quinta-feira, 10 de julho de 2025

Patriotada rastaquera, os fatos mostrando quem é que paga por Brasil ser tão injusto e desigual e a resposta dos verdadeiros patriotas.

 Quando recebi noticia do mais recente e ultrajante ataque desferido ao Brasil pelos americanos do norte, eu me lembrei de quatro  canções  que tratam dessa questão  dos patriotas fake e da elite do atraso que faz o que pode para  a maioria dos brasileiros não viverem como filhos abençoados por Deus de um país tropical e bonito por natureza.

Aí me lembrei o quão importante são as canções que  ouvimos na infância e na juventude, e  que nos levam nesses momentos a nos lembrar quem somos, de onde viemos e os melhores caminhos que devemos seguir como pessoas e como nação.

Canções bem diferentes do que a maioria de nossas crianças, adolescentes e jovens ouvem atualmente nos programas de rádio e de televisão de maior audiência.



Logo, "há que se cuidar do broto para que a vida nos dê flor e fruto" proporcionando oportunidade para que canções como as que eu lembrei por conta do ataque mais infame sofrido pelo Brasil nestes último anos,  possam ajudar mais pessoas a  encontrar respostas ágeis e decididas para a defesa dos valores materiais e simbólicos que mais nos interessam como classe e como nação. 
Zezito de OIiveira 




MANIFESTAÇÃO DO LULA

Tendo em vista a manifestação pública do presidente norte-americano Donald Trump apresentada em uma rede social, na tarde desta-quarta (9), é importante ressaltar:

O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém. 

O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais. 

No contexto das plataformas digitais, a sociedade brasileira rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e a liberdade democrática.

No Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas. Para operar em nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras estão submetidas à legislação brasileira.

É falsa a informação, no caso da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, sobre o alegado déficit norte-americano. As estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de 410 bilhões de dólares ao longo dos últimos 15 anos. 

Neste sentido, qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica. 

A soberania, o respeito e a defesa intransigente dos interesses do povo brasileiro são os valores que orientam a nossa relação com o mundo.


EDITORIAL DO ESTADÃO. 

ATENÇÃO; ESTADÃO!!!!!! 

“A reação inicial de Lula foi correta. Em postagem nas redes sociais, o presidente lembrou que o Brasil é um país soberano, que os Poderes são independentes e que os processos contra os golpistas são de inteira responsabilidade do Judiciário. E, também corretamente, informou que qualquer elevação de tarifa por parte dos EUA será seguida de elevação de tarifa brasileira, conforme o princípio da reciprocidade.”

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* Coisa de mafiosos*

Que o Brasil não se vergue diante dos arreganhos de Trump. E que aqueles que são verdadeiramente brasileiros não se permitam ser sabujos de um presidente americano que envergonha a democracia

O presidente americano, Donald Trump, enviou carta ao presidente Lula da Silva para informar que pretende impor tarifa de 50% para todos os produtos brasileiros exportados para os EUA. Da confusão de exclamações, frases desconexas e argumentos esquizofrênicos na mensagem, depreende-se que Trump decidiu castigar o Brasil em razão dos processos movidos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro pela tentativa de golpe de Estado e também por causa de ações do Supremo Tribunal Federal (STF) contra empresas americanas que administram redes sociais tidas pelo STF como abrigos de golpistas. Trump, ademais, alega que o Brasil tem superávit comercial com os EUA e, portanto, prejudica os interesses americanos.

Não há outra conclusão a se tirar dessa mixórdia: trata-se de coisa de mafiosos. Trump usa a ameaça de impor tarifas comerciais ao Brasil para obrigar o País a se render a suas absurdas exigências.

Antes de mais nada, os EUA têm um robusto superávit comercial com o Brasil. Ou seja, Trump mentiu descaradamente na carta para justificar a medida drástica. Ademais, Trump pretende interferir diretamente nas decisões do Judiciário brasileiro, sobre o qual o governo federal, destinatário das ameaças, não tem nenhum poder. Talvez o presidente dos EUA, que está sendo bem-sucedido no desmonte dos freios e contrapesos da república americana, imagine que no Brasil o presidente também possa fazer o que bem entende em relação a processos judiciais.

Ao exigir que o governo brasileiro atue para interromper as ações contra Jair Bolsonaro, usando para isso a ameaça de retaliações comerciais gravíssimas, Trump imiscui-se de forma ultrajante em assuntos internos do Brasil. É verdade que Trump não tem o menor respeito pelas liturgias e rituais das relações entre Estados, mas mesmo para seus padrões a carta endereçada ao governo brasileiro passou de todos os limites.

A reação inicial de Lula foi correta. Em postagem nas redes sociais, o presidente lembrou que o Brasil é um país soberano, que os Poderes são independentes e que os processos contra os golpistas são de inteira responsabilidade do Judiciário. E, também corretamente, informou que qualquer elevação de tarifa por parte dos EUA será seguida de elevação de tarifa brasileira, conforme o princípio da reciprocidade.

Esse espantoso episódio serve para demonstrar, como se ainda houvesse alguma dúvida, o caráter absolutamente daninho do trumpismo e, por tabela, do bolsonarismo. Para esses movimentos, os interesses dos EUA e do Brasil são confundidos com os interesses particulares de Trump e de Bolsonaro. Não se trata de “América em primeiro lugar” nem de “Brasil acima de tudo”, e sim dos caprichos e das ambições pessoais desses irresponsáveis.

Diante disso, é absolutamente deplorável que ainda haja no Brasil quem defenda Trump, como recentemente fez o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que vestiu o boné do movimento de Trump, o Maga (Make America Great Again), e cumprimentou o presidente americano depois que este fez suas primeiras ameaças ao Brasil por causa do julgamento de Bolsonaro.

Vestir o boné de Trump, hoje, significa alinhar-se a um troglodita que pode causar imensos danos à economia brasileira. Caso Trump leve adiante sua ameaça, Tarcísio e outros políticos embevecidos com o presidente americano terão dificuldade para se explicar com os setores produtivos afetados.

Eis aí o mal que faz ao Brasil um irresponsável como Bolsonaro, com a ajuda de todos os que lhe dão sustentação política com vista a herdar seu patrimônio eleitoral. Pode até ser que Trump não leve adiante suas ameaças, como tem feito com outros países, e que tudo não passe de encenação, como lhe é característico, mas o caso serve para confirmar a natureza destrutiva desses dejetos da democracia.

Que o Brasil não se vergue diante dos arreganhos de Trump, de Bolsonaro e de seus associados liberticidas. E que aqueles que são verdadeiramente brasileiros, seja qual for o partido em que militam, não se permitam ser sabujos de um presidente americano que envergonha os ideais da democracia.

Não há alternativa ao multilateralismo

Artigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicado em 10 de julho de 2025 nos jornais Le Monde (França), El País (Espanha), The Guardian (Reino Unido) , Der Spiegel (Alemanha), Corriere della Sera (Itália), Yomiuri Shimbun (Japão), China Daily (China), Clarín (Argentina) e La Jornada (México).

O ano de 2025 deveria ser um momento de celebração dedicado às oito décadas de existência da Organização das Nações Unidas (ONU). Mas pode entrar para a história como o ano em que a ordem internacional construída a partir de 1945 desmoronou.

A solução para a crise do multilateralismo não é abandoná-lo, mas refundá-lo sobre bases mais justas e inclusivas"

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República

As rachaduras já estavam visíveis. Desde a invasão do Iraque e do Afeganistão, a intervenção na Líbia e a guerra na Ucrânia, alguns membros permanentes do Conselho de Segurança banalizaram o uso ilegal da força. A omissão frente ao genocídio em Gaza é a negação dos valores mais basilares da humanidade. A incapacidade de superar diferenças fomenta nova escalada da violência no Oriente Médio, cujo capítulo mais recente inclui o ataque ao Irã.

A lei do mais forte também ameaça o sistema multilateral de comércio. Tarifaços desorganizam cadeias de valor e lançam a economia mundial em uma espiral de preços altos e estagnação. A Organização Mundial do Comércio foi esvaziada e ninguém se recorda da Rodada de Desenvolvimento de Doha.

O colapso financeiro de 2008 evidenciou o fracasso da globalização neoliberal, mas o mundo permaneceu preso ao receituário da austeridade. A opção de socorrer super-ricos e grandes corporações às custas de cidadãos comuns e pequenos negócios aprofundou desigualdades. Nos últimos 10 anos, os US$ 33,9 trilhões acumulados pelo 1% mais rico do planeta são equivalentes a 22 vezes os recursos necessários para erradicar a pobreza no mundo.

O estrangulamento da capacidade de ação do Estado redundou no descrédito das instituições. A insatisfação tornou-se terreno fértil para as narrativas extremistas que ameaçam a democracia e fomentam o ódio como projeto político.

Muitos países cortaram programas de cooperação em vez de redobrar esforços para implementar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030. Os recursos são insuficientes, seu custo é elevado, o acesso é burocrático e as condições impostas não respeitam as realidades locais.

Não se trata de fazer caridade, mas de corrigir disparidades que têm raízes em séculos de exploração, ingerência e violência contra povos da América Latina e do Caribe, da África e da Ásia. Em um mundo com um PIB combinado de mais de 100 trilhões de dólares, é inaceitável que mais de 700 milhões de pessoas continuem passando fome e vivam sem eletricidade e água.

Os países ricos são os maiores responsáveis históricos pelas emissões de carbono, mas serão os mais pobres quem mais sofrerão com a mudança do clima. O ano de 2024 foi o mais quente da história, mostrando que a realidade está se movendo mais rápido do que o Acordo de Paris. As obrigações vinculantes do Protocolo de Quioto foram substituídas por compromissos voluntários e as promessas de financiamento assumidas na COP15 de Copenhague, que prenunciavam cem bilhões de dólares anuais, nunca se concretizaram. O recente aumento de gastos militares anunciado pela OTAN torna essa possibilidade ainda mais remota.

Os ataques às instituições internacionais ignoram os benefícios concretos trazidos pelo sistema multilateral à vida das pessoas. Se hoje a varíola está erradicada, a camada de ozônio está preservada e os direitos dos trabalhadores ainda estão assegurados em boa parte do mundo, é graças ao esforço dessas instituições.

Em tempos de crescente polarização, expressões como “desglobalização” se tornaram corriqueiras. Mas é impossível “desplanetizar” nossa vida em comum. Não existem muros altos o bastante para manter ilhas de paz e prosperidade cercadas de violência e miséria.

O mundo de hoje é muito diferente do de 1945. Novas forças emergiram e novos desafios se impuseram. Se as organizações internacionais parecem ineficazes, é porque sua estrutura não reflete a atualidade. Ações unilaterais e excludentes são agravadas pelo vácuo de liderança coletiva. A solução para a crise do multilateralismo não é abandoná-lo, mas refundá-lo sobre bases mais justas e inclusivas.

É este entendimento que o Brasil – cuja vocação sempre será a de contribuir pela colaboração entre as nações – mostrou na presidência no G20, no ano passado, e segue mostrando nas presidências do BRICS e da COP30, neste ano: o de que é possível encontrar convergências mesmo em cenários adversos.

É urgente insistir na diplomacia e refundar as estruturas de um verdadeiro multilateralismo, capaz de atender aos clamores de uma humanidade que teme pelo seu futuro. Apenas assim deixaremos de assistir, passivos, ao aumento da desigualdade, à insensatez das guerras e à própria destruição de nosso planeta.

Luiz Inácio Lula da Silva

Presidente da República do Brasil


Glossário - Cultura de Base Comunitária. Observatório Ação Cultural

Cultura de base comunitária não é só fazer arte, é transformar o cotidiano!

Vamos falar sobre esse conceito que atravessa a pesquisa com os Pontos de Cultura e os ODS.

E aí, conhece algum coletivo que vive a cultura de base comunitária na prática?

fonte:  https://www.instagram.com/p/DL5IVvuAUtI/?igsh=cDF3YjdjNjRhcHk2&img_index=1







quarta-feira, 9 de julho de 2025

Bilionário, Walter Salles se manifesta sobre imposto progressivo: ‘Todo meu apoio à taxação de grandes fortunas’

 

Discurso de diretor de “Ainda Estou Aqui” aconteceu em evento no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro (RJ)


Durante o prêmio Faz Diferença, realizado no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro (RJ), o cineasta Walter Salles defendeu publicamente a taxação das grandes fortunas no Brasil. Diretor de filmes como Central do Brasil e Ainda Estou Aqui, Salles é herdeiro do banqueiro Walther Moreira Salles e figura na lista dos bilionários brasileiros.

No discurso, após ser eleito uma das personalidades do ano, ele fez um apelo por justiça fiscal e destacou as distorções do atual sistema tributário. “Temos a chance de construir um país mais justo e igualitário, corrigindo as distorções de um sistema que, como a gente sabe, cobra mais de quem tem menos. Quero deixar todo o meu apoio à tributação progressiva, todo meu apoio à taxação às grandes fortunas”, afirmou Salles, que tem uma fortuna estimada em US$ 4,5 bilhões (cerca de R$ 25 bi), segundo a revista Forbes.


A declaração ganha força no momento em que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) articula no Congresso propostas para ampliar a arrecadação com base em impostos progressivos, como a chamada “taxação dos super-ricos”, defendida por setores da esquerda e por parte da sociedade civil organizada.

A proposta, no entanto, enfrenta forte resistência no Congresso Nacional, onde setores ligados ao mercado financeiro, agronegócio e grandes empresários barram avanços nessa agenda. A disputa por justiça fiscal tornou-se um dos principais embates da política econômica, em meio à ofensiva da equipe econômica para equilibrar as contas públicas sem penalizar ainda mais os mais pobres.

Editado por: Rodrigo Durão Coelho



REAÇÃO

Haddad detona conchavo entre Globo e Ciro Nogueira para defender ricaços

“Quem não tem argumento, mente”, afirmou o ministro sobre mais uma fake news da extrema direita na tentativa de enfraquecer o governo

terça-feira, 8 de julho de 2025

EMERGÊNCIA CULTURAL: Por uma Revolução Sementeira. Célio Turino

 


É tempo de levantar, de cantar, de sonhar com os pés no chão. O mundo desaba sob as lógicas do extrativismo, da ganância, do medo e da indiferença. Mas é justamente na fresta, na beira, no canto e na roda, no pé ante o abismo do colapso, que nasce o novo. E o novo vem da Cultura. Vem das mãos que criam, das vozes que narram, dos corpos que celebram. 

EMERGÊNCIA CULTURAL como semente, como raiz, como horizonte.

Chega de tratar cultura como adorno. Cultura é o primeiro passo da dignidade. Antes de comer vem o ato de coletar, a estratégia de caçar, o plantio, a criação dos bichos. Antes de plantar vem o ato de semear, de lavrar a terra ou domesticar os bichos. Extrair, desmatar, explorar, cultivar, criar, isso tudo é Cultura. É o processo antes do alimento. Vem antes do prato de comida porque é o modo de cozinhar e temperar. Antes da casa vem o jeito de morar. Antes da escola, a vontade de aprender. É o que vem antes e o que surge depois.

Cultura é o solo onde tudo se semeia: solidariedade, consciência, revolução. Também o contrário disso. Depende da semente cultivada, da semente que se espalha.

Nenhuma transformação será sustentável se não for cultural. Não basta trocar governos ou sistemas econômicos. Nem basta protestar. Cultura é mais que poder, é potência. Potência, substantiva feminina, distribuída, assim como a Cultura. Diferente de Poder, patriarcal, fálico, concentrador. Para realizar a Potência é preciso complementar, o oposto de Poder que para ter é preciso tirar. Transformar pela Cultura é trocar o que nos move por dentro. Ressignificar o tempo, o encontro, o comum. Recuperar o fio da história e revolucionar o imaginário.

EMERGÊNCIA CULTURAL é revolução que vai emergir das bordas e vai brotar como flor entre os muros do capitalismo. Sistema apodrecido, ainda mais nesse tempo de ganância exponencial sob as manipulações e censuras algorítmicas, armamentismo, guerras, ódios, mentiras, tecnofeudalismo e Inteligência Artificial. 

Cultura é o tambor de dentro que ninguém cala. O grafite que fura o cinza. O sarau que desafia a solidão. A reza no quilombo. A voz na quebrada. A dança nas aldeias. O cortejo dos invisíveis. A criatividade. É a sabedoria dos povos que resistem, que insistem, que existem. É a força da eterna desconhecida, a energia da ciranda dos que juntam mãos com mãos.

EMERGÊNCIA CULTURAL é também a recusa ao monocromático, ao monocultivo, ao pensamento único. É a singularidade na multidão, a celebração do diverso, do contraditório, do plural. É o reconhecimento das epistemologias de raiz. É luta de Classes e desafio civilizatório que bate à porta mesmo quando abafado. Das lutas sociais às cosmologias originárias, o fio da história está em tudo, por isso emerge.

Fazer revolução pela EMERGÊNCIA CULTURAL é partir do ancestral, mas não parar nele, é inventar o que nem se sabe, o que nunca se viu. Movimento em espiral, a Cultura cavouca lá no fundo, gira e dá o salto para cavoucar de novo, e saltar novamente, com mais força. É arte! 

Arte que está presente na descoberta dos sentidos do Bem Viver, do Ubuntu, nas lutas antirracistas, anticoloniais, na emancipação das mulheres, na coragem dos LGBTQIA+, na generosidade e abundância da agroecologia e agroflorestas. Arte que deve seguir no inconformismo dos jovens. 

“Jovens: Sejam revolucionários!”, clamou Papa Francisco. Vamos dizer agora, todos nós: Jovens, não percam a esperança e o rumo, sejam revolucionários! Nada menos que isso. Não se conformem. Não se amoldem. Mesmo que sejamos poucos, estaremos aqui para dizer que a chama da revolução não se apaga. Explorados e humilhados do mundo, gente de todos os cantos, gente que se recusa a ser coisa: Sejamos revolucionários! 

É a Arte e a literatura que nos transporta ao Outro. Assim nos move no tempo, no espaço, ativando percepções, sensações, emoções, reflexões. Arte é movimento. 

Emerjam! 

Movam-se!

Revoltem-se! 

Politizem a Cultura. 

Culturalizem a Política.

Cultura é luta proletária, é a indignação contra a opressão e a lucidez da revolta. Está nos significados e sentidos das trabalhadoras e trabalhadores, dos que batalham para ganhar a vida, dos que empreendem com seus sonhos e corpos, dos periféricos, ofendidos e abandonados. 

Cultura atravessa tudo. Vive na chama dos imprescindíveis, dos que lutam por toda uma vida, não por necessidade, mas por consciência. 

É socialismo que se reinventa em Ecossocialismo. 

É a força dos que não se rendem. 

É a potência da multidão e a ousadia da revolução.  

Cultura como imaginação, potência simbólica, ferramenta de emancipação. O Brasil é solo fértil para essa revolução profunda, diversa, biocultural. Há um país subterrâneo que pulsa nos terreiros, nos Pontos de Cultura, nas cozinhas solidárias, nas bibliotecas comunitárias, nas festas populares, nos saberes esquecidos e na invenção da cultura digital. Nos Mutirões, no Motirô. Há um povo que não se rendeu. Que canta. Que luta. Que sonha junto. 

Quando esse povo emergir o Brasil será um país bom, belo e justo para todo mundo. Quiçá essa emergência venha junto com nossos irmãos da América Latina; mais que isso, junto aos povos de todo mundo. Que venha logo esse dia. É urgente e emergente. Povos a darem mãos à humanidade estilhaçada em Gaza e em todos os cantos do planeta em que se mata, se destroça, se despreza, se descarta. Quando essa emergência acontecer, todos dirão em coro: Já basta!

Já basta. A cultura é o início da mudança profunda. E toda revolução começa por um ponto, com um canto, um encontro, com uma ideia que se compartilha e vira fio a tecer outros fios até compor um tecido, um pensamento, um sonho comum. Cultura viva, cultura forte, cultura para transformar de verdade.

A quem acredita na vida antes do lucro, na poesia antes do protocolo, na dignidade antes da mercadoria, faço esse chamado. Urgente sem ser apressado. Histórico sem ser saudosista. Popular sem ser populista. Radical porque vai à raiz. De futuro porque semeia. É tempo de:

URGÊNCIA HISTÓRICA, 

EMERGÊNCIA CULTURAL, 

REVOLUÇÃO!

A paciência do mundo esgotou. Os colapsos do clima e da civilização estão aí a demonstrar. Quem vem junto? Ainda há tempo, mas o tempo não espera. 























E tem mais:
Muito boa essa aula pública. Um verdadeiro "aulão" sobre cultura digital. Vale para iniciantes e iniciados....

transmissão completa abaixo:


NOTA PÚBLICA DE PESAR - Sobre o não cumprimento da meta mínima de execução da PNAB – Ciclo 1 no município de Aracaju

 Importante destacar nessa postagem do blog da cultura, o que queremos é que a prefeita trabalhe, afinal como diz o ditado popular "quem bem fizer pra si é". E daí a necessidade de não desperdiçar recursos federais que são destinados por lei a estados e municipios, independente da filiação partidária de quem governa cada ente federado.  


Aracaju, 07 de julho de 2025

É com profundo pesar que nós, membros do Conselho Municipal de Cultura de Aracaju, tornamos pública nossa constatação da não execução, até a presente data, da meta mínima de 60% dos recursos da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) – Ciclo 1, conforme estabelece a Portaria MinC nº 222.

Segundo levantamento do Escritório Estadual do Ministério da Cultura em Sergipe, Aracaju segue sinalizada com alerta por não ter atingido o percentual mínimo de repasses e pagamentos exigidos para garantir o recebimento dos recursos do Ciclo 2 da PNAB. Essa condição representa uma perda significativa de oportunidade para a cultura local e compromete a continuidade das políticas públicas voltadas ao setor cultural da cidade.

O município de Aracaju foi contemplado, há cerca de um ano e meio, com aproximadamente R$ 4,5 milhões, oriundos do Governo Federal, destinados ao fomento da cultura por meio da PNAB — valor que deveria ter sido executado em, no mínimo, 60%, por meio do repasse aos projetos culturais selecionados nos editais, até o dia 30 de junho de 2025.

A FUNCAJU, até essa data, não havia conseguido realizar os pagamentos, mas contou com a prorrogação do prazo concedida pelo Ministério da Cultura, que, compreendendo os desafios de implementação enfrentados por algumas localidades, estendeu o prazo para 08 de julho de 2025. No entanto, até o presente momento (07 de julho), não houve qualquer manifestação pública da gestão municipal sobre o cumprimento dessa meta nem sobre a efetivação dos pagamentos aos projetos aprovados.

Esse recurso, fruto da luta histórica de artistas, produtores e fazedores de cultura de todo o país, foi disponibilizado com ampla antecedência justamente para permitir uma execução baseada em planejamento, transparência e impacto social. A ausência de execução mínima até agora gera insegurança, frustração e prejuízo direto a toda a cadeia cultural da capital.

Não bastasse o não cumprimento da meta, os membros do Conselho Municipal de Cultura de Aracaju não foram em nenhum momento ouvidos ou respeitados quanto aos alertas feitos previamente sobre a possibilidade de não se atingir o percentual mínimo exigido. Tampouco houve qualquer envolvimento ou comunicação da FUNCAJU em relação às ações relativas à execução da PNAB ou a quaisquer outras políticas públicas de cultura no município. Isso evidencia um desrespeito claro à legitimidade da representação da sociedade civil, cujos membros foram democraticamente eleitos desde o ano passado com o objetivo de contribuir com o debate público e representar as demandas reais da cadeia produtiva da cultura de Aracaju.

É importante registrar ainda que, até a presente data, o poder público municipal sequer cumpriu sua parte no processo de nomeação dos representantes governamentais no Conselho, impedindo a sua regular atuação. Tal conduta afronta os princípios democráticos e a legitimidade do Conselho Municipal de Cultura, esvaziando sua função deliberativa e colaborativa, e representa um profundo desrespeito à sociedade civil aracajuana.

Diante disso, exigimos:

Uma manifestação pública imediata da FUNCAJU, esclarecendo os motivos da não execução dos recursos;

A divulgação completa do cronograma de pagamentos previsto;

A garantia formal de que os valores não serão devolvidos ou perdidos por omissão da gestão municipal;

A nomeação urgente dos representantes do poder público no Conselho Municipal de Cultura, para que este possa cumprir seu papel institucional;

E, sobretudo, respeito à classe artística e cultural de Aracaju, que vem sendo penalizada há meses com a descontinuidade, negligência e ineficiência das políticas culturais.

A cultura não pode esperar mais. Aracaju merece respeito.

Atenciosamente,

Rosângela Rocha

Presidente da Câmara Setorial de Legislação e Normas – CMPC Aracaju

Vice-Presidente do Conselho Municipal de Política Cultural de Aracaju

Antônio Rogério dos Santos

Membro da Câmara Setorial de Legislação e Normas – CMPC Aracaju

Membro do Conselho Municipal de Política Cultural de Aracaju

Representante da área da Música

Roberto Fernandes dos Santos Júnior

Membro da Câmara Setorial de Legislação e Normas – CMPC Aracaju

Membro do Conselho Municipal de Política Cultural de Aracaju

Representante da área de Teatro

Maria Sueli Vieira Pereira

Membra do Conselho Municipal de Política Cultural de Aracaju

Representante da Liga das Quadrilhas Juninas de Aracaju e Sergipe – LIQUAJUSE

Allan Wolney Santos de Moraes

Membro do Conselho Municipal de Política Cultural de Aracaju

Representante do Grupo Popular de Reisado Estrelinha do Nordeste

Leia também: 

SOLUÇÕES PARA A CULTURA - Programa de Governo de Emilia Correa registrado no TRE. 

O nosso compromisso é valorizar os artistas locais e destinar um orçamento municipal maior para o setor cultural. Pretendemos rever a atuação da FUNCAJU e criar ações para fortalecê-la, retornando sua sede para o Centro da cidade. Além disso, queremos ampliar o fomento à cultura, principalmente em Espaços Abertos Culturais no Centro Histórico, e tornar a FUNCAJU a verdadeira casa do artista de Aracaju, oferecendo pleno apoio e suporte profissional, além de promoção para toda a classe artística.

Desenvolver projetos de circulação dos artistas locais é uma das nossas prioridades. Exemplo disso é o FESTAJU, um festival de talentos que percorrerá todos os bairros de Aracaju em edições semanais, envolvendo toda a classe artística em uma competição musical para novos talentos. Também pretendemos resgatar os bloquinhos carnavalescos comunitários e criar um Arraiá permanente na Orla de Atalaia, posicionando a nossa cidade como o “País do Forró”. A requalificação do Quadrilhódromo da Rua São João e a promoção de um espaço público para as principais quadrilhas de Aracaju são ações essenciais para fortalecer nossas tradições culturais.

A educação cultural também é uma prioridade do nosso plano de governo. Queremos promover atividades culturais nas escolas, como capoeira, hip hop, maracatu e samba de coco, além de implementar uma política cultural que valorize a história da nossa cidade nas escolas da rede pública e particular. Pretendemos apoiar os artistas locais na realização de exposições e oficinas de arte, desenvolver ações culturais e de qualificação para todas as idades e criar uma agenda cultural anual para Aracaju. Incentivar festas populares, eventos religiosos e grandes eventos como Reveillon e São João também faz parte do nosso compromisso para transformar Aracaju em um polo cultural vibrante e inclusivo.

COMPROMISSOS

- Rever a atuação da FUNCAJU e criar ações para fortalecê-la – Retornar a sua sede para o Centro da cidade.

- Apoiar a concretização das diretrizes do Plano Municipal de Cultura.

- Ampliar o fomento à cultura, principalmente em Espaços Abertos Culturais – Centro Histórico.

- Desenvolver Projetos de Circulação dos Artistas locais – Inclusão e circulação de talentos. Exemplos desses projetos: FESTAJU, festival de talentos de Aracaju, percorrendo todos os bairros, em edições semanais, envolvendo toda a classe em um campeonato musical para novos talentos e o fomento de participação de todos os bairros. 

SOLUÇÕES PARA A CULTURA

- Resgatar, através de incentivo, os Bloquinhos Carnavalescos comunitários.

- Criar um Arraiá permanente na Orla de Atalaia.

- Requalificar o Quadrilhódromo da Rua São João.

- Promover um espaço público para as principais quadrilhas de Aracaju.

- Desenvolver atividades culturais nas escolas.

- Implementar uma política cultural de valorização da história da nossa cidade nas escolas da rede pública e particular, não apenas por ocasião das comemorações do aniversário de Aracaju.

- Incluir na rede de ensino municipal conteúdos relacionados ao Turismo e à História de Aracaju/ Sergipe.

- Apoiar os artistas locais para realização de exposições, oficinas de arte e exposições itinerantes.

- Desenvolver ações culturais e de qualificação para crianças, jovens, adultos e terceira idade, assim como implantar oficinas de leitura, escrita e contação de histórias, em parceria com entidades públicas e privadas.

- Criar uma agenda cultural anual - Agenda Cultural de Aracaju.

- Incentivar as festas populares e os eventos religiosos em geral.

- Criar um programa de integração dos servidores municipais, valorizando seus talentos através da música, do canto, da dança, do teatro, da poesia e outras manifestações artísticas.

- Incentivar grandes eventos, tais como: Reveillon, São João, Aniversário de Aracaju.

- Fomentar o Projeto Marinete do Forró: Educação, turismo e Cultura.

- Estabelecer políticas de incentivo à produção de conteúdos audiovisuais, mantendo um diálogo per- manente com o setor produtivo para acolhimento e planejamento das ações, tais como realização de Festival de Cinema Popular (Cinema na Praça); estimular o crescimento do número de oficinas; lançar editais para produção de filmes, entre outros.

Programa completo. AQUI

Emília deixa Funcaju sem titular, não realiza Projeto Verão e não anuncia nada para Cultura

(21/01/2025)

Link: https://manguejornalismo.org/emilia-deixa-funcaju-sem-titular-nao-realiza-projeto-verao-e-nao-anuncia-nada-para-cultura/ 

1. Assunto principal da matéria:

Balanço do 1º mês da Gestão Cultural da Prefeitura de Aracaju com a prefeita eleita Emília Corrêa e a falta de diálogo com a classe artística.

2. Problemas abordados na matéria:

Ausência de um titular na Funcaju - Atualmente, a Fundação Cultural Cidade de Aracaju é gerida interinamente por Fábio Uchôa, que não tem vínculo com a cultura.

Cancelamento do Projeto Verão - O evento foi suspenso pela prefeita Emília Corrêa sob a justificativa de falta de recursos, apesar da Lei Orçamentária Anual prever R$3,2 milhões para sua realização.

Linda Brasil (PSOL) critica o cancelamento: “Alegar falta de recursos quando havia R$3,2 milhões destinados no orçamento para o evento é um insulto à inteligência da população de Aracaju.”

Falta de diálogo com a classe artística - Artistas, coletivos e especialistas do setor afirmam que a prefeitura não abriu espaços de discussão para ouvir as demandas culturais.

Thiago Paulino (Jornalista e pesquisador cultural) pontua: “Espero que [o diálogo] continue e se reverta em ações concretas, como a formulação de um Fundo Municipal de Cultura.”

Tratamento da cultura apenas como eventos - Segundo críticos, a cultura é vista pela prefeitura como festividades, sem ações estruturais de fomento.

Paulino lamenta: “A cultura é vista apenas pela ótica dos eventos, deixando a formação cultural limitada à Escola Valdice Teles.

3. Consequências ou resultados negativos destes problemas para os envolvidos e para a sociedade em geral:

Desvalorização da cultura e dos artistas - A falta de investimentos e planejamento prejudica a classe artística e limita oportunidades.

Roque Sousa (Músico e produtor cultural) afirma: “Desde o início da campanha eleitoral, não apresentaram um projeto sério para o setor cultural.”

Prejuízo econômico e social - A cultura movimenta a economia e promove inclusão, e sua negligência pode impactar o turismo e o lazer da população.

Zezito de Oliveira (Historiador e militante cultural) alerta: “Ela deveria aproveitar o fato das administrações anteriores não terem tido esse alcance de visão e surpreender. Infelizmente, não houve nenhuma sinalização.”

Falta de credibilidade na gestão cultural - A prefeita prometeu mudanças na cultura, mas, até o momento, a categoria vê contradições em seu discurso.

Coletivo de Música Sergipana (Comus) destaca: “Ela segue bem na contramão do discurso que deu o tom de toda a sua campanha.”

4. Alternativas que a matéria apresenta para a solução dos problemas:

Nomeação de um titular para a Funcaju - Especialistas sugerem que a gestão coloque à frente da pasta um profissional com experiência na área.

Criação de um Fundo Municipal de Cultura - Thiago Paulino sugere que um fundo poderia garantir sustentabilidade para projetos culturais.

Ampliação da formação e infraestrutura cultural - Criação e manutenção de espaços para formação de artistas e técnicos na cidade.

Reforma administrativa com criação da Secretaria de Cultura - Segundo nota da prefeitura, está prevista a criação de uma Secretaria Municipal de Cultura.

Diálogo com artistas e coletivos culturais - A prefeitura afirma que está em processo de diálogo com representantes da cultura para fortalecer políticas culturais.

5. Fontes da matéria:

Vereadora Sônia Meire (PSOL)

Deputada estadual Linda Brasil (PSOL)

Zezito de Oliveira (Historiador e Militante Cultural)

Thiago Paulino (Jornalista, Professor e Pesquisador Cultural)

Roque Sousa (Músico e Produtor Cultural)

Coletivo de Música Sergipana (Comus)

* Nota oficial da Prefeitura de Aracaju.*

Derrite, seu chefe Tarcísio e o homem preto a correr

 Em São Paulo, PM matou atirou pelas costas em homem preto que correu para pegar um ônibus. Guilherme Ferreira morreu com uma “lesão perfurocontusa na cabeça” e com marmita e talheres na mochila.

Hugo Souza

https://www.comeananas.news/p/derrite-seu-chefe-tarcisio-e-o-homem?utm_campaign=email-half-post&r=29ps6v&token=eyJ1c2VyX2lkIjoxMzcyNTE4MzEsInBvc3RfaWQiOjE2NzczODM3MSwiaWF0IjoxNzUxOTE1NzgxLCJleHAiOjE3NTQ1MDc3ODEsImlzcyI6InB1Yi0xMzQyNDUiLCJzdWIiOiJwb3N0LXJlYWN0aW9uIn0.Yb67hauyy5PR4gSafm10fMyJpX99yEzXTk40XcHmbC8&utm_source=substack&utm_medium=email

O secretário de Segurança Pública de São Paulo/Guilherme Derrite (Fernando Frazão/Agência Brasil).

Sexta-feira, 4 de julho. Precisamente às 22h28, Guilherme Dias Santos Ferreira bate o ponto de saída na fábrica de camas box onde trabalha, no Recanto Campo Belo, Zona Sul de São Paulo. Quase ao mesmo tempo, às 22h35, o policial militar de folga Fábio Anderson Pereira de Almeida sofre perto da fábrica uma tentativa de assalto, de roubo da sua moto Triumph Scrambler 400x.

Fábio reage ao assalto, a tiros. Os assaltantes fogem. Pouco depois, Guilherme começa a correr para não perder o ônibus de volta do trabalho para casa. “Acreditando se tratar de um dos envolvidos na tentativa de assalto que estaria voltando à cena do crime”, o PM atira pelas costas na cabeça do homem preto que se pôs a correr. Guilherme morre a 50 metros do ponto de ônibus, aos 26 anos de idade, com uma “lesão perfurocontusa na região da cabeça, atrás da orelha direita”, e com marmita e talheres na mochila.

A perícia da Polícia Civil de São Paulo só chega ao local da execução seis horas depois. O executor é autuado em flagrante não por homicídio doloso, mas culposo, paga fiança de R$ 6.500 e é liberado. Uma Triumph Scrambler 400x custa, nova, R$36.190,00, “com sua manobrabilidade ágil, melhor desempenho da categoria e acabamento premium”.

Preto correndo, preto debruçado sobre um carro: no último 15 de março, Lucas Almeida de Lima também foi executado por um PM em Barueri, na Grande São Paulo. Lucas consertava o carro de um amigo na beira de uma avenida movimentada e pimba: “atitude suspeita”. Correria, perseguição, socos e joelhada no abdômen de Lucas. Depois, bang, bang: preto caído morto no chão. Lucas tinha, como Guilherme, 26 anos de idade.

Na última sexta, horas antes de Guilherme Dias Santos Ferreira ser morto por um PM de São Paulo com um tiro pelas costas, um xará de Guilherme brilhou no outro lado do Atlântico. Na última sexta, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, discorreu sobre “Estado inteligente e segurança” no XIII Fórum Jurídico de Lisboa, em mesa dividida com o governador petista do Piauí e com o diretor Executivo Jurídico da JBS.

O painel com Derrite e companhia no XIII Fórum Jurídico de Lisboa aconteceu no anfiteatro 8 da Universidade de Lisboa precisamente às 10:30h. No mesmo horário, no anfiteatro 1, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, papeou sobre “segurança pública e federalismo cooperativo” com o procurador-geral da República, o diretor da Polícia Federal e dois ministros do STJ. Lá, no outro lado do oceano, no “Gilmarpalooza”.

Na véspera da abertura do “Gilmarpalooza”, véspera do assassinato do xará preto de Guilherme Derrite, o Ministério Público do Estado de São Paulo arquivou as investigações sobre as operações Escudo e Verão da PM paulista, aquelas que deixaram 84 mortos na Baixada Santista entre julho de 2023 e janeiro de 2024.

Neste ano, o “Gilmarpalooza” teve como tema “o mundo em transformação - Direito, Democracia e sustentabilidade na era inteligente”. Isso na Península Ibérica.

Na Grande São Paulo e na Baixada Santista, o mundo é o mesmo, um tanto pior sob a batuta da hidra bolsonarista. Ali, entre São Bernardo e Cajamar, entre Peruíbe Bertioga, Direito é o nome de um preto correndo para pegar o buzão e Democracia é o nome de um preto ajudando um amigo com o carro enguiçado. Os dois estão mortos, caídos no chão.

“Construção”, uma das mais contundentes músicas de Chico Buarque, foi atualizada, na última sexta (4). Não era um operário que caiu de um andaime e morreu na contramão atrapalhando o sábado após sua última marmita, mas um marceneiro negro morto com um tiro na cabeça, quando estava saindo do trabalho por um policial militar que o confundiu com um ladrão, ficando estirado no chão ao lado de sua marmita até o sábado de manhã.

Guilherme Ferreira bateu o ponto às 22h28 na fabrica de camas onde trabalhava, em Parelheiros, bairro pobre da capital paulista, e foi morto às 22h35, quando corria para pegar o ônibus e voltar para casa. Sete minutos que valeram uma vida. Junto a seu corpo, que ficou cercado de transeuntes que diziam se tratar de um bandido, foram encontrados, além da marmita, uma carteira, o celular, remédios, chaves e uma bíblia. 

O policial Fábio de Almeida, autuado em flagrante por homicídio sem a intenção de matar, pagou R$ 6,5 mil e foi liberado. Em casos assim, a chance é grande de, no fim das contas, o autor do disparo não ser devidamente responsabilizado.

Mas não é um erro. É o sistema funcionando como foi desenhado. A polícia brasileira, especialmente a militarizada, é treinada para ver o negro pobre como inimigo. O resultado é uma carnificina diária, onde pobres e periféricos viram estatística de “autos de resistência” ou “mortes em confronto”.

Enquanto isso, a sociedade segue dividida entre quem enxerga nessas mortes uma tragédia evitável e quem acredita que “bandido bom é bandido morto” — mesmo quando o bandido, no caso, é só um trabalhador com sua marmita. Quem morre torna-se culpado, pois as balas do policial fazem o papel de investigador, promotor, juiz e carrasco.

E, assim como na canção de Chico, sobram proparoxítonas, como cúmplice (o Estado que mantém o sistema que produz esses mortos), trágico (o massacre contínuo de pobres nas periferias) e patética (a indiferença da sociedade diante de tudo isso). Guilherme não caiu de um andaime, mas tombou sob o peso de um país que insiste em não reconhecer o valor da vida negra. Deus lhe pague (leia a íntegra do texto no UOL)


Um episódio bem recente que recorda o filme "Sem Asas".  Importante que este seja incorporado ao streaming do MINC com filmes brasileiros cuja  estréia tem previsão para acontecer  até o final desse ano, conforme informações do Ministério da Cultura. Quem exibiu o filme pode compartilhar essa ´postagem com o comentário acima ou outro de próprio punho, especialmente com quem teve a oportunidade de assistir 

 domingo, 1 de junho de 2025

Cineclube Realidade realiza exibição dos curtas "Sem Asas" e "Marina não vai a praia" para jovens do ensino médio do Rogaciano em Santo Amaro.