Gildo Alves Bezerra *
Numa sociedade escravocrata onde a relação do passado com o presente de exclusões fica mais evidente precisamos ouvir as "Vozes-mulheres" principalmente das populações indígenas e negras.
Após as leis 10.639/03 e 11 645/08 houve cada vez mais o aparecimento de referências bibliográficas que tratam das populações indígenas e negras.
Mas, num Estado em que apenas 29,9% das escolas estaduais tem "bibliotecas escolares". Será que a renovação do acervo bibliográficos que retratam sobre as populações indígenas e negras já chegaram as salas de leitura?
E apenas 17,6% das escolas municipais tem bibliotecas escolares. O déficit de bibliotecas escolares é muito alto nas redes estaduais e mais gritante ainda nas redes municipais!!!!!!
Se este cenário já é gravíssimo. Visto que, dito de outra forma 70,1% das escolas estaduais não tem bibliotecas escolares e nos municípios 82,4% das escolas não tem bibliotecas.
Esta tragédia priva a maioria absoluta dos nossos educandos (as) do acesso à leitura.
Imaginem quando as bibliotecas escolares ou salas de leitura não fazem parte do projeto didático-pedagógico das unidades de ensino.
E mais dramático quando não há uma política de renovação do acervo, para que as crianças e adolescentes, tenham contato com as referências bibliográficas que tratam das populações indígenas e negras.
"(...) autoras e (...) autores demonstram, a partir de suas pesquisas e produções, que o racismo tem sido reprodutor de desigualdades sociais na sociedade e que a base dessa reprodução tem uma força muito grande na infância". (2014: 160)
Este é o período escolar das nossas crianças e adolescentes. Então, a ausência das referências bibliográficas que abordam as populações indígenas e negras reforça o racismo no cotidiano escolar
Munanga (2011) traz, além da denúncia do racismo no cotidiano escolar, as estratégias para sua superação a partir de uma práxis constituídas a partir de conhecimentos sobre as histórias e culturas africanas e principalmente das trajetórias afro-brasileiras e africanidades.
Nós acrescentariamos a este pensamento de Munanga também a necessidade de termos acesso as histórias e culturas indígenas.
Infelizmente o nosso modelo de sociedade, ainda, é eurocêntrico, etnocêntrico, falocêntrica e patriarcal. Neste cenário quem mais sofre todas formas e conteúdos de violências são as populações indígenas e negras, principalmente, as mulheres indígenas e negras.
Vejam o que nos diz Cida Bento, em O Pacto da Branquitude, "tratar das desigualdades de raça e gênero no mundo do trabalho toca em pontos centrais da população negra no Brasil," ( Bento, 2022: 88).
Temos, caso surreal, em Ser pe, "o selo Beatriz Nascimento". Mas, observamos que existe escolas contempladas com o referido selo. Entretanto, não existe nenhuma das obras que abordam sobre a vida e produções desta intelectual sergipana!!!!!
Faz mister a luta pela efetivação das leis:
10.639/03, 11 645/08 - essas duas leis anteriores nos relata a necessidade de implementação na educação básica do "ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena" e Lei nº 12.244/10, que trata da universalização das bibliotecas nas instituições de ensino.
Sem contar que há a necessidade da efetivação da Lei nº 11.738/2008, estabelece o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica.
Então, precisamos da valorização profissional através do recebimento do piso salarial profissional nacional do magistério e também da melhoria das condições de trabalho: bibliotecas escolares e atualização do acervo bibliográficos etc
Ou será que os patriarcas que estão como gerentes das redes estaduais de ensino e redes municipais de ensino acham que essa demanda por bibliotecas escolares e atualização dos acervos seria uma obrigação de nossos(as) educadores(as) que recebem baixos salários? Afinal, não vivemos numa (Res)pública Federativa?
*Trabalhador, professor de história, ativista politico-social, sertanejo de Nossa Senhora da Glória-SE e pai de educandos da "escola pública sergipana" e da Universidade Federal de Sergipe.
Vocês sabiam que é possível usar os recursos da Aldir Blanc (até R$ 3 bilhões por ciclo!) para: ✅ Reformar e construir bibliotecas ✅ Comprar livros e equipamentos ✅ Contratar programação cultural ✅ Firmar parcerias com OSCs
Nenhum comentário:
Postar um comentário