quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Músicos do Complexo da Maré se encontram com o Papa

 Em sinal de redenção social, os jovens músicos brasileiros da orquestra Maré do Amanhã, sediada no Complexo da Maré, um dos maiores conjuntos de favelas do Rio de Janeiro, apresentaram, durante a Audiência Geral desta quarta-feira, 24 de janeiro, algumas canções tradicionais argentinas apreciadas pelo Papa. Em especial Adiós Nonino, uma das mais famosas composições de Astor Piazzolla.

Orquestra Maré do Amanhã do Rio de Janeiro fará concerto em Portugal

Músicos de projeto com jovens de favela do Rio de Janeiro apresentam-se no Teatro Tivoli, em Lisboa, após receberem a bênção do Papa Francisco. Espetáculo será a 2 de fevereiro com entrada livre.

Vatican News

Pela primeira vez, a Orquestra Maré do Amanhã fará um concerto em um dos maiores palcos de Lisboa. Formado inteiramente por jovens do Complexo da Maré, uma das favelas mais perigosas do Rio de Janeiro, o grupo apresenta-se a 2 de fevereiro, às 19h, no Teatro Tivoli, com entrada livre. Os músicos regressam a Portugal cinco meses após uma bem-sucedida participação na Jornada Mundial da Juventude. Antes, também farão concertos em Itália e Alemanha. A nova viagem à Europa tem uma motivação muito especial para os rapazes e moças do projeto: no dia 24 de janeiro, eles receberão a bênção do Papa Francisco, durante a Audiência geral no Vaticano.

“Eu acredito que a bênção do Papa possa transformar a vida dos meninos. Já conversei com cada um deles para na hora visualizar essa energia passando para o Complexo da Maré. Porque a nossa missão é realmente transformar aquele local. Eles são as nossas ferramentas para essa transformação. E precisam ter essa força, com a benção do Papa, para poderem realizar bem esse trabalho”, afirmou o criador da OMA, Carlos Eduardo Prazeres.

Por ocasião da JMJ em Lisboa, a Orquestra Maré do Amanhã fez diversos flash mobs pela cidade, além de concertos no Festival Músicas do Mundo, em Sines, na Catedral do Sé do Porto, e em Arouca, terra natal do maestro Armando Prazeres, pai de Carlos Eduardo e inspirador do projeto.

Nesse regresso à Europa, não havia como não voltarmos a Portugal, depois de termos sido tão bem recebidos pelo público português. Também ficamos com vontade de mostrar em Lisboa o repertório completo, como nós fizemos nas outras cidades. Os flash mobs foram incríveis. Mas ainda faltava um concerto em Lisboa”, explica Carlos Eduardo, a completar que é na capital do país que está o principal patrocinador da Orquestra Maré do Amanhã, a Galp: “Queremos muito nos apresentar para os funcionários da Galp, a nossa grande parceira, que nos ajuda a realizar os nossos sonhos”.

O maestro Filipe Kochem preparou um alinhamento variado para o concerto no Teatro Tivoli. Haverá muita música popular brasileira, de artistas como Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Raul Seixas; além de êxitos do pop internacional, que vão de Michael Jackson aos Foo Fighters. E especialmente para o público lisboeta a orquestra tocará “Uma casa portuguesa”.

A origem do projeto

A Orquestra Maré do Amanhã teve o seu início em uma tragédia pessoal de Carlos Eduardo Prazeres. Em 1999, o seu pai, o maestro português Armando Prazeres, foi sequestrado e assassinado por criminosos do Complexo da Maré. E de onde vieram dor e lágrimas, Carlos Eduardo fez brotar esperança para novas gerações da comunidade. Inspirado no trabalho do pai, que sempre buscava popularizar a cultura, em 2010, ele criou a Orquestra Maré do Amanhã, que introduz música clássica na vida de milhares de crianças. 

O projeto começou com apenas 26 alunos e, 13 anos depois, cerca de 7.000 jovens já foram impactados, atendendo a todas as crianças matriculadas nas escolas da Maré, desde a creche. Durante o processo, são identificados os talentos e vocações genuínas, que são convidados a integrar o braço profissionalizante do projeto: a Camerata Jovem Maré do Amanhã.  Os alunos recebem um auxílio financeiro no valor de um salário mínimo (equivalente a aproximadamente 240 euros na cotação atual), bolsas de estudo em escolas privadas, aulas particulares de seus instrumentos e atendimento psicossocial. Além disso, são capacitados como professores e repassam aos pequenos das orquestras mirins, multiplicando o exemplo que receberam.

Um novo desafio: conseguir fazer o projeto em Portugal

Carlos Eduardo Prazeres regressa a Portugal com outra missão, além do concerto: conseguir fazer um projeto semelhante ao da Orquestra Maré do Amanhã em Portugal. 

“Estou buscando algumas propostas de patrocínio. Já enviei para algumas empresas e estou aguardando. É o meu sonho. Retornar o que meu pai fez pelo Brasil, mas na terra dele, Portugal. Já temos tudo projetado com o maestro Filipe Kochem vindo para Portugal num primeiro momento a ajudar a implementar esta ideia”, explicou Prazeres.

Conquistas da OMA

No ano passado, a Orquestra Maré do Amanhã foi eleita Patrimônio Cultural Imaterial do Rio de Janeiro. Mais um grande feito que se junta a tantos outros como a apresentação para o papa no Vaticano em 2017; o concerto no Reveillon do Rio de Janeiro, com Anitta, para 2,5 milhões de pessoas; o desfile no Sambódromo com a bateria da Escola de Samba Beija-Flor em 2016; e a participação no Palco Favela, do Rock in Rio 2019, tocando clássicos do rock nacional e internacional. Em 2018, foi feito um documentário chamado “Contramaré”, do realizador Daniel Marenco.

A Orquestra Maré do Amanhã é uma orquestra de cunho social e seu repertório é eclético indo de Guns n’ Roses a Mozart, Anitta a Bach.

https://www.vaticannews.va/pt/mundo/news/2024-01/orquestra-mare-amanha-rio-concerto-portugal-papa.html





segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Como foi a 4ª Sessão do Cine-Realidade que apresentou o filme Maré - Nossa História de Amor.


Sinopse
"A filha de um dos chefes do tráfico de drogas da Favela da Maré se apaixona pelo irmão do líder de uma gangue rival, e a única coisa que pode fazer com que eles fiquem juntos é a dança."
Convidada- Lucia Murat
Agentes Cineclubistas- Mari Memo e Ciano
Moderação- Alini Massê e Simone Carvalho

Polícia conta com testemunha que viu quando o corpo do regente foi abandonado em bairro da zona norte do Rio

Coral de 500 canta em enterro de maestro

FERNANDA DA ESCÓSSIA

da Sucursal do Rio

O corpo do maestro Armando dos Prazeres Sousa foi enterrado ontem à tarde no cemitério São Francisco Xavier (Caju, zona norte) ao som de sua maior paixão: músicas eruditas religiosas, entoadas por cerca de 500 pessoas.

O maestro regia a orquestra Petrobrás Pró-Música e vários corais do Rio. Ele foi levado por três homens na noite de quinta-feira, quando parou o carro na porta da creche onde havia ido apanhar o filho caçula, de 5 anos, em Laranjeiras, tradicional bairro de classe média da zona sul do Rio.

O delegado Álvaro Lins disse que a polícia localizou uma testemunha do momento em que o corpo do maestro foi deixado numa rua do bairro de São Cristóvão.

Segundo o delegado, que foi ao enterro, essa pessoa tentou socorrer Prazeres e chamou a polícia. Quando os policiais chegaram, ele estava morto.

A ex-mulher do maestro, Gláucia Oliveira, viu quando ele foi detido pelos três homens na porta da creche. Os depoimentos dela e da testemunha são considerados fundamentais para elucidar o caso.

A família pensou tratar-se de um sequestro-relâmpago, para retirada de dinheiro em caixas automáticos. De fato, houve seis saques nas contas do maestro, somando a quantia de R$ 700.

A família procurou a Delegacia Anti-Sequestro. No sábado, sem contato, a DAS orientou a família a procurar o IML. O filho mais velho do regente, Armando Sousa, identificou o corpo, achado na noite de quinta-feira, em São Cristóvão (zona norte). O maestro foi morto com um tiro na nuca.

Nascido em Portugal, o maestro Prazeres veio para o Brasil criança. Era um dos maiores especialistas do país na regência de corais. Na primeira visita do papa João Paulo 2º ao Brasil, em 1980, regeu 2.000 vozes numa apresentação no aterro do Flamengo (zona sul).

Prazeres começou a aprender música erudita no seminário e chegou a pensar em ser padre. Optou pela música, mas manteve o amor pelas peças religiosas.

Há 11 anos fundou a orquestra Petrobrás Pró-Música, com 63 músicos. Por insistência do maestro, o grupo alternava apresentações em salas culturais e em comunidades carentes.

Para homenagear seu criador e regente, a orquestra Pró-Música poderá mudar de nome, passando a se chamar orquestra Maestro Armando dos Prazeres.

O enterro foi marcado pela comoção dos filhos da vítima e de muitas pessoas que descobriram com o regente a paixão pela música. "Eu nem conhecia música e ele me fez descobrir que nas minhas cordas vocais havia beleza, harmonia", disse o auxiliar administrativo Carlos Fogaça, integrante do coral dos Correios.

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff18019915.htm

Canção sugerida pela cantriz Tânia Maria como sintese conclusiva dessa postagem






Nenhum comentário: