Nas aldeias indígenas, as crianças e adolescentes são assumidos pelos adultos. Todos formam uma mistura de pai, tio, irmão mais velho ou primo. Lá o ditado “quem pariu Mateus, que o balance” não voga. Isso contribui para que não haja trombadinhas, mendicância, meninas prostituídas, problemas com drogas, pois o que existe são os filhos e filhas da aldeia.
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Em nossa sociedade branca, “cristã” e ocidental, no entanto, é necessário escrever na Constituição que criança é prioridade absoluta e é responsabilidade da família, da sociedade e do Estado. Ainda assim, por esse compromisso não ser levado a sério é que vez ou outra a imprensa nos mostra que muitos adolescentes respondem ao desprezo, à humilhação, ao abandono e à exploração através de agressões a indivíduos e ao patrimônio, furtos e até assassinatos.
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Na periferia de muitas cidades e em vários rincões deste imenso país, muita gente boa está recuperando o legado de nossos ancestrais índios e cuidam das crianças e adolescentes para que se transformem em adultos belos, saudáveis, solidários. Afinal, não custa lembrar que o fruto que colhemos depende da terra, da semente e do adubo que resolvemos colocar. Como nos falaram há algum tempo os rapazes do grupo musical A Cor do Som, “Sim, é como a flor, de água e ar, luz e calor, o amor precisa para viver, de emoção e de alegria e tem que regar todo o dia” e Milton Nascimento e Fernando Brant: “É preciso cuidar do broto, para que a vida nos dê flor e fruto”.~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Nesse sentido, são diversas as iniciativas socioculturais que têm como objetivo lembrar aos adultos, através do teatro, da dança, da música, da pintura, da capoeira, do audiovisual, dos meios impressos e das emissoras de rádios algo que eles jamais deveriam ter esquecido e que os adultos do amanhã jamais esquecerão: que crianças e adolescentes precisam comer, brincar, estudar de verdade e não como faz de conta, praticar esporte, fazer arte e participar das discussões e decisões que digam respeito ao seu bem estar físico, moral e intelectual. Porque é assim que se constrói um país que nos faça sentir prazer de ter nascido em seu chão, uma verdadeira “pátria mãe gentil”.
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Trago esse texto que escrevi no ano de 2004 e publicado em jornal impresso, sites e blogs, acompanhado por fotos da apresentação das meninas/flores do Jardim, alunas da Escola Estadual Júlia Teles e integrantes da oficina de dança do Ponto de Cultura, Juventude e Cidadania/Ação Cultural. Elas se apresentaram na Festa de Todas as Crianças, realizada em 12 de Outubro de 2013, no Parque da Cidade, Aracaju e promovida pelo Governo de Sergipe.
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O apelo do texto continua mais atual do que nunca, sobretudo em razão da quantidade de adolescentes e jovens que morrem no local. Uma reforma e ampliação da Escola Júlia Teles seria um grande presente do governo do estado as crianças e adultos do Jardim. A prefeitura de Nossa Senhora do Socorro poderia construir um grande centro cultural, já existente em diversas periferias do Brasil, conhecido como Centros de Arte e de Esportes Unificados (CEUS), programa que conta com recursos disponibilizados pelo governo federal.
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Há também uma inoperância do governo do estado e do governo municipal com relação a tirar do papel, no caso de Sergipe, o programa federal “Juventude Viva”. Este programa é fruto de uma intensa articulação interministerial para enfrentar a violência contra a juventude brasileira, especialmente os jovens negros, principais vítimas de homicídio no Brasil.
Esperamos em 2014 poder apresentar alguns avanços na perspectiva apontada acima e reforçamos o apelo, com dois trechos de uma das músicas apresentadas pelas meninas no dia de hoje, dentro do repertório coreográfico intitulado FELIZCIDADES, o Rap da Felicidade.
Zezito de Oliveira - Assessor Pedagógico do Ponto de Cultura.
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“Minha cara autoridade eu já não sei o que fazer.
Com tanta violência eu sinto medo de viver.
Pois moro na favela e sou muito desrespeitado.
A tristeza e alegria que caminham lado a lado.
Eu faço uma oração para uma santa protetora.
Mas sou interrompido a tiros de metralhadora.
Enquanto os ricos moram numa casa grande e bela.
O pobre é humilhado, esculachado na favela.
Já não agüento mais essa onda de violência.
Só peço autoridades um pouco mais de competência”
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Eu só quero é ser feliz.
Andar tranqüilamente.
Na favela onde eu nasci
É...
E poder me orgulhar.
E ter a consciência.
Que o pobre tem seu lugar.
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Fé em Deus DJ”~~~~~~~~~~~~~~
Agradecemos os elogios ao figurino e ao trabalho coreográfico por parte de representantes da Secult (Secretaria de Estado da Cultura)que estavam no local. A Secult é co-patrocinadora da iniciativa. O patrocinio é do Ministério da Cultura. Os figurinos e coreografia é da autoria de Cristiane dos Anjos, bailarina, coreógrafa, pedagoga e educadora social.
informações voltadas ao fortalecimento das ações culturais de base comunitária, contracultura, educação pública, educação popular, comunicação alternativa, teologia da libertação, memória histórica e economia solidária, assim como noticias e estudos referentes a análise de politica e gestão cultural, conjuntura, indústria cultural, direitos humanos, ecologia integral e etc., visando ao aumento de atividades que produzam geração de riqueza simbólica, afetiva e material = felicidade"
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