sábado, 30 de abril de 2022

O que lembrar para não nos perdermos em meio ao tédio, a desesperança, a tristeza, a solidão, ao bolsonarismo, a tudo que leva para baixo....

O que é que pode fazer o homem comum nesse presente instante?

Esta pergunta abre a canção “Conheço o meu lugar” de um de nossos artistas geniais, Belchior e o artista segue buscando respondê-la. 

Nesta mesma semana, Gonzaguinha, outro grande compositor que também nos deixou, sendo este a mais tempo, respondeu a Belchior ou a própria vida, porque esta pergunta está no ar, principalmente em momentos tão difíceis e complexos, como o que estamos  nesse final de abril de 2022.

Há um professor de filosofia da UFS que responde de uma maneira bem especial e necessária.. Romero Venâncio responde lembrando via redes sociais, às vezes youtube, às vezes plataforma zoom ou google-meet ou instagram. Em algumas situações como conversas mais livres, outras vezes como tarefa do grupo de estudos do qual é responsável...

Romero Venâncio responde com memória agradecida, ,  articulada com reflexões analiticas sobre o contexto espacial e temporal em que viveu o autor, sempre destacando algumas obras, assim como a produção estética  ou processo criativivo "strictu sensu"  do autor em questão e etc...

Memória de artistas como Gonzaguinha, Belchior, Gianfrancesco Guarnieri... Há muita gente para lembrar, e falta quem faça isso de uma maneira objetiva, profunda, sensivel  e acessível ao mesmo tempo.

É uma arte também, como faz Romero...

Na live sobre Gonzaguinha realizada no Instagram e vontade de participar da conversa, ouvir canções e beber uma cerveja gelada era um convite que sentia naquele momento.

Aí lembrei e até comentei no espaço de mensagens..

"Seria bom  escolas, universidades,  organizações e movimentos sociais fazer isso, além de partidos políticos. Investir em encontros presencias com um bom papo, boas canções, acompanhado de comes e bebes. "

Mas enquanto isso não acontece por aqui, vamos seguindo, respondendo a pergunta  de Belchior "O que é que pode fazer o homem comum nesse presente instante?" como Romero. Dá para fazer, utilizando os recursos tecnológicos, desde que fazendo uma boa preparação e dlvulgação antecipada, dá para juntar de 10 a 50 pessoas em média, no momento "Ao vivo"  mesmo com os limites inerentes a esse tipo de formato...  E depois a audiência pode ir para centenas, para milhares, a depender do engagamento das pessoas.. 

Prof. Romero Venâncio apresenta Gonzaguinha

https://www.youtube.com/watch?v=R2A-XGyiCF0



"A gente quer viver pleno direito"

https://www.youtube.com/watch?v=0dw1O84XojM

Abaixo, Daniel Victor no grupo Belchior (facebook). 

Na data que antecede os 5 anos da partida física do poeta maior, lembramos os 31 anos da perda de Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, o carioca** Gonzaguinha** (1945 - 1991).

Filho registrado de Luiz Gonzaga, o Gonzagão (1912 - 1989) e da dançarina Odaléia Guedes dos Santos (1925 - 1948).

Gonzaguinha, que apareceu para o Brasil, com a faixa* 'O Trem'*, em 1969, também no Festival Universitário de Música Brasileira, dois anos antes de Bel, com sua 'Na Hora do Almoço'. Ambos foram vencedores de suas edições.

No ano de 1973, um ano antes da estreia do bardo sobralense em estúdio, estreou com seu álbum 'Luiz Gonzaga Jr.'. Depois vieram grandes sucessos como* 'Lindo Lago do Amor', 'O que é, o que é?', 'Sangrando', 'Comportamento Geral'*, 'Grito de Alerta', 'Eu apenas queria que você soubesse', e tantos outros.

Gonzaguinha, assim como nosso rapaz latino-americano, foi um revolucionário musical. Escreveu sobre o amor, sem alienar-se e sem esquecer os dramas nacionais, nos mais difíceis momentos de Ditadura Militar.



Chico Pinheiro é um daqueles que velam pela alegria do mundo... Vamos celebrar!!

 "É claro que ficamos todos tristes com a saída de Chico Pinheiro da Rede Globo. O fato foi anunciado ontem pelo diretor de jornalismo do órgão, Ali Kamel, em texto onde o profissional agradece a longa parceria do jornalista com a TV durante 32 anos. A nota dá a entender que a decisão foi conjunta, mas sabemos que a situação de Chico Pinheiro já estava delicada na emissora há um bom tempo. A verve crítica de Chico, a contundência de suas firmes opções nos campos da ética, da religião e da política, já produziam um arranhão cognitivo com a emissora, o que já era sabido por muitos. O acontecimento insere-se também nessa onda de demissões de jornalistas que vem ocorrendo nos últimos tempos na Rede Globo.

Não poucos brasileiros ficamos mais entristecidos com sua ausência nas manhãs da Globo, no Bom dia Brasil, com aquele seu entusiasmo característico, um bom humor que ajudava a muitos de nós a levantar com mais animação e alegria. Seus bordões vão ser lembrados por muito tempo. Talvez seja um de nossos mais competentes jornalistas do país, de alma nobre e caráter ético indevassável, que se soma à capacidade profissional ao humor e espontaneidade. Seu amor ao Atlético Mineiro e ao Samba reverberavam junto com sua presença cotidiana na TV, dando um pouco mais de ternura e alegria a um país tão necessitado e carente. Sem dúvida, vamos todos perder com essa sua ausência, que espero seja provisória, pois há outros organismos televisivos onde ele poderá marcar sua presença.

Um dos mais lindos traços de Chico Pinheiro é sua generosidade. Tem se dedicado a ajudar os outros por diversas formas. Está sempre presente e disposto a acolher propostas que visam ao reconhecimento da dignidade dos mais simples e excluídos. Tem sido um dos grandes entusiastas e estimuladores do trabalho único que o padre Julio Lanceloti, nosso profeta, vem realizando em São Paulo com os abandonados nas ruas. Bonita também sua dedicação a causas importantes, como a que marca sua presença encantadora junto às irmãs carmelitas que hoje atuam no Nordeste. Ficamos felizes com a ajuda que ele e outros, durante décadas, vem prestando às irmãzinhas carmelitas. Vamos poder comemorar juntos a publicação do livro da Irmã Maria Amada, a grande santa do Carmelo, cujo livro está para ser publicado pela Vozes: O livro das delicadezas.

Minha ligação com Chico Pinheiro, também conhecido pelos mais íntimos como Shyko, vem de mais de cinquenta anos. Nos conhecemos num grupo de estudantes nos encontros do CJC (jesuíta), um grupo de amigos que depois se irradiou na Tropa Maldita, quando esse grupo, já de universitários, e de várias partes do Brasil, encontravam-se quatro vezes por anos em diversos locais, mas sobretudo no Seminário da Floresta em Juiz de Fora. Ali se firmou uma amizade que perpetua, tanto que iremos fazer um encontro comemorativo da data no próximo mês de junho, no mesmo local tradicional. 

O grupo era acompanhado pelo teólogo e sacerdote jesuíta, João Batista Libânio, que com sua presença profética e mística, animava as reuniões do grupo. Não era um grupo católico tradicional, mas aberto às grandes questões do tempo, uma vez que discutíamos a cada evento temas relacionados à política nacional, à filosofia, ciências sociais,literatura e artes. Momentos fortes eram também as celebrações, sempre muito participadas e envolventes. As noites eram molduradas pela música que corria noite à fora, muitas vezes ao relento, quando então tocávamos e cantávamos com energia singular as canções do momento, como as de Vandré, Chico Buarque de Holanda, Edu Lobo, Milton Nascimento e tantos outros. O grupo se firmou numa amizade bonita, que perdura, agora recheado de novos jovens e crianças das famílias que foram se formando, e muitos casais se firmaram nos próprios encontros.

Agora contamos também com a presença de Chico Pinheiro no Grupo de Emaús, outro grupo tradicional entre nós, que esteve na origem de importantes iniciativas no campo eclesial e também da política. Um grupo igualmente com cerca de cinquenta anos, que conta com a presença de muitos intelectuais, pensadores , teólogos, filósofos, cientistas sociais, políticos e profissionais de áreas diversas. Foi um grupo que se firmou depois da libertação dos freis dominicanos, Betto, Ivo e Fernando. A razão que motivava e ainda motiva os encontros bianuais, sobretudo em Corrêas e Petrópolis, é a de tentar pensar juntos os rumos da igreja e da política no Brasil, com encontros muito preciosos e substantivos, que deram frutos importantes na formação ou irradiação de experiências bonitas como as Comunidades Eclesiais de Base, O Centro de Estudos Bíblicos, O CESEEP e também o Movimento dos Trabalhadores sem Terra. 

Em tempos recentes tive a alegria de conhecer o pai de Chico Pinheiro em BH, que agora está entre nós de outra forma, e foi uma experiência bonita. Aquele grupo de amigos reunidos em torno ao sábio anfitrião, que marcou sua vida também por um singular projeto ético e cristão, e que nos últimos tempos radicalizou sua opção pelos marginalizados e excluídos de nossa sociedade.

Digo a vocês que ter Chico Pinheiro por perto, bem próximo do coração, é dos prazeres mais agradáveis que venho tendo ao longo da vida. Firmou-se uma amizade bonita, graciosa, marcada pelo toque da graça e pela paixão comum pelas causas sociais, mas também pela música e pela mística. Temos um projeto, que quem sabe um dia venha a se realizar: um trabalho comum em torno do tema do Samba como forma de Oração. 

Penso que minhas palavras são endossadas por tantos amigos que de forma pessoal vão enviando suas mensagens ao Chico Pinheiro ou partilhando em Zaps específicos como o de Emaús, com depoimentos carinhosos e emocionantes. Em síntese, é muito bom ter essa presença radiante no meio de nós, e melhor ainda saber que teremos ele por perto por muitos anos. Viva Chico Pinheiro, viva Minas e viva o Clube Atlético Mineiro."

Publicado no mural do faceboook do Faustino Teixeira, republicado por Inês Ferreira na mesma plataforma e agora,  aqui no blog da Ação Cultural.

Chico Pinheiro e Faustino Teixeira..

https://www.youtube.com/watch?v=BCgSsj1Ix5I


https://www.youtube.com/watch?v=2LYLWnfZ7zM


https://www.youtube.com/watch?v=9a0P2vyMJ5I


https://www.youtube.com/watch?v=6M06uju6nCw

LIVE: CHICO PINHEIRO NA VIDA QUE SEGUE

Gostou do texto?  Quer seguir na mesma vibe? Então leia:

1 - Como não afundar com as almas sebosas do Bolsonaro e dos bolsonaristas?

2 - O que lembrar para não nos perdermos em meio ao tédio, a desesperança, a tristeza, a solidão, ao bolsonarismo, a tudo que leva para baixo....





A respeito da moção de aplauso na câmara de vereadores para o livro AMABA:Circulo de Cultura e um poema de Drummond.

A professora e vereadora Angela Melo aprova moção de aplauso na câmara de vereadores de Aracaju pela publicação do livro AMABA: O esquecido circulo de cultura de Aracaju. 

Os agradecimentos pelo gesto deixo novamente registrado aqui, antes desse, também pela participação da vereadora  no esforço coletivo e cidadão que garantiu um atendimento médico hospitalar de qualidade, com o suporte do poder público.

Agradecimento que reiteramos a todos os envolvidos direta e indiretamente..

Outros livros virão, bem na linha da necessária contribuição as três coisas que poderiam salvar o Brasil.

Memória histórica, interpretação de texto e consciência de classe...

Já em um grupo do whatzapp, dentro de um lugar onde temos pessoas que não acompanharam e nem souberam da situação pelo qual passei, respondi lembrando poema de um grande poeta brasileiro.

"Pois é... Poderia ter ido....Mas retornamos... Com uma certeza semelhante ao do poema do Drummond.. Vim e continuo por aqui, para ser gauche na vida"   

Poema de Sete Faces

Carlos Drummond de Andrade.

Quando nasci, um anjo torto

Desses que vivem na sombra

Disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida


As casas espiam os homens

Que correm atrás de mulheres

A tarde talvez fosse azul

Não houvesse tantos desejos


bonde passa cheio de pernas

Pernas brancas pretas amarelas

Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração

Porém meus olhos

Não perguntam nada


O homem atrás do bigode

É sério, simples e forte

Quase não conversa

Tem poucos, raros amigos

O homem atrás dos óculos e do bigode


Meu Deus, por que me abandonaste

Se sabias que eu não era Deus

Se sabias que eu era fraco


Mundo mundo vasto mundo

Se eu me chamasse Raimundo

Seria uma rima, não seria uma solução

Mundo mundo vasto mundo

Mais vasto é meu coração


Eu não devia te dizer

Mas essa lua

Mas esse conhaque

Botam a gente comovido como o diabo


https://www.youtube.com/watch?v=wjERqUkUMA0&t=1495s

Live de lançamento - AMABA: o esquecido círculo de cultura da Aracaju dos anos de 1980

Como adquirir
O livro custa R$35.00 um único exemplar. Quem comprar dois, no caso para dar um de presente, pagará R$60.00, ou três por R$90.00 portanto terá um desconto de R$5.00 por cada livro. A partir de 4 livros, o preço unitário fica em R$25.00.
Para quem mora em Aracaju estaremos fazendo a entrega imediata, via motoboy ou correios, para quem mora em outros municípios ou estados. Nesse caso, será preciso acrescentar mais R$10.00 reais para as despesas postais.
O custo para a entrega via motoboy é R$10.00
Para entrega via correio - R$45.00 - Via motoboy - R$45.00
Sobre o conteúdo do livro
É um livro de memória histórica coletiva construído com base em entrevistas, documentos do acervo da AMABA, leituras de livros e trabalhos de pesquisa da Universidade Federal de Sergipe e outras universidades.
Abrange a década de 1980, e trabalha uma visão da politica, da sociedade e da cultura no nível local, bairro américa e Aracaju, mas também Sergipe e Brasil.
Os destaques da história local, são a luta contra a poluição da fábrica de cimento, as campanhas em favor da pavimentação de ruas, saneamento básico, melhoria do transporte coletivo, atendimento na área da saúde, construção de moradia, entre outros.
O livro traz também uma detalhada descrição e análise do trabalho com ação cultural desenvolvido na década de 1980 encerrando com a descrição sobre como surgiu o Projeto Reculturarte – uma proposta que uniu educação popular, ação cultural, esporte e comunicação alternativa, e que será destaque no segundo volume que abordará a maior parte da década de 1990.


Capitulo introdutório do livro AMABA








2º áudio do livro AMABA Maria do Campo do Vidro




Respondido a uma amiga, ligada a uma grande instituição parceira da AMABA, atualmente residindo em Recife e cidadã do mundo. "Sinto como se a AMABA/Projeto Reculturarte estivesse voltando a cena politica e cultural de Aracaju por meio da memória. Os nossos planos além dos dois volumes restantes é a ediçao em livro digital, audiolivro e curta metragem... Para isso buscaremos parcerias afim de viabilizar tudo isso...

Márcio Pochmann defende centralidade do trabalho e Economia Solidária


Foi realizada na tarde de quarta-feira (27) a assembleia de convergência “Economia Solidária, outro modo de viver é possível”, no auditório da Fetrafi-RS, em Porto Alegre, dentro da programação do Fórum Social das Resistências, que termina neste sábado (30).

O evento reuniu cerca de 100 trabalhadores e trabalhadoras e, além das falas, foi marcado por muitos olhares e abraços, na alegria do reencontro presencial após mais de dois anos da pandemia de Covid-19, que ainda não acabou. Houve também transmissão ao vivo pelo Youtube e Facebook.

A mesa de debates contou com a participação do professor, economista e pesquisador Márcio Pochmann, do presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, da representante do Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), Suziane Gutbier, e da representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) da Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários do Rio Grande do Sul (Unisol-RS).

A coordenação foi da presidente da Cooperativa de Costureiras Unidas Venceremos (Univens), da Cooperativa Central Justa Trama e secretária-geral da Unisol Brasil, Nelsa Fabian Nespolo.

Outra forma de viver, consumir, comercializar e produzir

Ao abrir os trabalhos, Nelsa destacou a alegria do reencontro e frisou que a Economia Solidária tem tudo a ver com a utopia do Fórum Social Mundial (FSM), pois acredita num outro mundo possível, com outras formas de viver, de consumir, de comercializar e de produzir. 

Ela registrou a presença de várias experiências de Economia Solidária no evento, bem como as entidades que apoiaram a sua realização, como a Unisol-RS, a FBES, a Fundação Luterana de Diaconia (FLD), o Centro de Assessoria Multiprofissional (CAMP). 

Nelsa chamou a atenção de que “hoje somos mais de 12 milhões de pessoas que escolheram viver essa forma de vida e que isso não é pouca coisa”.

Só a luta pode transformar a realidade

A catadora Maria Tugira lembrou que é oriunda do trabalho num lixão de Uruguaiana e destacou a importância das parcerias que contribuíram na conquista da cooperativa, que hoje faz parte do processo de coleta seletiva solidária do município. Para ela, só a luta pode transformar nossa realidade.

“Mas a gente ainda tem muitos desafios, como lutar por políticas públicas voltadas para as comunidades. Hoje vivemos o desmonte, estamos sofrendo e sempre os que tão lá no topo são os privilegiados desse governo”, apontou.

Maria falou que para vencer esse desafio é preciso mostrar para as companheiras e os companheiros que está em nossas mãos o destino do nosso país. “Nós que lutamos estamos com medo e precisamos nos unir numa só voz, numa só caminhada, para vencer esse monstro e o desmonte dos nossos direitos”, ressaltou, defendendo a luta pela democracia e pelo “Fora Bolsonaro”.

Políticas públicas são importantes para Economia Solidária

Suziane Gutbier falou sobre a história da Economia Solidária, enquanto uma organização social e política, reconhecendo os antecedentes dessas práticas, como os povos originários e indígenas e as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).

Ela lembrou que foi formado um grupo de trabalho na primeira edição do FSM, em 2001, que elaborou a “Carta ao Lula” no ano seguinte, tendo como pauta a construção de políticas públicas federais para a Economia Solidária, como estratégia de desenvolvimento. 

“A gente nasceu reivindicando a pauta das políticas públicas e caminhando com governos que eram simpáticos a nossa causa. A gente sempre sonha para além do que os governos nos querem atender. Em alguns momentos fomos acusados de estarmos aparelhados. Mas a construção das políticas públicas foi muito importante para destacar a Economia Solidária em todo o país”, frisou.

Suzi disse que, nos últimos tempos, por falta de recursos e apoio, houve uma desarticulação do FBES e que este momento é muito importante, pois está ocorrendo a retomada das plenárias temáticas, municipais e estaduais.

“Temos muitos acúmulos teóricos e práticos, queremos outras formas de se relacionar com o planeta, temos que disputar o orçamento público. Manter a base forte e articulada. A Economia Solidária sempre vai estar do lado da esperança, da vida e não da morte e do desprezo pela classe trabalhadoras. Um outro mundo é possível e é desse lado que o FBES está”, salientou.

Superar o neoliberalismo nas ruas e nas urnas

Amarildo Cenci disse que esses encontros nos deixam em melhores condições de ir à luta, pois essas experiências vão além da economia, da produção e do consumo, e abarcam o cuidado com a natureza, a diversidade, e o cuidado com o outro. 

Ele também enfatizou que o neoliberalismo precisa ser superado nas ruas e nas urnas e que a CUT também vai lutar para incluir a pauta da Economia Solidária no governo Lula, se for eleito.

“Nós, da CUT, aprendemos muito com o pessoal da Economia Solidária e o desafio da pandemia mostrou para o movimento sindical, que é necessário ir além das pautas da carteira assinada e dos direitos dos trabalhadores”, disse Amarildo, salientando a construção do projeto “CUT com a comunidade” em parceria com vários sindicatos. 

O dirigente sindical destacou que inúmeras mulheres surgiram como lideranças, através da doação de cestas básicas de alimentos de qualidade e sem agrotóxicos e das cozinhas comunitárias. “Só poderemos resistir se construirmos um tecido nos modelos cultural e político para garantir um mundo de paz, civilizado, sustentável e inclusivo”, apontou.

Centralidade do trabalho

Marcio Pochmann afirmou a importância da retomada do Fórum Social das Resistências e que temos uma eleição que pode mudar o país e que é fundamental termos muita clareza do que tem que ser feito.

Ele falou da centralidade do trabalho e que temos que reconhecer que tivemos 350 anos no Brasil em que o trabalho central foi o forçado, o escravo, completamente desvalorizado.

O economista frisou que desde a escravidão o mundo do trabalho foi o assalariado e que indígenas, negros e negras foram excluídos pelo capitalismo, caracterizado pelos direitos dos brancos. Ele lembrou que o próprio movimento sindical surgiu aqui tendo essas referências. 

Conforme Márcio, desde 1990 não aumenta a taxa de assalariamento e o emprego ainda existe, mas vem sendo atacado, sobretudo com a reforma trabalhista, em 2017, que reduziu direitos e precarizou o trabalho.

“O dinamismo do capitalismo brasileiro é o menor de todos. Estamos no pior momento, parece que não há saída. Precisamos saber o que está sendo dinâmico, fazer uma inflexão sobre onde estão sendo gerados ocupações. Estamos na era da digitalização da sociedade. Essa nova fase está abrindo novas formas de trabalho e de produção, com a ausência das políticas públicas”, analisou.

Internet aumentou exploração do trabalho

Márcio observou que, “com a internet, o grau de exploração é muito maior, as pessoas não desconectam do trabalho quando saem do espaço de trabalho. É possível trabalhar em outros lugares e em casa. A pauta do mundo do trabalho não é só de quem trabalha fora de casa, mas de dentro de casa. A extensão intensificou o trabalho e a exploração do trabalho”.

Ele também alertou que, desde 2014, existe uma subutilização do trabalho e que, no seu entendimento, a Economia Solidária ganha um novo lugar e que não é só uma reação, um pronto-socorro, uma vez que o capitalismo não tem respostas, a não ser para os seus. 

Economia Solidária é oportunidade de trabalho

Na avaliação do economista, a economia tem que ser um meio e estar a serviço da política, de uma vida melhor. Na Economia Solidária, a política reorganiza a vida, permitindo combinar o modo de sobrevivência a partir do trabalho.

O economista também salientou que os programas de transferência de renda tiraram a centralidade do trabalho e a colocaram no dinheiro, levando as pessoas ao individualismo. Assim, a Economia Solidária se apresenta como uma oportunidade de trabalho, com uma visão política da sociedade e que não devemos atuar de forma fragmentada.

Ele destacou que essa é uma década chave para o Brasil, uma oportunidade histórica ímpar, de fazer história nos próximos 50 anos e que os que mandam no país têm consciência de que os momentos de rupturas geram oportunidades e que, por isso, investem no cancelamento do futuro.

“Temos oportunidades diante da mudança tecnológica. Não vai acabar o capitalismo, precisamos ter um ministério da Economia Solidária, podemos fazer economia de trocas com base moeda social, remunerar o trabalho de casa, pode ter crédito pessoal”, exemplificou.

Superar o medo de ousar e lutar

“Precisamos construir uma outra utopia, a centralidade do trabalho dentro e fora de casa. Onde há resistência, como a Economia Solidária, há possibilidades. É preciso superar o medo de ousar e lutar para que a economia seja subordinada a política.

Para Márcio, “precisamos compreender a economia como algo híbrido. Percebemos que o Brasil tem uma forma diversa de sobrevivência e de produção. Precisamos de uma diferenciação do orçamento. 

“Não é só o governo Lula, o presidente, precisamos votos no Congresso, ter os parlamentares convictos contra o neoliberalismo. Mas, mesmo que tenhamos Lula e uma bancada, não estará tudo resolvido. Precisamos de muita pressão já para o primeiro orçamento. A vida é curta, mas não pode ser pequena nas nossas realizações”, concluiu.

sexta-feira, 29 de abril de 2022

É pra aplaudir e compartilhar de pé!! Comitê da ONU conclui que Moro foi parcial e dá vitória para Lula ...

Por que é importante compartilhar? ..... Três coisas salvariam o Brasil... Memória histórica, interpretação de texto e consciência de classe.

 Comitê da ONU conclui que Moro foi parcial e dá vitória para Lula ... - Veja mais AQUI 

https://www.youtube.com/watch?v=TVfO_hK5gmU



Nosso passado autoritário não é passado ainda

Decisão de comitê da ONU sobre Lula expõe brechas perigosas na Justiça

Paulo Sérgio Pinheiro - FSP - 28.abr.2022

O Comitê de Direitos Humanos da ONU, que monitora o cumprimento do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, acaba de reconhecer que o processo contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) violou as garantias do devido processo legal e seus direitos políticos.

Foi constatado que o ex-presidente teve seus direitos violados pelo Estado brasileiro ao não ter acesso a um processo justo e não ter tido protegida sua presunção de inocência. Ao mesmo tempo, o comitê reconheceu que Lula teve seu direito à participação política igualmente violado durante o pleito de 2018, quando foi impedido de concorrer.

A decisão do comitê deve ser lida com cuidado por todos que atuam para proteger e promover a democracia e o Estado de Direito no Brasil. As violações sofridas pelo ex-presidente individualmente, desde sua caçada televisionada até sua prisão prolongada, tiveram impacto imediato e profundo na trajetória política e social do país.

O governo Jair Bolsonaro (PL), fruto maior dessa sequência nefasta, iniciou um dos períodos de maior retrocesso na nossa história política desde o fim da ditadura de 1964. A decisão do comitê da ONU, ao ratificar as violações sofridas por Lula, confirma que na democracia brasileira sobrevivem falhas estruturais no sistema de Justiça, e essas brechas dão espaço para perigosas forças antidemocráticas.

Absurdos cometidos desde a primeira instância, ao divulgar-se em rede nacional áudios de interceptação telefônica ilegal da própria presidenta Dilma Rousseff (PT) até os erráticos trâmites no sistema judicial, com alto grau de imprevisibilidade e voluntarismo, jogando e tirando temas de pauta, alterando decisões individualmente de um dia para outro.

Durante os processos sobrevivia uma proximidade perigosa entre operadores da Justiça e donos do poder. Contatos especiais adiantando informações sobre a perseguição ao ex-presidente Lula e humilhando seus familiares, publicidade oportunista de delações, projetos de pactos e traições que gestaram a insegurança institucional que explodiu com Bolsonaro no poder.

Preso injustamente por 580 dias, o ex-presidente Lula enfrentou os abusos de um sistema de Justiça penal que chegou à crueldade de negar a um detento a possibilidade de viver o luto em família. Foi impedido de conceder entrevistas, mantido em completo isolamento enquanto ocorria o processo eleitoral.

A ficção de guerra implacável contra a corrupção abria espaço para todo o tipo de exceções, acelerando condenações improvisadas sem mesmo ter o cuidado de uma revisão de texto de sentenças.

Nosso passado autoritário não é passado ainda. A guinada autoritária que se inicia com o impeachment da ex-presidenta Dilma e que culmina no processo que condenou e silenciou o ex-presidente Lula fez reflorescer o que havia de pior nos padrões de violência e arbítrio que nossas três décadas de democracia não conseguiram debelar. Negando os crimes do regime militar, como ainda fazem repetidamente algumas autoridades civis e militares, celebrando a ditadura de 1964, negando o racismo estrutural, a discriminação de gênero e a desigualdade econômica brutal.

Desse modo, as forças mais retrógradas da nossa vida política conquistaram um espaço jamais alcançado antes sob a Constituição de 1988 e iniciaram um processo de acelerada ​desconsolidação da nossa democracia. A decisão do comitê chega quando o país se prepara para mais uma eleição. …

https://www.youtube.com/watch?v=FiZ2xZ46J8Q


Acrescido em 30/04/2022

quinta-feira, 28 de abril de 2022

Os ataques neoliberais a educação publica, além dos neofascistas.. Como enfrentar isso?

 " A GOVERNO  não dá educação porque a educação derruba o governo"

Com a assinatura de Nathalie Ferraz

Um meme circulou em um grupo de professores com a frase acima... 

O que pode e deve circular é com o nosso bom e velho patrono da educação, Paulo Freire.

E por que não?

1- Quem forma o governo e a quais interesses atende? Todo governo é igual e defende os mesmos interesses? 3- O poder é exercido apenas pelo governo? E a educação é um dádiva ou presente do governo?


E quem explica com mais argumentos urgentes e necessários, por que não?

Essa afirmação não é mais verdadeira. 

 " A educação não dá educação porque a educação derruba o governo"

A educação hoje é concedida para manter a classe dominante controlando o poder político e o econômico, além da escola ser o instrumento para produzir trabalhadores alienados e submissos.

É necessário e urgente debater sobre o papel político e as graves implicações na realidade educacional de Sergipe, que atualmente exercem as Fundações Empresariais da Educação (Lemann, Oi, Telefônica, Google For Education, dentre outras, etc.) que a partir dos seus ventrículos treinados dentro da SEDUC, atuam com profunda incidência nas escolas estaduais e municipais sergipanas, seja no planejamento dos projetos políticos pedagógicos, na implantação da BNCC, no currículo de Segipe, na organização e gestão escolar, no novo ensino médio, na "nova" legislação educacional de Sergipe, nos instrumentos de avaliação em massa externos do ensino, no ensino de tempo integral, na formação continuada de Professoras e Professores, além dos novos mecanismos criados para o controle das atividades docentes em sala de aula que estão sendo implantados.

Compreender essa engrenagem possibilita também entender as perigosas articulações políticas entre o Governo de Sergipe, a Undime, a Uncme e a FAMES para consolidar em Sergipe a destruição da carreira do Magistério Público, com a consequente negação dos direitos e as manobras para inviabilizar corretamente o Piso Salarial da categoria.

Hildebrando Maia

E papo comigo prossegue abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=zY6WuFosFH4  

E o nosso novo episódio já está disponível! O tema desta semana é "O impacto do pensamento neoliberal no chão da escola". O entrevistado desta primeira parte  da nossa série é o educador cultural, Zezito de Oliveira. Um papo massa sobre como esse pensamento influencia a educação brasileira. Para ouvir a série completa é só acessar as principais plataformas de áudio! #serie #educacao #jornalismo #podcast #podcastportrasdamidia #neoliberalismo #cidadania #parte1



Zezito de Oliveira





quarta-feira, 27 de abril de 2022

Como não afundar com as almas sebosas do Bolsonaro e dos bolsonaristas?

mau caráter patife. bandidobandoleiroassaltanteassassino,  ladrãohomem mau. sujeito ruim marginal o diabo em figura de gente. malfeitorcriminoso. transgressorinfratordelinquente , perverso,  perturbador,  satanás sem rabo,  espírito de porcoespírito de porco,  bagunceiro. malandro,  coração ruim

Neste momento, vocês estão nas mãos de um ditador”, disse o sociólogo italiano Domenico de Masi, autor de O Ócio Criativo, argumentando que Mussolini, Hitler e Erdogan também foram eleitos.

Leia trechos da entrevista: “Esta ditadura reduz a inteligência coletiva do Brasil. Durante esta pandemia, Bolsonaro se comportou como uma criança, de um jeito maluco. Ou seja, o ditador conseguiu impor um comportamento idiota em um país muito inteligente. Porque é isso que fazem as ditaduras. 

Este me parece um fato tão óbvio que às vezes nos passa despercebido. Quando o país é comandado por pessoas tão tacanhas, a tendência é o rebaixamento geral do nível cognitivo da sua população.

É fácil entender por quê. Sob Bolsonaro, Damares, Araújo, Pazuello, Salles, Guedes & Cia, vemo-nos obrigados a retomar debates passados, alguns situados na Idade Média, ou no século 19, como se fossem novidades.

Terraplanismo, resistência à vacinação e a medidas básicas de segurança sanitária, pautas morais entendidas como questões de Estado, descaso com o meio ambiente, tudo isso remete a um passado que considerávamos longínquo.

Quando entramos nesse tipo de debate entre nós, ou com as “autoridades”, é como se voltássemos da pós-graduação às primeiras letras do curso elementar. Somos forçados a recapitular consensos estabelecidos há décadas, como se nada tivéssemos aprendido.

É como forçar cientistas a provar de novo a esfericidade da Terra ou a demonstrar eficácia da vacinação. Ou defender, outra vez, a necessária separação entre Igreja e Estado, mais de 230 anos depois da Revolução Francesa.

É muita regressão e ela nos atinge. De repente, nos surpreendemos discutindo o óbvio, gastando tempo com temas batidos e desperdiçando energia arrombando portas abertas séculos atrás na história da humanidade.

À parte a necessária luta política para nos livrarmos o quanto antes dessa gente, entendo que existe uma luta particular e que depende de cada um de nós: a luta para não emburrecer.

Manter a lucidez e a inteligência através da leitura de bons autores e da escrita. Manter viva a sensibilidade pela conversa com pessoas normais e pela boa música. Assistir a bons filmes para contrabalançar a barbárie proposta pela vida diária e pelas redes sociais.

Enfim, mantermo-nos íntegros e fortes para a reconstrução futura do país. Não podemos ser como eles. Não devemos imitá-los em sua violência cega. Não podemos nos deixar contaminar por sua estupidez. Eles passarão. E estaremos aqui, para recomeçar.

Provavelmente, o que leva a esse rebaixamento é o ódio e o ressentimento por levar as pessoas a se sentirem, no fundo, perdedoras (é o caso de todos os bolsonaristas que conheci mais de perto) e ter de encontrar bodes expiatórios para culpá-los. A cultura competitiva, que estabelece, com critérios perniciosos, o que é ter sucesso, faz com que quem entra nesse jogo perverso, sinta-se, no final das contas, sempre um perdedor.”

https://viladeutopia.com.br/sociologo-italiano-domenico-di-masi-constata-o-rebaixamento-da-inteligencia-coletiva-brasileira/

Berardi: o árduo resgate do erótico e do crítico

Filósofo autonomista provoca: hiperaceleração digital devasta tanto as sugestões amorosas quanto o tempo necessário para enxergar e refletir sobre o mundo. Mas não há saída sem o contato entre os corpos, em sua dimensão sensual e política



terça-feira, 26 de abril de 2022

A segurança pública que o Brasil precisa

 https://www.youtube.com/watch?v=t4c2EYmnjhk

Adilson Paes de Souza, tenente-coronel aposentado da Polícia Militar de São Paulo, mestre em Direitos Humanos pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e doutor em Psicologia pelo Instituto de Psicologia da USP, fala sobre o assalto e sequestro que sofreu e dá pistas de como os políticos deveriam tratar a questão da segurança pública no país. Entrevista à jornalista Marilu Cabañas. Veja o vídeo.



Segurança pública: governa-se com o crime ou contra ele? | Jacqueline Muniz | TEDxJoaoPessoa

https://www.youtube.com/watch?v=J2nXIUDbQlM  





25 de abril de 2022 em um Brasil que lembra o Portugal de antes dessa data e o Brasil de 1974

 Viva o 25 de abril!, por Marcelo Trindade Miterhof

Quando me dei conta que o assunto vinha me interessando com insistência, achei que fosse por 25 de abril de 1974 ter ocorrido pouco menos de um mês antes de eu nascer. Fomos gestados juntos!










Portugal 74-75 - O retrato do 25 de Abril

https://www.youtube.com/watch?v=xX98LTcTa-U


O documentário “Portugal 74-75 – O retrato do 25 de Abril”

Luis Nassif - Publicado em 26 de abril de 2013, 13:00

Via perfil de Hélio Andrade Ribeiro no facebook

Celeste Caeiro, atualmente com 88 anos, foi a mulher que fez do cravo a flor símbolo da revolução de 25 de abril em Portugal.
Quarenta anos depois, "Celeste dos cravos", como passou a ser conhecida, relembra aquele momento como um dos mais significativos da sua vida.
Foi ela quem, no dia 25 de Abril de 1974, distribuiu cravos pelos militares que levavam a efeito um golpe de estado para derrubar o regime ditatorial liderado por Marcelo Caetano, tendo, por este motivo, a revolução ficado conhecida pela Revolução dos Cravos. Ver menos

segunda-feira, 25 de abril de 2022

E agora? Três textos para quem ama, protesta, mas não consegue incidir na realidade como gostaria.


Romero Venâncio 

POR ENQUANTO

Parto de um fato estratégico: por si só, eleição alguma desemboca em revolução. Até hoje não vimos isto em lugar nenhum. Logo, eleições democráticas em forma burguesa tem limites sérios. Nunca tive dúvidas disto. Só que, também, temos visto na história várias eleições que polarizam debates, mobilizam massas e avançam em processos de formação da consciência. Vi de perto na Venezuela, Bolívia, México, Uruguai e aqui no Brasil em 1989, por exemplo. Mas vemos, também, que mobilização eleitoral não significa política econômica contra o neoliberalismo, anticapitalista ou que favoreça efetivamente os mais pobres. Não vejo na maioria dos grupos que participo uma crença cega em eleições, salvo uma “ala petista messiânica” (que não representa todo o PT). Agora, estamos diante de uma realidade que temos que encarar: o “fora Bolsonaro” passa pelas eleições. tirar Bolsonaro é tirar bolsonaro do governo. Mesmo que o bolsonarismo continue com seu fascismo correlato. A extrema direita no Brasil tá ainda forte e atinge mais de vinte milhões de pessoas (apesar de saber que não existe no Brasil exatos 20 milhões de fascistas!).

Agora, tenho que dizer uma coisa por razões de honestidade intelectual: a esquerda mais à esquerda que conheço e tenho identidade por estas bandas, não consegue mobilizar os mais pobres. Não tem (nesta quadra histórica) poder de mobilização popular. Falo aqui de PCB, PSTU, PSOL, UP, CONLUTAS e algumas outras organizações menores ainda. Só um “militante messiânico” de alguma dessas organizações não percebe isto... E ainda falta nessas esquerdas que convivo, caracterizar bolsonaro e sua estratégia para além da caricatura. Estou impressionado como a formação nestas organizações caiu assustadoramente. Confesso que não sei o que estes militantes estão lendo, mas o que estão lendo reflete um discurso ruim, vanguardista e descolado completamente do povo. As manifestações deste ano e do ano passado era nós com nós mesmos e olhe lá. Desmerecer o potencial de Lula nestas eleições é um erro e que será cobrado historicamente mais na frente. Nenhum partido de esquerda no Brasil e na América Latina tem um quadro de massa como Lula (e com todas as contradições eleitorais e econômicas do PT).

A minha posição e meta neste ano: calibrar as análises de conjuntura, evitar o sectarismo eleitoral, não ser messiânico na espera das eleições e nem acreditar que as grandes questões desse país em termos econômicos e culturais mudará imediatamente após as eleições e com a possível vitória de Lula. Passando as eleições, terei que me refazer e retomar as análises que fiz, que li e o que escutei atentamente. Não tenho dúvidas mais de uma coisa: estas eleições no Brasil neste ano serão atípicas. Terão grande importância para o Brasil e para o mundo. Estamos em guerra. Esse processo eleitoral será um dos mais importantes da história do Brasil. E ainda arrisco dizer: esse primeiro de maio próximo será demonstrativo do que digo e penso aqui. Atentemos.

https://www.youtube.com/watch?v=gqMqK6Supww


O colapso da esquerda à esquerda em Portugal (por Boaventura de Souza Santos).

Com direito a réplica e link de entrevista com um representante do Bloco de Esquerda.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022