quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Alegria e Carnaval na atualidade de Dom Hélder com o Papa Francisco e com o Padre Júlio Lancellotti e Play list do carnaval com o Dom.

 


Dom Hélder Câmara amava o querido e saudoso “Bloco da Saudade”. Sempre na quinta feira da semana pré-carnavalesca, os foliões iam receber as bênçãos e homenagear o Dom da Paz. Era um fraternal encontro na rua das Fronteiras. Vejam que coisa linda ele no meio do bloco, emocionado quando se cantou o “Bom Sebastião”, frevo de bloco que tem uma letra belíssima e tocante. É quando ele olha para o céu e chora. Um momento sublime.

Assista AQUI

O Bom Sebastião - Bloco da Saudade





terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

É possível um carnaval como o que era realizado no tempo de Dom Hélder?


Dom Hélder e o carnaval aqui no blog em postagens de outros anos.. 

dissertação sobre o Bloco da Saudade e assemelhados

A partir da década de 70 do século XX, o Carnaval de Pernambuco passou a registrar o surgimento de novos blocos mistos, que tinham como objetivo resgatar os folguedos carnavalescos que animaram a classe média do Recife durante a primeira metade do século passado, antes de caírem no ostracismo, na década de 50. O objetivo do presente trabalho é discutir de que forma as noções de tradição e nostalgia são utilizadas por esses blocos para legitimar sua existência no presente. Para isso, tomamos como referência o Bloco da Saudade. Criado em 1973 e sediado na capital pernambucana, ele foi o primeiro a propor o resgate do modelo utilizado pelos blocos carnavalescos mistos. Sua atuação inspirou, em maior ou menor grau, o surgimento de dezenas de agremiações nos mesmos moldes ao longo dos anos 80, 90 e 2000. Para atingirmos essa meta, dividimos a dissertação em três capítulos. O primeiro contém uma contextualização histórica do Carnaval pernambucano e do contexto que permitiu o surgimento do Bloco da Saudade. O segundo capítulo engloba a análise textual e sonora das canções que embalam a agremiação. Na terceira parte, por fim, são detalhadas as estratégias do Bloco da Saudade para granjear valor simbólico no presente, focando principalmente seus mecanismos de validação social a partir das relações de classe e poder entre a agremiação e a sociedade local.

https://bdtd.ibict.br/vufind/Record/UFPE_3ac78c8903e4fb5709f3c2090fefee60

Carnaval 2018

Bloco da Saudade comemora 45 anos com festa neste domingo

Admirado por foliões de todas as idades, Bloco da Saudade homenageia o carnaval de Olinda em 2018

O Bloco da Saudade chega ao 45º carnaval com o espírito jovem. A agremiação, que nasceu para relembrar as antigas festas de Momo, já se tornou uma das principais tradições da folia pernambucana. Atraindo gente de todas as idades, o bloco se renova e mantém o pique para encarar a maratona das prévias e dos dias de folia.

Com 150 integrantes, sendo 120 fantasiados e 30 músicos, a agremiação mais saudosista do carnaval recifense vai homenagear Olinda na folia de 2018. As fantasias serão inspiradas nas paisagens históricas. Igrejas, coqueiros e as bicas da Cidade Alta vão colorir os vestidos das integrantes. Os homens se fantasiarão de acendedores de lampião. Figuras como Duarte Coelho, fundador da cidade patrimônio, e sua esposa Brites de Albuquerque, também serão homenageados.

A Marim dos Caetés será celebrada ainda nos adereços e no flabelo de cores azul, branco e encarnado. O farol, cartão-postal da cidade, também foi transformado em fantasia pelo carnavalesco Carlos Ivan de Melo. No domingo momesco, às 16h, o bloco vai desfilar pelas ruas de Olinda, com saída do Alto da Sé. O Largo do Guadalupe foi escolhido como ponto final, onde haverá um baile. “Nos anos 1970, 1980, também saíamos de lá. É uma alegria poder voltar a fazer esse desfile. As pessoas estão animadas e estamos com boas expectativas”, ressalta a presidente do bloco, Izabel Bezerra.

Integrante mais novo a desfilar em 2017, o estudante Rafael Pessoa, oito anos, representa a renovação do grupo. É fã do Bloco da Saudade desde os quatro anos. “Minha avó estava ouvindo Último regresso, de Getulio Cavalcanti, e perguntei a ela onde aprendeu a música. Ela disse que foi no Bloco da Saudade. Pesquisei na internet e quis fazer parte”, conta Rafael. O menino é tão apaixonado pelo “encarnado, branco e azul” que ganhou uma festa de aniversário cujo tema era Bloco da Saudade.

O carnaval dos “tempos ideais”, como previa o compositor Edgard Moraes, cujo frevo Valores do passado inspirou a criação do bloco, continua vivo. “Eu amo desfilar pelo Bloco da Saudade. Agora já tem duas crianças mais novas que eu para o carnaval deste ano”, diz Rafael, chamado de Rafa pelos integrantes da agremiação. Idealizado em 1962 por Edgard Moraes, o bloco chegou às ruas do Cordeiro, Zona Oeste do Recife, em 1974. O maestro Antônio José Madureira, o “Zoca”, e o jornalista Marcelo Varella deram vida ao sonho de Moraes ao trazer de volta o lirismo dos blocos de pau e corda.

O bloco promove cinco desfiles de rua por ano, nos carnavais de Olinda e Recife, sendo dois na semana pré-carnavalesca e três nos dias de folia. As saídas na quarta-feira prévia e na segunda de carnaval, da Praça Maciel Pinheiro, na capital, são as mais concorridas.

História

1974  O Bloco da Saudade sai pela primeira vez, em 24 de fevereiro (domingo) com objetivo de resgatar o carnaval de rua.

1995  Lançamento do primeiro CD da agremiação, com o registro de sua marcha.

1997  Recebe o título de Memória Viva do Recife, concedido pelo Museu da Cidade.

2003  Para comemorar 30 anos de existência, o bloco lança um CD especial, com direção musical do maestro Bozó.

2008  O bloco recebe a medalha Aloísio Magalhães, maior comenda de Olinda, outorgada pela Câmara de Vereadores da cidade.

2009  É considerado Patrimônio Imaterial de Pernambuco por meio da Lei Estadual 13.757, de 29 de abril.

2014  A agremiação recebe, ao completar 40 anos, a medalha Conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira pelo Tribunal Regional do Trabalho 6ª Região.

2018  Em seu 45º carnaval, o bloco presta homenagem a Olinda. Pela primeira vez o bloco tem um cidade como tema. 

https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/vidaurbana/2018/01/bloco-da-saudade-comemora-45-anos-com-festa-neste-domingo.html


Bloco da Saudade - 35 Anos


Frevos de Bloco - O Grande Encontro com: Coral Edgard Moraes, Getúlio Cavalcanti, Alessandra e Bia Cavalcanti, O Bonde Bloco Carnavalesco Lírico, Maestro Marco César e sua orquestra.










álbum Alceu Valença "Bicho Maluco Beleza - É Carnaval" Ouça o álbum nas plataformas:


Alceu Valença atinge ponto de fervura ao reciclar frevos, cirandas e maracatu em vibrante álbum carnavalesco

Com som quente, o disco ‘Bicho maluco beleza – É Carnaval’ reapresenta o repertório folião do artista em gravações inéditas feitas com Almério, Geraldo Azevedo, Ivete Sangalo, Lenine e Maria Bethânia.







E a "tradicional" familia brasileira representado por Bolsonaro e Michele. O que tem de semelhante com as peças e crônicas de Nelson Rodrigues?

 “Atrás de todo paladino da moral, vive um canalha!”... -Nelson Rodrigues. 




O anjo pornográfico – A vida de Nelson Rodrigues
Por Eduardo Bomfim -
02/04/2020

O anjo pornográfico
A primorosa biografia do jornalista Ruy Castro sobre Nelson Rodrigues é um livro que retrata fielmente a vida e a produção literária de um grande cronista, dramaturgo, ensaísta e pensador brasileiro.



Segundo Ruy Castro, a vida de Nelson Rodrigues e da sua trágica família permitiu ao escritor extrair valiosos ensinamentos que ele passou às suas peças de teatro, livros e crônicas.

Nelson também foi um exímio observador da realidade cotidiana, de onde extraiu imenso e rico material humano para denunciar a hipocrisia e o falso moralismo, especialmente da “pequena burguesia” urbana e carioca.

Nascido em Pernambuco em 1912, mudou-se com seus pais para o Rio de Janeiro ainda muito pequeno, onde aprendeu o ofício do jornalismo, no começo como ajudante de redação, depois como profissional da imprensa. Daí em diante jamais deixou de trabalhar nas redações até a sua morte em 1980.

Politicamente conservador, Nelson Rodrigues era, mesmo assim, um revolucionário em suas obras. Tanto é que nenhum teatrólogo nacional teve suas peças tão censuradas pelo regime civil-militar como ele.

Crítico cirúrgico dos costumes e das falsidades do conservadorismo de boa parte da elite e da classe média, foi considerado por muitos escritores como o “Balzac brasileiro”. Outros chegaram a considerá-lo gênio.

Nelson Rodrigues escrevia em média até três, ou mais, crônicas diárias. Apaixonado pelo futebol, era torcedor do Fluminense, escreveu as célebres crônicas “À sombra das chuteiras imortais”, livro no qual descreveu os jogos, misturando realidade com ficção das mais saborosas. Inventou por exemplo personagens como o sobrenatural do Almeida, um jogador do Fluminense injustiçado pela direção do clube, depois morto pela tuberculose. Quando o tricolor carioca entrava em campo, o fantasma do Almeida lá estava para atrapalhar e sabotar os jogadores das Laranjeiras.

Foi o criador de inúmeros apelidos que ficaram para a posteridade, como o rei Pelé, Garrincha o anjo das pernas tortas, Didi o príncipe etíope, Amarildo o possesso, Zagalo o formiguinha de ouro, Leônidas o diamante negro, entre outros.

Considerava o futebol brasileiro um símbolo da identidade e união nacional e criticava com audácia os seus colegas de esporte nas redações dos jornais. Afirmava que eram os responsáveis pelo que ele chamava de complexo de vira lata dos brasileiros, chamando os seus pares de redação nos esportes de pessoas com “mentalidade de colonizados”.

Nelson Rodrigues era um patriota até a medula. Certa feita, o jornalista e cronista, seu amigo, Otto Lara Resende chegou de Portugal, onde passara dois anos. Em uma das suas crônicas diárias Nelson, observando o ar de cosmopolita superioridade de Otto Lara, não o perdoou: “chegou ontem de Portugal Otto Lara, com um sotaque lisboeta de dar inveja a qualquer cidadão nascido em Lisboa”.

Muitas de suas peças de teatro eram interrompidas por vaias e gritos moralistas indignados já na estreia, chamando-o de tarado. Ao que ele respondia, ao final da exibição, com virulento bate-boca, lá do palco.

Sua criação artística narrava o que ele via e recolhia entre as quatro paredes dos apartamentos da classe média: incestos, adultérios, casamentos por exclusivos interesses financeiros, etc.

Daí as suas peças famosas: em Os sete gatinhos mostra um sujeito que transformou a própria casa num bordel, cujas prostitutas eram as suas sete filhas. Em Bonitinha mas ordinária revelou uma jovem implacavelmente interesseira, que a todos manipulava com sexo por dinheiro.

Beijo no asfalto narra a história de um cidadão suburbano, que diante de um moribundo atropelado atendeu ao seu último desejo: um beijo. Um jornalista de um diário sensacionalista publicou a foto da cena em primeira página e daí ocorre uma sucessão de tragédias familiares e profissionais.

Em Os cafajestes descreveu a trajetória de um bando mau-caráter, que vivia total e cotidianamente do assédio sexual às mulheres. Boca de ouro conta a história de um marginal bem-sucedido na vida, e vale destacar ainda Toda nudez será castigada e Vestido de noiva.

Sua obra, composta por crônicas e peças de teatro, é reconhecida até hoje como clássica e de grande atualidade.

Criou em seus artigos cotidianos, para vários jornais, personagens famosos e reais, apesar de ficcionais, como Palhares, o crápula, a estagiária de jornalismo da PUC, estilo existencialista, de pés descalços, cabelos imensos e sem lavar, tipo hippie, que andava nas redações dos jornais como se estivesse “levitando”, e que certa feita, ao entrevistá-lo, perguntou: o que você acha do nada absoluto?

Nos anos sessenta era moda a apologia ao Poder Jovem. Nelson Rodrigues, perguntado em entrevista sobre o que ele achava do Jovem, respondeu: meu conselho é que envelheçam, envelheçam!

Sobre o famoso Maio de 1968 em Paris, que encantou a muitos da geração, dizia: não sabem para onde vão, nem o que querem. Só fazem arrancar paralelepípedos das calçadas e queimar carros nas ruas, não há projetos, reinvindicações, nada, não conseguem nem organizar a pauta de um congresso deles. Ele, nesse caso, referia-se ao congresso dos anarquistas, na época, realizado em um teatro em Paris, que não terminou porque não começou, pela simples razão de que não houve consenso sobre a pauta inicial do encontro.

Na verdade, o mundo vivia a plena efervescência da Guerra Fria entre a URSS e os Estados Unidos. Uma polarização geopolítica que dificultou a compreensão e construção de estratégias de desenvolvimento e a busca de rumos condizentes com as especificidades de cada povo e de cada país.

Sobre isso, Charles de Gaulle, então presidente da França, afirmou certa vez:  quem deseja saber mesmo o que é a Guerra Fria procure observar e estudar quais são os interesses estratégicos do Estados Unidos e da União Soviética.  Mas Nelson, mesmo conservador, transitava por essa época com suas próprias opiniões, certas ou erradas.

Nelson Rodrigues criticava também a grã-finagem da sociedade carioca, de quem dizia não ter dinheiro algum, todos falidos, sem pagar a conta dos restaurantes. Afirmava que viviam do prestígio social e da venda de quadros valiosos recebidos de herança, enquanto em suas mansões havia festas e chafarizes jorrando cascatas de champanhe francesa, da legítima.

Percebeu igualmente certas artificialidades na esquerda carioca, a qual dividia em duas: a que fazia a revolução nos bares da Zona Sul e quando acabava o dinheiro voltava para casa. Chamava-a de “a esquerda festiva”. A outra parte da esquerda que criticava era a que se guiava unicamente pelos slogans de orientação exclusivamente internacional e muito pouco ou quase nada por uma visão nacional.

Olhando em retrospectiva, antes das autocríticas de parcela das esquerdas nacionais, Nelson Rodrigues já tinha, ao seu modo e visão conservadora, detectado as profundas insuficiências sobre o conhecimento da realidade brasileira por parte de muitos setores da esquerda nativa.

Nelson Rodrigues também foi crítico dos modismos intelectuais que impõem às pessoas posturas, vocabulários e certos autores ou cineastas estrangeiros. Muitos ficavam intimidados se não entendiam ou não gostavam do que esses diretores ou celebridades diziam ou faziam.

Em uma de suas seleções de crônicas, A cabra vadia, ele escolheu o seu amigo pessoal Otto Lara Resende, sempre vítima, talvez por isso mesmo, para narrar uma história por ele mesmo inventada, mas que poderia ser muito real.

No episódio, Otto Lara o chamou até um terreno baldio da cidade para lhe confessar, quase sussurrando: Nelson, não posso mais aguentar, tenho que confessar a alguém, eu não tolero Jean Luc Godard.

Jean Luc Godard, que está vivo e atuante, foi um dos mais festejados cineastas da intelectualidade de esquerda nos anos sessenta. E não pegava nada bem, nas esquerdas, não admirar os filmes do ilustre cineasta francês.

As crônicas de Nelson Rodrigues foram selecionadas por temas e há vários livros à disposição editados pela Companhia das Letras, assim como a sua biografia.

O título da biografia de Ruy Castro, O Anjo Pornográfico, deve-se ao fato de que quando invariavelmente era chamado de pornográfico e tarado pelo enredo das suas peças, por setores moralistas da elite que frequentava os teatros no Rio, ele refutava sempre com ferocidade: eu pornográfico? Diante de vocês eu sou um anjo!

Atacado por segmentos das esquerdas e dos conservadores da época, Nelson Rodrigues não deixava por menos e construiu uma frase que ficou célebre, posteriormente, usada por muitos: toda unanimidade é burra.

O dramaturgo e cronista Nelson Rodrigues, além de patriota e culto, também estudava os fundamentos relativos às questões nacionais. Era um dos grandes admiradores e entusiasta da produção antropológica de Gilberto Freyre, a quem chamava, em seus artigos, de “gênio”. Era pródigo em elogios a Casa Grande e Senzala.

Nelson era um defensor entusiasmado da mestiçagem do povo brasileiro, citando-a muitas vezes, especialmente, em suas crônicas sobre o futebol nacional, além de outros ensaios.

Outra marca de Nelson Rodrigues é que apesar de jornalista tinha horror ao objetivismo puramente racionalista, quando se abstrai a intuição e a imaginação criadora, que como sabemos são elementos indissociáveis. Daí a sua famosa frase repetida várias vezes, condenando o que ele chamava os idiotas da objetividade.

Quanto a essa questão, como em muitas outras, Nelson Rodrigues tornava-se quase obsessivo em suas declarações, como no futebol, quando criticava os comentaristas esportivos que se guiavam unicamente pelo vídeoteipe. Ele respondia sempre: o vídeoteipe é burro. Evidente que nesse caso e em muitos outros está presente a veia literária, a coragem e o sarcasmo típicos de Nelson Rodrigues.

A verdade é que, mesmo para aqueles que possam questionar a genialidade do jornalista, não é possível ignorar o seu enorme talento. Porque ele foi um ponto fora da curva na interpretação dos fatos e da vida real, como em A vida como ela é, uma das suas colunas diárias ao longo de muitos anos.

O estilo literário e jornalístico de Nelson Rodrigues nunca foi rebuscado, acadêmico ou pomposo, era facilmente lido tanto por um intelectual como por um cidadão do povo. Ele escrevia fácil, simples e compreensível por todos, sem a necessidade de uma segunda leitura, ou de uma meditação mais profunda sobre seus textos, inclusive nas suas peças teatrais.

Em sua vida familiar conturbada, teve um irmão jornalista assassinado quando era muito jovem e outro irmão foi soterrado em uma das grandes tempestades que se abateu sobre o Rio de Janeiro na década de sessenta.

Mário Filho, o outro irmão jornalista e apaixonado pelo futebol, defendeu a realização da Copa do Mundo no Brasil em 1950 e a construção do Maracanã contra a mesma campanha moralista e hipócrita que tentou inviabilizar a Copa do Mundo no Brsil em 2014.  Mário Filho escreveu a obra clássica O negro no futebol brasileiro, prefaciado por Gilberto Freyre. Em sua homenagem o Maracanã rece eu seu nome.

Mas a sua vida pessoal também não foi nada fácil, padeceu duas vezes de tuberculose e sofreu internação por meses, de maneira compulsória, quando a doença era quase uma sentença de morte, porque não existiam os atuais medicamentos para a enfermidade bastante contagiosa. E sobreviveu às duas internações.

Durante a época mais dura do regime civil-militar, o seu filho Nelson Rodrigues Filho foi preso e condenado por crime político.

Hoje em dia Nelson Rodrigues possui uma enorme legião de admiradores, leitores de várias vertentes ideológicas, quase desmentindo a sua famosa frase: toda unanimidade é burra.

Polêmico, controverso, obsessivo, inventivo, inspirado e pessoa de muita coragem pessoal, Nelson Rodrigues entrou para a História do jornalismo brasileiro assim como para a da dramaturgia nacional.

A verdade é que Nelson Rodrigues faz muita falta nos tempos atuais de convicções absolutas, definitivas, de fundamentalismos políticos, patrulhamentos ideológicos por meio de “bolhas” de ativistas digitas e sociais, à esquerda e à direita.

A moda é exigir que todos se enquadrem em verdades definitivas, inapeláveis e imutáveis, condenando os que discordam das “regras” sectárias e estreitas, embora saibamos que para muitos essas convicções possuem uma boa dose de pragmatismo político, muita publicidade, e até de oportunidades financeiras. Nelson Rodrigues, além de um clássico, é muito atual.




Os editais do Programa de Valorização de Iniciativas Culturais de São Paulo (VAI) já estão na 21ª edição. O VAI Aracaju nunca saiu do papel..

 Alô Coletividades! Avisa geral que os editais da 21ª edição foram publicados!!!🎉🎉🎉 As inscrições iniciam dia 01/02 e encerram às 18h do dia 04/03. Acessem os editais no Blog do VAI e confiram as mudanças!! 🔥#smc #programavai #programavai2024 #programavai21aed #agoraVAI

Programa VAI

O Programa VAI da @smculturasp apoia financeiramente, via edital anual, coletivos artísticos culturais formados por jovens de baixa renda.





Mini Documentário: Avaliação da 18° edição do programa VAI.




Quando estivemos como assessor do vereador Magal da Pastoral (PT) apresentamos ao mesmo, proposta de um VAI ARACAJU, inspirado em  projeto do mesmo nome de SP o qual se tornou lei por iniciativa do vereador, arquiteto e professor da USP Nabil Bonduki (PT), e abraçado pela então prefeita de São Paulo Marta Suplicy. Isso aconteceu em 2004, lá e cá.

Infelizmente por um limite de visão inexplicável, em razão da sua trajetória politica e da trajetória do Partido dos Trabalhadores, o então prefeito de Aracaju  Marcelo Déda não assinou o projeto de lei aprovado por maioria na câmara de vereadores de Aracaju, outra razão, mais possível de explicação,  eram as diferenças politicas internas dentro do PT, posto que Marcelo Déda era de tendência diferente do vereador Magal da Pastoral, com isso o vereador Sérgio Goes, presidente de então da câmara municipal, assina e o projeto torna-se lei em Aracaju com o número 3173/04

Isso era uma sinalização de que mesmo aprovada, não haveria liberação de verba para a operacionalização do VAI ARACAJU. O que poderia ter sido feito pelos prefeitos de Aracaju que o sucederam, o que também não foi feito. Trago os documentários acima e a informação após receber a postagem que trata do VAI-SP no dia de hoje.

De uma certa maneira a LPG e a PNAB - Politica Nacional de Cultura Aldir Blanc foram gestadas e operam com a mesma lógica do Programa VAI e do Programa Cultura Viva, este transformada em lei  no ano de 2014  quando Marta Suplicy  era ministra da cultura e sancionada pela presidenta Dilma Roussef.

ZdO

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

VAI - O empurrão que a produção cultural na periferia de Aracaju e na região metropolitana precisa.



Conheça pesquisas de impacto sobre o Programa Vai-SP e outras pesquisas acadêmicas sobre o programa em:


De que fala a Trilogia do amor de bell hooks?





 
Em Tudo sobre o amor, bell hooks dá início a um caminho de reflexões sobre o amor enquanto uma ação política transformadora, em prol da libertação. À luz do feminismo e de questões raciais que o atravessam, a autora reflete sobre elementos essenciais para tomar o amor como uma prática: clareza, justiça, comprometimento, honestidade, espiritualidade e mais.

De fato, é o início de um longo caminho. Por esse motivo, talvez, bell hooks não se limitou a um único livro e, apesar do título abrangente, ainda há muito o que ser dito sobre o amor, sobre quem o pratica e sobre como é praticado.

Em Salvação: pessoas negras e o amor, a autora se dedica a olhar mais de perto o amor num contexto racializado: como as pessoas negras vivenciam o amor, como são as representações midiáticas do amor entre pessoas negras e/ou interracial, como é o amor nas comunidades negras, qual a importância de resgatar o amor para pessoas negras etc. É um livro sobre amar a negritude —não exclusivo para pessoas negras, é claro.

“Não é tarde demais para as pessoas negras retornarem ao amor, para colocarem de novo as questões metafísicas comumente levantadas por artistas e pensadores negros e negras durante o auge das lutas por liberdade — questões sobre a relação entre a desumanização e nossa capacidade de amar, sobre o racismo internalizado e o auto-ódio”, escreve.

Em Comunhão: a busca das mulheres pelo amor, bell hooks vai se dedicar mais especificamente ao viés do gênero, ou seja, como é o amor para (e entre) as mulheres e como o feminismo transformou a expectativa do amor. A autora se volta, ainda, para as problemáticas em torno de transformar o amor como uma marca de gênero e o que constitui e dá valor às mulheres dentro do patriarcado.

“Nossa obsessão com o amor não começa com a primeira paquera ou a primeira paixão. Começa com a primeira percepção de que as mulheres importam menos que os homens, de que não importa o quão boas sejamos, aos olhos de um universo patriarcal nunca somos boas o bastante (…) não surpreende que, como meninas, como mulheres, aprendemos a nos preocupar, sobretudo, com saber se somos dignas de amor”.

Os volumes da Trilogia do Amor podem ser lidos separadamente, mas um mergulho em todas as obras com certeza vai ampliar os olhares e seguir impactando de forma intensa e profunda milhares de leitores e leitoras, sejam ou não iniciados nos escritos de bell hooks, sejam ou não admiradores da autora.

Desde o começo dissemos que nosso compromisso com bell hooks era pra valer. O lançamento de Salvação e Comunhão representa, além do afunilamento na temática do amor, tão cara em tempos bicudos, a continuação e a perpetuação do legado da autora no Brasil.

Além disso, a arrebatadora Trilogia do Amor chega em um momento-chave para as questões de raça e gênero, no qual enfrentamos um respiro progressista depois de quatro anos de domínio da extrema direita, que está pronta para voltar ao poder. As ideias de bell hooks são como um manual de luta afetuosa e — pegando emprestado um termo de outra tão amada autora do nosso catálogo, Silvia Federici — para uma militância alegre, que pode mudar rumos e vidas.

Afinal, como escreve hooks, o amor é profundamente político. “Nossa revolução mais profunda acontecerá quando entendermos essa verdade. Só o amor pode nos dar força para avançar em meio ao desgosto e à angústia. Somente o amor pode nos dar o poder de reconciliar, redimir, o poder de renovar espíritos cansados e de salvar almas perdidas”, escreve a autora em Salvação. “A potência transformadora do amor é o fundamento de toda mudança social significativa. Sem amor, nossa vida não tem sentido. O amor é o cerne da questão. Quando tudo o mais desaparece, o amor sustém.”


Para saber como adquirir:  AQUI


quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Sobre a MIssa dos Quilombos - Mais

 MILTON NASCIMENTO, BITUCA, FALA DE DOM HELDER E A MISSA DOS QUILOMBOS EXATAMENTE NO MOMENTO DO INVOCAÇÃO À MARIAMA. EMOCIONANTE !

A história por trás de “Missa dos Quilombos”, álbum importante na luta antirracista

Lançado em 1982, o disco reforça a identidade negra brasileira e traz uma mistura de gêneros da música e da dança popular

Leia e ouça:  AQUI


SOBRE DEUS E O PAI - Elaine Tavares

  28 de janeiro de 2024 - facebook


Sempre fui uma pessoa cheia de religiosidade. Fui criada na tradição católica. Minha mãe era de ir à missa toda a semana, na igreja matriz, e levava muito à sério todas as coisas da fé. Um dia, por acaso, ela começou a ir numa missa que tinha dentro do Hospital Ivan Goulart em São Borja e a gente a acompanhava. O padre fazia uma missa diferente. Botava o povo sentado em círculo, fazia o povo falar. Discutiam-se os problemas da vida real e ele não se importava com as crianças entrando e saindo, em algazarra. Pelo contrário, buscava encantá-las. Eu era pequena, nem sabia, mas ali vivíamos a Teologia da Libertação. Igreja então passou a ter outro sentido e o deus que se nos aparecia não era alguém inatingível, lá no céu, mas uma presença aqui, agora, no outro.

Depois que eu cresci segui por esse caminho. O deus que nos interpela é o irmão caído. Não é um poderoso no trono do céu. Assim que não há barganhas com esse deus. Dá-me isso que eu te dou aquilo. Não. O deus no qual me agarro é esse mesmo, minúsculo, sem poder. É um deus inútil, então? Não para mim. Esse outro caído é para onde movo toda minha energia, minha luta, e onde encontra morada toda a minha ternura. Desperta o que há de melhor em mim e aponta o caminho do comum, comunidade, comunismo.

Digo isso porque nessa caminhada de cuidar do pai com a doença de Alzheimer recebo muita mensagem de gente dizendo: deus está no comando, confia nele, entrega para deus, reza que tudo melhora. Eu agradeço, mas nada espero de deus. Porque penso que essa é uma batalha para se enfrentar com ações concretas, terrenais. No cuidado de uma pessoa com Alzheimer talvez a “reza” seja justamente a decisão de cuidar, de ter perto, de apoiar com afeto, com carinho, com paciência, com presença. A realidade de ver o pai ir se desfazendo na minha frente é tão avassaladora que tudo que posso pensar é: como vou tornar sua vida confortável, alegre, feliz. E isso é um motor para uma série de decisões e de ações que me toma inteira. É uma decisão secular. Não há nada a pedir a deus, porque tudo já está dado. Estão aí o pôr-do-sol, os passarinhos, as canções, as árvores, a brisa, a chuva, os gatos, o canto das cigarras, o voo da coruja, a minha saúde, a minha força, os cachorros, meu sobrinho, meu amor. Há tantas coisas ... Que posso mais querer?

Não penso em deus como um ser que “está no comando”, penso em deus como rede, onde descanso meu corpo cansado ao fim do dia. Quando deito o pai e ele me olha sorrindo antes de fechar os olhinhos, cheio de confiança, porque sabe que ali está alguém que o ama, independentemente de saber quem eu sou, sei que sou eu quem está no comando. E deito ao seu lado, segurando sua mão, cantando uma canção de Cascatinha e Inhana, enquanto sinto nos cabelos o toque delicado do meu deusinho, e sua voz macia a me dizer: venceste mais um dia, tu és foda, guria! E rimos... Porque deus é essa capacidade da leveza em meio ao caos...

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Para entender a Lei Aldir Blanc 2 ou Politica Nacional de Cultural Aldir Blanc (PNAB)

 ALDIR BLANC AGORA É POLÍTICA NACIONAL - vídeo curto








Para saber mais. Leia/baixe a cartilha completa