quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Governo de Sergipe não assinou contrato com pareceristas da Lei Paulo Gustavo. As denúncias de irregularidades são graves e podem comprometer a LPG

 


ANA PAULA ROCHA, da Mangue Jornalismo

(@anapaula._.rocha)

A situação que envolve a gestão e execução dos editais da Lei Paulo Gustavo (LPG) pelo Governo de Sergipe, através da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (Funcap), é grave.

As denúncias de irregularidades são tantas que todo o processo de seleção de realizadores de cultura e arte pode parar no Ministério Público e na Justiça Federal, em razão de que os recursos da LPG são da União.

O fato é que, desde a primeira metade de janeiro deste ano, quando o Governo de Sergipe divulgou o resultado preliminar dos editais, uma série de dúvidas sobre como funcionou o processo de avaliação surgiu entre os proponentes.

A fundação não esclareceu publicamente os questionamentos dos artistas, como por exemplo o porquê da disparidade de notas e existência de itens zerados, e insinuou que o atraso no resultado (que era para ter sido divulgado em dezembro) era de responsabilidade dos pareceristas.

A Mangue Jornalismo entrevistou quatro profissionais da cultura credenciados pela Funcap como pareceristas. Eles avaliaram projetos inscritos nos dois editais realizados com recursos da LPG.

Por receio de represálias, três dos quatro entrevistados pediram para manter o anonimato. Devido à gravidade das informações repassadas e checadas pela Mangue, serão publicadas duas matérias sobre o tema.

No texto de hoje, os entrevistados denunciam que até agora sequer assinaram o contrato para prestação do serviço, o que é grave irregularidade na gestão pública.

Eles também relataram desrespeito por parte da Funcap e evasivas sobre quando ocorrerá o pagamento pelo trabalho realizado. “Eu estou tendo crises de ansiedade por essas questões todas”, disse à Mangue Jornalismo uma das pareceristas.

leia mais no site da Agência Mangue Jornalismo.

https://manguejornalismo.org/governo-de-sergipe-nao-assinou-contrato-com-pareceristas-da-lei-paulo-gustavo-as-denuncias-de-irregularidades-sao-graves-e-podem-comprometer-a-lpg/

Leia também: 

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024




#1964+60 - 1968: o ano que não terminou. Zuenir Ventura tem razão. Olha o 8 de janeiro de 2023 aí para comprovar....

 1968: o Ano Que não Terminou é um livro do escritor e jornalista brasileiro Zuenir Ventura. O livro, originalmente publicado em 1989, foi relançado pela editora Nova Fronteira em 2006 e - numa edição revisada - pela editora Planeta do Brasil em 2008.



Sinopse

Livro que retrata, em estilo jornalístico, os fatos que marcaram o conturbado ano de 1968 no Brasil e no mundo. Seu autor é o jornalista Zuenir Ventura, participante e estudioso do referido ano, bem como de suas consequências para a realidade contemporânea. Transcorre o livro em tom narrativo, com citação à importantes personagens, obras e músicas que fizeram parte do período. São citados por exemplo, a atriz Claudia Cardinale, italiana e esquerdista reconhecida, assim como outras figuras igualmente emblemáticas, como César Benjamin "Cesinha", militante do Mr-8 (Movimento Revolucionário Oito de Outubro) e que participou da luta armada e Carlos Lamarca "O capitão da guerrilha", militante da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) e do Mr-8 e que ficou nacionalmente conhecido após desertar de seu quartel em Quitaúna e juntar-se à guerrilha. Também faz referência à artistas que participaram do combate ao regime militar e que adquiriram importância nacional nos anos que se passaram, como Caetano Veloso, Chico Buarque, Geraldo Vandré.

Fonte: Wikipédia

E se 1964, 1968, não termina. O que podemos fazer? 

"O que é que pode fazer o homem comum neste presente instante?"

1- Tocar/ouvir  Belchior, Raul, Chico, Caetano, Racionais MC, Chico César e mais compositores comprometidos como o autor do verso da canção acima e citado acima, tanto os clássicos, como os contemporâneos.

Até porque, o que está tocando na maioria das emissoras de rádio chega a ser assustador pensando em termos da formação cultural e ética de nossa gente.

Um exemplo: VÍDEO: Repetente, cantor Zé Felipe diz que livros de História “têm muita mentiras”  https://twitter.com/i/status/1762282941089022326

"minha amiga acabou de me mandar esse storie da virginia onde o zé felipe diz que “tem muito livro de história que mente, que muda e influencia os estudantes”. não é esse rapaz q parou de estudar com 14 anos e n concluiu os estudos? kkkkkk"

PARA CONHECER O TRABALHO DO ZÉ FELIPE. Uma amostra AQUI

2 - Quem trabalha em emissoras de rádio, em especial as públicas e rádios comunitárias, podem propor programas semelhantes a esse abaixo da Rádio Batuta. Mas quem trabalha em emissoras comerciais pode tentar.

Especiais -18.2.2024 - Música e política em 1964

Tempo do episódio: 54:17

O ano de 1964 foi marcado pelo golpe militar de março, mas teve como contraponto uma movimentação cultural expressiva de artistas e intelectuais. O professor e pesquisador Maurício Barros de Castro, que lançou a edição revista e ampliada do livro “Zicartola – Política e samba na casa de Cartola e dona Zica”, pela Cobogó, conversa com Joaquim Ferreira dos Santos sobre o período.

O Zicartola, restaurante de samba na Rua da Carioca, no Rio de Janeiro, foi inaugurado em 21 de fevereiro de 1964. Reunia, em torno da gastronomia de Dona Zica, a fina flor esquecida dos sambistas de morro. No mesmo mês de fevereiro, no dia 28, Nara Leão lançava seu primeiro LP. Metade das faixas era ocupada por artistas da bossa nova e a outra, pelos mesmos sambistas do Zicartola, como Nelson Cavaquinho e Zé Keti.

Maurício relata esses e outros momentos importantes daquele ano. Sempre com uma trilha musical exemplificando, ele mostra o que foi o Centro Popular de Cultura, o desfile das escolas de samba deixando de lado as cortes europeias para exaltar os reis negros brasileiros, o filme “Deus e o diabo na terra do sol” e os espetáculos “Opinião” e “Pobre menina rica”. De alguma maneira, todos esses acontecimentos passavam pelas noites de samba do Zicartola.

AQUI

3 - Quem é professor e/ou agente cultural pode propor saraus temáticos como esse abaixo.


sábado, 2 de abril de 2016

segunda-feira, 11 de abril de 2016

4- Os relatórios das comissões da verdade podem ser fontes para muita coisa, como matérias jornalisticas, filmes, pesquisas acadêmicas e etc.

Um exemplo: 

terça-feira, 24 de outubro de 2023

No dia da Sergipanidade não esqueçamos da censura, perseguições, torturas e mortes em Sergipe no pós abril de 1964

 A Mangue Jornalismo com essa série de matérias baseadas no relatório da comissão sergipana da verdade traz o lado B da nossa Sergipanidade, Nordestinidade e Brasilidade.  Quando apenas trazemos o lado A, a melhor pARTE, criamos uma falsa ilusão...A falsa ilusão de uma gente que pensa viver em um estado e em um país de gente feliz, pacifica, não racista  e respeitada em todo o tempo na sua dignidade humana. Precisamos de mais artistas e comunicadores agindo assim, mostrando o lado luminoso de nossa cultura, como também o lado sombrio ou tenebroso.... Ou, "de uma gente que ri quando deve chorar e não vive, apenas aguenta." Maria, Maria - Milton Nascimento e Fernando Brant.

5  - E divulgação cientifica utilizando as redes virtuais ou redes digitais, como fazer? Vale a pena conferir abaixo.




Confira outras lives da série no mesmo canal acima.

Outras sugestões podem ser enviadas pelos comentários, aqui ou em outros redes virtuais...

6 - Cursos rodas de conversa, oficinas e etc., on-line e/ou presencial, também são necessários..

terça-feira, 6 de junho de 2023

terça-feira, 12 de novembro de 2019

EDUCAÇÃO POPULAR: DOS MARXISMOS AO NEO PENTECOSTALISMO.


7 - Sessões de cineclubes com as temáticas dessa publicação também são necessárias




Mostra sobre ditadura militar marca retorno do Cineclube BCCP nesta quarta-feira (17)

Cineclubismo e o golpe de 64

Vale buscar e divulgar canais de streaming gratuítos, como este:   
O cinema político de Ken Loach pelo olhar humanista de Louise Osmond - Sesc São Paulo      

https://www.sescsp.org.br/o-cinema-politico-de-ken-loach-pelo-olhar-humanista-de-louise-osmond/                                                                                                        
Assista gratuitamente em:

Recomendamos anotar os prazos dos filmes do Cine SESC em Casa na agenda do Google ou similar, para não perder nenhum.

Luís Filipe Costa: Salvar a Memória
O Museu do Aljube acolhe um ciclo dedicado à série RESISTÊNCIA de Luís Filipe Costa, com a exibição dos 8 episódios entre o dia 19 e 28 de Março.

Conheça o programa

“Em 2000 comemoravam-se os 26 anos do 25 de Abril, e a RTP transmitia a série RESISTÊNCIA com realização de Luís Filipe Costa. No entanto, foi emitida em horário muito tardio, já na madrugada de 26, na RTP2. Quem poderia ainda ser incomodado, tantos anos depois?

A verdade é que parece ainda incomodar, 50 anos depois. Nenhuma homenagem foi feita pela RTP a um homem que tanto lhe deu. A série continua na sombra. E que bom seria emiti-la num horário adequado para as novas gerações que ignoram as histórias de luta de quem ajudou, com sacrifício da sua própria vida, a instaurar a liberdade.

Procurei que fossem histórias de pessoas e, ao recordá-las, perpassassem nelas os bons e maus momentos dessas vidas

 Luís Filipe Costa ao jornal Público.

Histórias de pessoas incomodam ainda. A memória é apagada. Ecos de Abril perturbam aqueles para quem a liberdade é sinónimo de obstáculo ao Poder que desejam para si próprios.

Estamos a viver momentos de profunda viragem, de extremismos, de separação de águas. Tudo se torna claro, tanto do lado do indivíduo, como do colectivo.

O 25 de Abril ligou-nos, apelou ao que de melhor há no ser humano: servir um Bem Maior, acabar com as diferenças, promover a igualdade. Não é utopia. É possível e sê-lo-á no futuro, assim o creio.

Mas antes, há que sofrer a ferocidade e voracidade daqueles que, a todo o custo, querem manter a divisão, a desigualdade, a iliteracia, a ignorância. Sempre ouvimos a frase: “Dividir para reinar”. E a História é generosa em exemplos de criadores de divisão, ditadores e tiranos que começam por dividir entre “bons” e “maus”, para imporem o seu Poder. Assistimos a isso exponencialmente nos tempos que correm. O que é o “politicamente correcto” (instaurado por quem?)  senão uma grande fragmentação da Humanidade? Em nome da igualdade, atrocidades são cometidas, dividindo tudo o que deveria ser unido: etnias, sexos, religiões, partidos, países, etc. etc. Criando pequenas células que não interagem, mas se confrontam. Células saudáveis estão conectadas entre si, cooperam, geram abundância, formam Vida. Células doentes não se conectam, acabando por morrer. Assim é o ciclo natural da Vida e do Universo.

Ao dar a conhecer, através de testemunhos, a história daqueles que ofereceram as suas vidas para um Bem Maior, Luís Filipe Costa arriscou ser marginalizado, uma “Voz” a ser silenciada.  

Esse silêncio à volta da série foi destacado por alguns jornalistas aquando da emissão tardia, em 2000:

Correia da Fonseca:  O conjunto dos testemunhos reunidos por LFC, muitos deles recolhidos nos arquivos da RTP, outros recentes, … são elementos preciosos para a construção da História do país e fundamentais para a lucidez cívica dos cidadãos.

Mário Castrim: “Corre na RTP uma das séries mais valiosas desde sempre elaboradas na casa: RESISTÊNCIA de Luís Filipe Costa. Já disse, torno a dizer e torno a apelar para o Ministério da Cultura (cujo assentimento tenho por certo) e o Ministério da Educação, por isso mesmo é que é da Educação: esta série devia estar em cassetes de vídeo e distribuídas pelas escolas do país. Pois que faz Madame? Atira-a para dentro da madrugada. Um único fito: que se veja o menos possível. Uma pessoa até pensa que pode ser um insulto aquilo que está a pensar. Vamos então não pensar, isto é que, por trás de tudo, há motivações ideológicas. Mesquinhas.”

“Há sempre alguém que resiste. Neste caso, Luís Filipe Costa, um dos mais prestigiados realizadores portugueses. A sua série “Resistência” será a mais importante iniciativa para ir em busca das raízes do 25 de Abril… uma série monumental. LFC luta por salvar a memória do naufrágio.

SALVAR A MEMÓRIA é precioso. É fundamental.

A minha homenagem ao Homem que lutou por um mundo melhor.

O meu Amor sempre ao Homem com quem tive o privilégio de partilhar a minha vida.

A minha Gratidão ao Mestre que tanto me ensinou.

Viva a Liberdade.

Viva o 25 de Abril.”

Isabel Medina



8 - Clubes de leitura com livros temáticos sobre a ditadura também vale...

O Coletivo Mulherio das Letras, de Natal RN, vai utilizar o livro Diários 1973-1974, em seu Clube de Leitura "Mulheres lendo Mulheres.

Será no sábado, dia 23 de março, a partir das 16:30 horas.

Nossa Pós TV DHnet estará presente, transmitindo todo o acontecimento.



quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024


quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Lula não tem razão.. Com relação a memória histórica das lutas e resistências contra o golpe militar de 1964. Até porque o 8 de janeiro de 2023 nos recorda...


 Entidade de familiares e vítimas da ditadura criticam fala de Lula sobre 1964

Presidente disse que o golpe militar já faz parte da história e que não irá ficar "remoendo" esse episódio

   postado em 28/02/2024 16:43 / atualizado em 28/02/2024 16:46

https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2024/02/6810522-entidade-de-familiares-e-vitimas-da-ditadura-criticam-fala-de-lula-sobre-1964.html

Entidade que reúne familiares e vítimas da ditadura reagiu às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que está mais preocupado com o 8 de janeiro de 2023 do que com 1964, se referindo à instalação de uma ditadura no país, com o golpe militar.

"Isso já faz parte da história, já causou o sofrimento que causou, o povo conquistou o direito de democratizar este país, os generais que estão hoje no poder eram crianças naquele tempo. Eu, sinceramente, não vou ficar me remoendo e vou tentar tocar esse país pra frente", disse Lula, em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, da RedeTV.

O petista também afirmou que, pela primeira vez, generais estão sendo responsabilizados, se referindo aos oficiais ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro que estão sendo investigados pela Polícia Federal numa tentativa de golpe.

Para a Coalizão Brasil por Memória, Verdade, Justiça, Reparação e Democracia, a fala do presidente foi "equivocada" e que falar sobre o golpe não é remoer o passado.

"Repudiar veementemente o golpe de 1964 é uma forma de reafirmar o compromisso de punir os golpes também do presente e eventuais tentativas futuras. Lula tem razão quando diz que pela primeira vez militares de alta patente estão sendo chamados para depor e para responder por seus atos. E temos convicção de que o governo não aceitará qualquer chantagem por uma anistia a Bolsonaro e seus cúmplices", diz o grupo.

"Falar sobre 1964 é falar sobre os projetos autoritários e elitistas da sociedade que continuam ameaçando a possibilidade de o Brasil se afirmar como um país soberano, capaz de produzir desenvolvimento econômico e socioambiental com inclusão e democracia. É, portanto, falar sobre o futuro. O segundo ponto da fala do presidente que gostaríamos de discutir é sua fala de que ele está mais interessado em discutir o 8 de janeiro do que 1964. Pois nós queremos defender que é impossível falar de um sem abordar o outro", diz o texto da Coalizão.



sexta-feira, 22 de setembro de 2023

O BRASIL PODE APRENDER COM PORTUGAL SOBRE DEMOCRACIA E MEMÓRIA e + canções que acompanha o artigo.


Canções para Lula e para àqueles que não entendem a importância da memória do golpe de 1964, lutas e resistências, bem como a ligação com os acontecimentos do 08 de janeiro de 2023



Manifestantes em Israel cantam versão em hebraico de música contra a ditadura brasileira

Bolsonaristas cantam canção feita contra a ditadura militar . Aqui, símbolos e palavras em disputa.

João Bosco e Orquestra Ouro Preto - O Bêbado e a Equilibrista 

Angélica (Chico Buarque e Miltinho/MPB4) | Trilha sonora do filme "Zuzu Angel"



"Menino" da autoria de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos

Canção para Margarida - Babi Fonteles e Zé Vicente











CAMPANHA DA FRATERNIDADE (NOTA II) - José Soares e A campanha da Fraternidade 2024. Fraternidade e Amizade Social. Artigo de Flávio Lazzarin

 José Soares

· O DESEJO mais preemente do ser humano é a defesa da vida, a defesa desse dom inequívoco que Deus nos cumulou. Fazemos tudo para defender também a vida de quem amamos. Creio que nessa direção é que caminha a CF - 2024 nesta quaresma. O caminho da defesa da vida. Observo assim em dois níveis: 

1. A beleza da AMIZADE Social como um tema transversal e isto aparece forte no Texto Base n. 58. Se falamos de juventude, terra, educação, ecologia, espiritualidade, aparece neles o dom da AMIZADE. Nossa relação com Deus é pautada nessa cara e forte defesa que Ele faz por nós e leiamos Gênesis 4,9n para vermos a beleza da busca de um Deus apaixonado por nossa humanidade. Sempre nos chama a relação profunda de amor dele por nós. 

Campanha da Fraternidade com um tema como esse, deve ser motivo de alegria e de esperança para todos e todas. O combate a INIMIZADE é papel e tarefa de cada um de nós nas Igrejas, na sociedade e além fronteiras. 

2. A base de tudo está na Fratelli Tutti. A distância física não confirma separação e desgaste na relação entre os seres humanos. Notamos que a indiferença e a maldade, estás sim, corroem nossas vidas e adoecem nossas relações, fazendo-nos adversários e inimigos cruéis. O Papa Francisco de modo teológico e com uma percepção muito aguçada, nos trouxe na Fratelli Tutti uma provocação do seu coração que merece destaque: "As questões relacionadas com a fraternidade e a amizade social sempre estiveram entre as minhas preocupações" (F.T., n. 5). E por que? Ora, vê-se uma morte acelerada do contato entre as pessoas e povos. A estima deu lugar a desconfiança e a esperança deu lugar ao medo e a radical violência no campo da política, da cultura, da religião e da sociedade polarizada e excludente. Regredimos e muito por questões ideológicas e ate de religião. Várias nações mostram fechamento e um nacionalismo perigoso que só fere as pessoas. O papa foi feliz com a F. Tutti e temos que na leitura dela, perceber que a CF - 2024 está no caminho certo: 

"Mas a história dá sinais de regressão. Reacendem-se conflitos anacrónicos que se consideravam superados, ressurgem nacionalismos fechados, exacerbados, ressentidos e agressivos" (Fratelli Tutti, n. 11).

              Ajudemos o Papa a construir relações fraternas 

              e defendamos o amor e à Amizade Social, somos todos

              irmãos e irmãs!

Acima,  publicado no facebook em 28/02/2024


A campanha da Fraternidade 2024. Fraternidade e Amizade Social. Artigo de Flávio Lazzarin

Publicado no site do IHU

"A única arma com a qual é permitido marchar para a guerra é a Palavra e é a própria Palavra que traz a guerra onde reina a paz".

O artigo é de Flávio Lazzarin, padre Fidei Donum, italiano, atuando na diocese de Coroatá, Maranhão.

Eis o artigo. 

Uma primeira leitura do texto-base da Campanha da Fraternidade 2024 me deixou estranhamente confuso e preocupado. O documento, declaradamente inspirado pela encíclica Fratelli tutti de Papa Francisco, me pareceu, porém, distante da simplicidade e clareza pastoral do documento papal. A primeira surpresa foi a abordagem filosófico-teológica do termo “amizade social”, quando a encíclica não propõe uma reflexão sobre um conceito, mas, pelo contrário, apresenta a prática amorosa da amizade política na biografia de São Francisco de Assis. Na encíclica está em primeiro plano o testemunho do amor misericordioso de Jesus, que não precisa do aval de HomeroSócratesPlatãoAristóteles e Tomás de Aquino, em alternativa às filosofias de Hobbes e Schmitt.

A encíclica está emoldurada pela memória de São Francisco de Assis, "e também por outros irmãos que não são católicos: Martin Luther KingDesmond TutuMahatma Mohandas Gandhi e muitos outros. Mas quero terminar lembrando uma outra pessoa de profunda fé, que, a partir da sua intensa experiência de Deus, realizou um caminho de transformação até se sentir irmão de todos. Refiro-me ao Beato Carlos de Foucauld" (286)*. "O seu ideal duma entrega total a Deus encaminhou-o para uma identificação com os últimos, os mais abandonados no interior do deserto africano. Naquele contexto, afloravam os seus desejos de sentir todo o ser humano como um irmão, e pedia a um amigo: 'Peça a Deus que eu seja realmente o irmão de todos'. Enfim queria ser 'o irmão universal'. Mas somente identificando-se com os últimos é que chegou a ser irmão de todos. Que Deus inspire este ideal a cada um de nós. Amem” (287-288).

Não conceitos, mas testemunhas, mártires, inspiram a espiritualidade de papa Francisco. São todas figuras martiriais, em que a Cruz vitoriosa de Jesus se manifesta em pequenos gestos de alcance universal e em biografias marcadas pela derrota. Figuras em que a mais íntima e escondida interioridade se traduz imediatamente em universalidade, em que a amizade com os seres humanos coincide com amizade com Deus.

O que me interpelou inicialmente foi a impressão que os autores do texto-base privilegiam uma abordagem epistemológica, que se mostra um tanto irrelevante quando confrontada com a luz que a Palavra de Deus nos oferece para testemunhar a fraternidade nos caminhos concretos da história.

Com efeito, ao número 18 do texto-base, encontrei uma consideração que me deixou perplexo: Papa Francisco estaria “conjugando os conceitos de amizade e sociedade, retomando a amizade social aristotélico-tomista”. Fiz um esforço para encontrar explicitamente na encíclica esta herança filosófica, mas não encontrei, a não ser na mera menção da “amizade social”, cujo crédito tomista, porém, não é testemunhado por nota de rodapé e que não consigo lembrar citada no Compendio da Doutrina Social da Igreja. Parece ser mesmo uma vaga lembrança do papa, que os comentaristas se apressaram a caracterizar como citação tomista.

Outra reflexão me ocorreu diante duma omissão para mim inexplicável dos autores. Com efeito, no ‘Julgar” do texto-base Genesis, 4, 1-9, “onde está Abel, teu irmão”, que é citado também por papa Francisco, substitui a longa citação do texto e da exegese da parábola do bom samaritano, Lucas 10, 25-37. Esta Palavra é tão central para a compreensão da encíclica a ponto de ocupar todo o segundo capítulo, os parágrafos de 56 a 86.

Assim o primeiro impacto gerou uma pergunta polémica, que me assustou um pouco: será que  ignorar a importância do bom samaritano na encíclica e ignorar a sua centralidade na profecia deste pontificado é uma forma de se distanciar do estilo e da prática pastoral de papa Francisco?

Será que a invenção de uma tradição aristotélico-tomista, como os autores parecem sugerir, quer substituir a profecia de Francisco, que põe as vítimas da violência, da injustiça e da desigualdade como protagonistas, interlocutores prioritários, amigos privilegiados dos seguidores de Jesus?

Num segundo momento, descartei esta interpretação tendencialmente polemica. Após mais uma leitura, me dei conta que, talvez, mais simplesmente, a análise das conjunturas mundiais e nacionais dos autores do texto-base se omite em refletir sobre as teologias subjacentes e explícitas na “guerra mundial em pedaços” e, sobretudo na polarização entre nova direita e esquerda na sociedade brasileira, que não é somente nossa, mas está perigosamente presente e atuante em todas as sociedades ocidentais.

Guerra mundial e crescimento do “fascismo” não seriam para mim simplesmente dados da longa listagem dos males da história humana a serem salvos por caminhos de fraternidade, mais seriam, inseparavelmente, o elemento-chave, mais teológico e menos econômico, que motiva e mobiliza as subjetividades na gravíssima crise que estamos vivendo.

É algo que caracteriza as subjetividades num conflito que vê de um lado os saudosos dos tempos ordenados e harmoniosos (sic) das cristandades europeias, coloniais, pan-russas, aliados talvez inconscientes dos muçulmanos defensores das teocracias e da Jihad e os exércitos dos  que defendem os valores tradicionais – Deus, Pátria, Família – afirmando um Cristo guerreiro e armado contra o Anticristo da modernidade com as suas novidades corruptas e pervertidas, com a suas multiplicação dos gêneros e a decadência da família.

Do outro lado destas posturas regressivas, está a absoluta maioria dos humanos, que se sente constitutivamente ocidental e aceita acriticamente todos os mandamentos de uma civilização em crise ecológica e política. Deste lado também estão aqueles que criticam, denunciam e combatem as injustiças, as violências e a desigualdade do sistema. Outros atores são o que sobrou dos partidos e das organizações de esquerda, perdidos em ilusórios caminhos governamentais de contenção da extrema direita ou em estéreis e inconsistentes manobras de pseudo-oposição.  Esquerda que perdeu, há muitas décadas, as suas potencialidades anti-sistêmicas. Não podemos esquecer uma minoria importante, que diante da declaração de guerra ao Ocidente de Putin-Kiril, junto com ChinaCoreia do NorteIranHamas e Hezbollah e diante do neofascismo das sociedades ocidentais, não ignora a crise civilizacional que estamos atravessando, mas do Ocidente salva e protege, pelo menos, o frágil e amplamente incompleto sistema democrático, ameaçado pelas atitudes autoritárias e ditatoriais dos tradicionalistas externos e internos.

Faz parte deste lado também uma minoria de cristãos, junto com papa Francisco, que renunciaram ao seu papel de censores e justiceiros dos comportamentos humanos e, no impasse entre a fidelidade a moral magisterial e a fraternidade, silenciam a doutrina e acolhem as pessoas, sem julgar, apostando que a misericórdia, espoliada de qualquer presunção, pobre e desarmada, seja o único remédio.

Existe um conflito, existem inimigos e esquecer a centralidade deste conflito do nosso tempo, significa ignorar o único e verdadeiro perigo, o desafio que pode impedir, apesar do nosso desejo, qualquer caminho de fraternidade e decretar a nossa verdadeira derrota. É necessário reconhecer e lidar evangelicamente com o inimigo que não quer dialogar e está pronto somente para nos eliminar.

Em suma, vivemos em um mondo em guerra, em que não podemos ignorar que existem inimigos mortais, um tempo em que devemos aceitar e enfrentar o combate.

Encontro, com efeito, muitas palavras do Novo Testamento em que se fala da guerra e da ‘espada': “Na mão direita, tinha sete estrelas, de sua boca saía uma espada afiada, de dois gumes, e seu rosto era como o sol no seu brilho mais forte. Ao vê-lo, caí como morto a seus pés, mas ele pôs sobre mim sua mão direita e disse: “Não tenhas medo. Eu sou o Primeiro e o Último” (Apocalipse, 1, 12-17).

“Os exércitos do céu o acompanham, montados em cavalos brancos, com roupas de linho branco e puro. Da sua boca sai uma espada afiada, para com ela ferir as nações. Ele as governará com cetro de ferro. Ele é quem pisa o lagar do vinho que é a furiosa cólera de Deus todo-poderoso” (Apocalipse 19:14-15).

“Tomai, enfim, o capacete da salvação e a espada do Espírito, isto é, a Palavra de Deus” (Efésios, 6, 17).

A única arma com a qual é permitido marchar para a guerra é a Palavra e é a própria Palavra que traz a guerra onde reina a paz. Uma Palavra que tem a pretensão de desestabilizar o status quo: “Não julgueis que vim trazer a paz à terra. Vim trazer não a paz, mas a espada. Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra, e os inimigos do homem serão as pessoas de sua própria casa” (Mateus 19, 34-36).

E não é Palavra que simplesmente aceita a inevitabilidade do conflito, mas Palavra que o inaugura e o alimenta com radicalidade. Uma espada de dois gumes, porque enfrentamos um dúplice combate nos campos de batalha da história e da Igreja. Sem esquecer o combate travado na interioridade de cada discípulo.

Sou interpelado nestes dias por uma citação de Francisco na Laudate Deum. Surpreende a intenção dele, que, com Soloviev, nos fala de um mistério, que as pessoas racionais e de bom senso normalmente evitam, porque tema escolhido por fanáticos e desequilibrados. Mas fala-se, inequivocamente, do fim do mundo – ou da fim de um mundo – e do Anticristo:

“Todos nós devemos repensar a questão do poder humano, do seu significado e dos seus limites. Com efeito, o nosso poder aumentou freneticamente em poucos decênios. Realizamos progressos tecnológicos impressionantes e surpreendentes, sem nos darmos conta, ao mesmo tempo, que nos tornámos altamente perigosos, capazes de pôr em perigo a vida de muitos seres e a nossa própria sobrevivência. Pode-se repetir hoje, com a ironia de Soloviev: "Um século tão avançado que teve a sorte de ser o último". É preciso lucidez e honestidade para reconhecer a tempo que o nosso poder e o progresso que geramos estão a virar-se contra nós mesmos". [1]

O amigo Marcello Tarí, em seguida, me convidou a reparar que, na Vigília Ecumênica de Oração, em ocasião da abertura do Sínodo, no dia 30 de setembro de 2023 [2], Francisco falou duas vezes na sua homilia sobre a multidão do Apocalipse: “Como a grande multidão do Apocalipse, estamos aqui, irmãos e irmãs 'de todas as nações, tribos, povos e línguas' (Ap 7, 9), vindos de comunidades e países diferentes, filhas e filhos do mesmo Pai, animados pelo Espírito recebido no Batismo, chamados à mesma esperança (cf. Ef 4, 4-5)” e “Como a grande multidão do Apocalipse, rezamos em silêncio, ouvindo um grande 'silêncio' (Ap 8, I). E o silêncio é importante, é forte: pode expressar uma dor indescritível frente às desgraças, mas também, nos momentos de alegria, um júbilo que transcende as palavras. Por isso quero refletir brevemente convosco sobre a sua importância na vida do crente, na vida da Igreja e no caminho de unidade dos cristãos.” 

Me pergunto, assim, por que o papa se serviu daquela imagem, reforçando-a também com a citação do “grande silêncio” que se impõe após a abertura do sétimo selo (Ap 8,1). 

Alertados pelos recorrentes fanatismos, que marcam e remarcam as datas do fim do mundo, temos medo de sermos considerados loucos se acenamos o tema do fim do mundo, mas é inegável que estamos vivendo, entre consciência e remoções, tempos ameaçadores. Por isso, não é tão medieval e milenarista hipotisar o fim de um mundo quando estamos na iminência de uma guerra global e em tempos em que a própria vida da Terra é ameaçada de extinção.

Por isso, estou lendo “Os três diálogos e o conto do Anticristo” de Soloviev e um livrinho de Emanuel Mounier, “O medo no século XX - Para um tempo de Apocalipse”, em que, em 1948, o filosofo reflete sobre os terríveis eventos das bombas atómicas de Hiroshima e Nagasaki, após uma guerra mundial e os delírios sangrentos e genocidas do nazifascismo e medita sobre o testemunho do ser humano lidando com aquela Apocalipse. Marcelo Tarí comenta que “o discurso de Mounier revela que, desde o fim da primeira guerra mundial, ele lucidamente enxergava que o medo e a angústia, degradando-se, produzem, de um lado, um grande surto generalizado de medo e, do outro, a que ele define de paixão terrorista, encontrando-se o medo e terror num niilismo definitivo”.

“O perigo, a preocupação, são o nosso destino. Nada nos deixa prever que esta luta possa terminar em um prazo calculável e nada nos encoraja a supor que esta luta seja constitutiva da nossa condição. A perfeição do universo pessoal encarnado, portanto, não se identifica com a perfeição de uma ordem, como pretendem todos os filósofos (e todos os políticos), que pensam que o ser humano possa um dia totalizar o mundo. Esta é a perfeição de uma liberdade que combate e combate incansavelmente. E que fica firme também após a derrota. Entre o otimismo insuportável da ilusão liberal ou revolucionária e o pessimismo impaciente dos fascismos, o verdadeiro caminho do ser humano é um otimismo trágico, em que pode encontrar a justa medida em uma atmosfera de grandeza e de luta”. [3]

Referências

[1] V. Solov’ëv, I tre dialoghi e il racconto dell’Anticristo, Bologna 2021, p. 256.

[2] Disponível aqui.

[3] Mounier E., Il personalismo, Ave, ed. 2004, p. 56.

Nota 

Charles de Foucauld foi canonizado no dia 15 de maio de 2022 pelo Papa Francisco. (Nota do IHU)


Campanha da Fraternidade 2024: "Fraternidade e Amizade Social"  

Com apresentação dos Missionários Redentoristas, Padre Camilo Júnior e Irmão Alan Patrick Zuccherato, o programa vai entrevistar religiosos e teólogos para refletir o tema deste ano, apontar caminhos para a vivência prática da Campanha da Fraternidade nas comunidades e paróquias, em comunhão com a Igreja. Os convidados são Dom Ricardo Hoepers, Bispo auxiliar da Arquidiocese de Brasília e Secretário-geral da CNBB, que vai explicar o tema e refletir sobre a Campanha da Fraternidade 2024. E Padre Jean Poul Hansen, assessor de campanhas da CNBB, para falar dos desafios e caminhos da boa comunicação da Campanha da Fraternidade.   O programa ainda vai conversar com Cláudio Vieira - Coordenador da Campanha da Fraternidade, jornalista e especialista em Política Internacional.   E por fim, para falar sobre como o ecumenismo e o respeito a outros credos ajudam a viver a amizade social, o entrevistado será Pastor Eliel Batista - professor de Teologia Bíblica, escritor e parte da frente inter-religiosa Dom Paulo Evaristo Arns por Justiça e Paz, também já foi membro convidado da Comissão Nacional da CF 2021.  Programa "Em Comunhão" exibido dia 14 de fevereiro de 2024.