O SINTOMÁTICO SILÊNCIO SOBRE O CASO DO Padre Alexandre Paciolli - ex-capelão da Igreja da PUC-RJ

Romero Venâncio (UFS)

Levando a sério, sem moralismo algum e sem alegria alguma, coloco aqui uma breve opinião sobre o mais recente "escândalo eclesial" brasileiro. Trata-se das acusações com argumentos robustos dos estupros ou tentativas por parte do pe. Alexandre Paciolli. Padre midiático com passagem pela PUC, como capelão da Igreja da PUC, função nomeada diretamente pelo Arcebispo do RJ,  medíocre intelectualmente como de costume em sua geração (basta ver os vídeos com suas pregações no Youtube. Um coach de batina. Somente). 

Em média (não todos), os mandatários prelados da Igreja Católica entre nós, se calam quando desses fatos. Histórico e triste comportamento. Fatos assim, deveria ser motivos de profunda reflexão da Igreja e de posicionamento público. O resto, ficaria com a lei. 

Vi ontem no youtube algumas "pregações" do distinto padre. Na maioria das vezes, ele fala agarrado ao microfone e uma cruz colados na mesma mão. No mínimo, deveria nos fazer pensar em atitude aparentemente devota, mas bizarra ao fundo. O sorriso falso e ensaiado, as tolas palavras fundamentalistas e o devocionalismo anacrônico é a tônica do que imagina o padre ser espiritualidade. Nitidamente conservador e pontificador da moral alheia, estamos diante do velho moralista sem moral.

Diante desses atos & fatos, sempre lembro o livro do pe. Agenor Brighenti: "O novo rosto do clero: perfil dos  padres novos no Brasil" (editora Vozes). O pe. Brighuenti vai no ponto da questão: a formação nos seminários católicos. As reais dificuldades com o celibato, uma formação devocionalista e repressiva, com raros contatos com leigos/leigas, professores reacionários e empanturrados de tolices e um currículo longe da realidade em termos de vida moderna. Inclusive, ser contra e satanizar o mundo moderno é a lógica das falas desses "novos padres". Vejamos todos nas redes digitais. Nem disfarçam. 

Vamos ser sinceros enquanto católicos e católicas: queríamos o que? repetindo a mesma "fórmula", não esperemos resultados diferentes. Falta de aviso e sugestão, não pode ser usado como desculpas. A herança dos papados de João Paulo II e Bento XVI e toda uma geração de bispos desta mesma geração, temos os atuais os frutos podres e amargos originários dos seminários. Ou não? e por favor, não venham me dizer que o problema é "teologia da libertação" ou "comunismo" ou o coitado do "demônio". Nos poupemos de mais explicações tolas e inócuas. A coisa é séria.

Ex-chefe de igreja da PUC-RJ é preso por suspeita de estupro e importunação… - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2024/04/04/ex-reitor-da-puc-rio-padre-e-preso-por-estupro-e-importunacao-sexual.htm?cmpid=copiaecola

Nas últimas décadas tem irrompido no seio do catolicismo brasileiro e para além dele um novo perfil de presbíteros, denominados “padres novos”, que por suas práticas pastorais e comportamentos pessoais têm promovido na esfera da experiência religiosa o deslocamento do profético para o terapêutico e do ético para o estético. Isso tem provocado tensões e entraves nos processos pastorais em curso, tanto entre os presbíteros nas dioceses como em relação às religiosas e aos leigos e leigas nas paróquias onde atuam. Entretanto, o novo perfil de presbíteros na Igreja Católica não é um fenômeno a ser desqualificado ou desprezado. Ao contrário, ainda que em muito se vincule a posturas pré-conciliares e à denominada “pós-modernidade líquida”, seu modo de ser e de agir questiona práticas eclesiais correntes, põe em xeque comportamentos costumeiros, desafiando um estudo para além de leituras ligeiras ou pragmáticas do fenômeno. Este livro apresenta parte dos dados levantados por uma pesquisa de campo levada a cabo em todo o território nacional, seguida de uma análise dos resultados, ainda que de modo preliminar, por parte de renomados teólogos-pastoralistas e cientistas sociais. (Trecho da obra)

Sobre o autor:

Terminada a graduação em Teologia, em 1980, Agenor Brighenti especializou-se em pastoral social e planejamento pastoral no Instituto Teológico- Pastoral para a América Latina do CELAM, em Medellín. Em 1981 foi ordenado presbítero na Diocese de Tubarão/ SC, onde foi coordenador diocesano de pastoral até 1987. Entre 1988- 1993 cursou o mestrado e doutorado em Teologia na Universidade Católica de Lovaina/Bélgica, laureado com uma tese sobre “as raízes da epistemologia e do método da teologia da libertação”. De 1994 a 1996 foi diretor-acadêmico do Instituto Teológico-Pastoral do CELAM, em Bogotá. Entre 1997 e 2008 foi professor no Instituto Teológico de Santa Catarina, em Florianópolis, e presidente do Instituto Nacional de Pastoral (INP) da CNBB. Desde 2009 é professor-pesquisador no Programa de Teologia da PUC de Curitiba, onde foi também coordenador. Foi perito do CELAM na Conferência de Santo Domingo (1992), da CNBB em Aparecida (2007) e do Sínodo para a Amazônia em Roma (2019). É membro da Equipe de Reflexão Teológico-Pastoral do CELAM e do Grupo de Teologia latino-ibero-americana, com sede em Boston. Autor de duas dezenas de livros e de duas centenas de artigos veiculados em revistas nacionais e internacionais.

Leia aqui um capítulo da obra:

www.vozes.com.br/degustacao-de-obras