quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Natal com este tipo de arte é tudo o que eu quero.

Arte Visual - Ateliê 15  Aqui
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  Faz escuro, mas eu canto. Encontros de preparação para o Natal.
É um excelente conteúdo para os quatro encontros de Advento e para a celebração final. Para cada roteiro há uma reflexão como ajuda de aprofundamento para o grupo.
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 "Chama as crianças, vamos cantar!
Pro Deus-menino alegrar!"
[Chama as crianças | Zé Vicente]
Música disponível no CD "Essa chama não se apaga". Confira: http://goo.gl/kdHb6K






























Confira também:  

Play list da rádio web do Instituto Itaú Cultural -  É Natal!

Com Carmen Miranda, João Gilberto, Celly Campello, Chico Buarque, Cassiano e Raimundos

 http://albumitaucultural.org.br/radios/e-natal/
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Natal e seus simbolos  



Zezito de Oliveira · Aracaju, SE
26/12/2013 
Muito grato aos amigos que nos enviam mensagens de natal por meio de símbolos, tanto aqueles que enviam de maneira direta, como de maneira indireta.

Gosto de símbolos porque são sinais ou signos que unem e recordam e quando falamos em recordar não queremos dizer algo que necessariamente tenha acontecido da forma como nos é apresentado.

No caso do natal, por exemplo, muitos já sabem que Jesus de Nazaré, não nasceu em Belém, nem no dia 25 de dezembro e nem recebeu a visita de reis magos, porém todas estas fatos “simbólicos” nos querem remeter a questões que não podemos esquecer.

No caso da cidade de Belém, a necessidade de ligar Jesus a genealogia da casa do Rei Davi. O dia  25 de dezembro por causa de uma celebração em homenagem ao Deus-Sol, bastante vigorosa e pertencente ao repertório das religiões pré-cristãs em Roma, e no caso dos reis magos, a participação de toda a humanidade na promessa do reino de fartura, alegria e partilha inaugurado com a chegada do Messias.

De outro lado, há aqueles que constroem e difundem símbolos para unir e recordar outros interesses como o consumo exarcebado, tendo no papai noel um grande modelo desse tipo de visão de mundo.

Apesar disso, é sempre bom receber e espalhar símbolos que nos recordam e nos unem em torno do propósito de construir e reconstruir homens e mulheres melhores, a começar por nós mesmos.

E aqui, vale toda a forma de símbolos, seja em forma de desenho, fotografia, poesia, música, lendas e etc., como na forma de conceitos mais racionais ou científicos, de preferência, tudo isso, quando possivel, junto e misturado.

Para encerrar, dois símbolos para reforçar o argumento que defendo acima:

“É saudade que a gente tem
Pe. Zezinho, scj

Esta fome de felicidade
É saudade do infinito
É saudade do paraíso
É saudade que a gente tem
É saudade que a gente tem

De vez em quando
Quando eu passo por aí
Procurando Jesus Cristo
No semblante do meu povo
Em cada rosto eu torno a ler o que eu já li
Jesus Cristo está presente
E um dia voltará de novo

O homem rico tem saudade
Mas não sabe
Cada novo investimento
Mostra medo e uma quimera
O homem pobre que procura igualdade
Também ele tem saudade
Da verdade que ele espera

O homem velho que só fala no passado
Tem saudade, está cansado
e já viveu o suficiente
Aquele jovem que só fala no futuro
Tem saudade, eu quase juro
Do infinito à sua frente

Vou caminhando e meditando esta verdade:
Minha gente tem saudade
do que estava prometido
Esta procura de encontrar felicidade
É nada mais do que saudade
De um valor que foi perdido”

A canção da letra acima é muito bonita  e pode ser ouvida, juntamente com outras belas canções de  temática  semelhante no link abaixo.



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Poema do Menino Jesus

Num meio-dia de fim de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
(...)

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o Sol
E desceu no primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

(...)

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

(...)

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontado.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens
E ele sorri porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do Sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos dos muros caiados.

Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam ?
Fernando Pessoa (Alberto Caeiro)

Leia também:
O mito de natal. AQUI
Feliz Natal com arte, afeto, justiça e paz.
AQUI
Bethania - Poema do Menino Jesus - Fernando Pessoa AQUI

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O natal e a e_terna criança que nos habita.  

Caravana Internacional Arcpiris por La Paz


Zezito de Oliveira · Aracaju, SE
24/12/2009 
Nos finais dos anos 70 e início dos 80, ainda adolescente e morando no Rio de Janeiro, me recordo com muita satisfação do hábito de comprar o jornal de domingo, inicialmente O Globo, depois o Jornal do Brasil (JB). Após a leitura, guardava alguns recortes. O tempo passou e poucos restaram. Isso em razão de algumas mudanças de endereço, inclusive aquela realizada do Rio para Aracaju, no ano de 1982.

Mas, dos poucos recortes que ficaram guardados em minha memória, um deles era uma reportagem de natal (no JB), com destaque para a reprodução de um bilhete do pintor das marinhas, José Pancetti, endereçado à sua filha.

O bilhete, reproduzido com a letra do pintor e com o desenho que o acompanhava, falava da preocupação de Pancetti com a questão da injustiça social que distanciava algumas crianças de outras.

Dizia Pancetti à sua filha que era necessário que ela não se esquecesse de que na noite de natal, enquanto estaria participando de uma ceia farta de comidas e guloseimas e recebendo brinquedos caros, muitas crianças estariam comendo muito pouco ou quase nada e seus brinquedos estariam reduzidos àqueles que a sua imaginação poderia fazer com os restos do material que seus pais ou elas catavam no lixo.

Com isso, o pintor estava começando a querer ver sua filha envolvida pelo cuidado com aqueles que não dispunha de tantas oportunidades como ela.

Naqueles fins de 70 e início dos 80, o grupo musical Secos e Molhados irrompia na cena musical com um jeito de cantar e de se apresentar que marcou a vida de quem os viu nascer.

Das músicas do grupo, Rosa de Hiroshima já faz parte do nosso imaginário musical brasileiro. Como no bilhete de Pancetti, a letra de Rosa de Hiroshima, da autoria de Vinicius de Morais, nos convida a lembrar das crianças vítimas do sofrimento. No caso dessa composição, o sofrimento gerado pelas guerras.

Agora, a partir do segundo semestre de 2009, além do meu trabalho como produtor cultural, voltei para o convívio com adolescentes em uma escola da região metropolitana de Aracaju, conjunto Jardim, e várias cenas me fazem recordar o bilhete de Pancetti e a música Rosa de Hiroshima.

Numa dessas cenas, por mais de uma vez me deparei com um menino cego, guiado por sua jovem e bela mãe dentro do ônibus, vindo de uma escola para crianças especiais em Aracaju.

Em outras cenas, dentro da escola, vejo crianças e adolescentes com muita necessidade de atenção, tanto no campo dos conhecimentos próprios de cada matéria, como nos aspectos emocionais, afetivos e éticos.

Vejo e sinto também que elas respondem de forma positiva quando a gente mostra que pensa neles(as) considerando todos as suas necessidades e, quando enxerga e valoriza suas potencialidades .

Um exemplo disso foi a comemoração do meu aniversário em novembro, quando quatro turmas de alunos(as) se organizaram para celebrá-lo, com direito a fila de uma das turmas na porta da entrada da escola, para nos cumprimentar, com abraços e beijos.

E aí me lembrei de um aniversariante muito especial que poderia ter nascido em um lugar cheio de luxo e brilhos e preferiu nascer em um lugar bem simples para nos lembrar da necessidade de olharmos com muita atenção para quem ainda não dispõe dos meios necessários para uma vida de plenitude.

Ao mesmo tempo em que nasceu em um local adverso, Jesus de Nazaré nos quer mostrar que isso não significa que ele e todos nós, inclusive as crianças e adolescentes residentes nas periferias de nossas cidades, não tenhamos guardado dentro de nós um potencial grande de carinho, criatividade, beleza, alegria, gratidão e solidariedade.

Depende de nós, cultivarmos estes valores em nós e utilizarmos todos os meios possíveis para que sejam semeados nos corações e nas mentes de todas as nossas crianças e jovens, para que possam se materializar em atitudes e ações de bem estar e felicidade geral.

E sei que por meio das linguagens artísticas, do esporte e das novas tecnologias podemos fazer isso do modo mais eficaz e com a urgência que os sofrimentos do nosso tempo requerem.

Para concluir, reafirmando tudo isso, lembro do trecho de uma música que marcou a minha adolescência, tornando-se uma das minhas preferidas: “Sim é como a flor: De água e ar, luz e calor, o amor precisa para viver, de emoção e de alegria e tem que regar todo dia(...) No jardim da vida, já plantei um pé de esperança, fruto da vivência, é a consciência”.

Pensem nisso, pensem em Jesus de Nazaré, pensem nas crianças que estão próximas e distantes de vocês, pensem na criança que habita dentro de vocês, pensem nas crianças que vocês foram. Vez em quando.

P.S:O ano de 2010 é ano de eleições, por isso peço a vocês que irão participar que não deixem de pensar na hora de votar nos compromissos dos candidatos com atitudes, muito além das palavras e promessas de campanha, com a ampliação e qualificação dos investimentos necessários em favor da educação integral de nossas crianças e jovens.
A despeito dos avanços que estamos obtendo, faz-se necessário ainda muito mais esforços para tornar realidade o sonho e a luta de diversas gerações de brasileiros que colocaram suas vidas a serviço de uma nova escola, lugar por excelência para a construção de um futuro melhor. Para isso, precisamos dispor de professores bem renumerados e preparados para lidar com as transformações do tempo presente, as quais para o bem e para o mal, repercutem na vida de todos nós.
Além de equipamentos e prédios adequados para as necessidades que “rugem”, destacamos dentre estes: construção de auditórios e salas arejadas, bem iluminadas e com cadeiras e mesas que não deformem o corpo; quadras cobertas, com banheiros e vestiários; laboratórios; espaços de convivência; áreas verdes, piscinas e salas multiusos para práticas artísticas, equipamentos de som, imagem e informática.
Faz-se necessário também investimento maciço em formação continuada para os professores e funcionários saberem lidar com os novos saberes e práticas necessárias para a educação do futuro, que é agora!
Dedico esse texto à minha mãe e a meu pai, que me alimentaram com muito afeto, carinho e consciência ética, sem os quais teria sucumbido, aquilo que diz o texto de uma música muito tocada nas rádios ultimamente. “O mundo quer lhe ver chorando, ouso dizer e apenas clamando”.
Dedico também aos mestres: Darcy Ribeiro, Paulo Freire, Frei Betto, Rubem Alves, Leonardo Boff , Marcelo Barros, Eduardo Galeano, Alberto Ruz, e Reginaldo Veloso, que me ensinaram a certeza de que nós somos os braços, as pernas, enfim, o corpo do Deus-Amor que quer vida em abundância para todos.
Esses mestres também me ensinaram/ensinam a escrever da forma como o faço.
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Feliz Natal com arte, afeto, justiça e paz!  



Zezito de Oliveira · Aracaju, SE
24/12/2008 
Uma das melhores lembranças que tenho do antropólogo Darcy Ribeiro é quando ele falou a respeito do natal: “Como é fantástico uma religião que tem um Deus que todos os anos renasce como um menino” .

E da minha parte complemento: “E também como é incrível as condições em que o menino Deus nasceu”.

E a partir daí podemos tirar algumas conclusões: Uma delas é que é necessário de vez em quando deixar emergir o menino e a menina que guardamos em nós. Outra é que precisamos insistir, com gestos e palavras, que este modelo de sociedade não está de acordo com o sonho de Jesus de Nazaré.

E foi por isso que ele nasceu pobre e nos propõe colocar em primeiro plano o projeto do reino de Deus, que é um reino de justiça e de paz, o qual não é condizente com a sede da maioria em acumular riquezas materiais, poder e prestigio — fonte de todos os males da nossa civilização (angustias, solidão, violência urbana etc.) “É mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus”.

E nem é preciso acreditar que tudo aconteceu como está escrito nos evangelhos, com data, hora e locais exatos, o mais importante é descobrir o que está escondido por detrás dos símbolos e acontecimentos narrados no livro sagrado.

Neste sentido, vale a pena trazer um momento muito significativo e que representa a possibilidade de celebrar o Natal em sintonia com as outras culturas. Lembram-se que em torno do Menino Deus, conforme a tradição, todas as matrizes culturais, com tudo que isso pode significar em termos de riqueza simbólica, afetiva e estética que a humanidade produziu, estão representadas na figura dos três reis magos?

E isso é muito significativo. Lembro que uma das poucas imagens que guardo dos meus primeiros sete anos de vida é a beleza das cores, dos movimentos e da música do reisado e outros folguedos na festa de reis, em janeiro, na cidade de São Cristóvão, cidade onde nasci (infelizmente essa tradição sucumbiu ao canto da sereia do progresso).

Será que não é hora de trazermos de volta este modo de comemorar o natal, com folias de reis, reisado, pastoril, guerreiro, ciranda e podendo ser também com passos de jongo, da dança dos orixás, da capoeira e de danças tradicionais européias, como fizemos na celebração multicultural no natal de 2007 através da aliança do Consórcio Cultural com a Caravana Internacional Arcoiris?

Não será uma maneira mais adequada para que o menino-Deus possa continuar bem pertinho da gente, bem dentro do nosso coração-manjedoura, alegre e saltitante como todas as crianças?

É este o Feliz Natal que desejo para vocês todos(as).

Com muita arte e cultura, carinho sincero, santa indignação com todas as formas de injustiça e de opressão e atitudes cotidianas de solidariedade.

SEMPRE NATAL!


P.S.: No natal de 2007, enviei a mensagem abaixo para um grupo de amigos de perto e de longe e a repercussão foi muito boa. Em 2008, decidi fazer o mesmo e, sem olhar para o que escrevi, pude constatar, após reler o que escrevi no ano anterior, que o tema e as imagens são recorrentes, o que mudaram foram apenas as palavras. Então resolvi compartilhar essa mensagem com muito mais gente. Este ano publico no overblog o texto de 2007 e 2008. Importante registrar que o texto do teólogo Faustino Teixeira foi o “disparador” da reflexão que elaborei. Já Faustino Teixeira, por sua vez, foi ter na poesia de Fernando Pessoa a fonte para inspirar o seu belo texto, e o poeta Fernando Pessoa, provavelmente, foi buscar inspiração em narrativas sobre a infância de Jesus, as quais podem ser encontradas com mais detalhes em alguns dos evangelhos apócrifos, e assim como no poema de João Cabral de Melo Neto vamos tecendo outras manhãs.

Tecendo a manhã

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
2.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.



FELIZ NATAL COM FIDELIDADE ÀQUILO QUE É ESSENCIAL (Mensagem de 2007)

Para o antropólogo Darcy Ribeiro,(in memorian), uma das coisas mais interessantes do catolicismo é que Deus todo ano renasce como um menino.

Acredito que seja para nos lembrar que a criança que mora dentro de todos nós deve ser sempre acordada.

É verdade que o modo como a maioria das pessoas celebra o Natal está bem distante do seu verdadeiro sentido, o que não nos impede de buscá-lo e de torná-lo visível, através das diversas formas de expressões artísticas. No texto abaixo, a poesia das palavras procura nos trazer de volta a criança que temos dentro de nós, a qual, às vezes, deixamos bem escondida.

Que essa criança que dorme dentro de nós seja acordada e renasça alegre e contagiante, neste Natal e sempre, e que a dança, o teatro, a pintura, as histórias, a poesia, a música e o cinema ajudem-nos a tornar isso possível.

Por isso, dançar, cantar, pintar, fazer poesia, escrever histórias e o que mais nossa imaginação deixar é preciso.

Viver é isso! Lembram de quando éramos crianças?

Como todos os meninos e meninas são parecidos com o menino Jesus, Ele busca estar sempre perto de nós enquanto criança, enquanto seres que ainda trazem, lá no fundo do coração, a sinceridade espontânea, a beleza cândida, o amor inocente, e a alegria serena e sonhadora dos tempos de infância.

Portanto, o coração é o primeiro lugar onde devemos procurar o verdadeiro Deus-Amor!

Zezito de Oliveira com a colaboração de Maxivel Ferreira


Tempo de Delicadeza
Por: Faustino Teixeira


“Sejamos simples e calmos,
como os regatos e as árvores,
E Deus amar-nos-á fazendo de nós
Belos como as árvores e os regatos,
E dar-nos-á verdor de sua primavera,
E um rio aonde ir ter quando acabemos!...”(
Fernando Pessoa)




O advento é para nós cristãos um tempo litúrgico cativante. Um tempo de atenção e expectativa, mas também de escuta e acolhida. Não é um tempo de medo e angústia, mas de paz e delicadeza. É assim que o Anjo do Senhor anuncia o nascimento de Jesus no evangelho de Lucas: “Não tenhais medo! Eis que vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo” (Lc 2,10).

É essa alegria que cativa os pastores para irem ao encontro do menino Jesus: atraídos pela maravilha e pelo amor. Precisamos, sim, recuperar o Jesus menino de que fala tão lindamente Fernando Pessoa em seu poema “guardador de rebanhos”. O menino que escapa de um sonho no fim da primavera e desce à terra para nos oferecer tudo aquilo que os olhos podem dar: a capacidade de ver o mundo de uma forma delicada e diferente. O menino Jesus que desperta no sonho de Alberto Caeiro é a criança que nos falta: “uma criança bonita de riso e natural”, que corre pelas ervas e se encanta com as flores e seu sorriso é sempre aberto. É esse menino que deve habitar a nossa aldeia:


“Ele é a Eterna criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que sei com toda certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
E a criança tão humana que é divina”.



É essa criança que nos motiva a olhar o mundo, as criaturas, as religiões de uma forma diferente: mais terna, mais simples, mais aberta e mais delicada. É a “Criança Nova” que nos oferece sua mão, mas que abraça também tudo o que existe. É a “Criança Eterna” que motiva a direção do nosso olhar, capaz de ver a presença do mistério em toda parte; que aguça os nossos ouvidos a captar alegremente o fluxo dinâmico de todos os sons. É a Linda Criança que acende em nossos corações o alento vital e a vontade de derramar vida por todo canto e levantar o que está para morrer.

O advento é tempo desse “acordo íntimo” com o Jesus menino que está sempre nascendo de novo na manjedoura do coração. Ele deve ser para nós o Deus que sempre vem, e nunca uma coisa já acabada. Como apontou Teilhard de Chardin de forma tão rica, “Deus é, antes, para nós o eterno Descobrimento e o eterno Crescimento”.

Leia também a mensagem de natal 2009 do monge beneditino Marcelo Barros, aqui.
e mais, o texto natal no sertão do overmano Andre Pessego

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