domingo, 13 de setembro de 2020

REFLEXÕES PÓS LIVE CINEMA NA ESCOLA 2 (2)

REFLEXÕES PÓS LIVE CINEMA NA ESCOLA 2 (2)

Um meme com recorte de uma pesquisa sobre HÁBITOS CULTURAIS DO BRASILEIROS, chamou a atenção em nosso última Live sobre Cinema na Escola 2.

Daí lembrei o seguinte:

1 - Desde o inicio da redemocratização, a partir de 1985, e principalmente com os governos Lula e Dilma, a atenção às artes e a cultura aumentou substancialmente, a despeito de um orçamento bem aquém das necessidades.

Porém, tanto da parte do segmento cultural, como da parte das próprias estruturas de estado, nem sempre foi a tônica ir aonde o povo está, não apenas para “levar” arte e cultura, mas principalmente para fomentar a produção local.

Daí que muitas vezes frequentamos ambientes de circulação de bens, serviços e produtos culturais em que a característica do público presente era/é classe média, eventos na maioria das vezes com entradas gratuitas ou com ingressos a preços reduzidos graças as leis de incentivo à  cultura, baseada na renúncia fiscal ou no pouco dinheiro investido diretamente do orçamento público destinado à cultura.

Então, em que locais , pobres, negros, mestiços e filhos/filhas da classe trabalhadora, obtém o alimento estético e cultural necessário para a constituição do senso de pertencimento, da coesão social e da auto estima, com tudo o que isso significa em termos de símbolos, sentidos e significados?

Nas rodas de samba e/ou de capoeira, nos bailes funk, arrocha, seresta, tecnobrega, sertanejo, forró eletrônico, gospel, hip-hop, reggae e etc., por meio dos programa de auditório, filmes , novelas e programas infantis nas emissoras de rádio e da TV aberta. Assim como por meio do ministério de música ou de artes das igrejas pentecostais, incluindo o ramo católico-carismático e igrejas neopentencostais.

Quanto ao acesso ao cinema, no caso dos mais pobres , há algum tempo atrás era via DVDs piratas do camelô e hoje via internet, principalmente. Conforme citado pelo jovem Willians Oliveira na Live citada, e os Cinemas do Shopping, eventualmente no caso dos mais pobres e regularmente no caso de amplas parcelas da classe média, incluindo os filhos e filhas de lideres da esquerda sindical e/ou que outrora foram lideranças do movimento estudantil.

E qual a relação que isso tem com o pensamento e práticas exageradamente individualistas, consumistas, alienantes, chegando muitas vezes ao bolsonarismo?

2 - Há algum tempo atrás, em duas Lives com a presença do Professor Romero Venâncio comentei acerca do abandono dos Cineclubes por parte da esquerda a partir de meados de 1985 em diante, o que limitou bastante o espaço de acesso para filmes de arte e filmes políticos, os quais mesmo minoritários, poderiam reforçar a disputa cultural em que nos vemos hoje em bastante desvantagem, já que perdemos o espaço oferecido pelo cineclubismo para a formação do gosto estético/cultural, assim como para o debate político que alguns filmes propiciam, alguns mais e outros menos.

Sobre o abandono do cineclubismo por parte das esquerdas, e aqui estamos falando principalmente da esquerda sindical e estudantil, isso também está presente em uma das passagens da dissertação do Professor Raul Marx , mas como essa ainda não está pública, trago a citação em outro momento.

3 – Recentemente,  em discussão com agentes culturais ligados ao campo do audiovisual com a finalidade de apresentar sugestões de editais públicos com base na Lei Aldir Blanc, em um certo momento, o debate esquentou em torno da prioridade de recursos financeiros que festivais de cinemas devem ter, em detrimento de oficinas de audiovisual e atividades de cineclubismo nas escolas.

4 - Já em debate com secretário de cultura de um municipio sergipano com agentes culturais, quando informado sobre quais os editais construídos pela gestão, percebe-se claramente um perfil caracterizado pela tradicional politica de promoção de eventos, em detrimento do caráter formativo no campo das politicas culturais, assim como produção cultural, incluindo o empreendedorismo cultural. E também fica bem perceptivel, a falta de ligação dos editais com a produção/circulação cultural das/nas escolas. Sem falar que passou longe nestes editais, a preocupação com a questão da memória e do patrimônio local, aqui considerando os aspectos da pesquisa, do registro e da difusão.

Por causa dessa argumentação acima, dá para entender o quão desafiante e complexo, é a busca de saídas no curto prazo, para melhorar os número da pesquisa em tela?

Para quem quiser assistuir ou reve a Live citada..

https://www.facebook.com/acaocultur/videos/1003635826751365 


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