Mel e Christian Faber, os pais de Isadora Faber, não deixaram a menina
ir à escola nesta quarta (7) por motivo de segurança. Na saída da aula
na terça-feira (6), a menina foi ameaçada. Antes disso, na segunda
-feira, a casa da família havia sido apedrejada -- um dos ataques
atingiu a avó da garota.
A mãe de Isadora disse, hoje, que sua filha “está sendo perseguida por
gente que não entende que ela fez uma coisa para o bem de todos". Mel
Faber continua: "O pior é que os professores estão em campanha contra
Isadora; algumas crianças vieram nos contar coisas que as professoras
dizem, estimulando violência contra Isadora".
Na escola, a direção disse que todas as perguntas do
UOL devem ser encaminhadas à Secretaria Municipal de Educação.
Diário de Classe
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Ameaça no pátio
Se ela está com medo de voltar à escola ? “Não. Vou continuar postando na internet aquilo que eu achar que está errado”.
A mãe acredita que o perigo de agressões está apenas na entrada e saída
da escola; “Não acredito que lá dentro alguém permita que ela seja
agredida, aí seria uma conspiração”.
Isadora disse que às vezes tem medo das hostilidades, dependendo " do tom das ameaças no pátio".
A ação de hostilidade da hora vem também de fora da escola. É conduzida
por Francisco da Costa Silva, pai de uma colega de Isadora da turma da
sétima série/3 (a da Isadora é a 7ª /1) identificada aqui como L (de 15
anos) - "seu Francisco" ficou "famoso" com as postagens da menina sobre a
pintura da quadra esportiva que teria sido paga pela escola, mas não
foi realizada. O pintor diz que o contrato foi feito com uma empresa em
que ele é apenas auxiliar.
Horas depois de a casa ser atacada com as quatro pedras, L trocou
mensagens pelo Facebook com a irmã de Isadora, Duda, 16, combinando um
encontro na saída da escola e propondo uma trégua: queria que Isadora
parasse “de falar do meu pai, estando ele certo ou errado”.
Duda aceitou o acordo de paz, mas ele não foi cumprido. “Acho que foi
uma armação para a gente baixar a guarda na vigilância da Isadora”,
disse Mel.
Na terça, na hora do recreio da turma da manhã, Pedro da Rosa, melhor
amigo de Isadora, foi ameaçado por L, sinalizando que a trégua contra
Isa e seus amigos não existia.
Foto 3 de 15 - A
caçula "são duas", corrige a mana Eduarda: "Às vezes, ela é a Isa, mas
também tem seu lado Dora" - Duda fala pelos cotovelos. Diz que um dos
lados da irmã "é de poucas palavras" e o outro "é de dedos afiados" Marco Dutra/UOL
Bate boca entre pai e pintor
Os Faber estão enfrentando a fúria de um homem criticado por Isadora no
seu Diário de Classe, o pintor Francisco da Costa Silva, 47. Ele tem
sido alvo de brincadeiras de Isadora, depois que ela criticou a falta de
conservação da quadra esportiva da escola municipal Maria Tomázia
Coelho.
Quando Isadora fez as críticas, a direção da escola respondeu que a
pintura da quadra teria sido contratada por um pintor chamado Francisco –
mas o serviço nunca foi feito. Isadora não pára de postar cobranças da
pintura. Ela disse que "não sabia que ele era pai de uma colega, não
sabia nem o sobrenome dela, só sabia que era Francisco". Ela reclama que
"sem a pintura a gente não pode praticar esportes, porque faltam as
linhas no chão".
Na saída da escola, as famílias Faber e Costa se confrontaram. Segundo
relato de Isadora, o pintor Francisco estacionou uma Parati prata atrás
do carro do pai dela (Christian), desceu acompanhado de um filho maior
(de cerca de 20 anos) e começou uma discussão, gritando que Christian
era “pedófilo e tarado”.
Duas famílias que assistiram ao confronto confirmaram a versão de Isadora à reportagem do
UOL. Segundo as testemunhas, enquanto o pintor batia boca com o pai, a filha dele atacou Isadora, que já estava dentro do carro.
“Ela queria que eu saísse para me bater, estava com um grupo de colegas, também ameaçadoras”. A agressão não foi consumada.
Segundo Isadora, o pintor disse, de forma ameaçadora, que se ela não
parecesse de fazer seus comentários críticos no Facebook ele usaria
“aquilo que eu tenho no carro”, dando a entender que estava armado. O
pintor teria dito “vocês devem ir embora daqui porque não são nativos”.
Christian reagiu dizendo “ladrão, devolve o dinheiro que você recebeu
pelo serviço que não fez”.
Na Justiça
O confronto ficou nisto. À tarde, Mel Faber levou dona Rosa, a avó de
Isadora, ao Instituto Médico Legal para exame das lesões e prestou
queixa na delegacia do Idoso. Ela também deu queixa da ameaça do pintor
na 8ª delegacia, no bairro dos Ingleses.
Numa terceira queixa, Mel também foi ao Ministério Público Estadual
para pedir investigação do que acha que “ser uma ação fomentada por
professores e direção da Escola Maria Tomázia Coelho. "As professoras
fazem uma campanha nas outras turmas dizendo que minha filha é contra a
escola, criando rejeição", diz Mel Faber.
A tia Joice da Rosa queixou-se à Polícia Federal, pedindo para
identificar o internauta que se apelida Formiga, que estaria conduzindo
uma campanha de difamação de Isadora e família.
Isadora vinha denunciando que o pintor recebeu dinheiro da escola para
pintar a quadra de esportes e não fez o trabalho. “Eu escrevi no Diário
porque a direção disse que já tinha pago e o serviço não tinha sido
feito”, defende-se Isadora. A escola pagou R$ 1.800 pelas tintas, há
dois anos, mas elas venceram sem ter sido usadas.
Na noite de terça Isadora pediu socorro pela Internet, postando as
agressões no Facebook. Ela reclama que "a campanha das professores
contra mim, pedindo que meus colegas não curtam minha página, o que está
deixando muitos dos meu colegas contra mim"
Foto 1 de 169 - Foto
publicada na página do Diário de Classe da Escola Estadual São Paulo,
na capital paulista, mostra janelas consertadas; estudantes fizeram
página no Facebook para denunciar problemas Reprodução
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