terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Fundação Abrinq e Disney selecionam projetos de crianças e adolescentes voltados ao meio ambiente

Fundação Abrinq e Disney selecionam projetos de crianças e adolescentes voltados ao meio ambiente


As iniciativas escolhidas receberão US$ 1.000 cada. As inscrições podem ser feitas até 22 de abril
A Fundação Abrinq – Save the Children, em parceria com a The Walt Disney Company Latin America e a YSA (Youth Service America), inicia a ação Amigos Transformando o Mundo para apoiar projetos de crianças e adolescentes voltados ao meio ambiente no Brasil.
Serão selecionadas 25 iniciativas que demonstrem como pequenas ações sustentáveis podem gerar grandes mudanças, ou seja, que se destaquem por sua criatividade e seu compromisso com o planeta. Cada um dos selecionados receberá um prêmio em reais equivalente a US$ 1.000 (mil dólares). As inscrições vão até 22 abril.

As vagas são uma iniciativa de Amigos Transformando o Mundo, um programa criado para inspirar crianças e suas famílias a se unirem e criarem ações que favoreçam o planeta. Junto com a YSA, líder internacional na ação de serviço juvenil, o Amigos Transformando o Mundo também oferece ferramentas de planejamento de projetos para maximizar seu impacto e apoiar sua liderança na comunidade aos jovens interessados nas vagas. Todas as etapas da seleção serão feitas pela YSA.

Requisitos e informações adicionais:
• As vagas são oferecidas a crianças e adolescentes residentes no Brasil, entre 5 e 18 anos de idade.
• Os projetos devem ser direcionados para o meio ambiente e gerenciados por crianças ou jovens, em colaboração com uma organização comunitária ou escola.
• Os menores de 13 anos devem contar com um adulto responsável que prepare e envie a inscrição em seu nome.
• As inscrições podem ser apresentadas até 22 de abril de 2012, por meio do site www.disney.com.br/amigostransformandoomundo.
• A participação é gratuita.
Amigos Transformando o Mundo
Amigos Transformando o Mundo é uma iniciativa que inspira crianças e suas famílias a criarem ações que favoreçam o planeta. Por meio de anúncios de utilidade pública e da difusão on-line de um conjunto de ações, o programa tem o objetivo de fornecer recursos úteis para inspirar as crianças a fazerem pequenas mudanças que possam gerar grandes diferenças. Junto com a YSA, as diferentes versões de Amigos Transformando o Mundo fornecem vagas para apoiar projetos gerenciados por jovens em comunidades da Argentina, do Chile, da Colômbia e do México.
Procurando por idéias? Precisando de ajuda para o seu projeto? Veja este material de apoio!


Leia todas as notícias do mês:

Fundação Abrinq e Disney selecionam projetos
Instituto C&A premia escolas do Rio de Janeiro
"Plantar Sementes"
27/02 Reunião do Fórum Paulista
Fundação Abrinq alcança 3º lugar em tweetchat
Nova lei dará tratamento diferenciado a menores
Bloco pré-carnavalesco contra o trabalho infantil
ECA e os direitos das crianças indígenas
Pós-gradução: Direito do Terceiro Setor
Campanha de Carnaval pela proteção de crianças
Por Todas as Crianças: desnutrição
Sorteio de aniversário no Twitter
Por um Brasil Amigo da Criança
Save the Children está entre as melhores ONGs
Desafios 2012: Programa Prefeito Amigo da Criança
Desafios 2012: Atuação em Emergência
Educação Infantil: faltam creches
Mudança: PNE pra valer
MPT lança campanha de combate ao trabalho infantil
Dia Internet Segura 2012 será celebrado em 7/2



Leia mais:

http://www.fundabrinq.org.br/portal/noticias/ano/2012/fevereiro/fundacao-abrinq-e-disney-selecionam-projetos-.aspx

Abertas as inscrições para o Curso de Iniciação às Artes Circenses

Para quem mora na cidade do Recife e arredores

O circo tem palhaços, acrobatas, trapezistas e diversos outros profissionais que levam anos apurando sua técnica com extenuantes e difíceis treinamentos.  Para se formar um artista circense é necessário disciplina, dedicação, treino sério e contínuo.
Foi pensando nisso que a ESCOLA PERNAMBUCANA DE CIRCO cumprindo sua missão e dentro das ações do Projeto "O Trampolim Pedagógico de Seus Saberes e Fazeres Com o Circo Social " que tem apoio do Funcultura/Fundarpe/Governo do Estado, anuncia a abertura das inscrições para a sua terceira turma do Curso de Iniciação às Artes Circenses.
O curso tem o objetivo de possibilitar o conhecimento técnico e pedagógico da arte circense e tem como público alvo adolescentes e jovens que estejam interessados em iniciar o aprendizado da técnica circense ou pessoas que já possuem algum conhecimento técnico e desejam se aprimorar. As aulas serão ministradas pelos educadores da EPC / Trupe Circus.
O curso é gratuito e haverá seleção para o preenchimento das 30 vagas oferecidas. As inscrições ocorrem com o preenchimento do formulário de inscrição, que consta em nosso site e o mesmo deverá ser entregue na sede da Escola Pernambucana de Circo juntamente com a documentação obrigatória, no horário de 9h às 12h e de 14h as 17h.


SERVIÇO:


→ PÚBLICO ATENDIDO: Adolescentes e jovens de 16 à 29 anos
→ DIA E HORA DAS AULAS: Terças, Quartas e Quintas das 18h30 às 21h30.
→ PERÍODO: Março à Novembro de 2012
→ MODALIDADES: Acrobacia de Solo, Acrobacia Aérea, Malabares e Equílibrio


CRONOGRAMA DA SELEÇÃO TURMA DE 2012:


→ INSCRIÇÕES: 27 de fevereiro à 16 de março
→ RESULTADO DOS SELECIONADOS PARA A 2a FASE: 18 de março
→ SELEÇÂO 2a FASE ( PRESENCIAL): 20 de março
→ RESULTADO: 22 de março
→ INÍCIO DO CURSO: 27 de março


Acesse nosso site e baixe a ficha de inscrição:
www.escolapecirco.org.br


Avenida José Américo de Almeida, n°05, Macaxeira, Recife-PE
Email:
contato@escolapecirco.org.br
Fone: (00 55 81) 3266-0050

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O crack avança nos canteiros e corrói empregos e sonhos dos operários do PAC

Em Jaci Paraná (RO), a 20km das mais modernas hidrelétricas, estima-se que 10% dos “barrageiros” estão sendo consumidos pelo vício


A notícia começou a circular ainda com ares de boato no início tarde de 28 de dezembro. Foi ganhando força ao entardecer e quando a noite caiu sobre o lamacento povoado de Jaci Paraná, a 100 quilômetros ao Sul de Porto Velho (RO), tornou-se uma verdade assustadora mesmo para uma região tão acostumada à violência. Uma família inteira de cinco pessoas, entre elas uma mulher grávida de quatro meses e uma menina de apenas cinco anos, havia sido brutalmente assassinada. Não era um crime comum. Mãe e filha haviam sido violentadas e torturadas antes de morrer. Os homens - o pai e dois de seus primos - tiveram os braços e as pernas quebrados para que coubessem com mais facilidade nas covas rasas. Quase rodos foram degolados.

Leia mais, AQUI

Matérias relacionadas:

http://acaoculturalse.blogspot.com/2012/02/o-capital-fala-alto-e-o-maior-deus-do.html


http://acaoculturalse.blogspot.com/2012/01/o-brasil-e-afetivo-encantador-violento.html

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Dicas para Candidatura a Vereador/a

Fonte: Blog do Leonardo Boff

PEDRO RIBEIRO DE OLIVEIRA é um dos bons analistas sociais que temos, sempre na perspectiva dos que se encontram na margem e se esforçam para conquistar sua cidadania. Durante anos ajudou a CNBB nas análises de conjuntura nacional e internacional, tal era a confiança que gozava e ainda goza em seu discernimento posicionado e, ao mesmo tempo,fiel aos fatos. Publicamos aqui um artigo lúcido, pedagógico e de fácil compreensão especialmente dedicado àquelas pessoas, cheias de boa vontade e de sentido público, que querem se candidatar. Ele adverte para os engodos existentes e como evitá-los para que se garanta uma boa representação nas câmaras municipais.
LB

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Em outubro elegeremos prefeito/a e vereadores/as de nosso município e os partidos precisam definir os e as candidatas∗∗. Dirigentes políticos buscam pessoas de prestígio em sua comunidade ou região para se candidatarem à Câmara Municipal. Nesse momento acende-se uma esperança: “se eu trabalhar bem e for eleito vereador, poderei fazer muita coisa por minha cidade”. Ao conversar com amigos e vizinhos, será estimulada a candidatar-se “porque nossa comunidade precisa de representantes honestos e dedicados como você”. A pessoa sabe que não é fácil se eleger mas o político que a convida diz que ela terá todo apoio do partido, inclusive o custeio do material de campanha. Medidos os prós e os contras, a pessoa conclui “não custa tentar: se eu for eleito, ótimo; se não for, terei feito minha parte para a moralização da política”. O que ela não sabe, é que – com a melhor das intenções! – ela talvez ajude a eleger os mesmos políticos que ela critica. É que a eleição para vereador – bem como de deputados estaduais e federais – depende de se obter o quociente eleitoral. Se você, leitor ou leitora, não conhece este ponto da legislação brasileira, leia o texto a seguir para não se deixar enganar por quem maneja o processo para tirar vantagens pessoais.
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A quantidade de vereadores varia entre o mínimo de 9 ao máximo de 55, conforme a população do município. Muita gente pensa que as vagas na câmara municipal vão para os candidatos mais votados, mas não é bem assim. Um candidato pode ser eleito ainda que receba menos votos do que outro, desde que seu partido atinja o quociente eleitoral. Para entender o que significa isso, imaginemos um município com 6.000 eleitores. Destes, 1.500 deixaram de votar, votaram em branco ou anularam o voto. Ficam, então, 4.500 votos válidos. Como a câmara municipal tem 9 vagas, o quociente eleitoral é 500 votos. (Divide-se o número de votos válidos pelo número de vagas). Ou seja, o candidato que obtiver 500 votos ou mais será eleito vereador nesse município.
Acontece que dificilmente um único candidato recebe votos suficientes para chegar ao quociente eleitoral. Aí entra o partido político: soma-se a votação de todos os candidatos do mesmo partido mais os votos dados para a legenda. A cada soma de 500 votos o partido ganha uma vaga para os seus candidatos. Assim, um partido cujos candidatos receberam ao todo 1.500 votos, tem 3 vagas na câmara municipal. Aí, sim, é considerada a votação individual, pois as vagas do partido são distribuídas conforme a votação. Os candidatos mais votados são diplomados vereadores, ficando os seguintes mais votados como 1º, 2º e 3º suplentes. Já o partido que não tiver pelo menos 500 votos fica sem representantes na câmara municipal. Para preencher as últimas vagas, o número de votos necessários pode ser inferior ao quociente eleitoral. São as “sobras” que vão para os partidos que tenham feito no mínimo um vereador.
Agora vem um detalhe muito importante da lei: ela permite que um partido apresente um número de candidatos até 1,5 vezes superior ao de vagas. No caso das coligações de dois ou mais partidos o número de candidatos pode ser até 2 vezes maior do que as vagas em disputa. Em nosso exemplo, para uma câmara com 9 vereadores, cada partido pode ter 14 candidatos, e cada coligação pode ter 18 candidatos. Isso explica por que os partidos lançam tantos candidatos: quanto mais votos eles trazem, mais chance tem o partido ou coligação de atingir o quociente eleitoral e eleger os candidatos com maior votação individual. E quem serão eles: as lideranças de comunidade, ou políticos profissionais, experientes nas artimanhas eleitorais?
Este é o sistema eleitoral brasileiro. Está em pauta uma Reforma política que proíba coligações em eleições proporcionais. Mas como ela ainda não foi feita, esta é a lei que regerá as próximas eleições, gostemos ou não gostemos dela.
***
Se você pensa em candidatar-se a vereador/a, ou quer apoiar a candidatura de alguém que você considera merecedor do seu voto, tenha em mente o quociente eleitoral. Se seu candidato não for eleito, sua votação ajudará a eleger outro candidato do mesmo partido ou da mesma coligação. Se esse outro candidato tem o mesmo ideário político e obedece as normas do partido, você terá ajudado a eleger um vereador semelhante ao seu candidato. De certa maneira, será também vitorioso na eleição.
Mais frequente, porém, é a derrota e a frustração de pessoas bem-intencionadas mas desinformadas. Ao se apresentarem como candidatas, elas mobilizam familiares, amigos e vizinhos para a campanha. Terminadas as eleições, elas percebem que sua votação só serviu para engordar o quociente eleitoral do partido ou da coligação… Descobrem, tarde demais, que eram apenas “candidatos alavancas”.
É evidente que os cristãos leigos e leigas podem e devem participar de campanhas eleitorais, mas é preciso que essa participação tenha em conta as regras do processo eleitoral e os propósitos da candidatura. Voto para vereador/a não se “perde”, porque conta como legenda para o partido escolhido. Não esquecer que o voto vai primeiro para o partido e só depois para o candidato.
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Agora que você já conhece as regras do processo eleitoral, aplique seu conhecimento à realidade do seu município. Acesse a página do TSE: http://www.tse.jus.br/. Faça uma pesquisa e responda:
1. Quantos eleitores tem seu município? Qual é o número de vereadores? Dividindo um pelo outro, você saberá qual é o quociente eleitoral.
2. Veja nas eleições de 2008 qual foi a votação dos candidatos eleitos. Algum deles atingiu o quociente eleitoral? Quantos votos individuais teve o mais votado? E o menos votado? Quantos foram eleitos por coligações, e quanto por partidos?
3. Convide outras pessoas a refletirem com você sobre esses números, para avaliarem as chances reais de eleger seu candidato a vereador em 2012. Assim você e sua comunidade poderão fazer diferença nas eleições municipais deste ano. Vamos lá!
Pedro A. Ribeiro de Oliveira
Sociólogo, Professor do PPG em Ciências da Religião – PUC-Minas,
Colaborador de ISER-Assessoria

 

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PF006 » Neide Archanjo por Neide Archanjo
PF007 » Fernando Pessoa por Paulo Autran
PF009 » Augusto dos Anjos por Othon Bastos
PF011 » Ascenso Ferreira por Chico Anysio
PF012 » Sosígenes Costa - antologia poética, por Othon Bastos, Pedro Paulo Rangel, Numa Ciro, Érico de Freitas, Antonio Cícero, Nevolanda Pinheiro e Neide Archanjo.
PF014 » 4 Séculos de Poesia Brasileira por Paulo Autran
PFesp01 » E agora, José - remix - Carlos Drummond de Andrade & Billy Forghieri
PF016 » Manuel Graña Etcheverry - Poesía propria y ajena
PF017 » A poesia de Abel Silva
PF018 » Manuel Bandeira por Juca de Oliveira
PF019 » A cidade e os livros - Antonio Cicero
PF020 » Affonso Romano de Sant`AnnaAffonso Romano de Sant`Anna por Affonso Romano de Sant`Anna
CR001 » Affonso Romano de Sant`Anna - Crônicas escolhidas
CJ003 » História de dois amores - de Carlos Drummond de Andrade por Odete Lara
CJ004 » A mulher que matou os peixes - de Clarice Lispector por Zezé Polessa
C006 » J.Simões Lopes Neto - Antologia por Paulo César Pereio
CR002 » Rubem Braga - Crônicas escolhidas - por Edson Celulari
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I002 » Machado de Assis - Poesias, crônicas e contos por Othon Bastos
C005 » Lima Barreto - contos por Pedro Paulo Rangel
R003 » A descoberta do mundo - Clarice Lispector por Aracy Balabanian
R004 » Crônicas do coração - Bety Orsini
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CJ006 » Casos do Romualdo - J.Simões Lopes Neto por Paulo César Pereio
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O CD simples custa R$20,00, o duplo, R$28,00, o triplo R$ 35,00 e o quádruplo R$60,00.
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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Audiência pública debate drama de 6 mil desalojados de Pinheirinho

Senador tucano quase inviabilizou audiência pública para debater a desocupação de Pinheirinho, ao alegar que PT estava utilizando a “miséria alheia” para atender seus interesses eleitorais. Lideranças políticas e comunitárias reagiram e demonstraram a importância de solucionar com urgência o drama dos seis mil desalojados, ao invés de partidarizar o debate. Secretária Nacional de Habitação afirmou que governo federal vai garantir direito da comunidade à moradia, com ou sem a parceria do estado e do município.

Brasília - Sob a acusação de que o Partido dos Trabalhadores (PT) estaria “utilizando a miséria alheia para favorecer seus interesses eleitorais”, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) quase inviabilizou a audiência pública convocada pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado para discutir, nesta quinta (23), o truculento despejo das cerca de 1,6 mil famílias que viviam na área de ocupação conhecida como Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), em 22/1.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que assinou o requerimento para realização da audiência em parceria com o senador Paulo Paim (PT-RS), chegou a ficar exaltado e a gritar com o colega. Mas, com o apoio de senadores e lideranças políticas e comunitárias de outras legendas, defendeu a importância da pauta e conseguiu dar prosseguimento à audiência, que durou quase seis horas.

Cerca de quarenta ex-moradores de Pinheirinho e lideranças comunitárias e políticas garantiram o quórum da audiência, que contou com a presença de apenas cinco senadores. Os representantes do governo e da justiça paulistas não compareceram. “Enquanto não houver uma discussão séria em que a questão dos direitos humanos não seja tratada de forma unilateral, o governo de SP não irá participar e nem eu”, justificou Aloysio Nunes.

Para ele, a CDH foi “aparelhada pelo PT” com o propósito de prejudicar o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), legenda que, além dele, abriga o governador de São Paulo, Geraldo Alkmin, e o prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury, que autorizaram a Polícia Militar (PM) e a Guarda Municipal a cumprirem a polêmica decisão de reintegração de posse do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

“Estamos diante de uma operação política em que o PT, para promover seus interesses eleitorais, terceiriza o seu radicalismo a grupetos pseudo revolucionários e a pretensos líderes comunitários, que são verdadeiros parasitas desses movimentos”, afirmou, sem poupar críticas às principais lideranças comunitárias da comunidade, que são filiadas ao Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU).

Exaltado, Nunes disse também que há muita mentira em torno da desocupação. “Falaram em mortos, feridos, mas nada foi comprovado”, acrescentou. Segundo ele, não por acaso, os depoimentos sobre possíveis truculências da PM partiram dos funcionários do gabinete do senador Eduardo Suplicy (PT-SP).

Suplicy, reconhecido pela calma exagerada, rebateu o colega aos berros. “Se eu não tivesse convidado o governo de São Paulo e os juízes envolvidos, eu até poderia ser acusado de parcial. O senador Aloysio Nunes precisa ficar e ouvir aquilo que ele acha que não ocorreu. Ele diz que não houve violência, mas aqui está um morador, com os exames médicos que comprovam que ele levou um tiro”, contrapôs.

O pedreiro David Washington Furtado contou como foi baleado, quando saia de casa, com a roupa do corpo. Ele, que passou 17 dias hospitalizado, apresentou exames comprovando as sequelas do tiro que recebeu pelas costas. Com a ajuda da esposa e de outros companheiros, relatou também o caso do vizinho, Ivo Teles dos Santos, que sofreu um derrame após ser espancado pela Polícia. E o de Antônio Dutra Santana, que morreu atropelado por um carro atingido por uma bomba de feito moral.

Houve, ainda, relatos de estupros, espancamentos e até o lançamento de uma bomba de efeito moral dentro de uma igreja, onde muitos moradores procuraram abrigo.

O líder comunitário Valdir Martins de Souza disse que, antes da desocupação, Pinheirinho era considerado um exemplo para o mundo. “Nós mostramos como fazer casas populares com baixo custo, abrimos ruas sem ajuda do poder público e vivemos oito anos na área sem que fosse registrado um único crime. Agora, para reparar o que foi feito em Pinheirinho, a única solução é a desocupar a área e construir casas populares nela ”, disse.

A secretária Nacional de Habitação, Inês Magalhães, explicou que, desde 2006, dois anos após o início da ocupação, o governo vem manifestando interesse em discutir uma solução para o problema dos quase 6 mil moradores da área, que pertence à massa falida de uma empresa do mega-especulador Naji Nahas. “Há, da nossa parte, o compromisso de atendimento total à demanda dos moradores do Pinheirinho, com ou sem parceria dos outros níveis de governo”, afirmou.

O secretário Nacional de Articulação, Paulo Maldos, acrescentou que o governo continua empreendendo todos os esforços para estabelecer parcerias, principalmente com a Prefeitura, que pode facilitar a solução do impasse ao alterar o plano de zoneamento da cidade. Segundo ele, o governo criou uma espécie de força tarefa que se reúne semanalmente para viabilizar um diagnóstico das áreas da região, passíveis de serem transformadas em conjuntos habitacionais.

Maldos, que estava na área no dia da desocupação e chegou a se ferir com um tido de bala de borracha nas pernas, reiterou os depoimentos dos moradores sobre a truculência da operação. “A população de Pinheirinho foi tratada como inimigo do estado e a PM se portou como força de ocupação”, disse.

Senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), que assistiu a um vídeo sobre a operação, ficou chocado. “Há formas e formas de se cumprir uma decisão judicial. Pelas cenas exibidas aqui, parece que faltou o mínimo de razoabilidade e bom-senso na desocupação”.

O senador Pedro Taques (PDT-MT) lembrou que o impasse vem se arrastando há oito anos, tempo suficiente para que todas as esferas de governo pudessem tomar as providências devidas para solucioná-lo.

O presidente nacional do Partido Socialismo e Liberdade (PSol), deputado Ivan Valente (PSol-SP), denunciou a opção do governo estadual pela violência. Para ele, mesmo que houvesse uma ordem judicial de reintegração de posse, o governo poderia ter ponderado, porque havia uma negociação em curso. “O caso de Pinheirinho é simbólico, é paradigmático de como é tratada a questão social no Brasil”.

O presidente nacional do PSTU, José Maria Almeida, criticou a operação, defendeu os moradores da área que, segundo ele, são vítimas da criminalização dos movimentos sociais em curso no Brasil, mas ressaltou que a hora é de agir. “Quando é que vamos começar a construir as casas?”, cobrou.

No final da audiência, Suplicy afirmou que enviará relato das denúncias contra os magistrados que determinaram a ação ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que poderá avaliar se houve ou não irregularidades nelas. Ele reiterou o convite às autoridades paulistas para explicarem quais providências estão sendo tomadas para apuração das denúncias e para solução do impasse.


sábado, 18 de fevereiro de 2012

Carnaval (a opinião de Dom Hélder)

Carnaval é a alegria popular. Direi mesmo, uma das raras alegrias que ainda sobram para a minha gente querida. Peca-se muito no carnaval? Não sei o que pesa mais diante de Deus: se excessos, aqui e ali, cometidos por foliões, ou farisaísmo e falta de caridade por parte de quem se julga melhor e mais santo por não brincar o carnaval. Estive recordando sambas e frevos, do disco do Baile da Saudade: ô jardineira por que estas tão triste? Mas o que foi que aconteceu....Tú és muito mais bonita que a camélia que morreu. BRINQUE MEU POVO POVO QUERIDO! MINHA GENTE QUERIDÍSSIMA. É VERDADE QUE 4a FEIRA A LUTA RECOMEÇA. MAS, AO MENOS, SE PÔS UM POUCO DE SONHO NA REALIDADE DURA DA VIDA!" Dom Helder Câmara, 01 de fevereiro de 1975 durante sua crônica radiofônica "um olhar sobre a cidade"da Rádio Olinda AM.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Triste história de um Professor

 Porto Alegre (RS), 16 de julho de 2011

 Caro Juremir (CORREIO DO POVO/POA/RS)

 Meu nome é Maurício Girardi. Sou Físico. Pela manhã sou vice-diretor no Colégio Estadual Piratini, em Porto Alegre , onde à noite leciono a disciplina de Física para os três anos do Ensino Médio.   Pois bem, olha só o que me aconteceu:   estou eu dando aula para uma turma de segundo ano. Era 21/06/11 e, talvez, “pela entrada do inverno”, resolveu também ir á aula uma daquelas “alunas-turista” que aparecem vez por outra para  “fazer uma social”.  Para rever os conhecidos. Por três vezes tive que pedir licença para a mocinha para poder explicar o conteúdo que abordávamos.

Parece que estão fazendo um favor em nos permitir um espaço de fala. Eis que após insistentes pedidos, estando eu no meio de uma explicação que necessitava de bastante atenção de todos, toca o celular da aluna, interrompendo todo um processo de desenvolvimento de uma idéia e prejudicando o andamento da aula. Mudei o tom do pedido e aconselhei aquela menina que, se objetivo dela não era o de estudar, então que procurasse outro local, que fizesse um curso à distância ou coisa do gênero, pois ali naquela sala estavam pessoas que queriam aprender' e que o Colégio é um local aonde se vai para estudar. Então, a “estudante” quis argumentar, quando falei que não discutiria mais com ela.

 Neste momento tocou o sinal e fui para a troca de turma. A menina resolveu ir embora e desceu as escadas chorando por ter sido repreendida na frente de colegas. De casa, sua mãe ligou para a Escola e falou com o vice-diretor da noite, relatando que tinha conhecidos influentes em Porto Alegre e que aquilo não iria ficar assim. Em nenhum momento procurou escutar a minha versão nem mesmo para dizer, se fosse o caso, que minha postura teria sido errada. Tampouco procurou a diretoria da Escola.

 Qual passo dado pela mãe?  Polícia Civil!... Isso mesmo!... tive que comparecer no dia 13/07/11, na  8.ª (oitava Delegacia de Polícia de Porto Alegre) para prestar esclarecimentos por ter constrangido (“?”) uma adolescente (17 anos), que muito pouco frequenta as aulas e quando o faz é para importunar, atrapalhar seus colegas e professores'. A que ponto que chegamos? Isso é um desabafo!... Tenho 39 anos e resolvi ser professor porque sempre gostei de ensinar, de ver alguém se apropriar do conhecimento e crescer. Mas te confesso, está cada vez mais difícil.

 Sinceramente, acho que é mais um professor que o Estado perde. Tenho outras opções no mercado. Em situações como essa, enxergamos a nossa fragilidade frente ao sistema. Como leitor da tua coluna, e sabendo que abordas com frequência temas relacionados à educação, ''te peço, encarecidamente, que dediques umas linhas a respeito da violência que é perpetrada contra os professores neste país''.

 Fica cristalina a visão de que, neste país:

               Ø  NÃO PRECISAMOS DE PROFESSORES                   Ø  NÃO PRECISAMOS DE EDUCAÇÃO

      Ø  AFINAL, PARA QUE SER UM PAÍS DE 1° MUNDO SE ESTÁ BOM ASSIM

Alguns exemplos atuais:

·         Ronaldinho Gaúcho: R$ 1.400.000,00 por mês.    Homenageado pela “Academia Brasileira de Letras"...

·          Tiririca: R$ 36.000,00 por mês.      Membro da “Comissão de Educação e Cultura do Congresso"...

 TRADUZINDO: SÓ O SALÁRIO DO PALHAÇO, PAGA 30 PROFESSORES. PARA AQUELES QUE ACHAM QUE EDUCAÇÃO NÃO É IMPORTANTE:CONTRATE O TIRIRICA PARA DAR AULAS PARA SEU FILHO.

 Um funcionário da empresa Sadia (nada contra) ganha hoje o mesmo salário de um “ACT” ou um professor iniciante, levando em consideração que, para trabalhar na empresa você precisa ter só o fundamental, ou seja, de que adianta estudar, fazer pós e mestrado?  Piso Nacional dos professores: R$ 1.187,00… Moral da história: Os professores ganham pouco, porque “só servem para nos ensinar coisas inúteis” como: ler, escrever, pensar,formar cidadãos produtivos, etc., etc., etc....

 SUGESTÃO:        Mudar a grade curricular das escolas, que passariam a ter as seguintes matérias:

Ø  Educação Física: Futebol;

Ø  Música: Sertaneja, Pagode, Axé;

Ø  História: Grandes Personagens da Corrupção Brasileira; Biografia dos  Heróis do Big Brother; Evolução do Pensamento      

    das "Celebridades"

Ø  História da Arte: De  Carla Perez  a  Faustão;

Ø  Matemática: Multiplicação fraudulenta do dinheiro de campanha;

Ø  Cálculo: Percentual de  Comissões e Propinas;

Ø  Português e Literatura: ?... Para quê ?...

Ø  Biologia, Física e Química: Excluídas por excesso de complexidade.

 Está bom assim? ... eu quero mais!...

ESSE É O NOSSO BRASIL ...

              Vejam o absurdo dos salários no Rio de Janeiro (o que não é diferente do resto do Brasil)

       Ø  BOPE - R$ 2.260,00....................... para  ........ Arriscar a vida;

       Ø  Bombeiro - R$ 960,00.....................para  ........  Salvar vidas;

       Ø  Professor - R$ 728,00.....................para  ........  Preparar para a vida;

       Ø  Médico - R$ 1.260,00......................para  ........  Manter a vida;

      E o Deputado Federal?.....R$ 26.700,00 (fora as mordomias, gratificações, viagens internacionais, etc., etc., etc., para FERRAR com a vida de todo mundo, encher o bolso de dinheiro e ainda gratificar os seus “bajuladores” apaniguados naquela manobrinha conhecida do “por fora vazenildo”!).

IMPORTANTE:

Faça parte dessa “corrente patriótica” um instrumento de conscientização e de sensibilização dos nossos representantes eleitos para as Câmaras Municipais, Assembleias Estaduais e Congresso Nacional e, principalmente, para despertar desse “sono egoísta” as autoridades que governam este nosso maravilhoso país, pois eles estão inertes, confortavelmente sentados em suas “fofas” poltronas, de seus luxuosos gabinetes climatizados, nem aí para esse povo brasileiro. Acorda Brasília, acorda Brasil !...


P.S.: Divulgue esta carta. Infelizmente é o mínimo que, no momento, podemos fazer, mas já é o bastante para o Brasil conhecer essa "pouca vergonha".   As próximas eleições estão chegando!
















 




 



 





terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

''O capital fala alto, é o maior Deus do mundo''.

Belo Monte. ''O capital fala alto, é o maior Deus do mundo''. Entrevista especial com Ignez Wenzel


Todas as informações estão sendo dominadas por essa democracia ditatorial, que nunca pensei que pudesse existir. Ela é ainda pior que a militar, porque é enganosa, porque diz ser uma coisa e é outra”, afirma a religiosa.


Confira a entrevista.                                               

Há 35 anos, Irmã
Ignez Wenzel deixou as atividades que desenvolvia no Colégio São João, em Porto Alegre, onde trabalhava junto aos lassalistas, para abraçar a causa dos colonos que migraram para o Pará em função da construção da Rodovia Transamazônica (BR-230). Em Medicilândia (PA) e Altamira (PA), iniciou os trabalhos pastorais, visitando mais de 80 comunidades, onde pôde observar de perto o abandono do Estado e os problemas sociais que se arrastam há anos na região.

Atualmente, ela vive em
Altamira (PA), e está engajada com o Movimento Xingu Vivo para Sempre na luta contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. Em visita ao Rio Grande do Sul, Irmã Ignez recebeu a IHU On-Line no Convento Monte Alverne, onde concedeu a entrevista a seguir. Por trás da voz tranquila, encontramos uma mulher incansável, que conhece as mazelas do interior paraense e está disposta a continuar lutando em defesa da vida, a exemplo de São Francisco de Assis
.

Depois de conviver mais de três décadas do outro lado do país, ela é enfática: “O que mais me indigna é a incompetência, a incapacidade do povo do Sul e do Centro querer julgar a situação do povo do Norte”, referindo-se à intolerância e ao descaso do governo federal com as populações que dependem do
Rio Xingu
para sobreviver.

Na entrevista a seguir, ela explica quais são as contradições da usina hidrelétrica de
Belo Monte e critica o posicionamento de alguns cristãos, que não se manifestam em relação aos problemas sociais e ambientais da região. “A voz maior é a do bispo, Dom Erwin Kräutler, e muitos já se sentem contemplados com a fala dele. É uma lastima. Nem todas as religiosas estão engajadas com estas questões”, lamenta.
Irmã Ignez também denuncia as artimanhas do governo e da Norte Energia, empresa responsável pela construção, operação e manutenção da hidrelétrica de Belo Monte, para cooptar indígenas e ribeirinhos que estavam engajados com as manifestações contra a hidrelétrica, e a postura da Advocacia Geral da União - AGU, que solicitou o afastamento do procurador da República Felício Pontes Jr. nos processos que envolvem a construção de usinas hidrelétricas. “Ele era nosso grande líder, estava ao nosso lado, era coerente, de pé no chão. O governo está nos tirando o último fio que nos esquentava na solidão, a nossa força legal, Felício Pontes”, afirma.

Ignez Wenzel é graduada em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS e em Teologia pela Pontíficia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS. É religiosa da Congregação das Irmãs Franciscanas da Penitência e Caridade Cristã.
Confira a entrevista.

IHU On-Line – Desde quando a senhora vive em Altamira, no Pará? Pode nos contar um pouco da sua trajetória?

Ignez Wenzel – Estou em Altamira há 35 anos. Fui morar no Pará porque Dom Eurico Kräutler, tio de Dom Erwin, veio a Porto Alegre pedir socorro para a Igreja da cidade. Ele queria que enviassem irmãs, irmãos e padres para Altamira porque, em função da construção da Rodovia Transamazônica, milhares de famílias de colonos migraram para a região e não havia padres que pudessem assistir essas pessoas e tampouco escolas para as crianças. Três congregações foram enviadas para lá: os Lassalistas, as Irmãs Escolares de Nossa Senhora, nós, Irmãs Franciscanas da Penitência e Caridade Cristã, e três padres diocesanos.

As
Irmãs Escolares de Nossa Senhora abriram escolas em Brasil Novo (PA), nós nos instalamos em Medicilândia (PA), os Lassalistas, em Uruará (PA), e os padres diocesanos atuaram nas três regiões, atendendo o povo e organizando as comunidades. O projeto de colonização visava dividir os imigrantes de acordo com a sua origem, para que o povo brigasse entre si e não com o governo. A ideia era dividir para dominar. Então, a Igreja católica foi o centro das atenções no sentido de dar apoio a esse povo inseguro e abandonado, através das Comunidades Eclesiais de Base
. Em 1987, surgiram os primeiros municípios na região e as comunidades passaram a ter autonomia e a se organizar como estrutura política e social de defesa da própria comunidade.

Eu morei durante treze anos em
Medicilândia, onde trabalhava diretamente com o povo e visitava cerca de 80 comunidades, onde formávamos lideranças. Quando mudei para Altamira, ajudei a articular os movimentos sociais com as pastorais.

Luta


Hoje moro em
Altamira, e participo da luta contra a construção de Belo Monte, um projeto que se estende desde a década de 1980. Em 1989, nós participamos de uma grande mobilização contra a construção da hidrelétrica: mais de 800 indígenas do Brasil e de outros países participaram.

Na ocasião, o governo federal pleiteou um empréstimo com
Banco Mundial para construir a hidrelétrica, mas os organismos sociais conseguiram barrar esse empréstimo e a discussão acerca da construção da hidrelétrica ficou adormecida. Depois dos anos 2000, o debate reascendeu e começamos a discutir a questão novamente. Em 2007, realizamos um encontro com todos os caciques indígenas e foi nesta ocasião que adotamos o nome Xingu Vivo para Sempre, após um dos caciques gritar: “Nós queremos o Xingu vivo para sempre”. Percebemos aí uma filosofia de vida e desde então nos tornamos o Movimento Xingu Vivo para Sempre
.

Nesta ocasião, os indígenas pediram para organizarmos uma grande mobilização envolvendo a sociedade civil a fim de discutir as implicações da construção de
Belo Monte. Reunimos cerca de cinco mil pessoas. Os indígenas coordenaram parte do evento onde todo mundo teve direito de fala, inclusive o governo e os representantes da Eletrobrás. Durante a explanação do representante da Eletrobrás os indígenas começaram a dançar, demonstrando que não estavam satisfeitos com os argumentos dele. Ao manifestar que também não concordava com os indígenas, o representante da Eletrobrás
caiu no meio deles e sofreu um pequeno corte no braço. Algumas pessoas ainda respondem processo com a alegação de terem armado os indígenas. Mas não foi isso que aconteceu. Essas pessoas apenas possibilitaram os ornamentos necessários para uma manifestação digna da cultura deles. Em função desse incidente, nós entramos em crise e acabamos cancelando uma passeata que iria ocorrer na cidade. Porém, não cancelamos o evento.

IHU On-Line - Como a população que reside em Altamira reage diante da construção de Belo Monte? Os moradores participam das manifestações e demonstram um posicionamento em relação ao projeto da hidrelétrica?


Ignez Wenzel – O governo sempre consegue intimidar a população com ameaças. Muitas pessoas são contra a construção da hidrelétrica, mas dizem que não podem fazer nada em relação à decisão de construí-la. A maioria do povo é contra a barragem, mas não tem condições psicológicas de reagir. A Norte Energia e o governo têm estratégias: eles estudam as lideranças para depois cooptá-las. Agiram assim com os ribeirinhos e fizeram o mesmo com os indígenas. Recentemente, nós (civis, movimentos do Brasil inteiro e indígenas) estávamos acampados em cima de um canteiro de obras de Belo Monte, quando, de repente, as lideranças indígenas desapareceram e, ao voltarem, o cacique ordenou que recolhessem suas coisas e fossem embora. Ninguém entendeu esta atitude. Quando eles chegaram no município de Conceição do Araguaia (PA), o cacique fez várias compras. O que aconteceu? A Norte Energia os chamou, deu dinheiro e nos deixou com as “calças na mão”.

Na semana passada, fizemos um protesto por causa do início das obras da hidrelétrica, barrando uma região do Xingu. Levamos duas faixas: uma de quarenta e outra de 15 metros de comprimento, onde dizíamos que não queremos Belo Monte. Barramos por uma hora e não deixamos os caminhões passar porque
Belo Monte
é contra a lei, contra a Constituição.

IHU On-Line – Como a senhora se sente quando vê os casos de cooptação dos indígenas e ribeirinhos que estavam engajados nesta luta?


Ignez Wenzel – Eles serão prejudicados, ficarão sem as terras, sem a sua cultura, e serão os futuros “beirantes de estradas”. Sentimos uma indignação que quase não conseguimos expressar. Os ribeirinhos são ainda mais frágeis do que os indígenas, porque eles moram sozinhos e não têm um clã. Um ribeirinho ganhou 900 mil reais pelo seu lote e arrastou mais 12 pessoas com ele. Eles vão viver em uma terra seca. O rio vai secar mais ou menos 140 quilômetros.

Apesar de tudo isso, continuamos a nossa luta e temos vários centros de
Xingu Vivo espalhados pelo Brasil, nas cidades de Belém, São Paulo, Santa Catarina, São Leopoldo. A índia Sheila Juruna e Antônia Melo já foram para os EUA e para a Europa, conseguimos entrar com uma ação na Corte Interamericana, mas o governo brasileiro disse que isso era uma banalidade e que nada do que estamos falando era verdade. Notamos que os governos Lula e Dilma têm a seguinte filosofia: “Acolham todo mundo, mas toquem para frente, não parem”. Pessoalmente, estou muito aflita porque o Xingu fica no meio da Amazônia, onde está prevista a construção de mais de 300 barragens até 2050. O que vai sobrar do ecossistema? Os colonos não podem derrubar uma árvore, e os envolvidos com Belo Monte desmataram uma área enorme. Essa madeira está parada e será utilizada para outros fins.

Dilemas sociais


O sistema econômico nos explora. Desde a construção da Rodovia
Transamazônica, milhares de pessoas migraram para Altamira e a cidade continua com os mesmos hospitais, a mesma infraestrutura. As pessoas que trabalham em torno de Belo Monte sempre têm prioridade nos atendimentos hospitalares. A população já fez manifestos contra isto, mas nada acontece porque a prefeitura é dirigida pela "Norte Energia".

As escolas, as estradas e os postos de saúde prometidos ainda não foram construídos. O fedor das ruas continua o mesmo de vinte anos atrás. Em um determinado momento da construção de
Belo Monte, Altamira irá receber 18 mil trabalhadores e em torno de cem mil habitantes. Hoje os universitários que chegam do interior dormem em cima de colchonetes, têm de procurar comida e geralmente não encontram nada para comprar. O preço dos aluguéis aumentou mais de 300%, enquanto que os chefes de Belo Monte moram em apartamentos que têm custo alto e são pagos pela Norte Energia
.

IHU On-Line – A Igreja continua engajada na busca de solução para esses problemas, como estava há 35 anos? Como os membros da Igreja se posicionam diante de Belo Monte e desses dilemas sociais?

Ignez Wenzel – Alguns estão atuando junto com o movimento Xingu Vivo para Sempre, mas dentro da Igreja também tem pessoas que sentem medo. A voz maior é a do bispo e muitos já se sentem contemplados com a fala dele. É uma lastima. Nem todos estão engajados com estas questões.
IHU On-Line - Dom Erwin está à frente como bispo, mas terá de deixar o cargo ao completar 75 anos. Quem poderá assumir o cargo dele? Como ficará a luta contra a construção da usina, considerando que ele é visto como referência hoje?

Ignez Wenzel – Ainda não tivemos tempo de pensar na saída de Dom Erwin, mas talvez ele seja substituido por um bispo de fora. Devido as circunstâncias, certametamente haverá mudanças. A nossa prelazia começa no Mato Grosso e termina em Macapá, no estado do Amapá, no outro lado do rio Amazonas. É uma extensão muito grande e não há como atender a todos.

Este ano,
Dom Erwin
completará 73 anos, e aos 75 tem de avisar ao Papa que está na hora de deixar o cargo, mas nem sempre o Papa atente logo. Portanto, poderá ficar mais alguns anos ou poderá sair em seguida. Mesmo deixando o cargo, não deixará de lutar; talvez disponha de mais tempo. De toda maneira, não deixará de ser uma liderança nossa; liderança não se prende.

IHU On-Line – Ele continuará sendo influente nesta luta?

Ignez Wenzel – Sim, porque será sempre o bispo do Xingu. Quando se aposentar, ele será “emérito”, e aí vão dizer que ele tem muito mérito. (Risos)

IHU On-Line – A senhora percebeu alguma mudança no debate sobre Belo Monte após a saída de Ana Júlia Carepa (PT) e a entrada de Simão Jatene (PSDB) no governo estadual?


Ignez Wenzel – Não gosto do partido atual porque ele não tem uma postura solidária, mas, por outro lado, foi ele quem deu o grito de que o governo federal do PT desrespeita a lei do Estado.

Em função do PT, o movimento
Xingu Vivo para Sempre ficou dividido. Nós trabalhávamos dentro da Fundação Viver, Produzir, Preservar e fomos expulsos. Pedimos ajuda ao bispo, para termos um espaço para reunir as pessoas e não sermos manipulados. Dói muito ver que os mesmos companheiros e colegas que lutaram para conseguir melhorias sociais não estão mais do nosso lado. Em relação à Ana Júlia
, posso dizer que não fez quase nada.

IHU On-Line – Como a mídia paraense atua em relação a Belo Monte?


Ignez Wenzel – A mídia paraense aparece quando os veículos de outros estados pedem informação. A TV Cidade Livre, da Prelazia, tem um jornal diário de 30 minutos e é favorável à luta contra Belo Monte. Somente as rádios comunitárias divulgam informações, as demais estão fechadas para esta questão. Todas as informações estão sendo dominadas por essa democracia ditatorial, que nunca pensei que pudesse existir. Ela é ainda pior que a militar, porque é enganosa, porque diz ser uma coisa e é outra.

IHU On-Line - O que mais lhe causa indignação?

Ignez Wenzel – O que mais me indigna é a incompetência, a incapacidade do povo do Sul e do Centro querer julgar a situação do povo do Norte. A presidente Dilma declarou o seguinte, recentemente: “Nós vamos tirar esse povo que vive em palafita da miséria”. Há dois erros nessa afirmação: o povo não vive na miséria; vive na pobreza, pois eles estão cuidando da alimentação; e palafita é um tipo de construção necessária na Amazônia, onde, em determinados meses, as casas próximas ao rio ficam debaixo d’água caso não sejam construídas no alto. A fala dela demonstra a falta de compreensão do que é a Amazônia. O governo também não entende o que é a floresta e a biodiversidade.

Há comentários de que o interesse do governo não é a construção da hidrelétrica e, sim, o minério que tem na região. No período de estiagem, provavelmente, a hidrelétrica não irá gerar energia. Para que gastar 31 bilhões com uma coisa que não funciona? Quando a
Irmã Dorothy esteve no Canadá, disse que em uma reunião foi dito que
Belo Monte é necessário para viabilizar os trabalhos na mineração, ou seja, ao secar o rio, a água deixará de ser um incômodo.
IHU On-Line - Qual a situação das comunidades que vivem em Tucuruí? A vida delas mudou após a construção da hidrelétrica?

Ignez Wenzel – A hidrelétrica de Tucuruí foi construída há 25 anos e os pobres vivem debaixo da linha de alta tensão, sem acesso à energia. Tucuruí é pobre, miserável. Muitos moradores foram expulsos de lá e mudaram para Altamira, de onde serão expulsos novamente.

Em função de
Belo Monte, Altamira
irá enfrentar um problema gravíssimo de consumo de drogas e exploração sexual de meninas e adolescentes.

Altamira não foi preparada para as transformações geradas pela Rodovia Transamazônica
. Vi colonos passarem fome colhendo quinhentos sacos de arroz, porque não tinham como trazer o alimento para a cidade. O jeito de eles sobreviverem é encostar-se na cidade para, pelo menos, deixar os meninos estudarem e dar um jeito vendendo picolé, engraxando sapatos. A cidade inchou, já têm mais de cem mil pessoas, e apenas 6% das casas têm água encanada.

IHU On-Line – Além do medo de as pessoas manifestarem opinião, a que atribui o aumento desses problemas sociais e a falta de mobilização?


Ignez Wenzel – Na época da ditadura, todo mundo calava com medo de ser preso. Os poucos que falaram foram mortos. De modo geral, a população não tem estudo. As nossas escolas são tão fracas, que passam todos os alunos para frente. Parece que o governo não quer povo culto; quer gente de cabresto. Por isso nós fomos contra a divisão do Pará, pois caso o estado fosse dividido, teríamos mais ladrões. Com essa discussão, poderíamos ter feito uma boa reflexão, mas nenhum partido político fez isso.

IHU On-Line – A Igreja estava dividida em relação à divisão do Pará?

Ignez Wenzel – Nós não falamos muito sobre isso porque estamos mais preocupados com a situação do Xingu. De todo modo, éramos contra a divisão. Organizamos um debate e um seminário na universidade, mas poucas pessoas participaram. O povo não estava muito interessado.

IHU On-Line – Qual é o desafio dos movimentos sociais? Como interpreta o Fórum Social Mundial e o engajamento de alguns partidos nesse projeto?


Ignez Wenzel – Os movimentos e os partidos fizeram uma associação, “com tanto que a fatia maior seja para mim”, conforme dizem. Nós participamos do Fórum Social Mundial, realizado em Belém, levamos sete ônibus lotados, e na ocasião disseram que nunca um Fórum Social teve tantos pobres como aquele. Naquele tempo nós tínhamos esperança, mas depois foram cortando todos os naipes.

IHU On-Line - Vocês estão preparando alguma atividade para lembrar a memória da Irmã Dorothy, sete anos depois do seu assassinato ? Como está a questão dos conflitos na região?


Ignez Wenzel – A região continua pior do que antes, porque os fazendeiros voltaram e como o prefeito de lá é do PT, ele é safado como os outros. Então, não se pode esperar nada. Dia 12 de fevereiro será realizado um grande encontro e uma celebração. À tarde irão até a sepultura dela, que fica no meio da mata, onde ela pediu para ser enterrada. Hoje, muitos militantes que participavam do movimento da Irmã Dorothy estão do outro lado. O capital fala alto, é o maior Deus do mundo.

IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?


Ignez Wenzel – Eu quero dizer que ainda tem treze ações no Supremo Tribunal Superior Federal, as quais devem ser julgadas, mas eles não têm coragem de julgá-las.
Não sei como está a situação do procurador Felício Pontes, que foi impedido de desempenhar suas funções em defesa de populações atingidas por projetos hidrelétricos no Pará. Ele era nosso grande líder, estava ao nosso lado, era coerente, de pé no chão. O governo está nos tirando o último fio que nos esquentava na solidão, a nossa força legal, Felício Pontes. Mas nossa esperança de vida do Xingu vivo continua.
(Por Patricia Fachin, Thamiris Magalhães e Luana Nyland)