Arte de Cristiano Siqueira, ilustrador (divulgada na Internet)
O que é que pode fazer o homem comum
neste presente instante senão sangrar?
Tentar inaugurar a vida comovida,
inteiramente livre e triunfante?
O que é que eu posso fazer com a minha
juventude - quando a máxima saúde hoje
é pretender usar a voz?
O que é que eu posso fazer - um simples
cantador das coisas do porão? (Deus fez
os cães da rua pra morder vocês que sob a
luz da lua, os tratam como gente - é
claro! - a pontapés.)
Era uma vez um homem e seu tempo...
(Botas de sangue nas roupas de Lorca).
Olho de frente a cara do presente e sei
que vou ouvir a mesma história porca.
Não há motivo para festa: ora esta! Eu
não sei rir a toa!
Fique você com a mente positiva que eu
quero a voz ativa (ela é que é uma boa!)
pois sou uma pessoa.
Esta é minha canoa: eu nela embarco.
Eu sou pessoa!
(A palavra "pessoa" hoje não soa bem -
pouco me importa!)
Não! Você não me impediu de ser feliz!
Nunca jamais bateu a porta em meu nariz!
Ninguém é gente!
Nordeste é uma ficção! Nordeste nunca
houve!
Não! Eu não sou do lugar dos esquecidos!
Não sou da nação dos condenados!
Não sou do sertão dos ofendidos!
Você sabe bem:
Conheço o meu lugar!
A CÂMARA DE GÁS DA PRF
Acima, sugestão de leitores desse post..
O Padre Reginaldo Veloso grande religioso e irmão/companheiro de Dom Hélder Camara, e que nos deixou na semana passada, assim como um grande artista, animador cultural e formulador de uma exitosa politica educultural em Pernambuco, compôs a canção abaixo remetendo a Chacina de Vigário Geral, a qual aconteceu na década de 1990 no Rio de Janeiro. São muitos exemplos como esse, da arte e dos artistas incidindo/impactando a cena social e politica da nação.
https://www.youtube.com/watch?v=V1Mr0GzPyXQ
acrescentado em 27/05/2022
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Quero respirar Do seu lar saiu para labutar Logo foi parado, jogado ao chão Com requintes de perversidade Que não se faz nem com um cão Foi amarado e humilhado Seus olhos fecharam na escuridão Sem pena ou piedade Foi jogado na escuridão Na frente da comunidade Empurrado para o camburão Lembrando Auschwitz A câmara de gás entra em ação. A história se repete Na minha cabeça veio a lembrança De tempos bem longínquos. Me faltou a esperança Vendo tudo se repetindo Contra nossa segurança Estão banalizando a morte Todo dia uma tragédia Tem gente que apoia Para o governo faz a média Para dá de bacana A da vida alheia faz comédia É morte na favela É morte no asfalto Nossas vidas não valem nada E tirada de assalto E o que mais se ouve É risadas no planalto Genivaldo, é mais uma vida Que sem piedade foi ceifada Sem respeitar seus direitos Sua voz foi calada Pela farda verde e amarela Acabou sua jornada. A câmara de gás retornou Nos moldes do século 21 Com mais perversidade Com plateia comum A volta de Auschwitz Vai matar todos um a um. A cidade de umbaúba É só tristeza e lamentação Perdeu mais um filho Sem nenhuma razão Foi tirada a sua vida Dentro de um camburão Sem puder respirar Para Deus pedia ajuda Sem entender o porque Sua vida foi desnuda Por homens cruéis Sem ter ninguém que acuda. Tem gente que acha normal Não tem compaixão Em ver o sofrimento alheio E um irmão no caixão Você é bem igual a eles Falta amor no coração. Emanuel Rocha Poeta popular
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