quinta-feira, 11 de abril de 2019

O que me tocou no 2º Enconto de Educadores (as) negros (as) e indigenas.



As falas inspiradoras e instigadoras dos  professores  Gersem  Baniwa e Nilma Lino, no 2º seminário de professores negros e indigenas, me deixaram  muito a  vontade e me fez lembrar dos versos de três canções que fazem parte da minha memória sonoro afetiva,  e que nos provocam também a pensar e a repensar muito do que fizemos/fazemos na vida. 

A primeira “Quando eu era pequeno eu achava a vida chata” de  Lulu Santos. Daí eu afirmei que achava e acho, sob certos aspectos,  a escola, a igreja, o  partido e até, o sindicato, como inclusos nessa afirmação. Mesmo não deixando de estudar, de continuar sendo cristão católico, em que pese os retrocessos dos que tem saudade do tempo das cruzadas e quando cristãos e não cristãos eram queimados na fogueira, mesmo continuando a votar no PT e eventualmente em outros partidos de esquerda, e mesmo sendo sindicalizado e participante em alguns momentos das  assembleias, eventos de formação e das  mobilizações.

Nas escolas, nas igrejas, nos partidos e nos sindicatos,  um autor que pode ajudar a diminuir isso que afirmo acima é Paulo Freire, ultimamente muito badalado por seus adversários e por quem superestima a sua presença nas universidades brasileiras e em nossas escolas.

 Fosse mais considerado no Brasil, como é no exterior, a formação de  professores, tanto a graduação,  como a continuada, seria   fortemente baseada no pensamento e nas práticas freireanas, isso impactaria também  a gestão escolar, incluindo a prioridade na formação continuada no chão da escola, na  construção de prédio escolares mais “amigos” dos alunos e dos professores, como é o caso da quadra, de um auditório, mesmo pequeno e  uma sala de artes e/ou de vídeo, o que deve  ser considerado um luxo, por muitos gestores públicos, evidentemente porque os seus filhos não estudam ou não estudarão  em escola pública .

Mas, graças a Deus ! Tanto na igreja católica e em algumas protestantes históricas , a pedagogia de Paulo Freire serve de base para o método de  leitura popular da Biblia, realizado por meio das pesquisas, estudos e cursos organizados pelo Centro de Estudos Biblicos (CEBI), do qual tenho a honra de participar. O  Partido dos Trabalhadores mesmo aquém do esperado, está querendo acertar o passo,   como demonstra os temas e as metodologias dos  trabalhos das pesquisas, estudos e formação realizados pela  Fundação  Perseu Abramo.  O sindicato por meio do coletivo de professores negros e indígenas,  está promovendo seminários com essa temática e projetos de imersão na realidade das escolas que trabalham com a temática étnico racial.

Já dois  encontros bastante concorridos para professores (as) apresentarem práticas pedagógicas interessantes e diferenciadas. Não sei porque não teve continuidade. O projeto cultural do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica da Rede Oficial do Estado de Sergipe. (SINTESE), também colabora bastante, embora deva ser repensado. Nesse sentido,   insights, sugestões  foram  apresentados na mesa cultura-educação-comunicação do seminário preparatório para o Fórum Social Mundial 2018, realizado na UFS. E,   conversa preliminar a esse respeito, foi mantida com o diretor de comunicação do SINTESE, professor Joel Nascimento, mas não prosperou, infelizmente. 

 Outra canção a que fiz referência em minha fala tem como   um dos versos "Tocar, como é bom tocar, transformar tudo em som." E a pergunta que deixei, como tocar as pessoas não apenas no campo da inteligência racional, mas também pelo emocional, pelos sentidos, pelo imaginário? Dentro de uma perspectiva emancipadora e não escravizadora como é realizado pelo mercado da publicidade e da propaganda e pela maioria das igrejas e religiões, acrescento por aqui.


Aqui, fiz associação com o mito do  desenvolvimento,  do progresso e da civilização, o qual nas sábias palavras do professor Gersem Baniwa estão nos levando a barbárie. Paradoxal e interessante não é mesmo?

E aqui concluo as minhas palavras com uma reflexão sintese que fiz após chegar em casa, juntamente com uma texto do amigo Roberto Malvezzi, o Gogó,  que li um poucos antes de dormir.

Quer saber da novidade? De quem e do que aponta para saídas? De quem pode mudar o sentido deste mundo, tão vasto mundo, que segue rumo a barbárie a passos largos?

Ouçamos mais os povos da floresta, incluindo principalmente os indios. os ribeirinhos, os quilombolas, as mulheres que lutam e reexistem nas comunidades periféricas, dos adolescentes e jovens que criam e se mobilizam através dos coletivos de cultura, de comunicação, de empreendimentos sociais e comunitários, das pautas do empoderamento feminino, do combate ao racismo, dos cristãos que estão no meio do povo com um propósito comunitário libertador.


Zezito de Oliveira - professor e agente/produtor cultural de iniciativas de base comunitária.

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