segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Nós que amávamos tanto a revolução, ops, a democratização da comunicação...E o debate com as duas chapas que concorrem a direção do SINTESE?

 A proposta é um debate com as duas chapas que estão concorrendo a direção do SINTESE - Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica do Estado de Sergipe

A mediação pode ser realizada pelos companheiros(as) da direção da Associação dos docentes da Universidade Federal de Sergipe (ADUFS) , Detalhe, nao conversei com ninguém da ADUFS a esse respeito..

Abaixo, o resultado de uma conversa que tive em um grupo formado por professores de diversas escolas. Por respeito a fala individual de cada companheiro ou companheira, só estamos postando aqui o que escrevi, inclusive como resposta..

1 -PROPOSTA APRESENTADA NO GRUPO

Democraticamente falando... Um debate com as duas chapas que concorrem a direção do SINTESE para explicitar suas diferenças, não é uma boa ideia?  Pode ser em um programa de rádio do SINTESE na emissora de maior alcance, podendo a gravação ser reproduzida depois para as outras emissoras nos horários dos programas do SINTESE no interior. Pode ser também em uma emissora comercial interessada.... 

Quem concorda passe a ideia a frente... Independente de já ter uma escolha prévia.. Porque isso fortalece a demanda do sindicato por gestão democrática nas escolas, aqui me refiro a prática de uma cultura democrática que reverbera em outros ambientes também, assim como no médio e longo prazo no campo das relações internas...

2 - A NECESSIDADE DE NOS PREPARARMOS/FORTALECERMOS  PARA ENFRENTAR O AVANÇO DO NEOLIBERALISMO NA EDUCAÇÃO SERGIPANA

Por outro lado, o debate das duas chapas pode impulsionar um processo de participação maior, não apenas nas eleiçoes como no cotidiano. Porque o sistema vem pesado, mesmo com governos de esquerda, o neoliberalismo na educaçao vem com tudo para cima de nós, até porque conta com aliados dentro da maioria dos partidos de esquerda.  De onde tem mais para onde tem menos.... PSB,PDT,PT...Até o PSOL há quem estuda a mais tempo o assunto, que afirma ter também, isso por causa de defesa do conceito emprendendorismo. Neste último caso, a fonte é o sociólogo Ruda Ricci. 

Abaixo, a resposta do candidato a governador de Sergipe, Rogério Carvalho (PT), sobre a questão.. Está no final do vídeo..

https://www.youtube.com/watch?v=NohvNnZYssE



3 - A BAIXARIA COMO ESTRATÉGIA DE CAMPANHA.

A baixaria foi e é um dos principais fatores que esvaziaram/esvaziam as organizações de esquerda.. Inclusive os partidos. Atentemos! Porque a derrota do bolsonazifascismo e do neoliberalismo, o que vai além da derrota de Bolsonaro, passa pela nossa maturidade democrática no seio de nossas organizações. Falo assim com conhecimento de causa, porque fui fundador de duas organizações que foram referência no campo da educação e do movimento popular. A AMABA e o CESEP. Participei do nascimento, o crescimento,  inicio do declinio e acompanhei a distância o ocaso das duas organizações...

Vamos seguindo! Espero que cresçamos em maturidade democrática. Porque isso tem a ver com o declinio das organizações e partidos de esquerda nos países mais desenvolvidos... A derrota que os sindicatos sofreram no Brasiil com o golpe é reflexo disso também... Basta ver o quão dificil foi e é mobilizar as categorias, mesmo do serviço público..

4 - O AVANÇO DO PENSAMENTO CONSERVADOR, MUITAS VEZES NEOFASCISTA, NA CATEGORIA DOS PROFESSORES.

A categoria dos professores por  ter um grande número de professores com tendência conservadora demanda um trabalho de formação mais abrangente e mais descentralizado. Me incomoda muito uma esquerda partidária e sindical que não concebe o trabalho de organização por local de trabalho e no caso dos partidos pela organização de núcleos nas comunidades...

E assim, o conservadorismo de base fundamentalista nada de braçada, organizando  as pessoas em pequenos núcleos ou células. Tem até um movimento que se chama igreja em células...

Então, mas isso tem que ser feito com vontade politcia e com método... E com autocritica também.....

PERGUNTAS


 Qual a opinião dos representantes das duas chapas. Aqui perguntas sobre a funcionamento e a dinâmica interna do sindicato.

1 -   acerca da necessidade de organizaçao dos professores por local de trabalho,  ou de  um conjunto de escolas  por bairros,  no caso de cidades maiores como Aracaju e as cidades da região metropolitana?

2- acerca da necessidade de realizar discussões, inclusive em conferência e congressos, além de ações, considerando a  interação do  campo da educação com  os campos da  cultura e da comunicação?

3 - acerca da necessidade de incluir as familias dos professores, principalmente crianças e adolescentes,  em processos formativos e socializadores, seja no campo politico, seja no campo cultural. 

4 - acerca da necessidade de realizar ações culturais no sindicato,  para além dos aspectos da animação, da agitação e da propaganda. 

Para inspirar, o recorte de uma passagem do livro "AMABA: O esquecido círculo de cultura da Aracaju dos anos de 1980".

A POLÍTICA DE AÇÃO CULTURAL ANARQUISTA

No final do século XIX teve início uma política de importação de mão de obra estrangeira por parte do governo brasileiro, com o objetivo de apoiar as iniciativas de modernização econômica e também conforme as concepções conservadoras da época, contribuir para o embranquecimento da população e mudanças de costumes e padrões culturais. A maioria dos imigrantes eram de origem Italiana que trouxeram como contribuição para a cultura nacional o ideário Anarquista, que consiste em conjunto de ideias que busca a construção de uma sociedade baseada na auto-gestão dos trabalhadores.
Os anarquistas chegaram ao Brasil dentro de um contexto sociocultural muito difícil. Quando aqui chegaram o número de analfabetos era muito grande, a escola era artigo de luxo! Poucas existiam, e essas mesmas só podiam ser frequentadas pelos filhos das famílias abastadas, os únicos que se podiam dar ao luxo de estudar. A classe pobre não tinha condições econômicas para comprar livros, cadernos e calçados, nem podia sustentar as crianças sem trabalhar todos os dias, tal era o estado de pobreza em que vivia.
O conceito de então, era de que um país vale o que produz, pela riqueza material e patrimonial que acumula, e pela ostentação dos nobres de sua sociedade.
A este conceito escravocrata, os anarquistas opunham à ideia de que nação e, antes de tudo, um povo que fala a mesma língua, um povo que vale pela sua grande instrução, pela cultura que possui e pelo nível de vida que proporciona a todos os membros de sua sociedade, indistintamente.
Mas, quem ouviria, entenderia e iria ler as teorias anarquistas? O trabalhador analfabeto? O analfabeto condicionado a aceitar a situação milenar? Teriam os trabalhadores capacidade para entender a filosofia do anarquismo, raciocinar sobre o seu conteúdo, absorvê-la? Os anarquistas acreditavam que não, e por isso passaram a pensar em fundar escolas livres, onde o ensino, além de uma forma de alfabetizar adultos e crianças operarias, fosse também uma tribuna de debates e de diálogo.
A ideia alfabetizadora invadiu associações de classe, tornou-se uma obrigação de todos! Não havia um sindicato ou um Centro de Cultura Social que não tivesse sua escola para alfabetizar e instruir. Umas ministravam curso primário, profissionais de corte e costura desenho geométrico, artístico, outras ensinavam música e teatro social, mas todas visavam alfabetizar, instruir e desenvolver a capacidade intelectual dos trabalhadores e dos seus filhos.
Os anarquistas prezavam muito algumas formas de arte destacando-se o teatro, este esteve sempre presente nas conferências e festas que eram promovidas regularmente. Os grupos de teatro eram formados por trabalhadores de diversas categorias tais como: construção civil, vidreiros, sapateiros, estivadores de docas, garçons, cocheiros etc.
As peças eram escolhidas entre autores socialistas e anarquistas, como: “A Tomada da Bastilha”, “Militarismo e Miséria”, “O veterano da liberdade” e outros.
O teatro social, no entender dos anarquistas, era um veículo de propaganda ideológica, seguro, eficiente, a nível familiar, um divertimento instrutivo, um instrumento revelador de capacidades artísticas, centro de desenvolvimento e aperfeiçoamento de debates em público, e um meio de obter dinheiro para auxiliar os jornais anarquistas.


Cap. VII - "Cultura que te quero sempre". As bases conceituais do trabalho com Ação Cultural desenvolvido pela AMABA. Pág. 75 

Zezito de Oliveira - Professor na rede pública estadual, historiador, blogueiro e  agente/produtor/assessor de iniciativas culturais de base comunitária.

Para saber mais sobre o livro acima: 

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Para saber mais sobre o conceito de neoliberalismo na educação.

OS EFEITOS DO NEOLIBERALISMO NA ESCOLA PÚBLICA NO BRASIL 



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