Me chamo Ricardo dos Santos Alferes Filho e estou fazendo doutorado. Fui com 29, quase 30 anos. Faz um ano e meio que cheguei, no segundo semestre de 2020. Estou com 31 anos agora.
Área de estudo
Doutorado em engenharia civil, construção civil. Obtive a partir de uma entrevista de emprego. Mandei um e-mail quando vi a vaga no site da universidade. Fiz a entrevista via Skype e enviei currículo. Quando passei na entrevista mandei os documentos pro RH e fui.
O meu emprego é o doutorado. Eu trabalho no laboratório, faço pesquisa aplicada visando o desenvolvimento de materiais para uso na construção civil. Tem algumas empresas patrocinadoras do projeto.
É a Universidade Técnica de Eindhoven. eu não sei se de repente as empresas se juntaram e fizeram, eu realmente não sei como que é essa informação.
Assim, tenho uma ideia geral do projeto e a partir daí eu traço um caminho de como eu vou fazer meu objetivo central, os experimentos que eu faço, as máquinas que a gente pode usar, o que depende um pouco de cada projeto, de cada pessoa. É um contrato de quatro anos.
O doutorado depois de quatro anos acaba. O que pode acontecer é, se você não terminou nos quatro anos, por exemplo, conseguir uma extensão de tempo, mas sem acréscimo salarial.
Neste momento de pandemia que estamos passando, teve gente que perdeu a amostra de trabalho porque não podia buscar no laboratório e estragou, além de materiais que não foram entregues pelos fornecedores por causa de problemas logísticos gerados com a pandemia e etc.
Tem pessoas convidadas para fazer um pós-doutorado, mais isso irá depender das vagas disponíveis.
A forma de comunicação
A língua predominante para a comunicação é o inglês. O holandês é uma língua complexa e é difícil praticar porque a maior parte das pessoas no ambiente em que trabalho são de outros países, de outras culturas, os holandeses são minoria no meu grupo de trabalho.
O impacto cultural e social
Há um aspecto que é bem clichê dizer, mas é bem real, a questão da segurança. A segurança de poder sair à noite, de poder andar sem preocupação.
Nos meus primeiros meses eu ainda andava olhando para trás, em qualquer lugar que andasse, com aquela tensão que nos acompanha aqui no Brasil
Isso é bom porque podemos fazer planos sem se preocupar com a hora de voltar para casa, e isso faz com que as pessoas sejam mais relaxadas nesse aspecto. Isso influencia a forma como as pessoas usam a cidade.
Então quando faz sol na primavera as pessoas saem pra fazer piquenique. Esse é um hábito que eu acho bem interessante e que eu não via tanto aqui no Brasil.
Também em geral as pessoas tem um mínimo de atividade física. Eu vejo a maioria das pessoas praticarem alguma atividade física, algum esporte, parece ser uma coisa bem natural.
A bolha universitária
Há também o recorte da bolha, do ambiente universitário onde eu convivo, por exemplo, a maioria anda de bicicleta. As pessoas não se importam se é uma bicicleta nova, se é uma bicicleta velha, se ela foi cara, se ela foi barata ninguém se importa. Não tem uma cultura da ostentação E então, assim eu vejo o meu chefe chegar e voltar do trabalho de bicicleta. Não são pessoas preocupadas em ter um carro novo, bonito e sair por aí.
O contrário do que vejo com algumas pessoas em uma determinada região, porque elas são de origem diferente, são de família de imigrantes de países mais pobres. Assim, a impressão que eu tenho é que ali entre eles existe um pouco mais a questão do que você usa, de como você se mostra.
O uso da bicicleta.
Onde eu moro tem muitos parques, tem bastantes ciclovias, toda rua tem uma. Enquanto aqui no Brasil, a gente às vezes procura uma ciclovia pra poder fazer o caminho de bicicleta, lá é como se fosse o contrário, porque a ciclovia é prioridade.
Se você tá de carro, você tem que ver onde você consegue andar de carro, porque quando tem uma rua só e não tem outra mão, o espaço é da ciclovia.
A bicicleta é prioridade, por exemplo, ao redor do estádio de futebol tem uma rua que é mão dupla só que ela é estreita, então, quando estiver passando uma bicicleta, o carro tem que se afastar para dar vez a bicicleta.
Dessa maneira, os carros só conseguem usar as duas faixas enquanto não tem bicicletas.
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