sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Programa de Valorização de Iniciativas Culturais (VAI) - Inclusão pela Cultura

Mudanças no programa VAI devem ampliar iniciativa cultural na periferia de São Paulo

Em 10 anos programa municipal já financiou mais de mil projetos. Agora, há mais recursos e mais tempo de incentivo público a iniciativas, com novo edital em dezembro
por Gisele Brito, da RBA publicado 23/10/2013 12:08, última modificação 23/10/2013 12:40
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CC / A Banca - Produtora Cultural Social
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Projetos culturais promovem soberania das comunidades da periferia paulistana e podem ter novo impulso com o VAI 2
São Paulo – Criado há dez anos, o Programa de Valorização de Iniciativas Culturais (VAI) em São Paulo terá novo edital em dezembro, ampliado por mudanças recém-aprovadas pela Câmara Municipal. A partir de agora, o projeto da prefeitura terá dois tipos de fomento.
Um voltado para iniciantes, que terão acesso a até R$ 30 mil, nos mesmos moldes do atual, e outro para grupos que tenham mais de dois anos de experiência comprovada, e que poderão acessar até R$ 60 mil. A expectativa de ativistas e produtores culturais é de que as mudanças consolidem a “primavera periférica” que tem afirmado a cada dia uma estética política e social.
Até sofrer mudanças, na última quarta-feira, o VAI encaminhava R$ 24 mil para cada proposta aprovada. As alterações promovidas pelo vereador Nabil Bonduki (PT) são consideradas fundamentais para atender a grupos que, depois de dar os primeiros passos com ajuda do programa, não conseguem acesso a outras fontes de financiamento público.
“O VAI, sem dúvida, é o mais bem executado programa de apoio à cultura popular, comunitária, negra e periférica do país. Ele teve – e deverá ter cada vez mais com o VAI 2 – uma importância crucial no fomento direto, sem grandes burocracias, à produção cultural autônoma dos coletivos de artistas, contribuindo bastante para ampliar, aprofundar e qualificar essa produção recente, hoje amplamente reconhecida no país afora e mesmo no mundo”, avalia Danilo Dara, que participou, entre outros, da proposta "Cine Bijou – Cinema e Memória", projeto que pretendia resgatar a memória do próprio cinema, um espaço de resistência à ditadura (1964-85). O projeto foi contemplado com o VAI em 2011 e, mesmo após o fim dos recursos do programa, continua a pleno vapor.
Apenas este ano, 176 projetos foram selecionados entre grupos de dança, coletivos de midiativismo, saraus, grupos de grafite, escritores e cantores, entre outros, mas quase mil se candidataram.
Para o coordenador do programa, Renato Almeida, o VAI se diferencia pela própria concepção que se faz do jovem e da periferia. “O jovem historicamente no Brasil é visto como um problema social, algo que perturba a ordem. E aí as políticas estão sempre no âmbito do controle, da tutela. Mas o programa parte da premissa que os jovens precisam de autonomia”, explica. “Quando esse jovem é da periferia, então, isso se intensifica ainda mais. E o VAI é voltado para ele. Reconhece a produção dele. Não é o Estado levando cultura para ele, mas o Estado fomentando o que ele já desenvolve. O Estado reconhecendo que ele é um sujeito de direito”, detalha Almeida.
“O programa sempre teve uma preocupação que não é só cultural, mas é territorial e de classe. Por isso é extremamente importante”, avalia Rafael Mesquita, um dos coordenadores da Agência Cultural Solano Trindade, que surgiu no Campo Limpo, extremo sul de São Paulo, com o fomento do VAI e agora ajuda a dar visibilidade a outros projetos contemplados.
No VAI 1, cada grupo só pode ser beneficiado pelos recursos duas vezes. No VAI 2, essa trava não existe, assim como a que limitava a idade máxima dos proponentes a 29 anos. “Isso é um ganho considerável porque em algumas regiões em que há pouco movimento cultural, os que existem passavam a não receber”, explica Vitor Hugo da Silva Ramos, da Pastoral da Juventude.
“O exemplo do Programa VAI 1, e agora do Programa VAI 2, deveria ser seguido, fortalecido e ampliado para outros municípios, estados e para o próprio nível federal. É preciso se pensar em políticas ainda mais profundas, como a Lei de Fomento à Produção Cultural Periférica, nos moldes da Lei de Fomento ao Teatro e à Dança, para efetivar a democratização das políticas culturais, que ainda hoje seguem priorizando muito mais a produção artística mais elitizada – como o alto mercado editorial, a grande indústria do cinema, os grandes shows e concertos eruditos”, enfatiza Dara.



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