“Tenho conversado com pessoas e ouvidos muitos discos...” Belchior - 1976
Mas vamos lá, todo dia um comentário opinativo construtivo, democraticamente falando. Aos poucos alimentaremos essa sequência por aqui no blog, diariamente ou quando for possível, mas com alguma regularidade..
Um dia, quem sabe, criaremos uma persona para entrar no canal da Ação Cultural no youtube ou um podcast para tratar desses temas, os quais dizem respeito, não somente ao movimento sindical, mas a outros tipos de organizações, associaçoes ou coletivos ligados ao mundo do trabalho, dos precarizados, dos excluídos e marginalizados...
1 – Ah! Zezito, mas tem uma chapa na eleiçao do SINTESE - Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica do Estado de Sergipe, com candidatos que são filiados ao PSOL.
Penso não ser este um problema. O problema é o aparelhamento , o que parece ser uma missão quase inexorável dos partidos de esquerda, à direita também, mas estes já tem controle majoritário das igrejas, meios de comunicação e dos sindicatos patronais em sua totalidade, evidentemente.
No caso dos partidos de esquerda, independente de siglas é uma tradição recorrente. Com variações, para mais ou para menos....
Mas o trabalhador ser filiado a um partido de tradição socialista, desde os menos, até os marxistas-leninistas não há problema, deve até ser saudado, porque os trabalhadores precisam ocupar cada vez mais espaço dentro das estrutura do poder estatal, e isso é realizado por intermédio dos partidos, inclusive para que as demandas dos sindicatos e dos outros movimentos sociais sejam melhores recebidas e absorvidas, na forma de Leis e outros tipos de iniciativas que garantam e ampliem direitos. E as contrapartidas em forma de deveres? Perguntarão alguns, claro, o trabalhador em geral, como o próprio termo indica não quer viver na base do direito de explorar outros homens ou de destruir a natureza. O que é bem típico dos burgueses, mesmo que Caetano Veloso diga “como são lindos , como são lindos os burgueses”.
Claro que não é todo trabalhador que está ligado na ideia da transformação da sociedade na perspectiva marxiana de superação da exploração do homem pelo homem, afinal, como disse o patrono da educação brasileiro, Seu Paulo Freire, “Quando a educação não é libertadora....”
Os pontinhos é para ajudar a refrescar a memória, ou interativamente propor a quem não se lembrar, ir no google com a primeira parte da frase..
OU
Para quem quiser aprofundar mais o tema Aparelhamento e outras questões relacionadas...
Considerações finais
Neste sentido, a perspectiva de classe que, em alguma medida, caracterizou o sindicalismo brasileiro nos anos oitenta, uma das expressões mais latentes das lutas de classe no Brasil a despeito do contexto em que se deu, tornou-se uma peleja inócua, um tipo novo de corporativismo de categoria (ALVES, 2000), deixando de ser de combate e ser tornado um sindicalismo de resultados. E, se, num primeiro momento, é nítida a diferença entre os trabalhadores produtivos e improdutivos nos movimentos aqui analisados, por outro, tanto no tratamento dado às greves quanto na capacidade de resistência dos movimentos grevistas, essa diferenciação só aparece no tempo de duração destas, pois as conquistas, ou melhor, a falta delas, é o que se repete. Assim, algumas particularidades saltam aos olhos de qualquer observador atento aos processos das últimas greves em Vitória da Conquista. Vejamos:
8 Referimo-nos aqui às lutas fragmentadas que emergiram, sobretudo, nos anos de 1960 com estratégia para quebrar as lutas de classes como o movimento negro, das mulheres, dos gays e tantos outros.
a) Sinais da crise perpassam e comprometem completamente a luta sindical, principalmente pós-emergência do neoliberalismo, evidenciada numa significativa descredibilidade no sindicato e nas instituições representativas de forma geral, por parte das categorias de trabalhadores. Isso se mostrou expressivamente no caso do SINSERV. Apesar do número de trabalhadores da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista, o quantum de filiados ao sindicato não chega a 20% do total da categoria. Tal dado sugere, à primeira vista, o reconhecimento do papel histórico dos sindicatos enquanto entidade política típica do processo de acumulação capitalista como não representante dos reais interesses da classe trabalhadora;
b) Apesar da insatisfação generalizada, evidenciada no pool de greves emergidas no período, em nenhum momento se buscou a união das categorias na luta contra a superexploração do capital sobre o trabalho, não se falando em mobilização unificada das categorias. A solidariedade de classe ficou somente – e quando ficou – nas notas públicas. Ao que parece, o corporativismo tornou a greve num fim em si mesma. Em Vitória da Conquista, a perspectiva luxemburguiana que afirmava ser a greve um meio de desenvolvimento da consciência de classe não se confirmou no processo em foco;
c) O problema central da inconsciência das classes trabalhadoras locais sobre seu papel na sociedade capitalista não é causado somente pela crise e pela reestruturação da luta sindical com seu consequente descrédito. Este quadro é fruto de todo um processo histórico. O caso do SIMMP, por exemplo, em que aproximadamente 50% da categoria é composta de professores contratados, submetidos a relações de emprego e trabalho precarizado, muitos deles apadrinhados sob um processo clientelista cuja permanência enquanto trabalhador está condicionada à aceitação tácita das condições impostas pelos mandatários do poder político, mostra que o aprofundamento da crise estrutural do capital, da reestruturação produtiva, acompanhada da precarização das relações de trabalho nas suas mais diversas formas, também tem contribuído para a fragmentação da classe trabalhadora, bem como para a perda da consciência histórica, tão importante para o auto reconhecimento enquanto agente social.
Deste modo, em plena crise capitalista “marcada por um continuum depressivo [...] [que] se mostra longeva e duradoura, sistêmica e estrutural” (ANTUNES, 2011b, p. 10), onde formas precarizadas de trabalho assumem configurações extremas e a contradição capital/trabalho se intensifica para manter o padrão de acumulação do capital, por todo o mundo explodem reivindicações, questionando a viabilidade histórica desse modo de sociabilidade. Novamente é colocado na ordem do dia a necessidade das classes trabalhadoras assumirem as rédeas do processo histórico de forma autônoma e livremente associada, tomando o controle do metabolismo social e fundando um novo padrão de vida que vise o desenvolvimento integral do homem, a igualdade substantiva, a subjetivação e a individuação como elementos norteadores de uma nova sociedade.
DIÁLOGO, Canoas, n.28, p. 89-104, abr. 2015. / ISSN 2238-9024
Alexandre de Jesus Santos, José Rubens Mascarenhas de Almeida
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