sábado, 22 de março de 2008

DANÇAS CIRCULARES - Uma Proposta Cultural de Educação e Saúde Integral



Alvaro Pantoja

Por que o ser humano dança?
(Veja também: http://www.youtube.com/watch?v=n3l5aGVmCzI )
Leia também: http://consorciocultural.blogspot.com/
“Que impulso irresistível leva o homem a dançar? Por que, ainda no estado natural mais primitivo, em lugar de economizar suas energias para encontrá-las mais intactas no momento da ação, necessária a seu sustento ou sua defesa, desperdiça-as em movimentos fisicamente esgotantes?
Sem dúvida, por uma necessidade interior, muito mais próxima do campo espiritual que do físico. Seus movimentos, que progressivamente vão se ordenando em tempo e espaço, são a válvula de liberação de uma tumultuosa vida interior que ainda escapa à análise. Em definitivo, constituem formas de expressar os sentimentos: desejos, alegrias, pesares, gratidão, respeito, temor, poder...
No entanto, esses sentimentos estão intimamente relacionados com a necessidade material do grupo humano primitivo. Necessidade de amparo, abrigo, alimento, defesa e conquista; de preocupação, saúde e comunicação. Tais requisitos levam-no, primeiro, a observar a natureza e a relação que existe entre os fenômenos naturais propícios ou contrários à sua necessidade. A cada uma destas manifestações ele atribui um espírito e uma vontade semelhantes à sua.
Para obrigar essa vontade a curvar-se ante a sua, ele inventa fórmulas mágicas, plasmadas em objetos miméticos que traduzem seus desejos. Assim nascem as formas artísticas de expressão: a dança, a pintura, a música, a palavra, o teatro. No princípio, todas estão unidas num só fato mágico e vão se separando com o desenvolvimento da cultura, até os tempos atuais, em que um refluir na busca faz desandar o caminho para refundi-las numa integração.” (OSSONA 1984)2
O primeiro impulso artístico da humanidade nasceu da observação da natureza. Para sobreviver, transformar-se e evoluir, as sociedades primitivas dançaram o ritmo cíclico do universo. A dança era a imitação das formas e dos movimentos da natureza. Como expressão simbólica, dançar era o reflexo tanto da regularidade terrestre quanto da celeste.3
O homem e a mulher antigos, na medida em que desvendavam as leis e os princípios de organização da realidade circundante, registrava-os no corpo através de movimentos rítmicos e significativos. A história da intimidade entre a dança e a linguagem dos padrões da natureza nasceu antes que os seres humanos pudessem gravar suas descobertas em rochas, tecidos, tatuagens. Pela dança, memorizavam os novos conhecimentos e asseguravam a sua transmissão para as gerações futuras. Dançar era, essencialmente, comunicar-se.
Tudo na vida é movimento: o Universo move seus sistemas, e cada sistema seus sóis, estrelas, planetas e satélites. As estações se sucedem ritmicamente, assim como o dia segue a noite, a Lua ao Sol. A vegetação evolui em ciclos rítmicos, sobem e baixam as marés, o ser nasce, cresce, decresce e morre.
O ser humano é testemunha e partícipe de todo esse movimento que o maravilha, e expressa em danças seu assombro, sua necessidade de compreensão.
A dança é uma das raras atividades humanas em que o ser humano está totalmente engajado: corpo, espírito e coração. Por isso, a arte de imitar a natureza através de movimentos rítmicos e repetitivos é uma virtude que torna o conhecimento definitivo, inesquecível. Além do mais, a dança é para todos. As histórias que ela conta são de domínio público e pertencem ao campo da participação geral, da colaboração instintiva.
“A dança, que nasceu e cresceu nas civilizações comunitárias e que se estilizou nas civilizações individualistas, nos dias de hoje pode contribuir significativamente para realização da síntese pela qual nossa época espera: a de uma sociedade aberta, onde o comunitário não se degradasse em totalitário nem a expressão da pessoa em individualismo, mas ao contrário, onde o ser humano pudesse conjugar sinfonicamente, como numa dança bem dançada, sua dimensão social e sua criatividade, em um sistema consciente de sua relatividade e aberto para o futuro, para suas profecias e suas utopias.
Não existe ato mais revolucionário do que ensinar um ser humano a enfrentar o mundo enquanto criador. Esta forma viva de comunhão e de participação da dança moderna recupera para a dança sua função sagrada, isto é: sua função de criação do homem. Talvez ela seja, no sentido mais completo do termo, a “Missa para o tempo presente”. (GARAUDY 1980)4
O que são as Danças Circulares
São danças de roda, tradicionais e contemporâneas, de diferentes culturas (diferentes povos e diferentes épocas) vivenciadas como canal e instrumento de Educação e Cultura, de comunicação criativa, de auto-conhecimento, de saúde integral, de celebração e integração.
"As Danças Circulares estão presentes em antigas tradições de diversos povos de todo o planeta. Suas origens se perdem no tempo e se confundem com as origens da própria Humanidade. Elas refletem a necessidade de comunhão entre os membros da comunidade e se associam a diferentes momentos de suas vidas: o nascimento, o casamento, o plantio, a chegada das chuvas, a entrada da primavera, a colheita, a morte, etc.
O ser humano tem bailado desde que existe. A dança tem sido parte de sua vida, não só como espetáculo, mas antes de tudo, como uma de suas formas de viver. Tem sido uma das formas de unir-se a outros seres, de participar conjuntamente, celebrar, comunicar-se, dizer com seu corpo o que as palavras não podem dizer da mesma maneira.
As Danças Circulares Sagradas foram introduzidas na Inglaterra há cerca de trinta anos atrás por Bernhard Wosien, um professor de dança, alemão, que dedicou muitos anos de sua vida a coletar danças dos povos de várias regiões da Europa.
Talvez um dos motivos que fazem das danças circulares algo tão envolvente seja o fato das coreografias se constituírem em fenômenos cíclicos. Ou seja, os passos são agrupados em sequências que se repetem no decorrer de toda a música. Dessa maneira são reproduzidos os ritmos da natureza: o começo e o fim, o nascimento e a morte, o dia e a noite, as estações do ano, além dos ciclos que compõem a biografia humana.
Assim nós somos levados a perceber as mudanças que vão acontecendo em nossas vidas, vamos nos percebendo seres mutantes que, a cada repetição ocorrente, já não somos mais os mesmos que da última vez.” (VALLE 1998)5

De onde vêm as Danças Circulares

A metodologia de trabalho com as Danças Circulares foi criada por Bernhard Wosien (1908-1986) - alemão, bailarino e pedagogo da dança – a partir de sua pesquisa com as Danças Folclóricas e Étnicas da Europa Central e Oriental, iniciada em 1952.
Contagiado pela alegria e vibração das danças populares, Bernhard idealizou uma proposta de utilização para as áreas de educação e saúde. As danças, muitas das quais no seu formato tradicional não eram em círculo, foram adaptadas, para conectar profundamente as pessoas na roda. Assim nascia esse trabalho com a “Sacred Dance” – Dança Sagrada, na qual o “sagrado” diz respeito ao poder de elevação do espírito humano, associado à prática da dança (e não a uma religião propriamente dita).
Nos últimos 25 anos de sua vida, o agora “dançarino”, dedicou-se integralmente a pesquisar e ensinar as danças de roda como pedagogia e terapia de grupo em instituições educacionais e clínicas, nas áreas de Serviço Social e Terapia Ocupacional.
Em 1976, aos 68 anos, Bernhard foi convidado a mostrar e vivenciar as Danças Sagradas na Fundação Findhorn – Centro Internacional de Educação Transdisciplinar-Holística, fundado em 1961, na Escócia. Este convite foi determinante para a expansão internacional das Danças. No Brasil, as danças chegaram no início da década de 90.
Findhorn promove anualmente, no mês de Julho, desde 1976, o Festival Internacional de Danças Circulares Sagradas, o que tem contribuído para o enriquecimento do repertório, que atualmente incorpora danças tradicionais e contemporâneas das mais diversas culturas, dos quatro cantos do mundo (Ásia, Europa, África, América) - como danças gregas, israelitas, escocesas, russas, sérvias, armênias, ciganas, árabes, brasileiras (indígenas, folclóricas, populares nordestinas e amazônicas).

Como as Danças Circulares educam

Nas Danças Circulares a pessoa é despertada para estabelecer conexões, lançar pontes entre a mente, o coração e as mãos/os pés (o pensar, o sentir e o agir) de uma maneira eminentemente vivencial, dinâmica e participativa: as danças de roda, a música, o canto, a história e os mitos universais das diferentes tradições culturais; exercícios corporais, momentos de silêncio, reflexão e expansão do potencial interior – visualização criativa e meditação; dinâmicas de grupo e de relações interpessoais.
Assim, “as danças se constituem também num importante recurso a ser utilizado em processos educativos sociais. No círculo se trabalha o equilíbrio entre o indivíduo e o coletivo. Na roda, somos convidados a estar presentes, a participar de maneira plena dos processos de transformação social.
Colocados em círculo, percebemos a nossa identidade com o outro pois, ao mesmo tempo em que reconhecemos a nossa igualdade - a unidade que habita no centro - também acolhemos a presença única e insubstituível de cada um que está colocado em pé na linha da circunferência.
Desse modo, desenvolvemos suave e gradativamente o respeito e a valorização das diferenças, além de podermos vivenciar a realidade da interdependência que permeia as relações humanas". (VALLE 1998)4
Como retrato dinâmico da história humana, as danças sagradas oferecem a toda pessoa a oportunidade de tornar-se um dançarino, de abrir-se a um meio de conhecimento a um só tempo introspectivo e do mundo exterior. Além disso, através delas, irmanamo-nos com povos distantes no tempo e no espaço e com os significados e símbolos de seus rituais e celebrações. Nas palavras do filósofo francês Roger Garaudy, “a dança torna o deus presente e o homem potente”. Por isso é considerada sagrada.

O que a vivência das Danças Circulares proporciona 6
1. Harmonia entre corpo-mente-espírito;
2. Elevação da auto-estima;
3. Consciência corporal – coordenação motora, ritmo, sintonia, flexibilidade;
4. Aprendizagem criativa - o desenvolvimento da inteligência integral e a expansão de habilidades, incluindo-se a intuição, o imaginário, a sensibilidade e o corpo no processo de receber e transmitir conhecimentos;
5. Ampliação do potencial humano - com a vivência da arte, do lúdico, do belo, do prazer, da alegria e da conexão com o sagrado;
6. Reconhecer, valorizar e fortalecer as Identidades Culturais Brasileiras (locais/regionais/nacionais), para o encontro criativo e harmônico com os outros povos – enraizar para uma globalização consciente;
7. Sensibilização para a vivência de Valores Humanos e Princípios Éticos universais – respeito e inclusão do diferente, através do contato humano, ético e estético, com pessoas diferentes de nós e culturas diversas da nossa;
8. Aprender a Conhecer – competência cognitiva; Aprender a Fazer – competência técnica; Aprender a Conviver – competência social; Aprender a Ser – competência humana: os quatro pilares básicos da educação sustentável, recomendados pela UNESCO para a Educação no século XXI.
Animando Comunidades de Aprendizagem

· O tempo presente implica e pede um permanente exercício humano de mudança, na convivência ; isto requer, de todos(as) e de cada um(a), fluência e flexibilidade nas relações consigo mesmo(a) e com os semelhantes . As danças oportunizam e favorecem essa vivência/aprendizagem, com simplicidade e profundidade .

· Nesse sentido, é interessante pensar e abordar a proposta das Danças Circulares referida aos paradigmas Ecológico (as três ecologias: pessoal, social, planetária), Holístico (dimensões física, psíquica, mental, espiritual) e Biocêntrico (princípio ‘ biocêntrico’ , idéias de ‘ vivência’ e ‘ vínculo’).

· Centração – as danças circulares impulsionam um movimento vital, que acontece através : da conexão no eixo vertical (com o que está abaixo, a Terra: chão, raízes, memória, passado; e com o que está acima, o Ar: céu, projeto, futuro); e da conexão no eixo horizontal (com quem está à minha direita/esquerda, com as pessoas na roda, a tribo, a comunidade, a humanidade; a dimensão do corpo (bio-física) e da personalidade (bio-psíquica), o cotidiano); da conexão com seu próprio/pessoal centro de vitalidade (no cruzamento do eixo vertical com o eixo horizontal) e com o centro da roda (simbolicamente o Sol, fonte de luz, de energia, de sabedoria, de bênçãos: a dimensão espiritual da vida).

· Buscando o equilíbrio, em busca de integr(ali)idade, da inteireza (na contra-mão da tendência à fragmentação). Equilíbrio em movimento - equilibração , é uma idéia-chave para a compreensão das Danças Circulares . Na dança ... ... ... "o movimento é que gera o conteúdo". Movimento que é fluxo, pulsação . Em ciclos, na música e na dança, como na vida ...

· A experiência de sinergia e de harmonia que as Danças Circulares proporcionam, resulta de um movimento pessoal e coletivo em busca do equilíbrio, que é um exercício de equilibração (a "homeostase" dos gregos) .
Equilíbrio entre : conexão com o próprio centro (de cada um/a) e conexão com
o centro (comum) do círculo .
Equilíbrio entre : coragem (auto-afirmação, ousadia) e consideração (com a
Fonte, com os semelhantes, com o grupo).
Equilíbrio entre : individualidade/diversidade e coletivo/comum-unidade .
Equilíbrio entre : contração/concentração/interiorização e
expansão/propagação/exteriorização .

· As Danças Circulares podem (têm o poder de) atuar como canal para uma transformação, em diversos planos e níveis da existência de indivíduos e grupos humanos. Isto se dá através de uma vivência, que só se viabiliza pela
co-opera-ação dos participantes e por sua sin-toniza-ação em
frequências vibratórias que são canalizadas pelas danças.

· O convite à dança contém a proposta de um exercício de aprendizagem coletiva . O que é ‘aprender a dançar’? O que acontece quando a gente se põe a dançar juntos, na roda ? Refletindo a partir dessas perguntas, podemos aprofundar o sentido da educação como aprendência, como movimento vital de estar aprendendo : a fazer, a conhecer, a conviver, a ser. Estar aprendendo a aprender, como forma de viver.


NOTAS

[1] Educador e sociólogo, de 1990 a 2005 foi membro do Coletivo de Educadores/as do CENAP (Centro Nordestino de Animação Popular, Recife-PE); há 20 anos atua em programas de formação de educadores(as) sociais no Nordeste brasileiro; como assessor/consultor de organizações sociais, tem atuado nas áreas de metodologia do trabalho social e educativo e de gestão de programas e projetos sócio-educativos. Faz formação em Danças Circulares com William Valle (Belo Horizonte – MG), desde 1999, tendo participado do I, II e IV Encontros Brasileiros de Danças Circulares Sagradas (São Paulo, 2002, 2003 e 2005) e da coordenação do I Encontro Nordestino de Danças Circulares (Camaragibe-PE, 2005). Desde 2000 tem focalizado encontros e oficinas de Danças Circulares em Recife-PE, Aracaju-SE, João Pessoa-PB, Maceió-AL, Teresina-PI, Fortaleza e Sobral-CE. Contato: alvarpan@elogica.com.br
2 OSSONA, Paulina. A Educação pela Dança. São Paulo: Summus, 1984
3 Fonte: Grupo RODAS DA LUA (Brasília-DF). Danças Circulares Sagradas. www.rodasdalua.org.br
4 GARAUDY, Roger. Dançar a Vida. São Paulo: Nova Fronteira, 1980
5 VALLE, William. Meu Caminho no Círculo da Dança. Texto original publicado na Revista Tecendo Idéias n.4, do Centro Nordestino de Animação Popular. Recife: CENAP, 2000
6 Fonte: MANA MANI-Recriando a Dança da Vida (Belém-PA). www.manamani.org,br


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GARAUDY, Roger. Dançar a Vida. São Paulo: Nova Fronteira, 1980.
OSSONA, Paulina. A Educação pela Dança. São Paulo: Summus, 1984.
LELOUP, Jean-Yves. O Corpo e seus Símbolos: Uma Antropologia Essencial. Petrópolis: Vozes, 1995
RAMOS, Renata Carvalho (org.). Danças Circulares Sagradas: Uma Proposta de Educação e Cura. S.Paulo: TRIOM, 1996
VALLE, William. Meu Caminho no Círculo da Dança. Revista Tecendo Idéias n.4 (p.44-51). Recife: CENAP, 2000
WOSIEN, Bernhard. Dança: Um Caminho para a Totalidade. S.Paulo: TRIOM, 2000


SÍTIOS NA INTERNET

Roda dos Povos – Encontro Brasileiro de Danças Circulares... Sagradas www.rodadospovos.com.br
Encontro Nordestino de Danças Circulares (Recife-PE) www.encontro.nordestinodc.nom.br
Mana-maní (Belém-PA) www.manamani.org.br
Rodas da Lua – Grupo Rodas da Lua (Brasília-DF) www.rodasdalua.org.br
UniLuz (Nazaré Paulista-SP) www.nazarevivencias.com.br
Giraflor (Curitiba-PR) www.dancascirculares.org
Roda de Luz (Rio de Janeiro-RJ) www.dancascircularesrj.com.br
Triom – Centro de Estudos, Livraria e Editora (S.Paulo-SP)
www.triom.com.br/paginas/p04-4fr.htm l

Imagens do 3º Fórum Popular de Cultura. (2007)

Abertura - Painel: Cultura e Inclusão. 23/11/07

Abertura - Vista Parcial do Público. 23/11/07

Palestra:Dança e Cidadania,Paula Gonçalves da Ong Em Cena Arte e Cidadania(PE).24/11

Palestra:Escola e Ação Cultural, Marcial Lima(AL).24/11/07

3ºMostra Arte e Cidadania.24/11,Apresentação de Fernanda(Aprendiz do Circo Arcoiris)

3ºMostra Arte e Cidadania.24/11,Apresentação da Cia de Dança Rick di Karllo.

3ºMostra Arte e Cidadania.24/11,Apresentação do Grupo de Dança Popular Asa Branca.

3ºMostra Arte e Cidadania.24/11,Apresentação dos aprendizes da oficina de dança arcoiris.

3ºMostra Arte e Cidadania.24/11,Apresentação dos aprendizes da oficina de dança arcoiris.

3ºMostra Arte e Cidadania.24/11,Apresentação dos aprendizes da oficina de dança arcoiris.

Como foi o 3º Fórum Popular de Cultura. (2007)

“ Um evento cuja temática e palestrantes me surpreenderam pela qualidade das suas experiências e da sistematização elaboradas por eles em cima das práticas artísticas e pedagógicas e pela forma como passaram para nós, de forma clara, sem cansar e com emoção”
Essas palavras proferidas por um participante do 3º Fórum Popular de Cultura que aconteceu nos dias 23, 24 e 25 de Novembro sintetizam muito bem a impressão da maioria que estiveram presentes no Gonzagão, local que sediou a edição 2007 do Fórum.

Organizado pela Ong Ação Cultural e contando com o patrocínio do Programa BNB de Cultura o evento contou também com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura e reuniu no horário de maior concentração de público 80 pessoas, que assistiram a mesa redonda “Cultura & Inclusão” e 400 pessoas na mostra “Arte & Cidadania”.

Para os organizadores o mérito principal do evento foi fomentar o inicio da discussão a respeito da elaboração de estratégias para trabalhar com arte e cultura junto a crianças e adolescentes da periferia, cujas “mentes e corações” estão ocupadas com os ritmos e sons que estão na moda, em geral esta necessidade é citada por intelectuais, educadores e artistas, mas pouco é realizado neste sentido.

Conforme discutido durante o fórum não se trata de forçar os adolescentes a abandonar os gostos próprios ou “impostos” pelos meios de comunicação de massa mas, de conhecer e valorizar outros tipos de música, de movimentos, de sensibilidades.

Em termos práticos isso foi apresentando na mostra artística a partir da apresentação do resultado da oficina de dança desenvolvida pela Caravana Arcoiris, desde o inicio do mês de outubro, no Gonzagão, e que preparou um trabalho coreográfico em forma de colagem, onde os adolescentes envolvidos mostraram o que aprenderam de diferente: afro peruano, dança do ventre, contemporâneo e aquilo que eles conheciam: forró e dança de rua.

Essa mesma abordagem também foi destacado na oficina apresentada por Paula Gonçalves e Ketully Costa Leal, da Em Cena Arte e Cidadania, a qual mobilizou os participantes em torno da necessidade de construir coreografias partindo dos referenciais estéticos e históricos de cada um, sem perder de vista, evidentemente, a necessidade de agregar novos conhecimentos aos que eles possuem, reforçando as palavras de Clébio Correia de Araujo que mostrou a necessidade de darmos especial atenção ao processo de trabalho, pois se queremos preparar pessoas com autonomia, não obteremos esse resultado fazendo-os tão somente repetir os movimentos do coreógrafo ou os modelos de arte teatral concebidos pelo professor e/ou diretor.

Outras questões também foram apresentadas como a necessidade de organizarmos um programa de formação de agentes culturais para darmos continuidade e aprofundarmos algumas questões levantadas na discussão sobre as identidades, memória histórica e ação cultural nas escolas que foram apresentadas na discussão coordenada por Marcial Araujo Lima e Clébio Correia de Araujo, a propósito da experiência do projeto “ A escola como pólo cultural da comunidade ”, realizado com estudantes de escolas públicas de Maceió.

A propósito da apresentação desse tema o professor João Brasileiro, afirmou a coincidência sobre alguns questionamentos que estavam sendo feitas por ele e por alguns colegas da Escola Albano Franco, no bairro Santa Maria e a abordagem realizada por Marcial que muito o ajudará na condução dos trabalhos junto aos colegas e alunos da escola onde trabalha.

Outra proposta que teve boa aceitação foi à formação de mini-caravanas formada por agentes culturais para visitar-se mutuamente e desta forma poderem trocar experiências e fortalecer os laços de amizade e de cooperação.

Da parte da Ação Cultural a expectativa principal é que encontros com a metodologia do fórum, cuja característica principal é aproximar quem faz e que elaborou/ elabora reflexão sobre a prática, de quem já faz isso ou que quer ampliar os seus horizontes nesse sentido, sejam organizados por parte do gestores das Secretaria de Educação, Inclusão Social e Cultura, neste último caso os Encontros Culturais que é realizado em várias cidades do estado, em especial o de Laranjeiras pode ser um espaço onde os temas e a metodologia dos fóruns populares de cultura podem ser incorporados.

Ao término do fórum a partir da avaliação com os participantes a opinião predominante é que as pessoas sentem necessidade de mostrar e conhecer experiências exitosas e cujos aprendizados possam ser incorporados por todos , afinal, virar esse mundo em “festa, trabalho e pão” exige muita vontade, estudo e habilidade, pois como afirmou Marcial “é simples, mas não é fácil”.

Leia também: http://www.overmundo.com.br/overblog/o-central-da-periferia-na-escola

Eis aí o II Forum Popular de Cultura. ( 2006)

Na abertura dissemos que a tarde de sábado, 05 de agosto, marcaria a vida de todos os participantes e isso realmente se confirmou no dia 06, também.
Agradecemos a presença de todos que estiveram lá (algo em torno de 80 pessoas, no horário de pico) e desejamos que cada fórum realizado seja, para nós artistas e produtores culturais da periferia, um farol, iluminando o caminho da noite escura que atravessamos. Que a arte produzida pelos nossos artistas brilhe como a luz das estrelas que nos encantam e nos deleitam de prazer, apesar de tanto decepção, solidão, tristeza e sofrimento. Como diz o poeta Thiago de Melo: "Faz escuro, mas eu canto, porque sei que a manhã vai chegar". E podemos também dançar, tocar, pintar, costurar, fotografar e escrever.
Eventos como o fórum fortalecem aqueles que sonham e que buscam melhorar as pessoas através da arte, possibilitando a recriação do mundo como um jardim de mil delícias.

Até breve!

Zezito de Oliveira - Coordenador Geral do II Fórum Popular de Cultura.
Entrada do Auditório do Sebrae.(local de realização do II Fórum).

Vista parcial dos participantes.

Zezito de Oliveira - Coordenador Geral do II Fórum.


Iniciado a partir de um processo desencadeado no final do ano de 2005, coordenado por uma equipe de dirigentes da Ação Cultural e apoiado por alguns sócios e amigos da entidade, o evento contou com o imprescindível patrocínio da Coordenadoria Ecumenica de Serviço, com o importante apoio do SEBRAE e a especial colaboração do SESC, da Fundação Augusto Franco e do Banco do Nordeste.

A PARTICIPAÇÃO DO PÚBLICO
Nos momentos de maior presença de público o fórum chegou a contar com a presença de 80 pessoas, com uma expressiva presença de adolescentes e jovens envolvidos em atividades com grupos culturais na periferia (70%) e destacada presença de meninas e mulheres. (60% do total do público presente).
O público avaliou o fórum como muito útil e necessário o fórum e destacaram muitos aspectos positivos como a escolha dos temas e dos palestrantes Virginia Lúcia e Marcelo Rangel (de Aracaju) e Simão Neto e José Cleto (de Recife) que comunicaram com inteligência e paixão, conquistando assim a aprovação de todos. Da mesma forma, foram elogiadas as apresentações artísticas nas áreas de teatro, com o Grupo Pro Cena de Espetáculos, de dança, com a Companhia Rick di Karllo, Grupo Rei Davi e Pop Dance e a performance com o poeta e ator Jobys.
Palestra: A educação como experiência estética. Virginia Lúcia(palestrante)e platéia.

Lucy Paixão(secretária da Ação Cultural) e Simão Neto(palestrante) .

Luci Paixao(secretária da Ação Cultural) e José Cleto (palestrante).

No que diz respeito à produção do II Fórum em geral, foram observados alguns aspectos negativos que, embora não tenham ofuscado o brilho e a aprovação do evento, deverão ser analisados e discutidos a fim de se maximizar os resultados positivos dos próximos encontros.

"Fiquei triste de não poder ajudar mais. Percebo que nós "povo" somos muito exigentes de organização, programação, cronograma e outras coisinhas e esquecemos que tudo faz parte de uma corrente formada por inúmeros detalhes e cuja força de eficiência depende mesmo do esforço de cada um. Bem, mas mesmo sem ajudar à equipe como gostaria, enquanto expectadora fiquei maravilhada com a tarde de sábado. Nossa, a palestra da Virgínia Lúcia, então, que coisa, hein? Como é bom poder aprender e se divertir ao mesmo tempo. A dinâmica utilizada além de demonstrar na prática a experiência estética enquanto facilitadora da educação idealógica, tornou a tarde mais alegre e nos deixou empolgados e, no mínimo curiosos quanto ao teatro do oprimido e suas infinitas possibilidades na área da educação.
Definitivamente, quem não foi, perdeu. Acredito que esse clima de informalidade do II Fórum Popular de Cultura ajuda e muito a aproximação do eu-agentecultural com a realidade apresentada e discutida e a realidade de cada um. Olha, voltei triste por sair mais cedo em virtude de minha doença, mas muito feliz com o ganho de tempo e cultura da tarde de hoje. Parabéns a todos que fortalecem os elos da corrente de produção e organização do Fórum e da Ação Cultural. E parabéns também à palestrante Virgínia Lúcia (que transformou radicalmente, na tarde de hoje a associação comum que se faz ao termo palestra de "escuta de saberes dito por uma pessoa" em construção saborosa, participativa e dialogada de novos conhecimentos).
Um abraço a todos.
"
Denise Dória


REPERCUSSÃO NA IMPRENSA
Com a ampla divulgação na imprensa local e também no âmbito nacional (inclusive pela internet) o II Fórum Popular de Cultura conquistou grande repercussão. No âmbito local, faz-se necessário destacar a colaboração da Rádio Cultura de Sergipe, que oportunizou um considerável espaço para a divulgação do evento, bem como a ONG Missão Criança, que representa a Agência de Noticias dos Direitos da Infância em Sergipe e que destacou o II fórum como sugestão de tema de pauta para todos os órgãos da imprensa local. O projeto Inclusão Social, iniciativa meritória de comunicadores que se propõe a abrir portas nos meios de comunicação para iniciativas sociais e culturais da periferia e que publicou informações sobre o fórum e sobre a Ação Cultural no Jornal da Cidade também nos auxiliou.
. Nesse mesmo jornal a noticia foi publicada na prestigiada coluna do jornalista Osmário. O jornal “Hora do Povo” e a TV Sergipe, através da agenda cultural, também divulgaram o evento. Mais uma vez contamos com a divulgação através do jornal Cinform que juntamente com a Rádio Cultura sempre nos deram a maior força.
Na imprensa nacional contamos com a colaboração do jornalista Marcelo Rangel do site Overmundo, que inclusive proferiu palestra no fórum sobre a brilhante idéia de conectar aqueles que criam e/ou apóiam a arte independente, alternativa, marginal, da periferia etc.. como queiram chamar, em todo o país.
O serviço de mala direta da representação regional do Ministério da Cultura e da Cese, patrocinadora do evento, também deram uma colaboração importante divulgando o evento para todo o nordeste.

ECOS DO ENCONTRO
Foram convidados para apresentar seus trabalhos teatrais e coreográficos em outros locais, o Grupo Pro Cena de Espetáculos, o Grupo Teatral Voz da Vida e Companhia de Dança Rick di Karllo.
O videasta/documentarista Nixon ficou de manter contato com o poeta/ator do Grupo Teatral Voz da Vida, Jobys, para produzir um documentário sobre o seu trabalho, bastante elogiado pelo público, que busca inspiração na memória do sofrimento e das lutas pela libertação dos afro-descendentes.
A jovem Rafaela, representante do município de Poço Redondo, animou a todos os presentes com o seu depoimento, um misto de fé, resistência e criatividade para fazer do teatro e da criação de cabras uma forma de alimento para o corpo e para o espírito. Tudo interligado e interpendente como deve sempre ser. Várias pessoas, inclusive José Cleto do Recife, sugeriram a presença de Rafaela no fórum 2007 como palestrante e foram iniciadas conversações para descentralizar o fórum e uma das possibilidades é a inserção do município de Poço Redondo.
Depois de algumas tentativas conseguimos contar com a presença do grupo de dança Rei Davi que desenvolve um importante trabalho religioso, artístico e de educação cidadã com crianças, adolescentes e jovens do bairro Piabeta, localizado na periferia de Nossa Senhora do Socorro.
O Centro de Estudos em Políticas Públicas, uma Ong do Rio de Janeiro, entrou em contato conosco para solicitar nossa colaboração na divulgação de um mapeamentos das experiências que em Sergipe envolve adolescentes e jovens no trabalho com arte.

AS OPÍNIÕES DO PÚBLICO
SUGESTÕES E CRÍTICAS
Vista parcial dos participantes.

Vista panorâmica da oficina sobre metodologia.(Facilitador:Simão Neto)

Vista panorâmica da oficina sobre metodologia.(Facilitador:Simão Neto)



“Amei! È preciso mais momentos como este.”
“Uma experiência divertida e inesquecível.”
“Gostaria de parabenizar ao Professor Zezito, coordenador geral do fórum. Foi belíssimo e muito informativo, gostei muito!”
“Continuem com esses projetos, ajudando no crescimento da cultura brasileira.”
“Que tragam mais jovens e que dêem oportunidades para eles falarem sobre a cultura, o que pensam, o que acham e suas intenções para o futuro.”
“Que no próximo fórum o operador dos equipamentos de áudio e vídeo tenha
prática com os mesmos.”
“O espaço para apresentações culturais é pequeno.”
“O próximo fórum poderia ser feito em um ambiente mais aberto para que os jovens pudessem se manifestar, participar e não só ouvir.”


FRASES (Segundo depoimento escrito de alguns participantes)

“Por eu não ser rico, a minha cultura é da periferia?”
“Inclusão pela arte.”
“A arte dá sentido e transforma as nossas vidas.”
“Retomar através da arte o nosso ser desejante, criativo, poético...”(Virginia Lucia)
“O jovem é o hoje e não só o futuro” 2
“Precisamos qualificar e potencializar as nossas ações para garantir nossos direitos” (João Simão)
“Viva e deixe viver.” Frase de um slide exibido por Simão Neto 5
“A arte faz parte da natureza humana!”
“É preciso cuidar do broto para que a vida nos dê flor e fruto.”
“Nunca é tarde para começar a produzir cultura.”
“É preciso tornar o Brasil a verdadeira pátria mãe gentil.”
“Força, querer e fazer.”
“O mundo deveria ser como a gente gostaria que fosse” 3
“Não fazer teatro somente para ficar famosa e sim para ensinar o que o teatro tem de bom.”
“Cuidar da vida.”
“Devemos correr atrás dos nossos objetivos.”
“Um passo a frente e você não está mais no mesmo lugar.” Chico Science
“A arte é a criação de uns para deleite de todos.”
“A gente quer que aconteça, aconteça algo que a gente goste.”
“Eu quero fazer. Eu quero ser, porque eu posso.”
“Eu tenho direito de ver e fazer arte, de ir ao teatro mais vezes, de envolver a cultura na minha vida.”
“A arte sempre segue a gente.”
“Ter coragem para fazer as coisas que a gente tem medo de realizar.”
“Eu quero, eu vou, ser ator...” (Virginia Lúcia)
“Direito a ter direitos”. (Simão Neto)
“A arte nasce da realidade, passa pela fantasia e retorna para a realidade outra vez.”

MOMENTOS MARCANTES (Segundo depoimento escrito de alguns participantes)

O poeta/ator Jobys arpresentando uma perfomance poética/teatral sobre a memória da escravidão no Brasil.
O Jornalista do site Overmundo, Marcelo Rangel, explicando porque do ponto de vista da identidade cultural sergipana e da ética publica, o nome do nadador Zé Peixe é o mais legitimo para denominar a ponte Aracaju-Barra.
Os meninos cantando e tocando o nosso coração através da música “Tocar”.
(música gravada pelos canarinhos de Petrópolis com o grupo musical a Cor do Som e apresentada em telão na abertura do fórum).
Apresentação do Grupo de Dança Rei Davi do bairro Piabeta.

Apresentação da Cia de Dança Rick di Karllo do Conjunto Eduardo Gomes.


Leia também: http://www.overmundo.com.br/overblog/com-arte-e-com-afeto-1
http://www.overmundo.com.br/overblog/ii-mostra-arte-e-cidadania-em-sergipe

Poesia: Ação Cultural

(Renilson Lima)


Minha terra tem coqueiros
cajueiros,mangabeiras, manguezais.
Tem aratú arando lama
tem caranguejo,sururu e siri.



Minha terra tem rio salgado
fruta doce, caju vermelho.


Tem Batucada, tem Reisado
tem Maculelê, tem Cacumbi
Taieria, São Gonçalo, Parafusos
e todos os sons
e todos os timbres.
Minha terra tem gente bonita
de pele negra
de pele branca
amarela, verde, azul.
Gente de todas as cores
de todos os credos.
Minha terra tão pequena
é vasta de riquezas culturais.
Minha terra tem esperança
nessa gente que dança
que canta, que batuca
que pinta e borda
e nessa gente que acredita
na arte do seio do povo
como cio da terra
onde a semente germina
e a árvore da identidade do povo cresce
e frutifica
e se perpetua
pelas mãos de quem planta
pela vontade de quem cultiva
pela força de quem valoriza.
Minha terra é pura riqueza
a ser perpetuada
pela consciente e nativista


Ação Cultural.

Entrevista com o diretor-presidente da Ação Cultural (triênio 2004-2007)- Zezito de Oliveira


Publicada na edição impressa do Informativo da Ação Cultural – Março de 2006
JAC: Como surgiu a Ação Cultural?
ZEZITO: Surgiu efetivamente a partir das reuniões da Rede PROVAI (Rede de Agentes do Programa de Valorização de Iniciativas Culturais), no ano de 2004. Na ocasião, reunimos artistas, produtores culturais da periferia e educadores, que concluíram que se fazia necessário criar uma entidade que possibilitasse a representação jurídica para fazer jus às exigências colocadas pelo poder público e pela sociedade em geral, no que diz respeito à busca de apoio e patrocínios para garantir a consolidação e ampliação das atividades culturais.

JAC: Quais as principais conquistas obtidas?
ZEZITO: No ano de 2004, ainda como Rede PROVAI, conseguimos a aprovação pela câmara de vereadores da lei que cria o programa VAI e que depende da FUNCAJU para que cumpra sua finalidade, que é destinar um pequeno subsídio financeiro para projetos culturais das comunidades.
Já como Ação Cultural, conseguimos realizar o I Fórum Popular de Cultura, em 2005, que resultou na Carta Cultural da periferia. Como eu disse numa reunião com artistas em Pirambu, a Carta nos aponta a direção que o movimento cultural deve tomar se quiser mudar os rumos dessa história de desinteresse e descaso que o poder público e uma parcela expressiva da sociedade têm pela cultura. Lembro de uma frase conhecida que diz: “Nenhuma corrente de ar ajuda o navegador que não sabe aonde quer chegar”. A carta nos dá pistas interessantes de aonde chegar (objetivos) e como chegar (método).

JAC: Que pistas são estas?
ZEZITO: Destaco como uma das mais importantes aquelas que tratam dos aspectos relacionados aos limites dos próprios artistas e produtores. Achei muito importante esse aspecto porque é mais fácil criticar e cobrar dos outros do que de nós mesmos. Considero um sinal de maturidade que espero contribua para um crescimento interno e interior dos agentes culturais; no primeiro caso enquanto segmento social, no segundo como indivíduos. Vale a pena transcrevermos algumas frases: É preciso superar o estrelismo e o individualismo existente no meio artístico; Falta amor próprio e auto respeito por parte dos artistas e produtores. Um exemplo é a falta de iniciativa de muitos artistas e grupos populares que ficam esperando o financiamento de projetos por parte do governo; Sofremos muito com o imediatismo do próprio artista, reconhecemos que precisamos nos organizar mais, e o fórum é o caminho para essa perspectiva de um futuro melhor; Há necessidade de se unir os grupos para fortalecer as ações culturais.

JAC: Quais são as perspectivas da associação para o ano de 2006?
ZEZITO: Esperamos realizar o fórum popular 2006 com uma estrutura maior. Para isso estamos enviando o projeto para as agências de cooperação e empresas estatais visando obter o apoio financeiro necessário. Como não é um projeto caro e que tem como objetivo buscar a capacitação de agentes multiplicadores para melhorar a qualidade dos trabalhos quanto aos aspectos metodológicos esperamos ser bem sucedidos. Trata-se de focalizar nesse segundo e nos próximos fóruns as questões relacionadas ao como fazer melhor, que é, nas palavras de Álvaro Pantoja, do Centro Nordestino de Animação Popular, um dos aspectos mais importantes para o sucesso de um projeto sócio-cultural. A Carta Cultural apontou alguns desafios nesses aspectos da metodologia e através das palestras e oficinas esperamos enfrentá-los.
JAC: Que desafios são esses?
ZEZITO: Mais uma vez é importante retomarmos a leitura da Carta: “Ampliar o trabalho de conscientização da juventude na perspectiva de valorização da cultura popular; Produzir com qualidade e fortalecer a identidade cultural de nosso povo para atingir uma população com a mente massificada pela cultura de consumo imediato (a pasteurização cultural); Preparar pessoas competentes para trabalhar com cultura junto a crianças e jovens; Incluir mais jovens nas ações culturais com o apoio da sociedade”.
O projeto do fórum 2006 se propõe a reunir artistas/intelectuais orgânicos que darão uma importante contribuição para nos ajudar a encontrar pistas, alternativas, dicas, etc. relacionados a essas questões.

JAC: Como você avalia a gestão do Presidente Lula na área da cultura?

ZEZITO: Na minha opinião o governo federal dá uma lição para todos os prefeitos e governadores de como gerir bem esta área. O Ministro Gilberto Gil é uma pessoa que entende do assunto que gosta do que faz e de quem faz, que sabe ouvir e que está antenado com uma visão integral da cultura. Que vê a cultura gerando empregos e renda, contribuindo para melhorar a educação, a saúde, diminuindo os índices da violência urbana, fortalecendo nossas identidades, enfim contribuindo para a felicidade geral da nação.
Claro que o nosso querido ministro da cultura não poderia fazer muita coisa se não contasse com a colaboração do Presidente que garantiu um aumento de receita no orçamento da união, respeitou a autonomia do ministério e não utilizou a vaga como moeda de troca na época de recomposição da equipe ministerial. Vale ressaltar que mesmo com aumento em relação ao governo anterior, o orçamento do Ministério ainda é pequeno, mas acredito que em um segundo governo isso se modifique, por que o Presidente Lula sabe e nós também que é essa e uma área que apresenta uma das melhores performances em termos de realizações no seu governo.

JAC: E você acredita na reeleição do Presidente?

ZEZITO: Para os artistas ou produtores emergentes como eu e tanta gente boa que nunca pode nem sequer sonhar em ter acesso a dizer o que pensa sobre a melhor forma de gerir a cultura em nosso país e ver isso transformado em diretrizes e ações e que no passado para ter acesso aos recursos públicos dependia de bilhetiinhos de recomendação de artistas ou intelectuais influentes e de um telefonema ou carta de políticos a reeleição do Presidente Lula é necessária.

JAC: E as denuncias sobre corrupção?

ZEZITO: O povo não é burro não, apesar da tentativa de manipulação por parte das rádios, jornais e televisões em sua maioria de propriedade de políticos ligados aos partidos de oposição e cujas concessões, na maioria, foram obtidas graças ao mesmo esquema de corrupção. Lembra da aprovação da lei que aprovou mais um ano de mandato para o ex-presidente Sarney em troca de um festival de concessões de emissoras? O povo sabe que o caixa dois e o mensalão sempre aconteceram e que isso faz parte da engrenagem que os ricos e poderosos criaram para se perpetuarem no poder. E foram coisas dessa natureza que garantiram a poder das elites durante cinco séculos e isso é tão verdadeiro que medidas como o financiamento público de campanha, a fidelidade partidária, o voto distrital que poderiam diminuir a necessidade de utilização desses tipos de praticas, não são discutidos pelo Congresso e nem debatidos por aqueles que refletem os interesses e a opinião das elites dominantes.
O que estamos vendo por aí é gente que fizeram suas carreiras políticas e suas fortunas às custas de roubos, saques e violência contra os pobres da nação posar de gente honesta, decente e sem nenhum defeito de fabricação. Ora, os fariseus na bíblia foram bem mais honestos quando repreendidos por Jesus, desistiram de jogar pedras em Madalena. Mas a política é isso mesmo. O PT quando esteve na oposição também bateu pesado.

JAC: E a gestão municipal e estadual?

ZEZITO: Já tivemos dias melhores. A primeira gestão de Jackson Barreto em meados dos anos 80 foi exemplar, a segunda ficou bem aquém do esperado. O primeiro ano do Prefeito Deda foi bem melhor do que os seguintes.
Em termos de governo do estado, o atual governador foi melhor na primeira gestão, e isso já faz muitos anos, quando construiu e manteve o Centro de Criatividade em grande estilo e deu continuidade as oficinas culturais oferecidas pela extinta Fundação Estadual de Cultura (FUNDESC) que deram uma inestimável contribuição para a formação de muitos artistas, técnicos, produtores e gestores que estão por aí em atividade.
Mas essa realidade pode mudar, se o próximo governador buscar os melhores quadros para cuidar da gestão do setor cultural e disponibilizar as condições mínimas necessárias. È fundamental que esses quadros tenham um perfil bem semelhante ao do Ministro Gil e de sua equipe e que busque recolher o que foi feito de melhor no passado em nosso estado, buscando também sintonizar as antenas com aquilo que é pensado e produzido em Brasília no âmbito da cultura. Ta ligado?

Leia também:
http://www.overmundo.com.br/overblog/aracaju-nos-seus-150-anos-e-a-cultura-que-fica

O Brasil (RE) conhecendo o Brasil.

Texto publicado no jornal Cinform em 2007
O modo tradicional de ampliar o acesso das populações do interior e das periferias a produção audiovisual tem sido levar pacotes de filmes para exibição em espaços públicos esse formato é útil e necessário, mas insuficiente porque mantém o conhecimento técnico /artístico concentrado nas mãos de poucos e impossibilita que diferentes visões sobre as pessoas e a realidade possam ter lugar.

Nessa perspectiva o programa Doc-TV e o Revelando Brasis do Ministério da Cultura inova e inclui, ao incorporar como política pública as iniciativas lideradas por ongs e ativistas sociais desde o inicio da década de 90 quando buscaram se apropriar dos meios de produção audiovisual, bastante facilitada pelo desenvolvimento tecnológico e conseqüente redução dos preços dos equipamentos, para mostrar - sem intermediários - como índios, negros, populações camponesas e da periferia, mulheres, jovens etc, gostariam de serem vistos.

Por isso, deixo o meu abraço e o meu reconhecimento ao Minc pela atitude e ao Cinform (matéria “Deu bode no cinema!, do caderno municípios, edição 1228) que tem sempre dado destaque aos prêmios concedidos a Sergipe e a sugestão para que programas com a mesma filosofia e metodologia sejam realizados no âmbito da próxima gestão da secretaria estadual de cultura.

José de Oliveira Santos “Zezito” – diretor-presidente da Ong Ação Cultural – zezito2002@ig.com.br

CARTA ABERTA AOS CANDIDATOS AO GOVERNO DO ESTADO, AOS CANDIDATOS AO CONGRESSO NACIONAL, A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA, AOS PREFEITOS E VEREADORES ELEITO

Texto redigido em 2005.
“Daqui pra frente tudo vai ser diferente” – Roberto Carlos
“Que o passado abra os presentes pro futuro, que não dormiu e preparou, o AMANHECER ” - Taiguara.


Daqui pra frente, queremos a população participando da definição dos princípios e diretrizes da política cultural do Estado e do Município através da convocação de conferências de cultura de dois em dois anos.
Queremos o controle social da política cultural do Estado e do Município através da instalação de um conselho de cultura que seja deliberativo e representativo da diversidade cultural, e não apenas das belas artes e de seus artistas consagrados. No conselho de cultura democrático e plural deve entrar também os representante do hip-hop, das bandas de rock, de reggae, dos grupos de capoeira, dos mestres e dos brincantes da cultura popular.
Na nova política cultural queremos que aquilo que a população da periferia e do interior produz seja apoiado e potencializado. São muitos grupos de capoeira, de folclore, de dança, música, teatro e quadrilhas juninas que se reúnem nas escolas, nas associações de moradores, nas igrejas, e que precisam de uma política de fomento, não como favor, mas como direito, até porque contribuem para diminuir as despesas com saúde, segurança e educação, afastando a juventude das drogas, da criminalidade e melhorando o desempenho na escola. Por isso, solicitamos da Prefeitura de Aracaju a implementação da Lei 3173/04 aprovada pela Câmara Municipal que cria o Programa VAI para apoiar as pequenas iniciativas culturais das comunidades pobres e ao próximo governador que apóie a aprovação de lei semelhante no âmbito estadual.
Na nova política cultural, queremos que o poder público municipal e estadual financie a cultura e não espere somente pelo repasse do governo federal e o patrocínio das empresas estatais e privadas. Em Aracaju, é necessário que a Lei Municipal de Incentivo à Cultura, de autoria do atual prefeito Edvaldo Nogueira, seja aplicada todos os anos, garantindo a participação da iniciativa privada no apoio ao desenvolvimento cultural do município.
É necessário que os recursos destinados à cultura pelo orçamento do município e do estado sejam ampliados. Sem precisar esperar Proposta de Emenda Constitucional, que tramita no Congresso, determinando que deverão ser alocados, no mínimo, 1,5% (Estados) e 1% (municípios) para a área cultural em seus respectivos orçamentos.
É necessário a criação de um Fundo Municipal e Estadual de Cultura para financiar as atividades que não são de interesse do mercado, como a cultura popular (folclore), os museus, os grupos culturais da periferia e os novos artistas.
Queremos todas as emissoras de rádio e televisão, não apenas a Rádio e TV Aperipê, ampliando o espaço para que a música produzida em Sergipe seja conhecida e valorizada. Sergipe produz música brasileira de qualidade e não pode continuar lotando praças, teatros e casas de shows apenas para prestigiar os artistas de outros lugares. Como fica a nossa identidade cultural, nossa auto-estima e a geração de renda para os habitantes do nosso Estado?
Queremos que a população apresente como demanda nas plenárias do Orçamento Participativo, nas diversas conferências, nos outros conselhos de políticas públicas e juntos aos vereadores e deputados, as ações culturais com acompanhamento social, psíquico e pedagógico, como forma de diminuir a presença de meninos cheirando cola nas praças e/ou se embriagando de forma permanente nos bares e restaurantes, como também de meninas sendo obrigadas a vender o corpo para ganhar dinheiro ou gerando vidas de forma leviana e inconseqüente. E mais, é importante lembrar que as ações culturais podem ajudar a evitar que crianças, adolescentes e jovens continuem se tornando alienados, incultos, manobráveis, consumistas, descartáveis, distantes, perdendo as referencias e definhando mentalmente.
Queremos que as prefeituras, o poder Legislativo, a sociedade civil organizada, a imprensa, as empresas e quem puder apóie ações de incentivo à leitura. Principalmente porque o sergipano lê pouco, o que é uma vergonha, comprometendo o desenvolvimento humano, social, econômico e político do Estado.
É necessário que as empresas estatais sediadas em Sergipe apóiem as ações culturais propostas por artistas e grupos culturais emergentes. Não é possível que a maior parte do patrocínio destas empresas seja destinada para grandes projetos e eventos dos poderes públicos e de particulares.
A mesma solicitação dirigimos às fundações e institutos criados por empresários sergipanos que poderiam se modernizar e agir como as organizações de grandes empresas privadas nacionais, que lançam editais para apoiar projetos específicos nas áreas da cultura, educação, inclusão digital, geração de renda, meio-ambiente e muitos outros.
Se realizarmos tudo isso, teremos um povo e um estado mais feliz, e faremos justiça à memória de tantos nomes que batalharam a favor da nossa cultura no passado, e estão presentes na obra e nas boas recordações daqueles que com eles conviveram, como por exemplo, o poeta Mário Jorge, o mestre de capoeira e poeta Macaô, o ator e folclorista Mariano e o professor e ator Douglas, os quais dedicamos esta carta, como também aos sergipanos que estão nascendo agora.

Aracaju, 10 de setembro de 2005

Obs. O texto acima foi produzido a partir da Carta Cultural da Periferia que resultou das discussões no I Fórum Popular de Cultura ( 2005), promovido pela ONG Ação Cultural, enriquecido com subsídios adquiridos através da participação de diretores (as) da entidade no Seminário Cultura Para Todos (2004), Fórum Cultural Mundial (2004), Seminário de Políticas Públicas para as Culturas Populares (2005) e Conferencia Nacional de Cultura (2005).

Leia também: http://www.overmundo.com.br/overblog/outro-brasil-somente-com-participacao-e-arte-1

Carta Cultural da Periferia

Aracaju – SE
31 de Julho de 2005

“Somos mestiços. Não apenas etnicamente mestiços. Somos culturalmente mestiços. Dançando o Toré sob a lua; rezando numa igreja barroca de São Cristóvão; curvadas sobre a almofada da renda de bilros; trocando objetos e valores nas feiras das periferias e do interior; depositando ex-votos aos pés dos nossos santos; dançando um gostoso forró pé de serra no Forrocaju; contemplando o mar e os coqueirais do alto da colina de Santo Antônio; dobrando o fole de uma sanfona numa noite de frio, no mês de junho; tocados pela décima corda da viola sertaneja; possuídos pelo samba de pareia da mussuca e pela dança de São Gonçalo; enfileirados nas Romarias da Terra e de Divina Pastora; o coração de tambores percutindo nos desfiles de 7 de Setembro; girando a cor e a vertigem das danças dos orixás; digerindo antropofagicamente o hip hop no caldo da embolada ou do repente. Somos irremediavelmente mestiços. A lógica da homogeneização nos oprime. Por isso gingamos o corpo, damos um passo e seguimos adiante como num drible de futebol ou numa roda de capoeira que, sem deixar de ser luta, tem alma de dança e de alegria. Como formular um projeto de Políticas Públicas de Cultura que contemple esse mosaico imperfeito? Como abrir janelas e portas e dizer: “Sergipe, mostra a tua cara!”, como na canção de Cazuza?”
Adaptação para a nossa realidade do texto introdutório do documento “A imaginação a serviço do Brasil” produzido em 2002 por artistas, intelectuais e gestores culturais e que serve de texto guia para os programas e projetos da gestão do Ministro Gilberto Gil a frente do Ministério da Cultura.

1) Somos artistas de teatro, dança, música, poesia, videastas/documentaristas, fotográfos, artistas plásticos, educadores, produtores culturais e líderes comunitários. Viemos de Aracaju, Pirambu, São Cristóvão, Socorro, Barra dos Coqueiros, Glória e trazemos no corpo e no imaginário a grande riqueza cultural que herdamos de nossos antepassados.
Para que o avanço da indústria cultural de massa não destrua essas tradições, alguns de nós, como a Organização Veredas da Cultura, o Projeto Ponto de Encontro Cultural e a Companhia teatral Pró-Cena priorizam a realização de um trabalho de conscientização da juventude e da comunidade através de simpósios, oficinas, recitais de poesia, montagens de textos teatrais etc...
Para nós a arte é um meio poderoso de crescimento pessoal, pois resgata valores morais como amizade, responsabilidade, solidariedade; preenche o tempo ocioso, possibilita mudança de comportamento oferecendo novas perspectivas de vida e, em termos mais amplos, possibilita que crianças e jovens tomem conhecimento de seus direitos, além de levantar a auto-estima da comunidade e combater a marginalização e a violência.
Para melhorar a qualidade da produção cultural, promovemos capacitações e temos viajado bastante ,o que nos tem possibilitado adquirir experiências, ampliar currículo e até obter premiações. Percebemos o crescimento da consciência dos políticos em relação à importância da arte para o desenvolvimento, com destaque para o apoio do governo federal aos artistas emergentes através do programa Cultura Viva . Outro destaque é a iniciativa do Ministério da Cultura através da criação do Fundo de Previdência da Cultura (CulturaPrev) que garante uma aposentadoria digna para o artista.
No plano estadual e municipal as mudanças estão começando a acontecer com o inicio da articulação e organização dos artistas e grupos culturais de todas as áreas, como exemplo entre vários, podemos citar o projeto Ponto de Encontro Cultural, voltado para a divulgação das artes plásticas, música e literatura sergipana, notadamente a cultura popular através da literatura de cordel e a criação da ONG Ação Cultural a partir da Rede PROVAI. Percebemos também a ampliação do espaço na imprensa sergipana para a divulgação da produção artística local e o crescimento do interesse do público, o que sinaliza a possibilidade de se poder viver da arte. Há ainda alguns agentes culturais engajados como Zezito, que traz conhecimentos e experiências de outras cidades e os repassa para os artistas e produtores culturais emergentes.
Realizamos eventos de baixo custo, com muito esforço pessoal e sem depender do poder público e através deles mostramos cada vez mais um trabalho melhor e surpreendemos a comunidade mostrando do que somos capaz. Podemos destacar entre os mais recentes a Mostra Arte e Cidadania que reuniu grupos de teatro e dança de diversas comunidades no Teatro Juca Barreto (Cultart) e o Aplausart que trouxe para o Teatro Lourival Batista a Companhia teatral Pró Cena e a Companhia de dança Rick di Karllo do Conjunto Eduardo Gomes.
Um aspecto novo e positivo é a arte musical sergipana ocupar espaço na cena cultural internacional através das apresentações da dupla Chico Queiroga & Antônio Rogério no exterior.
2) Mesmo com essas conquistas e avanços ainda temos muitas dificuldades para vencer e muitos desafios para enfrentar. Os destaques são os seguintes:
2.1 - É preciso ampliar o trabalho de conscientização da juventude na perspectiva de valorização da cultura popular;
2.2 - É necessário produzir com qualidade e fortalecer a identidade cultural de nosso povo, atingindo uma população com a mente massificada pela cultura de consumo imediato (a pasteurização cultural);
2.3 - O poder público não conhece a riqueza da diversidade cultural e nem a valoriza, o que torna necessário o planejamento cultural e políticas públicas para promover as artes em geral;
2.4 - É preciso ampliar a quantidade de grupos articulados, através de fóruns e redes para possibilitar maior intercomunicação;
2.5 - É necessário democratizar as escolhas de vagas para viagens evitando não privilegiar sempre as mesmas pessoas ou os mesmos grupos. É necessário que os escolhidos para as viagens façam o repasse das informações contribuindo assim para socializar idéias e conhecimentos;
2.6 - É preciso superar o estrelismo e o individualismo existente no meio artístico;
2.7 - Falta amor próprio e auto respeito por parte dos artistas e produtores. Um exemplo é a falta de iniciativa de muitos artistas e grupos populares que ficam esperando o financiamento de projetos por parte do governo;
2.8 - Sofremos muito com o imediatismo do próprio artista, reconhecemos que precisamos nos organizar mais, e o fórum é o caminho para essa perspectiva de um futuro melhor;
2.9 - Há necessidade de unir os grupos para fortalecer as ações culturais;
2.10 - A dificuldade principal é buscar pessoas competentes para trabalhar com cultura junto a crianças e jovens;
2.11 - É necessário ampliar os espaços e oportunidade para obter formação;
2.12 - É necessária a discussão sobre os pré-requisitos para se ter acesso ao registro profissional como artista (DRT) de forma a torná-lo mais acessível;
2.13 - Há falta de espaços físicos;
2.14 - As escolas precisam cooperar mais;
2.15 - As comunidades precisam cooperar mais;
2.16 - É necessária maior abertura dos meios de comunicação para o artista emergente;
2.17 - Há necessidade de patrocínio;
2.18 - Há muito preconceito;
2.19 - É necessário incluir mais jovens nas ações culturais com o apoio da sociedade;
2.20 - Como conseguir incrementar projetos num ambiente avesso ao patrocínio cultural?
2.21 - Como enfrentar o descaso e a desvalorização dos órgãos culturais governamentais que valorizam mais o trabalho dos artistas de fora?
2.22 - O que mais nos deixa indignado é o não reconhecimento dos nossos trabalhos aos olhos da comunidade burguesa, da “Elite”. Produzir arte na periferia é complicado;
2.23 - Ha dificuldade em conseguir o apoio e firmar parcerias com o poder público, privado e terceiro setor, onde muitas vezes os projetos nem sequer são avaliados;
2.24 - É necessário dar continuidade e expandir os projetos existentes;
3) Para superarmos as dificuldades e desafios elencados acima desejamos contar com o apoio efetivo do poder público, da sociedade civil e das empresas, da seguinte forma:
3.1 - É fundamental que os recursos estatais destinados a cultura sejam liberados mediante editais de concursos públicos, com o mínimo de burocracia e com divulgação de forma mais ampla a fim de combater o apadrinhamento; e os recursos liberados devem ser bem fiscalizados afim de evitar possíveis desvios;
3.2 - Do poder público esperamos a criação de políticas de fomento à cultura popular que facilitem o envolvimento da iniciativa privada como patrocinador;
3.3 - Do poder público e da iniciativa privada esperamos o aumento da quantidade de recursos para a continuação dos trabalhos e atuações;
3.4 - Esperamos que sejam construídos e/ou disponibilizados espaços para a realização dos projetos de iniciativa da comunidade;
3.5 - É necessário diminuição da burocracia para se obter patrocínio. O Programa Cultura Viva (Pontos de Cultura) é um incentivo ou um desestímulo cultural? (Para as ações comunitárias e populares é inviável tamanha burocracia)
3.6 - É necessária uma maior divulgação da Lei de Incentivo à Cultura e maior abertura para o patrocínio por parte da iniciativa privada.
3.7 - Da Iniciativa privada, esperamos a participação na promoção cultural como contribuição para com a sociedade em que a empresa está inserida não deturpando os valores culturais que fortalecem a identidade cultural do nosso povo em favor de interesses comerciais imediatistas.
3.8 - Em relação às ONGs, a expectativa é que estas não se tornem, enquanto parceiras da produção cultural, apenas um meio de aparição política ou de perpetuação da mendicância, mas sim contribuintes para o desenvolvimento de nossa identidade cultural.
3.9 - As ONGs devem facilitar a aproximação do poder público e as iniciativas populares com ações sistemáticas, não ocasionais. Um exemplo é promover oficinas e cursos para melhorar a capacidade de criar projetos.


ORGANIZAÇÕES E GRUPOS PARTICIPANTES.
Sessenta e oito pessoas assinaram a lista de presença, desse total aproximadamente vinte e um dos presentes estiveram apenas como pessoa física, os demais estiveram representando as organizações e grupos culturais listados abaixo.

ONG AÇÃO CULTURAL (ARACAJU)
ORGANIZAÇÃO VEREDAS DA CULTURA (PIRAMBU)
INSTITUIÇÃO CULTURAL GAJEFPE (ARACAJU)
GRUPO DE DANÇA ECARTE (SOCORRO)
GRUPO DE CAPOEIRA NINHO DOS CARCARÁS (ARACAJU)
GRUPO DE TEATRO FOCO (ARACAJU)
GRUPO TEATRAL ARTES (SOCORRO)
COMPANHIA DE ARTES PRÓ-CENA DE ESPETÁCULOS (SÃO CRISTÓVÃO)
COMPANHIA DE DANÇA RICK DI KARLLO (SÃO CRISTÓVÃO)
COMPANHIA DE DANÇA CRIAÇÃO DE MOVIMENTOS (ARACAJU)
ANS COMPANHIA DE DANÇA (SÃO CRISTÓVÃO)
SINDICATO DOS ARTISTAS E TÉCNICOS EM DIVERSÕES E ESPETÁCULOS - (SERGIPE)
SECRETARIA NACIONAL DE CULTURA DO PARTIDO DOS TRABALHADORES (SERGIPE/BRASIL)
FUNDAÇÃO DE CULTURA, ESPORTES E TURISMO DE ARACAJU (ARACAJU)
COMPANHIA TEATRAL VOZ DA VIDA (ARACAJU)
JUVENTUDE FRANCISCANA (SERGIPE)
PROJETO PONTO DE ENCONTRO CULTURAL (ARACAJU)
GRUPO COMUNITÁRIO CONEXÃO COM A VIDA (ARACAJU)
CRILIBER (ARACAJU)
COMUNIDADE BOM PASTOR (ARACAJU)
FEDERAÇÃO DAS COMUNIDADES INDEPENDENTES (SERGIPE)
PEPELÉGUAS PRODUÇÕES ARTÍSTICAS (ARACAJU)
CENTRO SERGIPANO DE EDUCAÇÃO POPULAR (SERGIPE)
ASSOCIAÇÃO DOS ARTISTAS PLÁSTICOS (SERGIPE)
ONG INSTITUTO DE ARTES CÊNICAS (SERGIPE)


ANEXO

– CONTRIBUIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO AÇÃO CULTURAL PARA QUE O GOVERNO FEDERAL, GOVERNO DE SERGIPE, PREFEITURAS, EMPRESAS E ONGs IMPLEMENTEM ALGUMAS DAS SUGESTÕES DOS AGENTES CULTURAIS (CF. ITENS 2 e 3 DO RELATÓRIO) COM BASE EM EXPERIÊNCIAS BEM SUCEDIDAS DE OUTROS.

1) ASSINAR O PROTOCOLO DE ADESÃO AO SISTEMA NACIONAL DE CULTURA QUE TEM OS SEGUINTES OBJETIVOS:

• Implementar uma política pública de cultura democrática e permanente, pactuada entre os entes da federação, e com a participação da sociedade civil, de modo a estabelecer e efetivar o Plano Nacional de Cultura, promovendo desenvolvimento com pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional.
• Promover a articulação entre os setores público e privado: gestão e promoção pública da cultura; Entre entes federados: coordenação para a estruturação do SNC, formação, circulação e estruturação de bens e serviços culturais.
• Possibilitar a participação da sociedade civil - produtores e usuários - nas definições de políticas e investimentos públicos;
• Tornar mais eficiente a gestão da cultura: capacitar, avaliar e acompanhar o desenvolvimento dos diferentes setores e das instituições públicas e privadas da cultura.
• Criar o Sistema Nacional de Informações Culturais: dados sobre bens, serviços, programas, instituições e execução orçamentária; Promover mapeamentos culturais, para o conhecimento da diversidade cultural brasileira; Aumentar a transparência dos investimentos em cultura.
• Difundir e fomentar as artes e o patrimônio cultural brasileiro e universal; Promover a circulação nacional e inter-regional de projetos; Promover a transversalidade da política cultural; Promover a integração entre a criação, a preservação e a indústria cultural. (fonte: www.cultura.gov.br)

2) DESTINAR NO MÍNIMO 1% DO ORÇAMENTO DO MUNICÍPIO PARA O INVESTIMENTO EM CULTURA.

“Mais investimento em cultura para que o verbo se faça carne!”
O orçamento cultural é o menor de todas as áreas, o valor é tão baixo que, se dobrar, não acontece nada com o orçamento da cidade, e haverá uma revolução nas artes, na proteção do patrimônio, no turismo, no cotidiano e na vida da cidade.
A criação do Fundo Municipal de Cultura, Projeto de Lei que se encontra em fase de discussão na Câmara de Vereadores de Aracaju , apresentado pela ECOS (Entidades Culturais Organizadas), é um passo importante e sinalizará a disposição das autoridades municipais em caminhar no sentido de mostrar a real prioridade do Município, porque é através da quantidade das verbas (e não dos verbos) que se mede o verdadeiro compromisso do poder público com a cultura e com o cidadão. Grupos de Teatro, de Música, experimentos de cinema, novas linguagens e pesquisas artísticas, Grupos de Dança, artesanato, com possibilidades no Brasil e no exterior, enfim, segmentos e manifestações que o mercado não irá patrocinar, pois este quer patrocinar o sucesso, e não o novo, o consolidado, e não a ruptura, o tradicional, e não a nova linguagem. Estas manifestações têm que ser garantidas por dinheiro de fundo com a contrapartida de se apresentarem para escolas, hospitais, promoverem oficinas, etc.
Projeto semelhante pode e deve ser apresentado na Assembléia Legislativa e em outras câmaras municipais.
.
3 - DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO AOS MEIOS DE PRODUÇÃO CULTURAL PARA A POPULAÇÃO DA PERIFERIA.

Trata-se de implantar, reformar equipamentos culturais ou adaptar espaços existentes, como também disponibilizar profissionais qualificados para melhorar a produção cultural da periferia e criar uma linha de financiamento para apoiar as iniciativas culturais destas regiões.
É importante ressaltar que em todo o Estado existem artistas, educadores e produtores culturais que fazem cultura e refletem sobre o que produz. Portanto, não se trata de levar pacotes prontos de projetos para o povo, mas fortalecer as iniciativas já existentes. Nesta direção defendemos para a Aracaju a implementação da lei 3.173, de 10 de março de 2004, aprovada pela Câmara de Vereadores, que autoriza o executivo municipal a instituir o Programa para a VALORIZAÇÃO DE INICIATIVAS CULTURAIS – VAI. Esta lei pode e deve ser apresentada na Assembléia Legislativa e nas câmaras municipais de outros municípios.

4 – REALIZAÇÃO DE PARCERIAS PARA PRODUZIR ESTUDOS E PESQUISAS RELACIONADOS À ECONOMIA DA CULTURA.

Para isso se faz necessário investimento com recursos próprios e\ou em parceria para a realização de pesquisas e estudos visando justificar o investimento em cultura, considerando que os recursos financeiros são escassos para atender as demandas por mais verbas para educação, saúde, meio ambiente, transportes, geração de emprego e renda etc. Através destas pesquisas e estudos poderá ser comprovado o potencial da cultura para melhorar a educação, a saúde, as relações interpessoais e com o meio ambiente, a auto-estima o sentimento de pertencimento a cidade, a geração de empregos e renda etc.
Em Aracaju, conforme o Jornal da Cidade, de junho de 2004, as atividades promovidas pelos 64 grupos que integram a Liga das Quadrilhas Juninas do Estado de Sergipe geram de março até a primeira semana de julho quase mil empregos para músicos, cantores, costureiras, maquiadoras, estilistas etc.
As empresas e bancos estatais podem ajudar financiando um programa de concursos para bolsas de pesquisa sobre este tema em cooperação com o Ministério da Cultura e universidades públicas. O governo do estado e até mesmo algumas prefeituras podem propor parceria nesta área, contribuindo com uma parte do financiamento.

5 - INCENTIVO AO EMPREENDEDORISMO CULTURAL.

Um evento artístico-cultural envolve também técnicos e produtores. Nas comunidades da periferia diversas pessoas e grupos estão se mobilizando para preparar além de futuros artistas, aqueles que estarão na retaguarda da produção cultural. Com o crescimento do mercado cultural, alguns estão entrando no mercado de trabalho, através destas iniciativas. Por isso, faz-se necessário o investimento em oficinas, cursos e seminários voltados à área de formação de agentes culturais, produtores e técnicos. O Sebrae de alguns estados tem experiência acumulada nesta área. O Sebrae de Sergipe promoveu um programa desse tipo há alguns anos, mas que no momento encontra-se inativo. A prefeitura da cidade do Recife inclui esta formação no programa denominado MULTICULTURAL que é direcionado para os moradores da periferia.

6 - REALIZAÇÃO DO CADASTRO CULTURAL

Nenhuma política de cultura séria e eficaz pode ser realizada sem o conhecimento de informações atualizadas. O investimento público e privado encontrará no cadastro cultural segurança para ampliar a participação no segmento cultural. Trata-se de definir quantos, o que fazem e quem são os artistas, os técnicos e os produtores culturais; quantos equipamentos culturais existem, e como são utilizados; quais as empresas potencialmente patrocinadoras localizadas em Sergipe e outros dados fundamentais ligados à produção cultural em toda a cidade.
É importante ressaltar que estas informações devem ser disponibilizadas através da Internet, cd-rom e impressos para que todos os interessados possam incorporá-las ao seu planejamento, estudos e pesquisas.

7 - REALIZAÇÃO DE FESTIVAIS E MOSTRAS DE TEATRO, DANÇA, MÚSICA ETC..

Sergipe é um dos poucos estados do Nordeste ( talvez o único) que não promove festivais ou mostras artísticas, nem de cunho exclusivamente local e\ou com atrações de outros estados. A exceção são os festivais e mostras de cultura popular, isso compromete a qualidade da produção local, da seguinte forma:
a) Pouca renovação da cena artística local em virtude da ausência de uma aproximação mais direta com a produção de outras regiões.
b) Pouco incentivo à freqüência do público aos espaços culturais.
c) Isolamento de Aracaju do cenário artístico-cultural regional e nacional.

8 – PROMOÇÃO DE EVENTOS LIGADOS ÀS MANIFESTAÇÕES DO CICLO CARNAVALESCO E NATALINO.

Sergipe também tem seus blocos de carnaval e escolas de samba, embora a invasão massiva dos blocos baianos a partir do Pré-caju tenha diminuído bastante o ímpeto daqueles que fazem o carnaval da cidade.
O ciclo natalino, embora tenha perdido a maioria dos seus folguedos e brincantes, ainda resiste em alguns locais do interior e da periferia, mesmo que não seja de forma real, pelo menos na memória daqueles (as) que fizeram parte de grupos de reisado, guerreiros, pastoril etc.
Para revigorar aquilo que está escondido e\ou esquecido faz-se necessário algumas ações como se seguem :
a) Realização de pesquisas, estudos, seminários e oficinas relacionados às manifestações dos ciclos carnavalesco e natalino.
b) Discussão com a Secretaria de Educação sobre um planejamento conjunto visando inserir professores e alunos das redes municipal e estadual em um conjunto de atividades que ajude no resgate e disseminação das manifestações do ciclo carnavalesco e natalino, especialmente no caso de Aracaju revitalizar o clube do povo e o carnaval nos bairros.
c) E também especialmente no caso de Aracaju realizar a Feirinha de Natal com apresentações do auto de natal nordestino, concertos de música erudita, apresentações de folguedos ligados ao ciclo natalino, carrossel etc.



9 - APOIAR FINANCEIRAMENTE EDUCADORES JUVENIS QUE TRABALHAM COM ARTE NAS COMUNIDADES.

Sugestão apresentada pelo jornalista Gilberto Dimenstein, coordenador da ONG Cidade Escola Aprendiz, através da internet aos candidatos a Presidência da República em 2002. A proposta inspirada nos programas Bolsa Escola e Pet é destinar um salário mínimo para os adolescentes e jovens estudantes que estejam envolvidos com a promoção de atividades artísticas e desportivas.
Esta proposta busca evitar que os coordenadores dos grupos desistam do trabalho com arte e cultura em virtude da necessidade de buscar trabalho no mercado formal e informal.
O principal argumento de defesa da idéia é o fato de que o trabalho desenvolvido pelos grupos representa um beneficio para toda a sociedade, na medida em que evita o envolvimento de muitos adolescentes com drogas, com furtos e assaltos, previne a gravidez precoce, aumenta a auto estima etc.. Por isso, é justo que o poder público colabore desta forma.
Obs.: O governo federal, em parceria com prefeituras, desenvolve o programa Agente Jovem, e o governo do estado, o programa Jovens em Ação. Nos bairros em que os agentes culturais da Ação Cultural estão presentes estes programas praticamente não existem, salvo engano, e naquele de que temos notícia (Conjunto Jardim), quando existe, incorpora um número inexpressivo de jovens protagonistas de ações culturais.

10 - ABRIR AS ESCOLAS PÚBLICAS PARA A COMUNIDADE NOS FINAIS DE SEMANA.

Este programa da UNESCO, intitulado Escola da Paz, testado e aprovado no Rio de Janeiro, já estendido para outros Estados e Municípios, tem como objetivo oferecer oportunidades de acesso à cultura, esporte, arte e lazer para jovens em situação de “vulnerabilidade social”, utilizando a estratégia de abrir escolas nos finais de semana – período de maior incidência de atos violentos envolvendo a juventude. Esta proposta amplia o trabalho desenvolvido pelos grupos em termos de quantidade de crianças e adolescentes atendidos, disponibiliza profissionais qualificados para dar suporte técnico às atividades, elabora um planejamento integrado, melhora os espaços físicos para a realização das atividades etc..
A idéia foi incorporada pelo governo federal em parcerias com estados e municípios com o nome de Escola Aberta e não chegou a Sergipe via governo federal, mas foi incorporada pelo governo estadual com o nome Abrindo Caminhos. No entanto, esta ação não contempla regiões da periferia que deveriam ser priorizadas, como é o caso do Conjunto Jardim, onde há poucos espaços físicos e falta apoio e incentivo para as práticas culturais.
Um problema sério das escolas é a falta de espaços físicos apropriados para a prática de atividades culturais. É raro as que dispõem de auditório e mais raro ainda aquelas que destinam uma sala de aula exclusivamente para a prática de atividades artísticas. É urgente que verbas do MEC , dos estados e das prefeituras sejam destinadas para esta finalidade.


11 – PROMOÇÃO DE CONCURSOS DE PROJETOS PARA FINANCIAMENTO DE PROJETOS CULTURAIS.

O governo federal foi muito feliz quando concebeu o Programa CULTURA VIVA – Pontos de Cultura - que propõe uma maneira bem original e criativa de parceria público-privada em termos de apoio à produção cultural da periferia. O problema são as exigências burocráticas. O Banco do Nordeste criou um programa de fomento do acesso mais simples e que favorece uma participação mais ampla – o Programa BNB DE CULTURA. O programa VAI, criado na administração da Prefeita Marta Suplicy (SP), segue nessa mesma direção.
Esperamos que o Ministério da Cultura, Petrobrás e outras empresas estatais que financiam projetos culturais mediante o uso de editais repensem o seu modus operandi. Uma das possibilidades seria financiar projetos de custos mais baixos e com exigências mais simples.

Imagens dos Fóruns Populares de Cultura nos bairros - conjunto Jardim e Eduardo Gomes.

Henrique da Academia Rick di Karllo.

Vista parcial dos participantes

Apresentação cênica do Grupo Procena de espetáculos.

Lucy Paixão da Academia Rick d Karllo e mulheres artesãs.

Voluntária de apoio (responsável pelo apoio a atividade de relatoria)

Platéia no fórum local do conjunto Jardim

Palestra: Auto Estima e Profissionalização com Clenilde Alferes.(Ong Ação Cultural).

Grupo de Capoeira no fórum local do conjunto Jardim.

Grupo de alunas do Colégio Leão Magno apresentando coreografia.