sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Ensinamentos da colônia anarquista Cecília no Paraná

Pensar que a EcoSol vai se desenvolver sem o apoio de políticas públicas é como desejar chegar à lua sem foguete

Por  Newton Rodrigues

 10/11/2021 12:15

No século XIX socialistas e anarquistas desenvolveram experiências baseadas na autogestão, com o objetivo de construir uma economia sem exploração, sem patrões. O evento mais importante foi a Comuna de Paris, que durou apenas 72 dias até ser massacrada pelas forças conservadoras.

Foram realizados, também pelos trabalhadores, projetos que não contemplavam, a princípio, revoluções, mas representavam inserções socialistas no seio do capitalismo. Não foi seguido o procedimento clássico traçado pelos anarquistas com a implementação da revolução e imediata dissolução do Estado com a emergência de uma nova sociedade, autogestionária, sem classes sociais. Não foram seguidas, também, as etapas estabelecidas pelos comunistas, de chegada ao poder por meio da revolução e ocupação do Estado para colocá-lo a serviço da maioria em um processo de transição, chamado de socialismo, até a sua dissolução, quando não houvesse mais classes sociais e pudesse experienciar uma sociedade autogestionária.

As referências comumente citadas são aquelas construídas por Robert Owen: New Lanark na Grã-Bretanha e New Harmony nos EUA, assim como a Sociedade dos Pioneiros Equitativos de Rochdale, também na Grã-Bretanha e os Kibutzim de Israel, que se consolidaram no século XX.

No entanto, a Colônia Anarquista Cecília, implantada por imigrantes anarquistas em Palmeira, estado do Paraná, que existiu entre 1890 e 1894, também foi uma importante experiência que possibilita tirar ensinamentos, principalmente, para os militantes do movimento de economia solidária (Ecosol), que também se propõem a construir inserções autogestionárias no interior do sistema capitalista.

A Colônia Anarquista Cecília foi tema de uma série da TV Bandeirantes exibida em 1989, assim como de documentário da TV Paraná e algumas publicações. Uma delas bem conhecida, o romance “Arnarquistas, Graças a Deus”, de Zélia Gattai, que cita a passagem do seu avô pela Colônia. No entanto, considero o livro “Um Amor Anarquista”, do escritor e professor Miguel Sanches Neto, a melhor obra sobre o tema, que é a referência para este texto.

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