quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Participação e Controle Social em Japaratuba, terra de Artur Bispo do Rosário

 


Ontem, 30 de agosto de 2023,  estive participando da conferência livre de cultura organizada pelo Conselho de Politicas Culturais de Japaratuba.  O tema proposto para a minha abordagem foi “Participação e Controle Social” .

Em geral,  antes de participar de eventos como mediador ou facilitador preparo um texto antecipadamente e publico no blog da Ação Cultural com alguns acréscimos incluídos no momento da participação, o que  neste segundo caso podemos considerar como falas a quente, não só minhas, como dos participantes. Mas por questões de tempo, não foi possível fazer isso.

Agora pela manhã lembrei de um verso da canção Estrada de Canindè, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira e   que bem pode trazer o sentido e a importância da tarde memorável que vivemos ontem em Japaratuba. Vai olhando coisa a granéCoisa que prá mode ver. O cristão   tem que andar a .”.

Importante destacar que andei pouco a pé, mas na conversa no carro com Luciano Accioly ouvi coisas surpreendentes sob o ponto de vista virtuoso de uma gestão petista, virtuoso pero no mucho no campo da gestão cultural, mesmo assim avançada com relação a Aracaju, governado durante muitos anos por prefeitos ex-comunistas, petistas, comunistas e agora novamente por um ex-comunista.

E o que é virtuoso em Japaratuba no campo da politica cultural? A existência de um conselho de politicas culturais com maioria da sociedade civil, o que garante sempre a eleição de um representante dos fazedores de cultura do município para a presidência do conselho. Por outro lado, há que ressaltarmos o fato da contemporaneidade no nome como  conselho de politicas culturais, o contrário de denominações mais antigas, como conselho municipal de cultura, o que e o caso de Aracaju e Sergipe, no âmbito do governo estadual

Embora o conselho de politicas culturais de Japaratuba não seja deliberativo, pelo menos como espaço de discussão e de organização interna, a democracia e a formação/qualificação dos conselheiros e dos fazedores de cultura em Japaratuba tem maior possibilidade de acontecer, o que entra em choque com a postura de uma gestão municipal local que atua no modo indiferente, autoritário e de cooptação, pelo pouco que ouvi e percebi, o que infelizmente é a situação da maioria dos municípios brasileiros, em maior ou menor grau a depender da organização local e preparo dos fazedores de cultura.

Neste sentido,  a realização das conferências livres sob iniciativa do conselho de Japaratuba,  serve como um bom indicador de qualidade da participação social no municipio, a a despeito do perfil politico-ideológico da administração local, o que ocasionará a escolha de delegados com melhor conhecimento para discutir e apresentar propostas para os seis  eixos propostos no documento norteador das conferências de cultura 2023. E conhecimento/qualificação dos fazedores de cultura é o pulo do gato, até porque o financiamento à cultura não vive só da caridade de quem lhe detesta, há também os outros entes federados, estados e união, a iniciativa privada, o sistema S, as universidades públicas e a cooperação internacional.. 

Outro aspecto interessante foi a vaga destinada para um representante do sindicato dos professores no conselho de politicas culturais, uma das maneiras de aproximação da  cultura com a educação. E é essa vaga que Luciano Accioly ocupa, ele que já foi vereador pelo PT com três mandatos, 2001- 2004, 2005- 2008, 2013- 2016, presidente da câmara municipal por dois biênios 2013- 2016 e candidato a vice -prefeito.

E se em Japaratuba as gestões progressistas da aliança PT e PDMB não conseguiram  deixar o fundo e o plano de cultura como legado, completando assim o que falta para o necessário sistema municipal  de cultura, em Aracaju nem um conselho de politicas culturais ficou..

Ainda volto a contar em outro texto sobre a tarde de ontem cheia de magia.  Por ora fiquem com as informações abaixo e sugestão de leitura para quem quer aprofundar o assunto.

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Realizamos + Uma Conferência de Cultura! Fechamos Agosto com três Conferências  Livres!

A primeira e segunda tiveram como Tema: Patrimônio, Identidade e Memória!

 A de hoje, o tema foi Democracia e Participação.

 A Presença do Amigo Zezito Oliveira nos ajudou a debater e refletir sobre a importância da nossa participação. 

Na Próxima vamos debater o Orçamento da Gestão Municipal na Área de Cultura. 

Obrigado a Todas e Todos que construiram esse momento. Fizemos história! 

Que venha Setembro!

Luciano Accioly

As discussões das etapas da 4ª CNC serão realizadas a partir dos seguintes Eixos:

Eixo 1 – Institucionalização, Marcos Legais e Sistema Nacional de Cultura Avançar no debate sobre marcos e instrumentos legais que contribuam para o amadurecimento de políticas culturais brasileiras, de forma a enfrentar as descontinuidades e a pouca institucionalização das políticas culturais. O Eixo 1 é o espaço para o fortalecimento da perspectiva sistêmica de políticas culturais, do aprofundamento do debate sobre políticas de Estado para a cultura, dando ênfase à perspectiva de ações simultâneas e complementares dos entes federados, da fundamental participação da sociedade nos espaços de construção e pactuação das políticas públicas para a cultura.

Eixo 2 – Democratização do Acesso à Cultura e Participação Social Debater e recomendar a revisão de elementos que afetem o acesso à cultura e à arte, enfrentando desigualdades e assimetrias. Reforça-se neste Eixo como as dinâmicas de participação e escuta social são essenciais para a ampliação do diálogo, para a valorização do acesso à cultura e para o fortalecimento de nossa democracia.

Eixo 3 – Identidade, Patrimônio e Memória

Debater e reconhecer o direito à memória, ao patrimônio cultural e aos museus, valorizando as múltiplas identidades que compõem a sociedade brasileira, os bens culturais expressivos da diversidade étnica, regional e socioeconômica e as narrativas silenciadas e sensíveis da história nacional, de modo a contribuir para a preservação de seus valores democráticos.

Eixo 4 – Diversidade Cultural e Transversalidades de Gênero, Raça e Acessibilidade na

Política Cultural

Este Eixo debate a criação de mecanismos que garantam o reconhecimento da diversidade das expressões culturais e a valorização e promoção da identidade dos territórios culturais brasileiros. Nesta seara, compreendemos também a importância de promover diversidades e garantia de direitos, respeitando a acessibilidade cultural e fazendo enfrentamento ao racismo, à LGBTQIA+ fobia, ao genocídio da população negra, ao extermínio de povos indígenas, ao feminicídio, ao racismo religioso, aos  estigmas contra comunidades ciganas, ao capacitismo e a todas as formas de  discriminações correlatas.

Eixo 5 – Economia Criativa, Trabalho, Renda e Sustentabilidade

Ressaltar a importância da cultura para o desenvolvimento socioeconômico do país, por meio de políticas que fortaleçam as cadeias produtivas e as expressões artísticas e culturais, potencializem a geração de trabalho, emprego e renda, e ampliem a participação dos setores culturais e criativos no PIB do país.

Eixo 6 – Direito às Artes e Linguagens Digitais

Criação de espaços de diálogo, reflexão e construção coletiva acerca do papel das artes em sua diversidade de fazeres, territórios e agentes, e do acesso às linguagens artísticas e digitais no fortalecimento da democracia, na contemporaneidade, incluindo também o debate sobre o papel do Estado brasileiro e seus entes federados na construção de políticas públicas para o desenvolvimento das redes produtivas dos setores das artes no Brasil.

Para quem quer se aprofundar no assunto conselho de cultura.. Um texto longo  AQUI e outro curto AQUI 

MARXISMO CULTURAL, SUA ORIGEM CATÓLICA E GRAMSCI. NOTA PARA UM CURSO


 Qualquer ser humano que se interesse pelo catolicismo contemporâneo no Brasil, em particular, de pós-2013 para cá e numa abordagem sócio-histórica, será levado a entender uma ofensiva de extrema direita que entrou com bastante força e eficácia simbólica na Igreja Católica. 

Uma "linguagem nova" perfilou todo um comportamento de uma série de padres, bispos, freiras, leigos... Coisas como: "marxismo cultural", "ideologia de gênero" e "infiltração comunista" virou uma paranoia e se alastrou como um rastilho de pólvora nas mentes e corações de toda uma geração de católicos/católicas e que em 2023 já estão "adultos" e calibrados na sua fé com todo um conjunto ideológico de termos de direita que as fazem viver (se é que isto pode ser chamado de vida). 

Acho pouco provável que se possa fazer algo para mudar isto em curto prazo. Nem Deus conseguiria, se por um caso tivesse interesse. Trata-se de algo consolidado e alimentado diariamente em paróquias, dioceses, cursos em plataformas fechadas, no youtube ou nos grupos de WhatsApp, facebook, Instagram. 

Foi feito já nos "anos de ouro" do neoliberalismo nos anos 90 brasileiro quando todo um anticomunismo entrou sorrateiramente na Igreja ainda por uma figura desconhecida então, chamado Olavo de Carvalho. O Pe. José Comblin em seu clássico do final dos anos 90 já nos dava régua e compasso para compreender estas coisas na Igreja Católica. Trata-se de "O neoliberalismo: a ideologia do século XXI" (Editora Vozes, 1999). O capítulo deste livro onde o autor fala da cultura neoliberal na religião cristã é impressionantemente atual.

Entre 2012 e 2013, Olavo de Carvalho em seus cursos "fechados" e "abertos" em forma remota começava a falar de um tal "marxismo cultural". Citava sempre uma lista de filósofos responsável por toda uma "cultura" que se infiltrou nas Igrejas de maneira quase imperceptível e que se tornou "hegemônica" (termo que vem de um dos filósofos demonizados por Carvalho e sua turminha). 

Parecia um mantra diário falarem de Lukács, Gramsci (o pior de todos para essa gente), Escola de Frankfurt (sempre acredito que Olavo e sua turma nunca leram nada de Adorno, Horkheimer, Marcuse e Benjamin (nunca citam nada preciso). Se eles, de fato, leram ou não esses filósofos, têm pouca importância. Aqui, o trabalho é a mais pura e cristalina doutrinação com objetivo estratégico de desqualificar esses nomes e criar toda uma detalhada demonização. Nos cristianismos qualquer coisa ligada ao demônio deve ser apedrejada a priori. Ou seja, "odeie e virá o bem". Isto virou roteiro de vida. 

Não foi gratuito todo um processo de calúnias com pessoas como Carlos Nelson Coutinho e Leandro Konder (acompanhei de perto a trajetória de elaboração de ódio aos dois filósofos brasileiros). O nome deles estão ligados aos filósofos que se deveriam odiar, se afastar e condenar sempre. Começaram a inventar uma teoria tosca e a partir de frases colhidas à esmo do grupo de filósofos citados para justificar a ideia de que eles queria e defendia a "destruição do ocidente cristão". Que eles odiavam a cultura cristã. 

Segundo toda essa gente: Gramsci/Lukács/Escola de Frankfurt foram adotados em todas as universidades brasileiras, pelas esquerdas partidárias, pelos movimentos sociais, pela teologia da libertação (!?). A partir de todo esse movimento (que só aconteceu no cérebro dessa gente e com pouca realidade), crianças, adolescentes, homens, mulheres e religiosos foram atingidos por toda uma avalanche que queria destruir família, instalar ditadura gay e trans, defender uma guerra entre negros e brancos, relativizar tudo... Pronto. Estava armada a plataforma ideológica presente em todos os livros de Olavo de Carvalho, nos cursos do Pe. Paulo Ricardo (youtuber carro-chefe da direita católica virulenta), Bernardo Kuster, Centro Dom Bosco, Instituto Borborema e toda uma récua de padres, leigos de impacto menor, mas com presença constante nas redes sociais (na verdade, redes digitais. Porque de "sociais" têm muito pouco).

O privilégio-Gramsci. Foi construído todo um movimento desde 2012 para eleger Gramsci o maior inimigo do cristianismo (católico, em particular) e para isto tinham que "provar" a afirmação. A "prova" veio na invenção de um termo que não significa nada e passa a ser tudo na cabeça de toda uma geração: "Marxismo cultural". 

Que o marxismo tem uma concepção de cultura, isto vem desde o próprio Marx. Com arrematou bem Raymond Williams ao chamar de "materialismo cultural". Mas não se trata de nada disto. Trata-se do que o pe. Paulo Ricardo em seu canal no Youtube sistematizou a partir do "esquema Olavo de Carvalho" numa série de "aulas" sobre as "origens do marxismo cultural" numa arrogância ao falar que esconde toda sua incompetência para o tema. Não passa de frases de orelha de livros. Tão profundo quanto um pires. 

Mas isto, como foi dito, não tem nenhuma importância. Não se trata de pesquisa, estudo ou qualquer coisa próxima a um projeto acadêmico. Nada disto. Trata-se de doutrinar da maneira mais rebaixada e clara possível. Pensemos com nossos botões toda essa garrafada intelectual dosada quase que diariamente nestas redes digitais durante 15 anos, no mínimo. Pensemos? Nesses anos formou-se uma geração de jovens e adultos com essa mentalidade e que se jogaram no mundo a reproduzir essas ideias e caíram matando para formar  vários grupos pelo Brasil afora. Dentro das Igrejas, nas universidades, nas escolas privadas e públicas, nas plataformas digitais, em rádios, em grupos de estudos e até no parlamento (alguns se elegeram parlamentar com esse discurso).

E o Gramsci da cabeça dessa gente de extrema direita com tudo isto? É com tudo isto mesmo. Para eles, Gramsci percebeu que a revolução em sentido violento e armado não era mais possível no Ocidente (de onde tiraram isto, não saberia informar aqui!!!) e a partir desta compreensão, seria o campo da cultura a trincheira a se guerrear. Era ganhar "corações" e "mentes". Gramsci teria uma teoria da "hegemonia cultural" que poderia se espalhar em toda a sociedade a partir do trabalho árduo de comunistas que não se apresentam enquanto tal. 

Essa "rede de comunistas" se infiltrou em tudo e em todas as instituições onde conseguem "inocular" no inconsciente das pessoas esse "marxismo cultural". Quando essa "cultura" se tornar hegemônica, estará feita a revolução. Sem armas. Sem violência. Nessa lógica (?) quase tudo pode ser "marxismo cultural". Da rede globo a Lula. De João Pedro Stédile ao PSOL. Do PSTU a Anitta. E o delírio pode seguir ao infinito. Não se trata de rigor, mas de propagação em série. O resultado mais articulado de tudo é uma coisa como "brasil paralelo" (em bem paralelo mesmo!!!). E assim, entendemos porque figuras como Bolsonaro e família prosperaram em terra fertilizada por todo esse caldo cultural disseminado.

UM CONVITE. Neste setembro que se avizinha, nos dia 11 e 12, a partir das 20h. na TV A Comuna (toda dominada pelas trevas do "marxismo cultural!!!) vamos ter um breve curso sobre "Gramsci e a crítica do catolicismo". Diferente da paranoia dos olavistas e sua turma, vamos ao texto do Gramsci. Mais precisamente: "Cadernos do Cárcere" volume 4 onde temos o caderno 20: "Ação católica, católicos integristas, Jesuítas, modernistas". Devidamente comentado por um ensaio extraordinário de Giuseppe Staccone e que tem como título: "Antonio Gramsci: reavaliação marxista do fenômeno religioso". Na verdade, o longo ensaio é capítulo final do livro: "Filosofia da Religião" publicado pelo autor em 1989 pela editora Vozes. Iniciaremos o curso demonstrando essa relação entre "marxismo cultural" e "crítica da religião" e como empurraram um Gramsci nessa parada toda. 

Romero Venâncio (UFS

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Quantos motivos terei para sair de casa afim de assistir peças do teatro realizado em Sergipe?

 Festival Sergipano de Artes Cênicas celebra a cultura local com programação gratuita e diversificada durante todo o mês de setembro

Espetáculos de teatro, dança, circo e música ocupam os palcos do estado na sexta edição do evento

Leia mais AQUI 








Para ajudar a responder a pergunta que dá titulo a essa postagem.

1 - Publicação de sinopse e/ou matérias escritas sobre os espetáculos

2 - Entrevistas com integrantes das equipes dos espetáculos. A ser disponibilizada em programas mais longos e mais curtos nas rádios e tv aperipê, youtube, instagram e facebook

O exemplo abaixo é de um texto de apresentação de um espetáculo pago, e que não está na programação do festival de artes cênicas (acima) , este com pouca  dança. O que pode ser um indicio que o cenário da dança em nosso estado deve merecer maior atenção da Funcap através de editais voltados a pesquisa, residência artistica e produção.   Voltando ao texto que reforçou a minha decisão em assistir a um espetáculo de teatro.

 Dias 01 e 02/09 no Espaço Imbuaça os atores Ivo Adnil e Cícero Vieira apresentará  o espetáculo "PASSATEMPO", texto de Carlos Cauê com direção de Sandro Américo. 

O espetáculo põe em cena dois personagens – Danton Peres, um ator idoso, já sem o afago das platéias e dos aplausos, e seu fiel valete Mimi, assistente devotado ao amigo e ídolo – que passam seus dias revisitando os personagens que o ator interpretou no passado, numa reinterpretação lúdica da arte e da vida, que fala de amizade, admiração e principalmente um profundo amor fraterno unindo os dois seres numa relação de mútua dependência. 

No microcosmo de um apartamento, os dois reinventam a vida a partir de cada personagem revivido, fazendo esse meta-teatro reacender uma nova perspectiva da diversidade humana e um novo olhar sobre eles mesmos. O ator, que já não vive em completo contato com a realidade – mas tem lampejos de consciência de sua decadência – e o seu assistente simples e fundamental para a grandeza do outro, fazem de “Passatempo”  uma reflexão profunda sobre a vida, o tempo, a velhice, o amor e, sobretudo, o teatro.

Na montagem, a direção conduz a ação cênica centrada no trabalho de ator – o ator em cena é o espetáculo. O corpo, a voz, o psíquico, o emocional. O figurino desenha uma estética surreal, como é quase surreal a ação dramática dos dois personagens desdobrando-se em outros personagens e superpondo camadas de realidade por onde se passa o tempo.

O espetáculo tem 75 minutos e conta ainda com composição de músicas de Sandro Américo e arranjos de Deidison Rocha, figurinos, cenários e maquiagem de Jully Somar, confecção de figurino de João Araújo, sonoplastia de Cristiano Oliveira, iluminação de Victor Pinto, preparador de voz Edgar Degas, direção de elenco de Irá Santtus e produção de Ivo Adnil.

Obs: O espaço Imbuaça só comporta 50 assentos, venha antecipar na lista vip via PIX 79999836756



terça-feira, 29 de agosto de 2023

A solidão dos idosos brasileiros e como vencê-la

 População envelheceu e políticas públicas não evoluíram. Há dor e desamparo, narra Rosana Onocko, psicanalista. Mas ações inovadoras podem mitigar o problema, ao restabelecer laços sociais que a vida contemporânea desfez.

Os dados do último recenseamento demográfico confirmaram algo já aguardado: a população com idade acima de 60 anos cresceu e agora representa 15,1% dos brasileiros. Espera-se que o número de idosos continue aumentando. Mas como proporcionar que tenham uma vida digna e saudável? Um estudo recente, publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da ENSP/Fiocruz, buscou investigar a prevalência da solidão entre pessoas com mais de 50 anos. Constatou que 16,8% sentem-se sós o tempo todo e 31,7%, às vezes. 

Rosana Onocko-Campos, psicanalista, professora da Unicamp e presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), acredita que o Brasil não está preparado para o envelhecimento de sua população. Em seus trabalhos acadêmicos, ela testemunha as dificuldades das famílias para cuidar de seus idosos.

O que acontece, muitas vezes, é que algum membro precisa parar de trabalhar ou estudar para cuidar de um parente mais velho. Segundo o IBGE, essa função vem ganhando mais importância: o número de familiares que cuidam de pessoas de 60 anos ou mais saltou de 3,7 milhões em 2016 para 5,1 milhões em 2019. Esse é, em larga escala, um trabalho não remunerado, executado por pessoas da família em 78,8% dos casos. E há ainda 10,9% de idosos com limitação funcional que não recebem nenhum apoio. 

O Estado não está preparado para esse fenômeno, que tende a se intensificar. “Nossa cobertura de seguridade social, e mesmo do SUS, não se organizou até agora para esse aspecto. Se organizou olhando para o Brasil dos anos 1980”, alerta Rosana. Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), que poderiam melhorar o atendimento de idosos, inclusive na saúde mental, foram desmontados – algo que só começa a ser revisto agora, com a criação das Equipes Multiprofissionais. 

A atenção básica também falha em controlar as doenças crônicas como diabetes e hipertensão, comenta Rosana. Essa seria outra medida muito importante para garantir o envelhecimento saudável, que proporciona mais autonomia às pessoas idosas. “É um círculo vicioso que tem a ver, para mim, com a desigualdade, a pobreza, isso que eu estou chamando de uma efetividade ainda baixa do nosso sistema de saúde para evitar essas complicações”, analisa.

Sobre a solidão, Rosana enxerga que há um fator social: “Tem a ver com esse ritmo de vida e de trabalho acelerado, da uberização, da precarização. As pessoas estão muito tempo fora de casa. O idoso não tem essa velocidade. Então essa forma de produção econômica o despreza. Mas poderia haver uma série de espaços em que os idosos autônomos poderiam contribuir muito, inclusive no trabalho de cuidado”. 

Mas Rosana acredita que é preciso ir muito além para melhorar a vida dos idosos de fato. Para ela, um dos motivos principais para a solidão e a depressão entre pessoas mais velhas é a falta de espaços de convivência social. Uma das transformações possíveis seria a construção de centros de convivência espalhados pelos bairros. Espaços frequentados por pessoas de muitas gerações, onde houvesse cuidado e apoio mútuos. 

Programa holandês fornece residência a estudantes em troca de tarefas práticas e companhia a idosos em asilos

Um projeto citado por Rosana que integra os idosos à vida social foi posto em prática na Holanda. Lá, estudantes podem habitar gratuitamente residências de idosos, em troca de 30 horas de trabalho semanal. Mas não se trata exatamente de tarefas práticas, mas de convívio: os estudantes podem usar o tempo para acompanhar os idosos até o banco, fazer compras para aqueles com restrição de locomoção ou mesmo batendo papo por algumas horas. Já no Japão, onde pessoas com mais de 65 anos são 28% da população, há iniciativas de creches em casas de repouso, onde velhos e bebês podem passar o dia convivendo.

Nas cidades brasileiras, esse contato social historicamente se dava nas praças centrais. Mas Rosana percebe que esses espaços estão desaparecendo. “A sociabilidade tem mudado muito. As pessoas estão mais sozinhas, para dentro de casa”, lamenta. O próprio repertório cultural das periferias, para ela, está empobrecido – isso sem falar na violência e nos acidentes de trânsito, que tornam a vida externa muito perigosa aos idosos. 

Rosana exalta os espaços culturais onde pessoas idosas podem conviver. “Eu acho que essas ideias são super criativas e importantes, para recompor também um tecido social brasileiro que está muito segregado, continua muito segregado. Centros onde uma pessoa possa ir para fazer crochê e conversar com cinco amigas. Já é ótimo, não precisa necessariamente de um psicanalista”, reafirma. Para ela, o Estado pode incentivar a criação desses espaços. 

“Eu acho que poderia ter alguns mecanismos de agenciamento nos bairros, nas cidades. Uma senhora de 60 anos, aposentada, pode por exemplo ficar com crianças que vivem na mesma rua, ler história para elas um dia por semana, por exemplo. É o cuidado mútuo. Eu acho que essas estratégias ajudam a recriar o tecido social, e a gente tem vivido momentos tão difíceis, que eu acho que seriam bem-vindas no contexto brasileiro”, termina Rosana.

   GABRIELA LEITE

Gabriela é editora do site Outra Saúde.

Contato: gabriela@outraspalavras.net

Convidamo-lo a aderir ao “Estar Juntos”, um espaço de encontro intergeracional entre jovens e idosos, com o objetivo de promover a cultura do encontro.




Apatia dos movimentos sociais trava demandas populares e preocupa Lula

 



Segundo aliados próximos, Lula tem se queixado de que a mobilização de movimentos sociais tem sido morna durante o seu governo, segundo a Folha.

Para o presidente, este fator acaba dificultando a discussão de pautas e a implementação de medidas que não são bem recebidas por setores políticos e da economia não alinhados ao petismo ou à esquerda.

Com a demanda popular dormente, a avaliação é a de que o governo fica fragilizado diante de pressões da direita e do centrão.

“Quando um grupo democrático e popular vence as eleições, muitas forças progressistas acham que acabou, que vencemos e que tudo vai ser implementado. Essa ilusão precisa ser trabalhada”, disse o presidente da Fundação Perseu Abramo e um dos principais conselheiros de Lula, Paulo Okamotto.

“Os projetos precisam de aprovação no Congresso, no Judiciário, na sociedade. Portanto é importante que a gente tenha um processo de discussão na sociedade, para fazer avançar um projeto democrático e popular”, completou.

Fonte: DCM

O que fazer? 

"Há muito a fazer para conscientizar, organizar e mobilizar o povo brasileiro. Recursos existem.  ​E há vontade política por parte de Lula e da Secretaria Geral da Presidência da República, monitorada pelo ministro Márcio Macedo.   ​Faltam apenas maior empenho, produção de material para os veículos de comunicação social e verba para que o governo disponha de uma rede de educadores populares de, no mínimo, 50 mil pessoas!"

Sobre a importância do papel da educação popular e da ação cultural de base comunitária para pensar  o tema  construção da hegemonia  cultural e politica... AQUI

O frade dominicano e escritor Frei Betto, 73 anos, acredita que uma possível prisão de Lula deve gerar algumas manifestações isoladas, mas o povo não vai tomar as ruas do Brasil. A falta de iniciativa popular é resultado das prioridades políticas dos governos petistas. “Nós estamos desmobilizados. Por que? Porque nos 13 anos do PT no Poder investimos mais em ofertar bens pessoais do que sociais. Fortalecemos a mentalidade consumista e não a cidadã”.

Frei Betto: “Estamos desmobilizados. Com o PT, fortalecemos a mentalidade consumista e não a cidadã”


"A direita criou o fantasma Paulo Freire, ou o bicho papão da doutrinação esquerdista, porque sabe do potencial da práxis freireana, mesmo que efetivamente esta teve e têm pouca utilização em nossas escolas e universidades. Ou seja, a crítica da extrema direita a presença de uma suposta presença de Paulo Freire na educação brasileira, embora afirme como já é, é mais pelo que pode vir a ser. E o governo Lula patina com relação a esta compreensão... Zezito de Oliveira"


FOLHA DE SÃO PAULO - 08/07/2013 - 03h07  RICARDO MENDONÇA

Os protestos pelo país não provocaram impacto só na popularidade da presidente Dilma Rousseff. Sua agenda também sofreu uma guinada. Nos últimos dias, ela passou a receber representantes de movimentos sociais que esperavam por uma audiência desde sua posse, em janeiro 2011.
Na lista dos que foram ou serão recebidos estão organizações recentes, como o MPL (Movimento Passe Livre), mas principalmente militantes com relações antigas e desgastadas com o PT, como gays, indígenas, camponeses, feministas e ativistas digitais.
A nova postura já rendeu as primeiras fotos para Dilma e gerou algum noticiário positivo. O histórico de desgastes com vários desses movimentos, porém, sugere que a reaproximação não deverá ser fácil. A lista de embates, reclamações e divergências em políticas públicas é extensa.

foto divulgação do apoio dos movimentos sociais a chapa Lula e Alckimin

Adicionado em 10 de setembro de 2023

CONVERSANDO SOBRE A DEMISSÃO DA ANA MOZER NO FACEBOOK

"Lembra no ano passado, durante o processo eleitoral, quando o Lula disse ( por mais de uma vez ) que era importante além de votar nele, eleger um bom congresso, com senadores e deputados progressistas?
Pois é... a demissão da Ana Mozer é sobre isso. "
Luiz Paiva

"Mas deveria haver um meio de começar a desmascarar esse câncer congressistas..." 🫤🫤🫤

Isabel Rodrigues

"Sim! Mas depende de um grande investimento em cultura de base comunitária e educação popular. O para isso precisamos trabalhar mais para conversar e convencer os nossos, os próximos a nós do campo da esquerda, é por isso que insisto na Ação Cultural, embora se fosse pensar mais em mim mesmo estaria pesquisando, escrevendo, produzindo espetáculos e etc..."

Zezito de Oliveira



segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Arquidiocese de Aracaju: O apelo dos leigos de uma igreja que sofre ao Papa Francisco

Nossa Senhora da Conceição - Padroeira de Aracaju


 Exmo. Sr. Dom Giambattista Diquattro

Digníssimo Núncio Apostólico no Brasil

0 CNLB – Conselho Nacional do Laicato do Brasil na Arquidiocese de Aracaju, vem respeitosa e fraternalmente à presença de Vossa Eminência, porta-voz do nosso querido Papa Franciso, à luz do evangelho, do Concílio Vaticano II e dos demais documentos da nossa Igreja, apresentar algumas reflexões e ponderações diante do desvio da missão cristã/católica na nossa Arquidiocese e ao final requerer que, sendo possível, sejam considerados ou observados os pleitos a seguir expostos.

NOSSA ARQUIDIOCESE E SEU PERFIL

Inicialmente, vimos aduzir que a “renúncia” de D. João José Costa foi um passo importante para evitar maiores escândalos na nossa Arquidiocese e para salvaguardar o próprio Arcebispo, entretanto e infelizmente, este ato não foi e não será capaz de resolver os graves problemas que afligem nossa igreja particular, para impulsioná-la a sua missão cristã conformada ao Evangelho, ao Vaticano II, ao Papa Francisco e a sua importante proposta Sinodal.

Apesar de chamados pelo batismo à perfeição do Pai, cada um em seu próprio caminho... apesar do sacerdócio comum que atinge a todos os fiéis, seja qual for a sua condição ou estado - consoante nos ensina a LG, nº11, fomos contaminados por um forte clericalismo que impede o nosso crescimento como Igreja que testemunha Jesus Cristo, inviabiliza a corresponsabilidade eclesial, a infantiliza e a nossa fé, a nossa vocação, o nosso chamado particular de filhos.

A vocação e formação sacerdotal e laical de nossa Igreja particular, em grande parte, está contaminada pelo saudosismo, pela doutrina do Concílio Vaticano I, pelo clericalismo, pelo medo e combate sistêmico ao Concílio Vaticano II e aversão ao nosso Papa Francisco. O conservadorismo eclesial local, tem esta fisionomia!

Somos uma Igreja de Conservação, que se funda e perpetra sua missão, em grande parte, na consecução dos sacramentos, em missas “terapêuticas” e/ou fincadas em sermões descontextualizados do tempo presente. Somos uma igreja sem estímulo à missão social e/ou à responsabilidade cristã coletiva - uma Igreja insensível às dores dos irmãos mais fragilizados!

Nossas Paróquias, em sua maioria, estão sob o domínio de um Padre, sem a coparticipação real dos leigos, salvo como executores de ordens. Estamos distantes de visualizar nossas paróquias como um Oikos ( Casa - MC16/ MC 1, 29, MC2,1), ou um espaço teológico, uma Comunidade de Comunidades conforme reconhecida no documento SD, n. 58. Antes, somos uma igreja em desconstrução, desanimada, com uma cultura eclesial individualizada, sem profetismo! Uma igreja eminentemente hierárquica, institucional, uma igreja enferma!

REVITALIZAÇÃO DA IGREJA LOCAL

A conjuntura acima apresentada faz-nos clamar ao Vaticano que detenha um olhar especial sobre nossa Arquidiocese visando a sua reconstrução, o resgate e edificação da nossa Igreja como Povo de Deus, como Igreja em saída e não apenas uma massa religiosa.

A necessária revitalização de nossa igreja particular passa, especialmente, pela cuidadosa escolha de um Bispo para nossa Arquidiocese, um bispo que seja alinhado ao Evangelho de Jesus Cristo, ao Concílio Vaticano II e documentos correlatos, ao pastoreio do nosso Papa Francisco. Um pastor capaz de acolher, formar, ser misericordioso, capaz, inclusive, de exigir e até afastar cristãos presbíteros, religiosos e leigos que usam os cargos eclesiais para ir de encontro ao amor e à fraternidade na medida que atentam contra a saúde física e mental das pessoas.

NOSSOS CLAMORES

Diante dos fatos apresentados, clamamos a Vossa Eminência:

1- Que seja escolhido, à luz do Espírito Santo e dos sinais aqui e outrora apresentados, e enviado em missão para nossa Arquidiocese de Aracaju um PASTOR especialmente humano e cristão, com autonomia e autoridade para promover as mudanças necessárias, com habilidade para aplainar, atualizar, corrigir e frutificar o pastoreio local. Talvez, se essa for a inspiração do Espírito Santo e do Vaticano, um Bispo que não tenha convivido diretamente com nossa realidade eclesial;

2- Que se promova e adeque a formação dos nossos seminaristas, presbíteros, religiosos de acordo com os ensinamentos do evangelho, do Vaticano II, Doutrina Social da Igreja e os importantíssimos documentos publicados pelo Papa Francisco;

3- Que sejam promovidas formações do laicato, inclusive, fundadas nos documentos acima referenciadas, conforme preconizado em Christifideles Laici, 35, visando um laicato maduro e responsável - elemento essencial e obrigatório da Plantatio Ecclesaiae.

4- Que sejam criadas comissões com representações de todo povo de Deus, para ver em profundidade a conjuntura local e seus principais desafios, julgá-las à luz do evangelho e ao final para agirmos dentro desta perspectiva sinodal, em busca da nossa transmutação em uma igreja viva, dialógica, misericordiosa, capaz de gerar DEUS entre nós e no mundo;

5- Que as comissões locais, principalmente a comissão VELM, saia da formalidade habitual passando a ser um verdadeiro sinal de amor para as vítimas feridas pelos abusos praticados no interior da igreja, sinal de amor para os agressores na medida em que forem julgados em processos com ampla defesa, condenados quando necessário e afastados dos seus encargos.

Na certeza do cuidado amoroso do nosso amado Papa Francisco cujo pontificado ilumina nossa Igreja em seus constantes desafios, rogamos ao Pai Celeste, ao seu filho Jesus Cristo e ao Espírito Santo que viabiliza nosso caminhar cristão, que este pedido seja acolhido, que reconstruamos nossa igreja com o espírito sinodal e fraterno. Que sejamos luz e sal da terra!

Respeitosamente,

Paulo Almeida Machado Junior

Presidente CNLB Aracaju

Conselho Nacional do Laicato do Brasil

Na Arquidiocese de Aracaju

quinta-feira, 20 de julho de 2023

Oremos e trabalhemos

https://www.youtube.com/watch?v=eHxy7_sR0_w


https://www.youtube.com/watch?v=EhJesRdCXd4


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NOTA DE ESCLARECIMENTO AO POVO DE DEUS QUE ESTÁ NA ARQUIDIOCESE DE ARACAJU

“Se vocês permanecerem na minha palavra, são de fato meus discípulos; e conhecerão a verdade, e a verdade libertará vocês” Jo 8, 31-3 

0 CNLB – Conselho Nacional do Laicato do Brasil na Arquidiocese de Aracaju - CONAL, diante da divulgação indevida de nossa Carta à Nunciatura nas redes sociais, vem apresentar ESCLARECIMENTOS sobre os fatos ocorridos. A Carta do Conselho de Leigos endereçada ao Exmo. Sr. Núncio Dom Giambattista Diquattro, quando ainda estava em fase de discussão e edição, por um equívoco foi enviada indevidamente a um clérigo da nossa igreja, no sábado dia 25 de agosto de 2023, e no mesmo dia a referida carta circulou no grupo de WhatsApp dos padres. Em seguida foi divulgada nas redes sociais. 

O documento somente foi enviado à Nunciatura pelo Conselho de Leigos nesta segunda-feira, dia 28 de agosto de 2023, após aprovação e assinatura dos membros da Presidência. Informamos, também, que o documento tinha carácter sigiloso e a nossa pretensão era atender ao Papa Francisco, ao chamado da Igreja à SINODALIDADE - onde todo o povo de Deus deve ser ouvido e participar das decisões eclesiais. 

Os leigos, até este momento, não foram consultados sobre a escolha do novo Bispo, como o foram alguns presbíteros e integrantes da hierarquia. Não ousamos indicar nomes de possíveis Bispos no documento, mas apresentar nossas preocupações com a igreja local e a importância vital da nomeação de um Pastor com cheiro de ovelhas - capaz de orientar nossa Igreja à luz do Concílio Vaticano II e dos documentos editados pelo Papa Francisco. A análise eclesial apresentada não tem intenção de atingir clérigos em particular, mas de ressaltar o distanciamento do olhar e práticas eclesiais das orientações do Vaticano II e do magistério do Papa Francisco. 

Precisamos, em conjunto, aprofundar nossas análises e discussões sobre nossa caminhada cristã e o seguimento de Jesus. O CONAL está aberto a escuta e ao diálogo e promoverá uma plenária arquidiocesana para aprofundarmos a análise de nossa realidade eclesial. Amamos a Igreja de Jesus Cristo e com ela todas as vocações e vocacionados. Por este amor tão profundo, calçamos a sandália de peregrinos e o profetismo que nos desinstala e nos lança à fraternidade.

Conselho Nacional do Laicato do Brasil

Na Arquidiocese de Aracaju

A Presidência

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CNLB – E-mail: conal.aracaju@hotmail.com/ - SITE: www.conalaju.com.br

Facebook: CONALAracaju

O Papa: ainda há resistências na Igreja, mas a porta está sempre aberta a todos

Foi publicada pela La Civiltà Cattolica a conversação completa de Francisco com os jesuítas de Lisboa, durante sua viagem a Portugal para a JMJ. Uma conversa espontânea, intercalada com perguntas, na qual o Pontífice expressa preocupação com as guerras, reitera o apelo para dar a "todos" um lugar na Igreja, incluindo homossexuais e pessoas trans, e reitera que o Sínodo não é uma "invenção" sua nem uma "busca de votos"

Excelente matéria. Vale a pena a leitura.

"Quanto mais a Igreja se volta para si mesma, ainda que a preocupação deste voltar-se seja encontrar uma unidade perdida, mais a Igreja se atola em suas próprias contradições. Ao contrário, ao abandonar-se numa entrega apaixonada à causa da redenção do Ser humano, de forma concreta e sofrida, ela descobre aquilo que não havia buscado: a sua própria unidade."

Ruben Alves. In: "O enigma da religião", 1984. Citado pelo professor Romero Venâncio (UFS)

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Adicionado em 01 de Setembro de 2023

Cebs

PAPA FRANCISCO FALA:

FALA:

ü Em encontro com os seus irmãos – Os Jesuítas.

ü Durante a Jornada Mundial para a Juventude, em Portugal.

ü Respondendo aos seus críticos.

A DOUTRINA CATÓLICA:

ü Não é monolítica. Se atua com o tempo.

ü É necessário compreender, para a prática do Evangelho, que há uma justa evolução na compreensão das questões de fé e moral.

ü Quando se prende ao passado, a Doutrina dá lugar as ideologias.

ü A ideologia abafa a fé e esconde a afirmação de pertença a Igreja.

A PENA DE MORTE E A ESCRAVIDÃO:

ü Segundo a Doutrina constituem pecados graves. Não podem e não devem ser praticadas sob o silêncio da Igreja.

ü No passado, alguns Pontífices toleraram.

QUANDO NOS FECHAMOS AO PASSADO:

ü Se perde a verdadeira tradição e se recorre as ideologias.

ü A Palavra de Deus é sempre atual. Deus fala ao Seu Povo, segundo as realidades em que vive.

QUANDO AS MENTALIDADES SE ENRIJEM:

ü Os seus protagonistas se isolam, se fecham em si mesmos.

ü A Igreja de Jesus é sempre aberta e inclusiva.

ü A Doutrina está em contínua atualização, para atender os reclamos do tempo presente.

ü Quando desconsideramos a dinâmica da Doutrina nos fossilizamos e nos perdemos como numa guerra.

UM JESUITA LHE PERGUNTOU: A QUEM A IGREJA DEVE SE DIRIGIR?

ü Responde Francisco: “A todos”!

ü Hoje a temática sobre a homossexualidade é muito forte.

ü A sensibilidade para essa temática muda de acordo com as circunstâncias históricas.

ü A Igreja precisa estar atenta para as pastorais de orientação e acolhida.

NÃO ME AGRADA:

ü Afirma Francisco: A Igreja não deve olhar para os pecados da carne, com lupa, e fechar os olhos para os pecados derivados da palavra e da ação relacional com irmãos, irmãs e com a natureza.

ü Todo pecado é objeto da misericórdia de Deus. Ele veio para acolher todos os pecadores e pecadoras.

ü Para acompanhar as pessoas espiritualmente e pastoralmente é preciso muita sensibilidade e criatividade.

ü A Igreja precisa e deve ser aberta. Receber e orientar a todos mostrando o amor de Jesus. Não se esqueçam disso!

VEJAM! CONTINUA O PAPA FRANCISCO:

ü Graças ao trabalho pastoral de uma religiosa, já há algum tempo, na audiência geral das quartas-feiras, recebo, homens e mulheres transexuais.

NUMA DESSAS AUDIÊNCIAS:

ü Um grupo de mulheres chorou profundamente.

ü Perguntei: “Por que vocês choram”?

ü Responderam: “Nunca imaginávamos que o Papa pudesse nos receber”!

ü Respondi: “Todos são convidados”!

ü Percebi, então, que essas pessoas se sentem rejeitadas.

A ORAÇÃO:

ü É uma abertura para Deus! Deixar que a Trindade venha e habite em nós.

ü Com a trindade somos fortes, para sem medo vivermos a missão que o Evangelho nos determina.

ü Como se diz aqui em Portugal: A pessoa que não ora é como um bacalhau. É seca e fechada em si.

ü A oração nos faz abertos, para encontrar com as pessoas e nos fortalecer contra o risco de buscarmos o mundanismo, as armadilhas do sexo virtual e o afã da autopromoção.

ü Minha avó dizia: É preciso e necessário progredir! Continuava: Progredir sem subir sobre os outros. Quem progride dessa forma mostra o traseiro.

Marília, 31 de agosto de 2023.

Prof. Antonio Batista.

FONTE:

Revista IHU

REPORTAGEM:

De Fabrizio Mastrofini.

PUBLICAÇÃO:

I’ Unitá – 29-08-2023.

Idoso de 72 anos "confessa" ameaça a padre Júlio Lancellotti... depois que as câmaras revelaram seu pecado... Fariseu de uma figa!

 Bilhete anônimo com ameaça foi deixado na igreja do padre Julio Lancellotti e câmeras identificaram o autor.


A Polícia Civil de São Paulo identificou, neste domingo (27/8), o autor de um bilhete com ameaças ao padre Julio Lancellotti, da paróquia de São Miguel Arcanjo, na capital paulista.

Trata-se, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, de um idoso de 72 anos (imagem em destaque), que já prestou depoimento, confessou ter deixado o bilhete e disse ainda que não tinha real intenção de fazer mal ao religioso. Ele não teve o nome revelado e vai ser investigado por injúria e ameaça.

Esse bilhete foi colocado na igreja ontem, no fim da tarde. A gente já localizou, pelas câmeras que existem no pátio da igreja e na entrada. Essas imagens eu vou entregar pra polícia, porque vamos fazer um boletim de ocorrência”, disse Julio Lancellotti.

No bilhete, o autor chamou o sacerdote de “petista vagabundo,” de “defensor dos direitos dos bandidos” e fez uma ameaça: “seu dia de reinado vai acabar”.

Conhecido por sua atuação na pastoral do povo de rua, Julio Lancellotti promove trabalhos sociais desde a década de 1980, em São Paulo. Ele é crítico a políticas que afugentem moradores de rua de calçadas e praças e é alvo de ameaças por isso.




A ZANINIZAÇÃO DO GOVERNO

 Gilberto Maringoni - 27/8/2023

OS CINCO PRIMEIROS VOTOS de Cristiano Zanin em sua estreia como ministro do STF chocaram a esquerda e entusiasmaram a extrema-direita. O espanto no campo progressista não vem do comportamento e das opiniões do rico advogado, que tem o direito de pensar e agir como bem entender. Vem do fato de um tipo assim ter chegado ao Supremo pelas mãos de um presidente tido como progressista.

O ADVOGADO É EXPRESSÃO ACABADA de um conservadorismo-brucutu, apesar de seu jeito refinado, cabelos disciplinados com gel e eterna cara de coroinha fofo. É algo típico da classe média do interior de São Paulo. Sua carreira ganhou súbita turbinada ao ajudar a desmontar a farsa judiciária contra Lula, no âmbito da Lava-Jato. Ponto. 

ZANIN NUNCA FOI JURISTA, nunca se notabilizou por postulados teóricos no âmbito do Direito, por opiniões conhecidas sobre a vida política e social do Brasil ou coisa que o valha. Cristiano Zanin como figura pública existe por ser “o advogado de Lula” e nada mais.

O ILUSTRE CAUSÍDICO poderia seguir adiante em sua exitosa carreira profissional, que ninguém teria nada a ver com sua visão de mundo. O que espanta em Zanin é o fato de ter merecido a estrita confiança do maior líder popular da história do Brasil. Zanin só é Zanin para o grande público porque Zanin é Lula.  

ZANIN NÃO FOI ESCOLHIDO POR PRESSÃO DO CENTRÃO, da Faria Lima, das Forças Armadas, da frente governista ou coisa que o valha. Não é um ministro indicado por uma plêiade de partidos fisiológicos para integrar um efêmero ministério. Nomeação para cargo vitalício envolve compromissos de outra natureza. O advogado de Lula ficará na cadeira por 27 anos, a não ser que um cataclismo ocorra no país. Ninguém nomeia ninguém para um posto de tamanho poder e por tanto tempo no âmbito do Estado se não houver comunhão plena de ideias, propósitos e perspectivas. 

AVENTAR POSSÍVEIS EQUÍVOCOS na escolha de ministros do STF significa subestimar a capacidade de discernimento de quem ocupa o principal cargo do palácio do Planalto. Não há dedo podre, não há erro: há – por missão ou omissão – a concretização de algum projeto.

O COMPORTAMENTO E OS VOTOS do novo integrante do STF prestam inestimável serviço à percepção das escolhas do atual governo. Zanin levanta véus, desfaz cortinas de fumaça, revela diretrizes e dissolve ilusões. Zanin mostra dureza implacável contra indígenas, contra pobres, contra o avanço de direitos da comunidade LGBTQIA+ e contra algum tipo de política de segurança mais racional. É impossível que quem o indicou não soubesse de quem se tratava.

DE CERTA FORMA, O JEITO ZANIN DE AGIR não se restringe ao personagem, mas multiplica-se pela administração federal. Afinal, o que significa o país se livrar do torniquete de Paulo Guedes na Economia e cair num novo teto de gastos, limpinho e cheiroso, que segue demonizando o investimento público e avaliando que o principal problema do país é um interminável problema fiscal nunca comprovado? O que pensar então de um ministro da Casa Civil que comandou o estado da PM que mais mata pobres no país? Como avaliar um titular da Defesa que passa o pano para generais golpistas e esmera-se como despachante de privilégios fardados? Como encarar uma Secretaria de Comunicação que se desdobra para rechear as organizações Globo de publicidade? Como classificar uma articulação política no Congresso que fecha os olhos para o fato de boa parte da bancada do principal partido da coligação governista conviver com ditames de Artur Lira? Como enxergar um presidente da Petrobrás que segue colocando a satisfação dos acionistas acima de qualquer política de desenvolvimento ao elevar absurdamente os preços dos combustíveis? Como aceitar os discursos pretensamente indignados contra a privatização da Eletrobrás sem que se tome qualquer iniciativa para evitar a venda da Copel, no Paraná? Os exemplos poderiam seguir adiante, num detalhamento mais fino. Mas fiquemos por aqui.

CRISTIANO ZANIN NÃO É ponto fora da curva. O novo ministro presta um favor à opinião pública ao mostrar como funciona a articulação entre palavra e gesto numa gestão que veio supostamente para mudar comportamentos políticos. Há uma espécie de zaninização das principais esferas do governo. Parece até que vivemos tempos normais, como se o bafo do fascismo não representasse ameaça cotidiana à democracia. 

A indicação de Zanin ao STF expressa algo que o falecido cientista político Wanderley Guilherme dos Santos classificou de abuso de confiança da parte do eleito sobre seus eleitores. 

OITO MESES DEPOIS DA POSSE, Lula segue com aprovação popular crescente. Seu governo precisa de apoio decidido, pois não há alternativa visível e viável contra o fascismo. Ao mesmo tempo, sabemos que a atual maré está longe da estabilidade. Não há nenhuma perspectiva – e nem projeto – para um surto de desenvolvimento consistente que retire o país da rota da mediocridade, após quase 13 anos de ininterrupto juste fiscal.

O governo precisa de apoio. E de crítica e pressão também.

https://revistaforum.com.br/opiniao/2023/8/27/zaninizao-do-governo-por-gilberto-maringoni-143035.html