domingo, 10 de abril de 2022

COMPANHEIRO GERALDO



Leio postagens aguerridas de gente de esquerda dizendo ser inaceitável a chapa Lula-Alckmin.

Na minha modesta opinião, algumas delas partem de pressupostos falsos:

1. O PT nunca foi um partido revolucionário, pelo contrário, buscou a mesma saída eleitoral do Allende, sujeita às mesmas contradições;

2. Na prática, Lula e Dilma no poder gerenciaram o neoliberalismo herdado do FHC; como definiu o André Singer, promoveram "reformismo fraco", ou o "melhorismo" na definição do Plinio de Arruda Sampaio;

3. Especialmente depois da chegada do Lula ao Planalto em 2002, o PT se tornou um partido de mandatos, abraçando o marketing eleitoral e se afastando cada vez mais dos movimentos sociais;

4. Ficou claríssimo depois da prisão do Lula que o PT é um partido do establishment, que joga pelas regras do jogo;

5. O PT, depois de 2002, não trabalhou para romper a eterna lógica de que as principais decisões no Brasil são tomadas em acordos nos bastidores de Brasília, não nas ruas; é o eterno "pacto das elites".

O que quero dizer é que, se você espera de um partido algo que ele não se propõe a fazer, talvez seja o caso de considerar que o problema está em suas expectativas...

Eu entendo perfeitamente o xadrez do Lula.

O acordão com o PSB permite a Lula sonhar com forte votação no primeiro turno, o que impulsionaria não só candidatos a governador em estados importantes, como São Paulo e Rio, mas também a formação de uma bancada federal para garantir a governabilidade.

O Congresso -- lembrem-se de Collor, Dilma e Bolsonaro -- faz e desfaz governos.

Tirar o Alckmin da disputa em SP faz crescer as chances de Haddad ou França e ajuda, sim, na votação da chapa presidencial no maior colégio eleitoral do país -- o que é essencial para somar à vantagem esperada no Nordeste.

Alckmin pode, sim, servir como uma espécie de escudo na disputa do segundo turno, quando é preciso desmontar a eventual frente antipetista que Bolsonaro vai tentar montar contra Lula, atraindo os eleitores de Moro, Ciro e da chamada terceira via.

Não se esqueçam que Bolsonaro, com um general de vice, será o candidato oficial das Forças Armadas, que não vão entrar numa disputa eleitoral para perder.

Finalmente, a adesão de Alckmin serve como exemplo prático de que o PT está disposto a cortar na própria carne para promover a chamada "união nacional", tão sonhada por muitos eleitores que se dizem cansados da polarização.

Portanto, eu diria que, do ponto-de-vista estritamente eleitoral, a chapa Lula-Alckmin faz sentido.

Se a chapa fosse Lula-Boulos as chances eleitorais ficariam comprometidas pela perda dos eleitores de centro, do eterno PSD, aqueles 20% (por aí) que acabam sendo o fiel da balança em disputas majoritárias.

Já sobre um governo Lula-Alckmin, impossível prever como vai funcionar a geringonça tucano-petista. 

As condições econômicas do Brasil estão bastante deterioradas e, desde já, é preciso não ter a ilusão nem mesmo de que voltaremos ao tal "reformismo fraco".

Isso, se Bolsonaro não conseguir bombar o antipetismo no segundo turno e garantir uma improvável, mas possível reeleição.

Luiz Carlos Azenha no facebook

"Somos quem podemos ser, sonhos que podemos ter". Com esse texto acima, não tem como não lembrar dos versos da canção dos Engenheiros do Hawaii....

Engenheiros do Hawaii Somos quem podemos ser Acustico MTV

https://www.youtube.com/watch?v=N1944F66duk

O que fazer? ( para resultados em médio e longo prazo). Leia também:

"A cultura e a educação populares são uma das chaves para sustentar a democracia e travar o avanço dos autoritarismos." Boaventura Souza Santos..

https://acaoculturalse.blogspot.com/2022/02/a-cultura-e-educacao-populares-sao-uma.html

Falar em necessidade de trabalho de base é fácil, mas fazer.....




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