sábado, 29 de janeiro de 2022

LEMBRANDO OS DIAS DE TOMAR VACINA COMO DIA DE ALEGRIA, MESMO COM O "REVÓLVER" E AS MARCAS QUE DEIXAVA.


Aqui ao lado de um sangue bom, Neném ou Josenilson Alexandre, alguns dias antes da  ida ao posto de saúde para a vacinação.

Hoje , 26 de janeiro de 2022, foi o dia de tomar a 3ª dose de reforço. No caminho de volta para casa encontrei com um bolsonarista. Aqui em Sergipe, não são tantos , em comparação com alguns lugares do país. Disse a ele: Se virar jacaré envio uma foto para você... 

Ao chegar em casa a certeza de que a cultura, o hábito de nos vacinarmos desde criança, faz uma grande diferença nesse momento atual, juntamente com a existência do SUS.

Cultura minha gente, cultura é importante, inclusive nessa dimensão de hábitos , de cuidados básicos e preventivos com relação a saúde ao longo do tempo.

Lembranças da minha mãe, Maria Marlene, que não descuidava das vacinas lá em casa, tanto minha, como dos meus irmãos..

Faleceu de COVID em maio de 2021, quando estive internado em UTI  de hospital pela mesma razão. 

E como  já disse em outra oportunidade, o voto em 2022 precisa levar  em consideração as milhares de mortes e sequelados, como é o meu caso, por causa de um governo desumano e perverso, assim como seus principais apoiadores escolhido em eleições, como  deputados e  senadores, assim como  meios de comunicação  que escolhemos para audiência. 

É hora de tirarmos eles do nosso radar, tantos uns,  como outros. Mesmo que não consigamos na totalidade, a meta é reduzir seus tamanhos. Dos parlamentares bolsonaristas  a audiência de programas de rádio e televisão que trabalham pela infelicidade geral da nação, mesmo sob os disfarces de diversão e entretenimento fútil, alienante, idiota, lixo cultural....

Minha mãe dizia que Bolsonaro tinha na COVID um aliado para matar os véios.

E como sabemos, não apenas estes.....


sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

A domingueira e a lista das principais publicações da semana (24 à 29/01/2022).

 O card de domingo sobre o livro "AMABA: O esquecido círculo de cultura da Aracaju dos anos de 1980". Os pedidos podem ser realizados por meio do número 79 98802-0711 (também zap)  ou zezitodeoliveira@gmail.com 

Quantos as publicações deste período aqui no blog, estão abaixo. Boa leitura por aqui e no livro.


quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Roteiro de diagnóstico rápido, local e participativo para a Campanha da Fraternidade de 2022


 Esse roteiro disponível no decorrer das páginas do texto base da CF 1998, não está estruturado na forma questionário corrido como abaixo. 

O diagnóstico rápido e participativo, me parece uma das melhores maneiras de envolver as comunidades e grupos, sejam os da igreja, como de outros espaços educativos. É uma forma de produção de conhecimento coletivo que caracteriza o processo formativo da educação popular. Nos tempos atuais é uma ferramenta que se encaixa muito bem nas chamadas metodologias ativa de aprendizagem.


Rita Von Hunty em diversos closes. Formação intelectual e politica com responsabilidade na internet..



quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Constatação e lembretes enviados ao Prefeito Marcos Santana de São Cristóvão.


"Uma escola para deixar de ser prisão começa assim, com grades, ao invés de muros, com cor, ao invés do cinza ou do amarelo. E para continuar a libertação, além da climatizacao e outras reformas e melhorias internas, precisa valorizar o verde e uma proposta pedagógica que ajude a libertar as mentes e os corações, com base no pensamento e na prática de grandes pensadores da educação brasileira , como é o caso de Anisio Teixeira, Maria Nildes Mascelani (Sistema de Ensino Vocacional-SP), Darcy Ribeiro, Paulo Freire e etc."

 Frei Betto

         O autodenominado filósofo Olavo de Carvalho, outrora astrólogo de profissão, inclusive com anúncios de consultas em jornais, indicou dois ministros ao governo Bolsonaro: o das Relações Exteriores e o da Educação. 

        Em entrevista a Natália Portinari, de O Globo, Olavo de Carvalho contou que conversou com Bolsonaro “três vezes. Eles (Bolsonaro e filhos) leem as coisas que eu escrevo e levam a sério”, afirmou (não sei se em tom de ironia...). E arrematou ao ouvido da repórter: “Eu sou irresistível. Daqui a pouco você vai estar apaixonada por mim.” Disse ainda a propósito de quem indicou para a pasta da Educação: “Vélez Rodríguez é o (acadêmico) que mais conhece o pensamento brasileiro, no Brasil e no mundo.”

NOTA SOBRE O TEXTO-BASE DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE/2022


Esse ano de 2022, o tema é o da Educação. “Fala com sabedoria, ensina com amor” (Pr. 31, 26). O texto-base abre com a explicação do tema e em seu objetivo geral e específico, depois e, como sempre, vem com uma análise histórico-conjuntural do tema, passa pelo discernimento evangélico e, por fim, nos coloca diante de algumas pistas de ação diante dos projetos de educação em curso nesse Brasil. O texto vem com uma original reflexão sobre a pandemias de covid 19 (a CNBB faz questão de se colocar na linha da ciência e longe de negacionismos). Em síntese, uma campanha da fraternidade importante e atenta aos sinais dos tempos.

Uma ausência gritante no texto-base: uma reflexão sobre a educação popular. Como visto, o tema da Campanha é “Educação” e a CNBB e a Igreja Católica no Brasil têm uma tradição em educação de camadas populares desde o MEB (Movimento de Educação de Base) nos anos 60. O conceito e a práxis da educação popular dos anos 60 aos 80, na Igreja foi importante. A presença da obra de Paulo Freire (ausente no texto-base. Uma pena!) é um marco em qualquer história ou perspectiva de educação no Brasil. Uma concepção de educação humanizadora e libertadora não poderia jamais deixar de ser horizonte de uma Campanha da Fraternidade que tem como tema a educação no Brasil. Obviamente, nada impede que os católicos ampliem o tema da Campanha e assumam a plenitude da educação para além da formalidade dos muros das escolas.

Romero Venâncio (UFS) 

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

[*] Nino Karvan

Durante toda a sua existência o Estado de Sergipe nunca teve uma política pública de desenvolvimento que vislumbrasse estrategicamente o desenvolvimento social e econômico, tendo a Cultura como um elemento fundamental.

Mesmo quando chegou ao poder a geração liderada pelo saudoso ex-governador Marcelo Déda, essa compreensão esteve muito aquém do que poderia ter sido. No entanto, ainda assim, algumas coisas boas, à exemplo da criação do Museu da Gente Sergipana e da revolucionária gestão de Indira Amaral na Fundação Aperipê, não podem ser esquecidas.

A desastrosa gestão do atual prefeito da capital, em relação à pasta da Cultura e o grande equívoco do governador em dar fim à Secretaria de Estado da Cultura, sob o silêncio ensurdecedor e cúmplice de setores progressistas, são prova cabal do descaso histórico com essa atividade.

  A imaginação no poder.... Do micro ao macro e vice e versa..

“Aos 13, Alex de Jesus saiu algemado da escola por ter levado um revolver na mochila.

Depois de passar pela Fundação Casa, se envolveu com o teatro, que o ajudou a mudar sua cabeça, fazer faculdade e conseguir um emprego.

Levado pela polícia aos 14, aprovado na OAB aos 23: 'Graças ao teatro mudei minha vida' “

Imagina se a partir da publicação constante de matérias como essa abaixo, um setor considerável da sociedade brasileira, começa a defender a necessidade de mais investimento em atividades artístico-culturais nas escolas públicas e nas comunidades...

Imagina se forem realizados mais pesquisas e estudos acadêmicos sobre como atividade artisiticos-culturais, podem impactar positivamente na educação, na saúde, na economia, na segurança pública, no meio ambiente e etc....

Imagina se aumentasse a quantidade de agentes/produtores/gestores de iniciativas culturais comunitárias,  que destinasse  recursos financeiros e humanos para realizar estudos internos sobre os impactos positivos das atividades artísticos-culturais na vida das pessoas envolvidas nestas atividades. Estudos que precisam ser publicizados, o que faremos dentro de algum tempo, com um  que realizamos na Ação Cultural/Ponto de Cultura Juventude e Cidadania..

Imagina,  imagina.....

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

UMA NOTINHA DE NADA MOTIVADA PELO VÍDEO DA VEZ DO OLAVO DE CARVALHO -

 Romero Venâncio - 

Publicado no facebook. 7/6/2020.

Alguns amigos e amigas me recomendaram um curto vídeo com uma fala do Olavo de Carvalho completamente celerado e atacando seu pupilo Bolsonaro. O que em nada me surpreende. Tenho evitado falar desta figura, mesmo sabendo de seu papel nesse Brasil do momento. 

Agora e por razões pessoais, falo um breve episódio que vi. Conheci-o pessoalmente em 1992 na UFPB. Estava terminando minha graduação em filosofia. Na ocasião, ele foi levado a universidade por uma astróloga e professora do departamento de geografia à época (que não lembro o nome dela agora) da UFPB. 

  LEMBRANDO OS DIAS DE TOMAR VACINA COMO DIA DE ALEGRIA, MESMO COM O "REVÓLVER" E AS MARCAS QUE DEIXAVA.   

Hoje , 26 de janeiro de 2022, foi o dia de tomar a 3ª dose de reforço. No caminho de volta para casa encontrei com um bolsonarista. Aqui em Sergipe, não são tantos , em comparação com alguns lugares do país. Disse a ele: Se virar jacaré envio uma foto para você... 

Ao chegar em casa a certeza de que a cultura, o hábito de nos vacinarmos desde criança, faz uma grande diferença nesse momento atual, juntamente com a existência do SUS.




quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Roteiro de diagnóstico rápido, local e participativo para a Campanha da Fraternidade de 2022


 Esse roteiro disponível no decorrer das páginas do texto base da CF 1998, não está estruturado na forma questionário corrido como abaixo. Não há orientação direta sobre a utilização do mesmo, mas os redatores do texto supunham que os agentes de pastoral e líderes de comunidade, orientariam àqueles a eles ligados para a utilização desta maneira ou de outra como melhor convier..

O diagnóstico rápido e participativo, me parece uma das melhores maneiras de envolver as comunidades e grupos, sejam os da igreja, como de outros espaços educativos. É uma forma de produção de conhecimento coletivo que caracteriza o processo formativo da educação popular. Nos tempos atuais é uma ferramenta que se encaixa muito bem nas chamadas metodologias ativa de aprendizagem.

Em termos de cronograma de aplicação a aplicação do questionário deve ser na sequência de uma roda de conversa sobre o conteúdo do texto base da CF de 2022. E neste caso, mesmo sendo um questionário proposto para a CF de 1998,  pode ser aplicado neste ano de 2022, sem problemas, devendo ser acrescido outras questões ou suprimidas algumas das que estão abaixo, caso queiram.

Como o questionário não é um fim, é um meio, importante que inicialmente seja discutido com o grupo o que se quer saber ou descobrir com o questionário e para que serão utilizado os resultados. 

É desse jeito que outras perguntas poderão ser acrescidas ou algumas das que constam abaixo, suprimidas.

E a resposta a isso, será obtida especialmente  quando o grupo estiver discutindo a terceira parte do método dialético no qual se apoiam os textos base da CF de todos os anos. (VER-JULGAR-AGIR) acrescido nos últimos anos do AVALIAR E CELEBRAR no caso de alguns grupos, pastorais ou movimentos católicos com  tendências voltadas a transformação da realidade de opressão e injustiça.

A apresentação do resultado do relatório final pode ser com cartazes ou com slides power point, com a utilização de gráficos, tabelas e fotografias. As respostas subjetivas ou qualitativas podem vir dentro de figuras geométricas e/ou entremeadas com fotografias 

QUAL A EDUCAÇÃO QUE POVO QUER, EXIGE E AJUDA A FAZER ACONTECER

A REALIDADE DA EDUCAÇÃO DENTRO DA FAMÍLIA E  COMUNIDADE ECLESIAL

1-  Quem é que mais fala em nossa comunidade?

2 - Onde você está existem condições para participar de grupos, relacionar-se com os outros, compreender melhor a realidade e construir esperança, educar-se? Quais?

3 - Como se dá entre nós o processo educativo para a acolhida do outro, para o respeito, para a correção fraterna, para a convivência e solidariedade, especialmente em relação aos que são dscriminados? Como está a realidade das relações humanas em nossas famílias e na comunidade?

4 - O que é feito nas famílias, nas escolas, nas Igrejas e e em outros organismos para uma leitura critica da informação, dos programas de TV, dos filmes, dos shpws artísticos? Será que todos cumprem a contento sua função?

5 - Como está o processo de formação politica e de participação politica em sua comunidade? Que iniciativas existem?

 A REALIDADE DA EDUCAÇÃO NO BAIRRO E SOCIEDADE EM GERAL. 

 1 -  Anotar os dados estatísticos gerais que constam no texto base da CF e fazer um levantamento desses itens na sua comunidade.

 2 - O que está indo bem em termos de realidade escolar no bairro? 

O que eu gosto e o que eu não gosto nas escolas da comunidade

3 - Quais as iniciativas da comunidade para melhorar a escola pública? 

Há participação no conselho escolar de cada escola? De que maneira?

Há organização dos estudantes através de grêmio livre? Se há, como funcionam? Ou de que maneira acontece esta participação?

O texto base não destaca os dois instrumentos de participação cidadã no seio da escola, colocado nas duas perguntas acima Recomendamos que quem for apresentar o texto base, acrescente estes dois instrumentos, o que são e como funcionam, inclusive segundo a legislaçao vigente.

4 - Como ajudar as escolas da Igreja a cumprirem sua missão evangelizadora? Onde houver

5 - Fazer um levantamento sobre os programas de TV e de rádio a que as pessoas em sua comunidade assistem e que opinião tem sobre eles?

6 - Você sabe o que é educação ambiental? O que a educação deve ensinar sobre a ecologia na família?, na escola e no  município? Há em sua comunidade gestos concretos de respeito ao meio ambiente? Quais?

Sugestão

Após a apresentação dos resultados da pesquisa:

Promover em um segundo momento, debate sobre a situação do povo em sua comunidade e região no contexto da economia neoliberal e de mercado, identificando o papel da educação e os impactos sofridos. Convidar pesquisadores especializados no tema.

Pensar na possibilidade de produzir um documentário audiovisual com base no questionário e no debate proposto acima..


Documentário produzido pela Pastoral da juventude de Pitangui sobre o tema da Campanha da Fraternidade de 1998 (CNBB) - Educação: A Serviço da Vida e da Esperança. #diocesededivinopolis #pastoraldajuventude

https://www.youtube.com/watch?v=mJP8FG3ioOw

Para saber mais sobre pesquisa participante

https://www.youtube.com/watch?v=EstIM7tKk_M





https://www.youtube.com/watch?v=6hkBWz8Ps44




https://www.youtube.com/watch?v=tbQytaaZYV0



Leia também:

NOTA SOBRE O TEXTO-BASE DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE/2022

https://acaoculturalse.blogspot.com/2022/01/nota-sobre-o-texto-base-da-campanha-da.html

 sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Da Campanha da Fraternidade 2022 ao Pacto Educativo Global

https://acaoculturalse.blogspot.com/2022/01/da-campanha-da-fraternidade-2022-ao.html

Para freireanizar e caetanear a campanha da fraternidade de 2022 sobre Educação.

https://acaoculturalse.blogspot.com/2022/01/para-freireanizar-e-caetanear-campanha.html




Rita Von Hunty em diversos closes. Formação intelectual e politica com responsabilidade na internet..

 https://www.youtube.com/watch?v=Sru_iq_6ybg


https://www.youtube.com/watch?v=1LWVNFME5OA



 https://www.youtube.com/watch?v=4eqf8Xy4FmU




https://www.youtube.com/watch?v=j-hvxCOw9h8




Constatação e lembretes enviados ao Prefeito Marcos Santana de São Cristóvão.

Quem concorda e gosta de São Cristóvão, pode reforçar também..

1 - Estou compartilhando essa postagem em um grupo em que sou administrador aqui no face, com o seguinte comentário: "Uma escola para deixar de ser prisão começa assim, com grades, ao invés de muros, com cor, ao invés do cinza ou do amarelo. E para continuar a libertação, além da climatizacao e outras reformas e melhorias internas, precisa valorizar o verde e uma proposta pedagógica que ajude a libertar as mentes e os corações, com base no pensamento e na prática de grandes pensadores da educação brasileira , como é o caso de Anisio Teixeira, Maria Nildes Mascelani (Sistema de Ensino Vocacional-SP), Darcy Ribeiro, Paulo Freire e etc."


👀 Pense no orgulho de ver essa fachada da EMEF Profª Terezita Paiva Lima! A escola que passou por obra de requalificação e climatização, será entregue nas próximas semanas a comunidade do Povoado Pedreiras.

E não é só isso, viu?! Ela também será a primeira unidade sustentável do município, tendo seu funcionamento a partir da energia solar fotovoltaica.

👧🏾🧒🏽 A criançada vai adorar voltar às aulas nesse lugar lindo!

2 - Parabéns! Prefeito Marcos Santana,esta semana estive conversando com um padre amigo que lhe conheceu em uma palestra na paróquia São Pio X, no Dezoito do Forte, aqui em Aracaju. Ele ficou bastante surpreso e feliz com as obras realizadas nos bairro Rosa Elze, Rosa Maria e arredores...

3 - E não se esqueça das comemorações do centenário do grande líder trabalhista em São Cristóvão, Manoel Ferreira. Quem nos lembrou, por ocasião do centenário de Leonel Brizola, celebrado no último sábado, foi o poeta e historiador Thiago Fragata...

4 - Também não se esqueça dos cinquenta anos do FASC, a ser comemorado este ano....

Zezito de Oliveira

Frei Betto sobre Olavo de Carvalho e mais, do que realmente interessa saber acerca do avanço da extrema direita.

 OLAVO DE CARVALHO E EU

 Frei Betto

         O autodenominado filósofo Olavo de Carvalho, outrora astrólogo de profissão, inclusive com anúncios de consultas em jornais, indicou dois ministros ao governo Bolsonaro: o das Relações Exteriores e o da Educação. 

        Em entrevista a Natália Portinari, de O Globo, Olavo de Carvalho contou que conversou com Bolsonaro “três vezes. Eles (Bolsonaro e filhos) leem as coisas que eu escrevo e levam a sério”, afirmou (não sei se em tom de ironia...). E arrematou ao ouvido da repórter: “Eu sou irresistível. Daqui a pouco você vai estar apaixonada por mim.” Disse ainda a propósito de quem indicou para a pasta da Educação: “Vélez Rodríguez é o (acadêmico) que mais conhece o pensamento brasileiro, no Brasil e no mundo.”

        Bolsonaro chegou a citar Olavo de Carvalho como possível ministro da Educação, mas o “filósofo” morava nos EUA e rejeitou a ideia de se tornar "funcionário público", disse o presidente.    

        Em maio de 2004, Olavo de Carvalho dedicou-me um artigo, publicado em jornal de Pernambuco, intitulado A missa do Anticristo. Nele escreveu: “Conheço um jornalista que há vinte anos não faz senão cortejar militares e, de vez em quando, ainda tem a cara-de-pau de lançar sobre alguém a pecha de `vivandeira de quartel`. 

Quem o ouve, tem a impressão de estar diante de um antimilitarista inflamado, sem notar que ele está apenas fazendo uso da receita leninista para o trato com os inimigos: `Xingue-os do que você é.` Mas ninguém supera nessa prática o tal “Frei Betto” (entre aspas porque é frei como os fazendeiros do Nordeste eram coronéis). 

Nos seus escritos, o tom homilético e o apelo convencional aos bons sentimentos – `fraternidade`, `paz`, `amor` – denotam seu intuito de ser ouvido como autoridade sacerdotal. A encenação é reforçada pelo apelido, que o público iludido toma como emblema de uma condição eclesiástica ao menos informal. Mas o sr. Betto não é sacerdote, não é frade, não é sequer um membro leigo da Igreja. (...) Está, literalmente, fora da Igreja. Continuar a assinar-se “Frei”, depois disso, é sobrepor aos mandamentos de Cristo uma presunção vaidosa (ou publicitária) cuja origem na hubris (sic) demoníaca não poderia ser mais evidente. Leitor e discípulo de Antonio Gramsci, o sujeito levou ao pé da letra a lição do mestre que ensinava a não combater a Igreja Católica, mas verter fora o seu conteúdo espiritual e utilizar-lhe a casca vazia como canal para a propaganda comunista.”

        Frente às diatribes escritas por Olavo de Carvalho que, do alto de sua presunção, quis inclusive me excomungar, quatro advogados da OAB de Pernambuco decidiram processar o articulista em minha defesa e me solicitaram o endereço dele para que a Justiça pudesse citá-lo. Indaguei de um colunista de O Globo se seria possível obter a informação na administração do jornal, e essa minha solicitação chegou aos ouvidos de Olavo de Carvalho. No entanto, não me interessei em levar o processo adiante.

        Em setembro de 2004, o suposto filósofo voltou a disparar sua bateria contra mim, desta vez em O Globo: “Desde que o senhor Frei Betto tentou obter da administração do Globo o meu endereço pessoal, um assistente meu tem recebido misteriosas ligações, com número bloqueado, de alguém que diz ter urgência de me encontrar mas, solicitado a declarar seu nome e a cidade de onde fala, desliga o telefone. 

Não sei se os dois fatos têm alguma ligação entre si. Mas uma coisa é certa: o consultor da Presidência para assuntos celestes e infernais preferiu se fazer de surdo ante a minha oferta de enviar-lhe pessoalmente meu endereço caso o pedisse por e-mail, e essa reação só pode ser interpretada de duas maneiras: ou ele desistiu de obter por via simples o que tentara obter por via complicada, ou prefere colher suas informações sem dar na vista.

 Tudo isso é muito esquisito, sobretudo não só porque continua no ar o site pornográfico com o nome dele, que encontrei na internet, mas ainda apareceram mais dois. São páginas comerciais, pagas, e uma delas anuncia: “All about Frei Betto. See this now.” Que palhaçada é essa? Por que o senhor Frei Betto não manda investigar isso, em vez de ficar sondando, pelas costas, a vida de quem sempre lhe disse a verdade com toda a franqueza?”

        Obcecado pela ideia de que eu o perseguia – e quem sabe tal alucinação tenha sido um dos motivos que o levaram a deixar o Brasil para morar nos EUA – Olavo de Carvalho ainda me mencionou em mais duas crônicas em O Globo.

        Em setembro de 2004, jornalistas de O Globo me sugeriram escrever um artigo em resposta ao direitista fundamentalista. Decidi remeter este e-mail ao jornal, publicado, a 10 de setembro de 2004, na seção Cartas dos Leitores, sob o título Artigos de Olavo: “Convido o jornal a uma reflexão sobre a prática que se tem tornado rotineira nos artigos de Olavo de Carvalho. Fossem apenas as opiniões do sr. Olavo, nenhuma objeção. É legítimo. É direito assegurado pelo jornal com base na Constituição do país. O problema é que, de forma reincidente, ele levanta calúnias contra a minha pessoa e, em estilo literário duvidoso, ventila inverdades. E sobre isso não posso nem quero calar. 

Em seu último artigo (“Quem quer a verdade?”, 4/9), o sr. Olavo levanta suspeitas sobre uma suposta perseguição minha contra ele, e ainda me acusa de ser complacente com sites pornográficos que estariam usando meu nome. Isso já é demais! O sr. Olavo não merece resposta. Mas os leitores, sim. Estes merecem informação e opinião respeitosas e de qualidade. Igualmente sou colaborador deste diário e não me furto de manter uma postura de respeito ao leitor em minhas opiniões, mesmo sabendo que nem todos concordarão comigo.”

        A única vez que cruzei pessoalmente com Olavo de Carvalho foi em setembro do ano passado, em São Paulo, no consultório de nosso urologista (que, aliás, discorda das ideias dele). Não me reconheceu. 

        Negacionista e bolsonarista, se recusava a tomar vacina contra a Covid. A pandemia o levou.

 Frei Betto é escritor, autor de “O diabo na corte – leitura crítica do Brasil atual” (Rocco), entre outros livros. 

Livraria virtual: freibetto.org

Assine e receba todos os artigos do autor: mhgpal@gmail.com

Leia também:

Vídeo em que Pedro Bial elogia Olavo de Carvalho volta a circular: “brilhante pensador”


Gustavo Conde 
Em um mundo civilizado, levemente revestido de cifras democráticas, Olavo de Carvalho seria considerado um palhaço incendiário e nada mais. Um Paulo Francis sem erudição vagabunda, um Pedro Bial sem deslumbramento e cafonice, um Augusto Nunes sem complexo de inferioridade, um Rodrigo Constantino com dois neurônios a mais. 
Seria, a rigor, um iconoclasta divertido, bobo da corte, personagem folclórica, colunista da Folha de S. Paulo ao lado de Antonio Risério. 
A tragédia, no entanto, é que Olavo viveu em um mundo incivilizado, prenhe dos mais odientos pendores golpistas e elitistas. A elite branca vagabunda brasileira, burra, racista e egocêntrica, viu em Olavo de Carvalho a oportunidade de se revestir com uma leve película de sofisticação intelectual. 
O nosso jornalismo de cativeiro contribuiu ferozmente para essa equação trágica (de um idiota convencendo legiões de idiotas), elevando Olavo de Carvalho a "escritor" e "filósofo". 
Nesse contexto, o guru da morte e do ódio se tornou altamente tóxico e serviu como referência sub acadêmica para a mais detestável casta de bandidos que chegou ao poder neste país. 
Sua morte marca o declínio dos imbecis, a diluição da miséria intelectual, o esfarelamento do ódio profissional que ainda habita as chefias de redação dos grandes jornais brasileiros - vide o episódio Antonio Risério. 
Quando Hitler morreu, ninguém chorou. Foi, enfim uma festa - ainda que extremamente dolorosa pelo rastro de destruição e morte. O mesmo vale para esta criatura infeliz que contaminou com o ódio balbuciante todos aqueles que tiveram o azar de lhe roçar o caminho. 
Olavo de Carvalho foi um inimigo do pensamento, da humanidade e da vida. Que sua trágica passagem por este planeta nos sirva, ao menos, de lição - de como não se deve assassinar o intelecto com a iconoclastia vagabunda dos fracassados.

https://www.youtube.com/watch?v=spA727bPJ14


https://www.youtube.com/watch?v=vENrwJ--wW4


https://www.youtube.com/watch?v=B0rtKpIvYYc




Sem Meia Verdade

Uma ajuda pros companheiros cristãos que (ainda) estão constrangidos de entrar na festa. Uma passagem bíblica.

"A cidade inteira comemora o sucesso dos justos; todos gritam de alegria quando morrem os perversos."

Provérbios 11:10

Pode comemorar, galera, tá na Bíblia...



O livro tem um ponto de partida básico: os governos dos Estados Unidos, do Brasil e da Rússia são influenciados por três intelectuais com forte ação nas instituições governamentais: Steve Bannon, Olavo de Carvalho e Aleksandr Dugin. 

Com atuações diferentes, os três contam com discípulos nos quadros do governo e têm em comum uma obscura doutrina intelectual, o Tradicionalismo. 

Seus preceitos fazem críticas à modernidade, que seria responsável pelo declínio da espiritualidade e da influência religiosa nas instituições, tornando necessária uma verdadeira “batalha espiritual” para pôr fim a valores que remontam ao Iluminismo. 

Elaborado a partir de entrevistas, o livro traça um contexto histórico detalhado e aborda aspectos de enorme interesse para o público brasileiro, como a atuação do governo Bolsonaro nas relações internacionais e suas consequências nos laços comerciais do Brasil com importantes parceiros, como a China. 

Uma leitura obrigatória para qualquer pessoa que queira entender a visão da extrema direita e sua atuação no mundo. Li e recomendo... 



NOTA SOBRE O TEXTO-BASE DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE/2022

A tão conhecida Campanha da Fraternidade teve início em 1961, quando três padres que trabalhavam na Cáritas Brasileira, um dos organismos da CNBB, planejaram uma campanha para arrecadar recursos a fim de financiar as atividades assistenciais da instituição. À essa ação, eles batizaram de “Campanha da Fraternidade”. Na Quaresma de 1962 foi realizada pela primeira vez a Campanha da Fraternidade na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte. Devido ao bom êxito da experiência, no ano seguinte 16 dioceses do Nordeste também realizaram a campanha em suas comunidades. Esse projeto foi o embrião para a concepção do projeto da Campanha da Fraternidade que, mais tarde, seria assumida como uma ação da Igreja no Brasil como gesto concreto no período da Quaresma. Observemos um detalhe histórico: a Campanha nasce em sintonia com o “Concílio Vaticano II” – tempo de mudança na Igreja e momento de renovação na prática pastoral de um catolicismo que abrigava ventos modernos.

Entre 1964 a 1970, a Campanha foi aos poucos sendo aprimorada e incorporada à Igreja no Brasil como momento importante de uma consciência social do catolicismo brasileiro. A introdução do “método ver-julgar-agir” foi fundamental para uma melhor compreensão das relações entre Igreja e Sociedade. Nunca é demais lembrar: estávamos numa ditadura desde 1964 e radicalizada enquanto golpe em 1968 com o “AI 5”. Tortura e violação dos direitos humanos básicos passaram a ser a rotina desse Brasil que com “milagre brasileiro” e tudo o mais, passou a ser refém do modelo televiso da rede globo e a ocultar as misérias de um povo cada vez mais empobrecido.

Uma série de temas importantes e impactantes foram destacados nos 70 e 80. Família, moradia, justiça, trabalho, pão, solidariedade, direitos, terra, negros (a inesquecível campanha de 1988)... Numa época de ditadura (sem liberdade de expressão, perseguições, alienação política...), os temas da Campanha da Fraternidade eram agregadores e conscientizadores. Em momentos de inflação, desemprego, desânimo das camadas populares, a Campanha da Fraternidade era uma esperança no ar.

Esse ano de 2022, o tema é o da Educação. “Fala com sabedoria, ensina com amor” (Pr. 31, 26). O texto-base abre com a explicação do tema e em seu objetivo geral e específico, depois e, como sempre, vem com uma análise histórico-conjuntural do tema, passa pelo discernimento evangélico e, por fim, nos coloca diante de algumas pistas de ação diante dos projetos de educação em curso nesse Brasil. O texto vem com uma original reflexão sobre a pandemias de covid 19 (a CNBB faz questão de se colocar na linha da ciência e longe de negacionismos). Em síntese, uma campanha da fraternidade importante e atenta aos sinais dos tempos.

Uma ausência gritante no texto-base: uma reflexão sobre a educação popular. Como visto, o tema da Campanha é “Educação” e a CNBB e a Igreja Católica no Brasil têm uma tradição em educação de camadas populares desde o MEB (Movimento de Educação de Base) nos anos 60. O conceito e a práxis da educação popular dos anos 60 aos 80, na Igreja foi importante. A presença da obra de Paulo Freire (ausente no texto-base. Uma pena!) é um marco em qualquer história ou perspectiva de educação no Brasil. Uma concepção de educação humanizadora e libertadora não poderia jamais deixar de ser horizonte de uma Campanha da Fraternidade que tem como tema a educação no Brasil. Obviamente, nada impede que os católicos ampliem o tema da Campanha e assumam a plenitude da educação para além da formalidade dos muros das escolas.

Romero Venâncio (UFS)

 


Excelente reflexão do Professor Romero Venâncio e que se coaduna com o que penso e com o que já escrevi neste blog.... O convite e a tarefa que precisamos fazer é essa colocada no final da nota acima, a partir do texto da Campanha da Fraternidade de 2022 e descer para águas mais profundas na memória histórica e na práxis da educação popular... Neste sentido, vale a pena também revisitarmos os textos das campanhas das fraternidades anteriores sobre Educação.

 Evangelho – Lc 5,1-6
Naquele tempo:
1 Jesus estava na margem do lago de Genesaré,
e a multidão apertava-se ao seu redor
para ouvir a palavra de Deus.
2 Jesus viu duas barcas paradas na margem do lago.
Os pescadores haviam desembarcado e lavavam as redes.
3 Subindo numa das barcas, que era de Simão,
pediu que se afastasse um pouco da margem.
Depois sentou-se e, da barca, ensinava as multidões.
4 Quando acabou de falar, disse a Simão:
‘Avança para águas mais profundas,
e lançai vossas redes para a pesca’.
5 Simão respondeu:
‘Mestre, nós trabalhamos a noite inteira
e nada pescamos.
Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes’.
6 Assim fizeram,
e apanharam tamanha quantidade de peixes
que as redes se rompiam.

 Zezito de Oliveira


E, para quem mora em Sergipe....




terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Opinião - Cultura em Sergipe, desafios e possibilidades

 24 de Jan de 2022, 21h32

[*] Nino Karvan

Durante toda a sua existência o Estado de Sergipe nunca teve uma política pública de desenvolvimento que vislumbrasse estrategicamente o desenvolvimento social e econômico, tendo a Cultura como um elemento fundamental.

Mesmo quando chegou ao poder a geração liderada pelo saudoso ex-governador Marcelo Déda, essa compreensão esteve muito aquém do que poderia ter sido. No entanto, ainda assim, algumas coisas boas, à exemplo da criação do Museu da Gente Sergipana e da revolucionária gestão de Indira Amaral na Fundação Aperipê, não podem ser esquecidas.

A desastrosa gestão do atual prefeito da capital, em relação à pasta da Cultura e o grande equívoco do governador em dar fim à Secretaria de Estado da Cultura, sob o silêncio ensurdecedor e cúmplice de setores progressistas, são prova cabal do descaso histórico com essa atividade.

Segue-se o pensamento engessado de secretários de Finanças que, de forma totalmente anacrônica, enxergam o que seriam investimentos como meros gastos. Quando o assunto é patrimônio material e imaterial, a lacuna é imensa e carece de um texto específico.

A nossa arquitetura histórica tomba há anos para servir de estacionamento. Nesse quesito há que se fazer justiça ao Governo do Estado e seu belo projeto de um Centro Cultural em Simão Dias, com a reforma de um prédio histórico crucial para a memória daquele município.

No Ceará, desde a primeira gestão de Tasso Jereissati e depois a de Ciro Gomes, atentou-se para isso. O atual governador Camilo Santana mantém a política e anunciou em evento realizado em novembro passado o investimento de R$ 180 milhões de recursos próprios na área da cultura até o final de 2022, onde o Centro Dragão do Mar é só a ponta do iceberg.

Os desafios para o desenvolvimento das sociedades periféricas, na estrutura global do sistema capitalista, passam, sem sombra de dúvidas, pelo investimento público estratégico na formação e capacitação técnica que prepare mão de obra qualificada para os desafios da sociedade da informação.

Valorizar as produções simbólicas, levando-se em consideração as especificidades territoriais e regionais e pensando de que forma isso pode se inserir na seara global é de fundamental importância. As artes e as diversas manifestações culturais são  grandes vetores para essa construção e trazem em si o potencial para a produção de bens, produtos e serviços de valor simbólico que agregam valor econômico.

Uma política pública de desenvolvimento que possa vir a ser alavancada pelo aspecto cultural precisa passar necessariamente por alguns pontos. No que tange ao empreendedorismo, é preciso compreender que a indústria do lazer, do entretenimento e do mercado de bens simbólicos, cada vez mais movimenta recursos de uma significativa monta, gerando emprego e renda através de uma vasta cadeia produtiva que envolve um número sem fim de profissionais, na chamada economia da cultura.

Com a pandemia, muitos desses elos foram quebrados, daí a importância do planejamento e do investimento público. Há dois anos, por exemplo, Aracaju não investe um centavo de recursos próprios em cultura. Apenas administra os recursos públicos da Lei Aldir Blanc. Dói saber que se gasta mais no recapeamento asfáltico de uma rua do que a Funcaju dispõe por ano para investimento em toda capital. O Estado, ao menos, acena com alguns pequenos editais com recursos próprios.

Levando-se em consideração o aspecto da qualidade de vida, uma política pública de Estado não pode, jamais, prescindir do aspecto cultural. Diversas experiências mundo afora demonstram a força da cultura como elemento fundamental no enfrentamento do esgarçamento do tecido social, ajudando a combater a violência urbana, o tráfico de drogas e todas as mazelas desses nossos tempos. A integração com a segurança pública, o turismo, saúde, juventude, esporte é um ponto chave.

A cultura pode ser também um poderoso elemento integrador das diversas regiões e territórios do Estado de Sergipe, facilitando a geração de novos negócios, a interação da produção de bens simbólicos, a troca de experiências educativas, a criação de projetos e eventos que possibilitem o escoamento das produções, atraindo divisas e dinamizando o turismo nos municípios.

Os saberes e fazeres populares, as artesanias, as artes dramáticas, a literatura, as artes visuais, a música, a publicidade, o design são exemplos de setores que produzem bens e serviços para as indústrias criativas.

Em um mundo globalizado, com uma competição cada vez maior, urge o planejamento e o investimento na profissionalização, através da informação e da capacitação. Sendo propositalmente repetitivo, não há como pensar em desenvolvimento sem abraçar a cultura como elo de suma importância, sob pena de mais uma vez abortarmos o futuro da nossa gente.

Esse ano teremos eleições. Ampliemos esse debate e cobremos dos postulantes um posicionamento sobre isso. Eu, de minha parte, não darei meu voto em quem aponta para o passado sem vislumbrar a grandeza e a importância da cultura. Sejamos mais exigentes, sergipanos.

[*] É artista e comunicador.  

Fonte: https://jlpolitica.com.br/colunas/aparte/posts/presidentes-da-alese-e-da-camara-de-aracaju-vivem-expectativa-pra-ano-legislativo-de-2022/notas/opiniao-cultura-em-sergipe-desafios-e-possibilidades


Levado pela polícia aos 14, aprovado na OAB aos 23: 'Graças ao teatro mudei minha vida' “

  A imaginação no poder.... Do micro ao macro e vice e versa..

“Aos 13, Alex de Jesus saiu algemado da escola por ter levado um revolver na mochila.

Depois de passar pela Fundação Casa, se envolveu com o teatro, que o ajudou a mudar sua cabeça, fazer faculdade e conseguir um emprego.

Levado pela polícia aos 14, aprovado na OAB aos 23: 'Graças ao teatro mudei minha vida' “

Imagina se a partir da publicação constante de matérias como essa abaixo, um setor considerável da sociedade brasileira, começa a defender a necessidade de mais investimento em atividades artístico-culturais nas escolas públicas e nas comunidades...

Imagina se forem realizados mais pesquisas e estudos acadêmicos sobre como atividade artisiticos-culturais, podem impactar positivamente na educação, na saúde, na economia, na segurança pública, no meio ambiente e etc....

Imagina se aumentasse a quantidade de agentes/produtores/gestores de iniciativas culturais comunitárias,  que destinasse  recursos financeiros e humanos para realizar estudos internos sobre os impactos positivos das atividades artísticos-culturais na vida das pessoas envolvidas nestas atividades. Estudos que precisam ser publicizados, o que faremos dentro de algum tempo, com um  que realizamos na Ação Cultural/Ponto de Cultura Juventude e Cidadania..

Imagina,  imagina.....

https://www.youtube.com/watch?v=w4PGCtusDr8



https://www.bbc.com/portuguese/brasil-60091988

Levado pela polícia aos 14, aprovado na OAB aos 23: 'Graças ao teatro mudei minha vida'

Letícia Mori

Da BBC News Brasil em São Paulo

24 janeiro 2022

Um jovem sorridente de terno e óculos em frente à diversas casas de comunidade

Alex mora até hoje na comunidade onde cresceu, na zona norte de São Paulo

Janeiro é um dos meses em que milhares de formados em direito que passaram na prova da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) comemoram a aprovação, exigência para exercer a profissão de advogado e conhecida pela dificuldade.

Descobrir o resultado foi um dos momentos mais felizes da vida do jovem Alex de Jesus, 23, que comemorou sua aprovação na OAB na laje de casa, com vista para a comunidade Filhos da Terra, na zona norte de São Paulo, onde mora desde que nasceu.

Alex pulou e chorou de alegria ao lado do irmão e da mãe, que é empregada doméstica. Seu pai, que é pedreiro, também se emocionou com a notícia.

O sucesso teve um sabor especial para o jovem não apenas por ser morador da comunidade ou por seus pais não terem educação formal - sua mãe, que aprendeu a ler depois de adulta, sempre disse que teria um filho que seria "doutor" - mas também porque Alex teve uma passagem da Fundação Casa, quando tinha 13 anos, por porte de arma de fogo.

"Passar na OAB significa muito para mim não só porque foi um grande orgulho para a família, mas pensando nesse passado, nos envolvimentos errados, em como eu poderia ter acabado indo por um outro caminho. Mostra que é possível a gente voltar pro caminho certo na vida", diz ele à BBC News Brasil, antes de mostra uma reportagem de 2013:

Não há estatísticas oficiais sobre qual porcentagem de jovens com passagem pela Fundação Casa, cujo objetivo é ressocializar menores infratores, fizeram faculdade ou conseguiram se colocar com sucesso no mercado de trabalho. Mas a entidade está criando um programa para fazer esse acompanhamento. "Às vezes o jovem só precisa de uma oportunidade, de uma chance, de um exemplo", diz Alex.


Em 2020, 56 jovens que ainda estavam na Fundação tiveram nota suficiente no Enem para disputar vagas em instituições de ensino. Já o índice de reincidência em infrações foi de 26% em 2021.

Quando era criança, Alex e seu irmão aprenderam a se virar sozinhos desde muito novos. "Assim que crescemos um pouquinho a gente já ficava sozinho em casa, porque meus pais tinham que trabalhar, a escola não era integral, eles não tinham ficar com a gente ou como pagar alguém para olhar a gente", diz Alex.

Sem supervisão durante a tarde, Alex e o irmão passavam muito tempo na rua, onde, diz Alex, acabaram tendo maus exemplos e má influência. "A gente ficava na rua, e crescendo na comunidade você convive com tudo, desde os velhinhos simpáticos até com o maior bandido que tem ali."

Quando era adolescente, conta Alex, a falta de dinheiro da família começou a gerar ainda mais angústias. "A gente via meus pais trabalhando pra danar, mas o dinheiro nunca dava. Quando eu era novo perdemos quase tudo porque a casa, que era abaixo do nível da rua, inundou durante uma chuva", conta.

"Às vezes eu me pegava chorando e comecei a pensar que precisava fazer alguma coisa. Consegui meu primeiro emprego de cobrador de lotação aos 13 anos."

"Mas eu ganhava muito pouco. Aí infelizmente veio uma ideia errada... dá para seguir outro caminho, mas eu entrei numa esteira que levava pro caminho errado. A gente via os caras vendendo droga e ganhando em um dia o que minha mãe ganhava no mês", diz ele, que começou a vender também maconha e cocaína.

"O problema é que a gente começou a usar também, fumar maconha e, mais tarde, a cheirar", conta Alex, hoje ciente dos danos de saúde física e mental resultantes do uso de drogas na adolescência.

Os adolescentes também começaram a temer pela própria segurança, diz ele e, acabaram furtando um revólver - que nunca chegaram a usar, mas carregavam sempre na mochila. "A violência era muito ruim na época, estava uma bagunça. Aí pegamos o revolver para proteção pessoal."

"Não era para roubar, eu não tinha coragem de fazer isso, eu sempre falava para o meu irmão: droga a gente não tá tirando de ninguém, a gente só vende para quem quer comprar. Mas roubar não, vou tirar de outra pessoa que também trabalha, que também tá lutando pra viver", diz ele.

"Mesmo assim era um pensamento errado de querer vender droga, hoje eu sei. Mas infelizmente a gente acabou se envolvendo com essas coisas, acabou tendo essas ideias, éramos jovens, com a cabeça fraca."

Os irmãos revezavam o porte da arma, cada hora na mochila de um, mesmo quando iam para escola.

"Foi muito pouco tempo depois, uma menina da escola viu o revólver e denunciou para a escola, que chamou a polícia", conta Alex, que foi levado para um DP e depois para a Fundação Casa ao lado do irmão.

"Encheu de polícia na escola, eles me colocaram em algemas, eu saí da escola algemado, com todo mundo olhando. Fiquei morrendo de vergonha, fiquei mal pela minha mãe, que falava não sabia o que tinha feito de errado pra gente fazer isso, porque não foi assim que ela educou", conta Alex.

"No DP a gente conheceu um menino que era filho de um irmão (membro do PCC) e já tinha passado por várias unidades. A gente não sabia de nada sobre ser internado, né, ele explicou. Ele falou que algumas são comandadas pela facção, outras não. Explicou que tem algumas melhores, outras que são bem ruins", conta Alex.

Sua passagem pela Fundação Casa foi breve, mas o marcou profundamente. Como os dois eram primários, frequentavam a escola, tinham responsáveis, e porte de arma é um ato infracional não violento, o juiz aplicou como medida socioeducativa prestação de serviços à comunidade (PSC) em vez de internação.

"Me marcou muito porque tem um estigma. A PSC era fazer faxina em um lugar que era em frente à escola onde tudo aconteceu - da qual eu fui expulso. Imagina todo mundo olhando para mim, me vendo ali? Eu estava morrendo de vergonha, arrependido, e aí o juiz me enviou para outro lugar", diz ele.

O poder da arte

Foi essa pequena mudança autorizada pelo juiz que acabou mudando a vida de Alex para melhor.

O novo local para o qual ele foi designado para fazer limpeza e outros serviços era uma Fábrica de Cultura, um equipamento do governo do Estado que oferece cursos e atividades culturais.

"Ali era demais, tinha um monte de cursos, várias atividades que eu podia fazer. E antes eu nem conhecia. Então eu fazia o serviço e depois de terminar continuava por lá o dia inteiro", diz o jovem.

Uma das oficinas das quais participou era a atuação em uma peça - que Alex amou. A oficina era oferecida pelos Satyros, grupo de teatro que atua há mais de 30 anos em São Paulo. Foi lá que Alex ficou sabendo do programa Satyros Teen - um curso com a companhia de teatro que oferecia uma bolsa auxílio de 600 reais.


"No princípio eu estava na dúvida de me inscrever, porque era no centro, muito longe da minha casa, 4 horas para ir e para voltar. Mas quando soube da bolsa, eu fui. 600 reais era muito dinheiro, ia fazer muita diferença na minha casa, ajudar meus pais a pagar o aluguel. E eu ia poder ajudar sem fazer algo errado, fazendo inclusive uma coisa que eu tinha adorado".

Alex conta que a oportunidade virou um ciclo virtuoso em sua vida.

Na cia. de teatro, o jovem conheceu e fez amizade com os fundadores, Ivam Cabral e Rodolfo Garcia Vazquez. "Eles me ensinaram muita coisa, me ajudaram a lidar com os sentimentos. Eu tinha muita raiva dentro de mim, das injustiças, das dificuldades que meus pais passavam, tinha ressentimento que as pessoas tinham dinheiro e minha família não, apesar do quanto meus pais trabalhavam", conta.

"Até que Luiza, que eu chamo de minha madrinha, me perguntou: porque você não usa isso para a arte?", conta Alex. "Então eu criei um personagem para uma peça, e aprendi a canalizar todos aqueles sentimentos para uma coisa boa."

No programa de ensino de teatro para adolescentes da companhia., uma das atividades era apresentar a peça - criada com as histórias dos jovens - em escolas e outras instituições. No final, havia uma conversa onde os jovens conversavam com a plateia.

"Sempre perguntavam se eu queria seguir carreira no teatro, mas no Brasil viver da arte é muito difícil, né? Então eu sempre comentava isso e dizia que agora meu plano era fazer uma faculdade, conseguir um emprego", conta.

Alex então prestou direito no Enem. "Eu pensei, vou me formar e realizar o sonho da minha mãe, que sempre dizia que queria que seu filho fosse doutor."

Mas o jovem não passou em nenhuma universidade pública. "Depois de ser expulso da escola, que já não era muito boa, eu fui para uma escola pior ainda, único lugar onde consegui vaga, que era uma escola para quem tinha repetido, sido expulso. Os professores nem ficavam na sala", conta Alex.

O jovem não desistiu e começou a fazer direito na Unip, cuja mensalidade custava toda sua bolsa. Ele continuou trabalhando com a cia. de teatro, e, nas conversas com a plateia, começou a falar das dificuldades que sofria para conseguir estágio.

Ao final de uma dessas conversas, um homem deixou um cartão com Alex.

"Ele estava muito bem vestido, estava de roupa social, e me perguntou: 'você está falando sério que quer um estágio? Se estiver falando sério me liga amanhã nesse número'", conta o jovem.

"Eu nem sabia o que falar na ligação, mas liguei. E ele me conseguiu uma entrevista em um escritório de advocacia", conta.

Alex foi sincero - não falava inglês, não sabia mexer no computador direito porque nunca tinha tido um, não sabia usar e-mail, Word ou Excel. Mas contou sua história, suas dificuldades, sua passagem pela Fundação Casa.

Contou como se esforçava na faculdade, que parecia ser muito mais difícil para ele do que para os outros por causa do seu ensino médio fraco. E conseguiu a vaga.

"Eu era o único estagiário que não era da USP, do Mackenzie, da PUC. Lá eles me ensinaram tudo, tudo. De mexer no computador à prática do direito. Sou grato demais pela oportunidade que me deram", conta.

"Eu tive que correr atrás de muita coisa, porque, por mais que eu estudasse, todo mundo tinha muita bagagem que eu não tinha, sabe? De cultura mesmo, de viajar, de conhecer as pessoas, falar várias línguas. Coisas muito básicas eram diferentes - como o almoço. Eu tentava ir almoçar com o pessoal, mas não dava para ir sempre. Os outros estagiários, que não ajudavam a família, que já tinham dinheiro, iam almoçar nos restaurantes da Vila Olímpia. Eu levava marmita", conta.

"No começo eu me sentia um peixe fora d'água mesmo, mas todo mundo me recebeu muito bem, meu chefe fazia questão de me incluir"

Quando se formou, Alex não passou direto na prova da OAB. "Não passei na primeira fase, que exigia conhecimento em todas as áreas. Fiquei arrasado, muito mal, e não podia pagar cursinho", conta. "Achei que todas minhas esperanças iam morrer."

Foi então que os sócios do escritório deram um presente - R$ 800 para Alex pagar o cursinho para prestar OAB de novo. E dessa vez ele passou - e agora é oficialmente advogado.

"Não tenho nem como colocar em palavras a importância que o teatro tem na minha vida, e a importância da chance que me deram no escritório", conta Alex, que apesar de todo o esforço que fez para mudar o rumo da sua vida, diz que não gosta quando atribuem seu sucesso à "meritocracia".


"Eu me esforço muito mesmo, mas eu consegui porque tive uma oportunidade, me deram uma chance! Não existe meritocracia quando não existem oportunidades iguais, quando tantos jovens não têm oportunidade nenhuma", diz ele.

Alex ainda mora na mesma comunidade onde cresceu e ainda demora quase duas horas para voltar para casa, na zona norte, do trabalho, na av. Brigadeiro Faria Lima.

Às vezes, depois de descer do ônibus e começar a subir o morro em direção à sua casa - ainda vestido com as roupas sociais que usa no trabalho - ele reencontra no caminho antigos colegas "do corre", como diz, seus amigos da infância e da adolescência, alguns dos quais também chegaram a cometer atos infracionais.

"Olha lá o doutor!", "Tá chique, hein?" eles cumprimentam.

"Outro dia um dos caras me parou e perguntou 'como que é esse negócio aí de fazer faculdade' e contei que é muito da hora, que minha vida mudou, que também dá para ele fazer e tal", diz Alex, com clara alegria na voz.

"Fiquei muito feliz. Às vezes as pessoas nem acham que têm essa possibilidade na vida, sabe? Falta oportunidade, informação, exemplos. E é muito bom sentir que eu estou sendo um exemplo positivo."