sábado, 26 de abril de 2014

Lançamento de curtas-metragens atraiu centenas de pessoas ao Teatro Atheneu









Noite de festa para o cinema sergipano. Na última quinta-feira, 24, foram lançados no Teatro Atheneu, os cinco curtas-metragens contemplados pelo Edital de Apoio a Produções Audiovisual de Curtas-mestragens. O edital, realizado pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), aportou recursos da ordem de 150 mil reais, divididos em para os cinco projetos.
‘Conflitos e Abismos’, de direção de Everlane Moraes, ‘M.A.D.O.N.A.’, de André Aragão, ‘Para Leopoldina’, de Diane Veloso, ‘Operação Cajueiro’, de Fábio Rogério e ‘Morena de Olhos Pretos’, de Isaac Dourado, arrancaram risos, emocionaram e contaram um pouco da história de Sergipe e do Brasil as mais de 700 pessoas que lotaram o Atheneu para a exibição.
Em uma breve fala, a secretária de Estado da Cultura, Eloisa Galdino, falou da alegria de poder finalizar mais uma edição deste projeto. Ela ressaltou ainda da certeza que, assim como em outras ações da Secult, este edital já atua como uma forte política pública implantada na vida cultural do Estado.
“São alguns anos de atuação no setor público e a referência que tivemos nesta área é de que política pública só se faz se construída para aqueles e com aqueles que são a razão delas existirem. Quando chegamos a Secult, em 2009, não existia política de audiovisual, nem de editais. Por isso, analisando a situação pela qual passava o país nós entendemos que Sergipe precisava entrar neste processo. Hoje, com essas ações e com o diálogo que foi traçado com os agentes culturais das mais variadas linguagens, fechamos em 2014 este ciclo de trabalho, com a sensação de dever cumprido”, discursou a secretária.
Realizadores comemoram
Ao final da exibição de cada curta, os aplausos explodiam, demonstrando que os filmes estavam surpreendendo cada vez mais. A atriz e diretora Diane Veloso (Para Leopoldina), estava extasiada com a exibição do primeiro filme que ela dirigiu. “A sensação é de dever cumprido, e de muita alegria em ver nosso trabalho sendo exibido assim. Foi um filme muito importante para mim”, frisou.
Já o diretor do curta M.A.D.O.N.A., André Aragão, que foi contemplado também na primeira edição do Edital, o projeto da Secult está cumprindo seu papel. “Este edital surgiu de uma necessidade da classe e vem fazendo a área do audiovisual crescer, as pessoas se profissionalizarem mais. Isso é muito importante. A expectativa é que isso siga acontecendo, fazendo a qualidade das produções melhorem e que o edital também cresça, tanto em número de contemplados, quanto no valor investido”, argumentou.
Isaac Dourado (Morena dos Olhos Pretos) também estava bastante emocionado com o final da exibição do seu filme. O curta que conta a história de vida da forrozeira Clemilda, será transformado em longa e lançado no mês de junho. “Acho que conseguimos hoje mostrar um prólogo do que foi a vida da Clemilda. Ela é uma figura muito importante para Sergipe e toda a sua historia não caberia em um curta, por isso, crescemos o filme e tenho certeza que ele irá surpreender a todos mais uma vez”, afirmou.
Sobre os curtas
Conflitos e Abismos
Direção: Everlane Moraes
Produção:
Gênero: Animação
‘Conflitos e Abismos: a expressão da condição humana’ tem a autoria da cineasta e produtora cultural Everlane Moraes. A produção trata da história do artista plástico sergipano José Everton Santos, analisando a estética do seu trabalho e enfatizando a sua concepção sobre o universo artístico. O principal objetivo é tratar filosoficamente sobre a relação existente entre arte e vida, usando um tema ao qual o artista se detém: a expressão da condição do homem.
M.A.D.O.N.A.
Direção: André Aragão
Produção: Isaac Dourado
Gênero: Ficção
Dirigido por André Aragão, autor do projeto inspirado em Amós Lima Chagas, que pretende revelar a história de amor vivida entre uma travesti (Madona) e uma prostituta (Folosa). Além disso, trata da problemática da violência praticada contra homossexuais, originária de uma grave crise enfrentada em Sergipe, com base nos altos índices aqui registrados.
Para Leopoldina
Direção: Diane Veloso
Produção: Nah Donato
Gênero: Ficção
Já a obra ‘Para Leopoldina’, de Diane Veloso, aborda a solidão como estado inerente ao ser humano, traduzida de forma poética, com objetivo de explorar um paradoxo conceitual, quando uma das personagens tenta acabar com a solidão alheia, sendo ela um personagem solitário. O objetivo da obra é fazer com que o filme circule em festivais, exportando Sergipe no âmbito profissional, social, cultural e artístico, além de ser instrumento capaz de gerar reflexões sobre a solidão, o indivíduo e a solidariedade.
Operação Cajueiro
Direção e produção: Fábio Rogério, Werden Tavares e Vaneide Dias
Gênero: Documentário
Fruto de diálogos mantidos com ex-presos políticos e considerando os esforços mantidos pelos mesmos, bem como dos seus familiares e organizações da sociedade civil para evidenciar uma memória sobre as ditaduras militares no Brasil, surge o documentário ‘Operação Cajueiro, um carnaval de torturas’. A produção visa, além de homenagear perseguidos, demitidos, torturados e exilados, alertar a sociedade brasileira para que barbáries cometidas no período ditatorial não sejam repetidas e para dissipar a conivência com a criminalização dos movimentos sociais em qualquer período da história.
O documentário destaca, portanto, o Estado de Sergipe como parte desse cenário, tendo na ‘Operação Cajueiro’ uma das manifestações impositivas mais violentas, realizada com participação de militares que vieram da Bahia especialmente para acabar com qualquer tipo de reorganização do PCB em Sergipe.
Morena de Olhos Pretos
Direção: Isaac Dourado
Gênero: Documentário
O outro documentário aprovado no ‘Edital de Apoio a Produção de Obras Audiovisuais Digitais de Curta Metragem’ é ‘Morena de Olhos Pretos’, assinado pelo ator e roteirista Isaac Dourado. Com a produção, ele procura traçar uma trajetória sobre a história de Clemilda, cantora radicada em Sergipe, tida como uma das responsáveis pelo amadurecimento e reconhecimento do tradicional pé-de-serra nordestino em todo o Brasil, promovendo a reflexão sobre o que o seu legado representa para a cultura sergipana e brasileira na atualidade.
Eloisa Galdino, Secretaria de Estado da Cultura de Sergipe

Foi uma noite marcante, emocionante, daquelas que fazem você refletir sobre o seu trabalho, os diálogos surgidos a partir dele, as dificuldades e as conquistas.
Uma noite em que me deparei com algumas transformações realizadas ao longos desses anos de atuação na cultura. Eu me reencontrei mais uma vez com o objetivo maior da nossa passagem por aqui: MUDANÇA.
Lembrei da caminhada, do percurso, e sorri várias vezes, por inúmeras razões. Como não sorrir com o Atheneu lotado, repleto de pessoas que estavam ali pra encontrar elas mesmas, pra reencontrar a sua aldeia, a sua tribo e identidade. Como? Impossível não falar de celebração pra caracterizar uma noite como aquela.
Foi mais um momento do audiovisual sergipano, mas como falar nele sem pensar na cadeia que ele engendra e movimenta? Sem pensar no artista, no técnico, no diretor, no figurinista, na costureira , no músico, nas produtoras, fotógrafos, estudantes, finalizadores, designers etc etc etc ? Não é possível. Porque o audiovisual talvez seja uma das linguagens mais articuladoras e agregadoras da cultura, e justamente por isso a casa estava cheia, de gente diversa, militante, colorida, crítica e festiva.
Uma gente da cultura, agentes dela, e agentes também da mudança. Uma gente que me desafiou e desafia, cotidianamente, a buscar e a fazer mais e melhor.
A noite foi de festa e de muito brilho por conta dessa gente, dos agentes da cultura sergipana. Até agora as imagens dos curtas, das pessoas, da estética e boa música da Couto, e de uma empolgação generalizada estão em minha mente e alimentam a minha alma. Fazem valer a caminhada.
Num tempo em que a democracia nos permite ter voz e usá-la diuturnamente em defesa de causas, meu melhor exercício é ouvir as vozes de quem produz arte e cultura em meu Estado. Aprendizado em estado puro, sempre.
E quando esta fase passar - porque há um tempo pra tudo na vida -, hei de carregar essas vozes em minha mente como ecos bons, que me farão crescer e praticar ainda mais a alteridade. Eu nunca irei esquecer de um tempo em que minha voz se confundiu com tantas outras pra engrossar o coro de uma causa tão rica, a causa cultural.
Obrigada a todos por tudo isso. Para sempre!


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O desafio maior é   “institucionalização”  de iniciativas inovadores como a  deste edital,  concomitante ao fortalecimento dos setores envolvidos com a pequena e com a média produção no campo da cultura.
Dessa maneira,  haverá um diferencial no legado dos gestores culturais em Sergipe. E neste particular vale dizer, o que você deixa/deixará,  pela primeira vez, em Sergipe,  tem a cara de um projeto crativo, republicano   e antenado com a construção iniciada a partir da gestão dos ministros Gil e Juca Ferreira, cobertos pela sensibilidade e visão de um homem público como Luiz Inácio Lula da Silva
E isso você busca fazer, mesmo que eu tenha criticas a fazer a alguns aspectos da gestão, o que não é o caso de apresentá-las neste momento e sabendo que  mudanças  mais ousadas e ampliadas dependem  de um conjunto de  competências , as quais,  nós que fazemos parte da cadeia produtiva da cultura em nosso estado precisamos apertar o passo para obtê-las. Neste particular,  quero agradecer ao Ministério da Cultura pelo investimento que está fazendo em centenas de agentes culturais, entre os quais me incluo, através do curso de educação a distância e presencial em gestão de empreendimentos criativos, ministrado pela competente equipe do Senac-DF.
A propósito dos filmes, é fundamental que os mesmos sejam disponibilizados para as escolas da rede pública, o que está sendo feito neste sentido?
Zezito de Oliveira

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Por questão de justiça
E pensar que o governo de Sergipe estava “de mal” com o Minc de Gilberto Gil, chegando ao ponto de um ex secretário de Cultura declarar-se contrário à vinda do ministro a Sergipe por não considerá-lo suficientemente sério. Eloisa Galdino não somente nos incluiu, como se incluiu na formulação e acompanhamento de políticas públicas na área da Cultura, presidindo o colegiado federal que tratava da matéria.
Infelizmente ela não conseguiu, embora tentasse, dotar a secretaria de Cultura, em Sergipe, de meios institucionais e orçamentários ideais ao enfrentamento das modernas demandas que a Cultura apresenta.
Faz um bom trabalho, embora sintamos falta de uma maior interação com os atores tradicionais da cultura local, de gerações e momentos históricos diferentes, que, certamente, tornariam política e administrativamente irreversível o resultado do seu trabalho, estabelecendo uma sólida linha do tempo que prosperasse além de qualquer governo.

Eloisa Galdino, sem dúvidas, estabeleceu sua gestão na administração cultural como um divisor de águas, graças, prioritariamente, ao reconhecimento de Sergipe como um ente capaz de realizar com sucesso alguns dos mais caros programas federais na área da Cultura
Este é um depoimento de quem já esteve, bem antes dela e em cinrcunstâncias históricas diferentes, exercendo a mesma função pública.

Amaral Cavalcante


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