quantas pessoas aproximadamente estavam no local.
Não acredito numa tentativa de esconder provas pelos donos do estabelecimento, seria em vão e tal ato iria depor contra eles, fotos são feitas de celulares dentro de boates a todo minuto e isto, por si só pode aferir a frequência no visual.
A gurizada não se preocupa em verificar a segurança do local que frequenta, ela quer entrar, e de qualquer maneira, ONDE ESTÁ BOMBANDO, e aí é que mora o perigo.
Acho imprescindível que a Comissão criada revejam as regras, normas e leis vigentes para este fim. Vamos pesquisar e adotar o que existe de mais moderno e seguro NO MUNDO para proteção de incêndio e pânico.
Continuamos rezando para as famílias atingidas e vamos aproveitar para rever tudo a respeito do assunto, de modo que nós pais possamos dormir um pouco mais tranquilo quando nossos filhos se divertem, ou que possamos frequentar os ambientes com a certeza da segurança no sinistro.
PS: Para os menos avisados, estou aposentado dessa atividade da noite há anos, mas, em nossos projetos sempre zelamos pela segurança, mesmo quando não era tão fiscalizada.

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