A cidade sempre disputada, na maioria das vezes de forma resignada pelos trabalhadores que compraram terrenos nos arrabaldes, nas zonas mais afastadas do chamado "quadrado de pirro" (1), agora "explode" nestes tempos de exarcebação da luta pelo direito à cidade...
A historiografia também entra nesta "dança", que me desculpem os marxistas mais ortodoxos, quando traz a lume as diversas formas de lutas e de resistência dessa gente que não tem "bons modos", "boa aparência" e que não é de "boa família".
E para quem não esquece de boas canções, dentro desse contexto de cidades partidas...
Eu Não Sou da Sua Rua - Marisa Monte
Mas não apenas a luta de classes, como também afirma Ferreira Gullar uma “história humana que não se desenrola apenas nos campos de batalhas e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas e galinhas, nas ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas, nos namoros de esquinas. Disso eu quis fazer a minha poesia. Dessa matéria humilde e humilhada, dessa vida obscura e injustiçada, porque o canto não pode ser uma traição à vida, e só é justo cantar se o nosso canto arrasta consigo as pessoas e as coisas que não tem voz.”
Acerca de personagens desclassificados ou que formaram e ainda formam a ralé desta cidade, foi escrito uma obra prima do cancioneiro sergipano.
O primeiro deles escrito pela professora doutora Maria Tereza Cristina Cerqueira da Graça e o segundo escrito pelo professor especialista que escreve estas nem tão mal traçadas linhas, José de Oliveira Santos, popularmente conhecido como Zezito de Oliveira.
Acerca dos dois livros, a professora doutora Terezinha Oliva escreve o seguinte:
(1) SOBRE O QUADRADO DE PIRROEsse novo centro urbano planejado teve o engenheiro militar Sebastião José Basílio Pirro como projetista. Ele se encontrava aqui desde 1848, quando Inácio Barbosa, imbuído do espírito mais progressista e moderno da época, contratou Pirro para desenhar Aracaju sobre essa planície litorânea. O projeto seria de acordo com os modelos mais modernos das cidades da Europa no século XIX, a exemplo da grande reforma de Paris.
O TABULEIRO DE XADREZ
O Plano de Pirro se baseava no tabuleiro de xadrez, seu desenho tinha um quadrado de 32 quadras, cada uma com ruas de 110 metros. Tudo a partir de um ponto central, a Praça do Palácio (atual Praça Fausto Cardoso). Mas o plano se desenvolveu a partir da Alfândega (atual Centro Cultural de Aracaju) sentido sul, em direção da Avenida Barão de Maruim, margeando o rio, respeitando a simplicidade geográfica do relevo e rigor geométrico dos cálculos. As primeiras residências de alvenaria foram dos líderes da Região da Cotinguiba e de quem tinha apoiado a transferência da capital. As demais eram de palha e pau a pique, onde moravam os trabalhadores da nova capital.
Para saber mais: Especial Expressão Sergipana | Quadrado de Pirro: Nosso eterno centro (parte 1)
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